O assassinato foi há três dias. O esquartejamento aconteceu ontem.

Se vê muita ignorância nas mídias sociais, os maiores horrores. Mas a opinião apressada e leviana de uma desembargadora, provavelmente de boa formação acadêmica – foi indicada para o TJ-RJ pelo quinto constitucional – é um fato que pode nos deixar assustados. 

A desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ex-procuradora do Estado,  em postagem no Facebook, Marília Castro Neves, acusou a vereadora Marielle Franco de ter pertencido ao Comando Vermelho.

Segundo a desembargadora, ela teria sido executada por ter descumprido compromissos com o CV.

“Qualquer outra coisa diversa é mimimi da esquerda tentando agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro”.

Depois da repercussão negativa da postagem, Marília fechou o conteúdo do seu perfil, mas não a tempo de sua manifestação não ser copiada.

Ruy Barbosa, assim referiu-se à magistratura: “O judiciário é o poder que mais tem faltado à República.” A constatação torna-se cada vez mais cristalina e verdadeira ao longo da história.

Nenhum cadáver é comum quando foi assassinado de forma tão violenta e cruel. Aliás, não existem cadáveres comuns no gênero humano. A não ser que a dita cuja indigitada desembargadora pertença ao gênero Equus asinus, do Jumento. Que ainda assim, sendo um jumento, mereceria nossa piedade no caso de uma execução bárbara, a tiros.