
Delação premiada do operador financeiro Adir Assad traz à tona esquema de propina envolvendo o PSDB em São Paulo. Condenado na Lava Jato, ele fornecia notas fiscais frias a empreiteiras que precisavam de dinheiro em espécie para pagar propina a políticos.
Assad contou, durante depoimentos de delação premiada, que Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ex-diretor de Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), possuía um imóvel na Vila Nova Conceição, bairro nobre da Zona Sul de São Paulo, com parede falsa, onde guardava malas de dinheiro recebidas de construtoras.
O montante, ainda segundo o delator, era usado para bancar campanhas políticas do PSDB.
Paulo Vieira era responsável por licitar obras viárias em São Paulo, entre 2007 e 2010, conforme O Globo. Ele teria cobrado um percentual em cima dos contratos firmados pelas empreiteiras. Somente no Rodoanel, teria embolsado R$ 5 bilhões, outros R$ 2,1 bilhões teriam sido pagos pelo Complexo Jacu-Pêssego e mais R$ 1,4 bilhão referente à Nova Marginal Tietê.
Veja o que diz O Globo sobre a condenação e “progressão da pena” do doleiro:
Assad, condenado a 11 anos e 9 meses por associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção, terá progressão do regime fechado para o semiaberto. A corte decidiu por afastar o condicionamento da progressão da pena à reparação de dano financeiro, que constava na primeira versão do acórdão.
“Adir Assad foi condenado pela prática de delitos de lavagem de dinheiro e de quadrilha, razão pela qual não é aplicável a condição de reparação do dano para a progressão do regime de cumprimento da pena”, concluiu o desembargador federal João Pedro Gebran Neto, relator do processos da Operação Lava Jato.
Preso na 10ª fase da operação da Polícia Federal, Adir Assad detalhou, em depoimento no último dia 9 ao juiz da 7ª Vara Criminal Federal no Rio de Janeiro, como funcionava o esquema bilionário de pagamento de propina em grandes empreiteiras do País, e explicou o que era a “lasanha de propina”.
“É tudo uma questão de dinheiro. Para se eleger um deputado federal custa R$ 30 milhões, para eleger um deputado estadual, custa R$ 20 milhões. Tanto é que eu forneci para todas as empreiteiras. (…) Porque a gente tinha a facilidade para esse crime”, explicou Assad, na ocasião.
