Municípios nordestinos à beira de um colapso no abastecimento d’água

Além de Juazeiro do Norte, no Ceará, Juazeiro, na Bahia, e Petrolina, em Pernambuco, constam no relatório feito pelo World Resources Institute (WRI) com grau de risco extremo de estresse hídrico

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Pelo menos, três fatores preponderantes explicam a inclusão do município do Padre Cícero neste patamar de extremo risco: cenário natural, bacia hidrológica e alta demanda – Foto: Antonio Rodrigues

Em 1915, ano de uma das mais severas secas no Ceará, Padre Cícero Romão Batista, fundador e então prefeito de Juazeiro do Norte, preocupado com a estiagem que assolava uma legião de sertanejos, enviou cartas ao Governo do Estado pedindo auxílio. Em um dos trechos, ele relata, com pesar, o cenário devastador em que se encontrava a região. “Aqui sepultam todos os dias de pura fome”. O trecho da carta descrevia as inúmeras pessoas que morriam, todos os dias, devido à falta de água e comida.

O religioso temia que a população do então emancipado Município vivesse um colapso hídrico. Mais de um século se passou, e o temor da escassez hídrica na cidade voltou à tona. Juazeiro do Norte é o único município cearense a constar no relatório feito pelo World Resources Institute (WRI) com grau de risco extremo de “estresse hídrico”.

A organização mapeou 189 países em todo o mundo para identificar, por meio de 12 indicativos, quais cidades correm risco de ficar sem água no futuro. O Atlas Aqueduct de Risco Hídrico, divulgado nesta semana, apontou que três cidades do Brasil estão na lista das mais ameaçadas, todas elas no Nordeste. Na avaliação do estudo, Petrolina, em Pernambuco; Juazeiro, na Bahia; e Juazeiro do Norte, no Ceará, em breve, podem não ter disponibilidade de água suficiente para atender à demanda.

O biólogo e economista do WRI, Rafael Barbieri, detalha que as causas apontadas para essa escassez de água são o consumo excessivo, desperdício, crise climática e degradação ambiental. Segundo o especialista, estresse hídrico “significa que a disponibilidade de água de determinada região não atende à demanda, enquanto o risco é a probabilidade de isso ocorrer”.

Fatores preponderantes

Ainda conforme Barbieri, pelo menos, três fatores preponderantes explicam a inclusão de Juazeiro do Norte neste patamar de extremo risco. O primeiro é o cenário natural, cujo clima e vegetação, potencializados pela degradação, já são, por si só, indicadores de estresse hídrico. Outros dois elementos são a Bacia hidrológica em que a cidade está situada e a alta demanda vinda da agricultura e das indústrias instaladas no Município. “Juazeiro depende da água absorvida há milhares de anos no subsolo e, gradativamente, essa reserva tem sido afetada”.

O secretário dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará, Francisco Teixeira, afirma que “a água subterrânea está sendo monitorada pela Cogerh”. O objetivo, conforme explica, é monitorar o nível e a qualidade da água da Bacia. Um dos motivos que explicam a baixa no volume do Aquífero é o aumento da demanda advinda com o crescimento populacional e o surgimento de indústrias. O crescimento, em si, não é um fardo.

O problema reside na forma como a cidade evoluiu. Para possibilitar essa expansão territorial, o biólogo Martins Ferreira, avalia que a mata nativa da região foi quase que completamente destruída parar dar espaço a construções imobiliárias. “Os bairros do Horto e Frei Damião, só para citar dois, são exemplos. Antes, era área verde, hoje são construções. Juazeiro quase não tem mais mata nativa. Isso impacta diretamente na bacia hidrográfica”, detalhou.

Desperdício

Outro ponto alertado pela pesquisa global, refere-se ao desperdício de água. O problema também é crônico em Juazeiro do Norte. Em 2014, o Instituto Trata Brasil apontou que a cidade desperdiçava 43% de toda a água tratada. O índice, que já é considerado alto para qualquer município, torna-se ainda mais alarmante para uma cidade que apresenta crescimento vertiginoso.

Em 1912, segundo estudos do pesquisador caririense Geová Sobreira, Juazeiro do Norte contava com cerca de mil moradias. Menos de uma década depois, esse número saltou para 20 mil casas erguidas na cidade. Atualmente, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população estimada de Juazeiro do Norte, no ano passado, era de quase 272 mil habitantes, configurando-se como a terceira maior cidade do Estado, ficando atrás apenas de Caucaia (363,9 mil) e Fortaleza (2,6 milhões).

Em nota, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) informou que “adota diferentes medidas para combater as perdas, dentre elas estão a substituição de ramais de ligação de água e mutirões de retirada de vazamentos, com a implantação de uma equipe noturna, que visa diminuir o tempo de retirada de vazamento nas vias onde o fluxo de trânsito é maior durante o horário comercial”.

O órgão destacou que as ligações clandestinas também contribuem com as perdas de água. Questionado sobre o percentual de água que é desperdiçado no Município, a Cagece não se manifestou.

Soluções

Para além de simplesmente apontar as cidades em risco hídrico, o World Resources Institute destacou quais ações efetivas – e assertivas – podem ser adotadas para reverter este cenário a longo prazo. Investimentos em infraestrutura natural e na restauração florestal para oferta de serviços ambientais; melhoria na qualidade da água que chega aos reservatórios; e redução do desperdício de água são alguns dos exemplos.

No entanto, Rafael Barbieri observa que “o principal de tudo é entender que esse trabalho é de responsabilidade compartilhada. Todos devem se unir em prol de uma única causa. O poder público, a iniciativa privada e a população devem entender, reconhecer e trabalhar juntos para evitar um futuro colapso de água”.

Francisco Teixeira avalia que o Projeto de Integração do São Francisco vai ser crucial para garantir o suprimento hídrico no futuro.

“Acredito que com essas águas do São Francisco, que vão passar pelo Cariri, somado à perfuração de poços, que está em andamento, a região não somente terá garantia hídrica como poderá seguir crescendo. Essa expansão em Juazeiro do Norte e em outras cidades da região é de fundamental importância, pois hoje existe uma grande concentração demográfica na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), é interessante polarizar o crescimento no Estado”.

Cenário geral

Embora Juazeiro do Norte e outras duas cidades do Nordeste estejam classificadas na faixa global das que possuem extremo estresse hídrico, o Brasil está numa situação confortável. Das 189 nações pesquisadas, ele ocupada a 116ª posição. A justificativa para esse contraste acentuado de cenários deve-se à metodologia do estudo, que se baseia numa média. “Há regiões com muita água no Brasil”, pontua Paul Reig, diretor do WRI, ao explicar que essas localidades acabam impulsionando o País a uma cômoda posição.

A contrapartida evidenciada por esse dado é que a distribuição do recurso é muito desigual. “Isso é perceptível inclusive dentro das regiões. No Ceará mesmo, há localidades com muita oferta e, outras, com dificuldade de suprir a demanda”, frisou o biólogo Martins Ferreira.

Fonte: Diário do Nordeste.

Governo do Estado investe mais 3 milhões de reais em abastecimento de água no oeste da Bahia

 

As ações voltadas a levar água para todos os moradores das zonas rurais da Bahia deram mais um passo importante no município de Serra Dourada, na região oeste do estado.

Na manhã desta terça-feira (1º), o governador Rui Costa inaugurou um Sistema Simplificado de Abastecimento de Água (SIAA), que vai atender à localidade de Charco, e outros sistemas de abastecimento que vão beneficiar os moradores dos povoados de Traíra, Morrinhos e Lagoa da Onça.

“Hoje, aqui, no oeste baiano, temos entregas de praça, ginásio de esportes, uma estrada, que vamos iniciar, diversos equipamentos de abastecimento de água, que estou inaugurando e também vou autorizar o início das obras, porque água é vida.

Um abraço para todos de Serra Dourada”, afirmou o governador, que ainda autorizou a construção de Sistema Simplificado de Abastecimento de Água nas localidades de Jurema e Poço do Mato. Ao todo, somente em abastecimento, as ações representam um investimento superior a R$ 3 milhões.

Na área de saúde, foi constituído, na ocasião, o Consórcio Intermunicipal da Bacia do Rio Corrente, composto por 10 municípios da região, para a construção do Hospital Regional da Bacia do Rio Corrente, na cidade de Santa Maria da Vitória.

O prefeito de Santana, Marco Aurélio Cardoso, presidente do Consórcio, informou que a reunião das prefeituras “nasceu da necessidade dos municípios se organizarem, por meio dessa ferramenta, para a construção desse hospital”.

Segundo ele, o hospital será construído pelo Estado, que também entra com os equipamentos, e os municípios, em parceria com o Estado, vão bancar o funcionamento.

“Será  o primeiro Hospital Regional implantado com este modelo na Bahia”.

A proposta é que a unidade atenda aos municípios de Cocos, Coribe, Santa Maria da Vitória, Santana, Serra Dourada, São Félix do Coribe, Canápolis, Tabocas do Brejo Velho, Jaborandi, Correntina e Brejolândia.

Ainda na área de Saúde, Rui anunciou a entrega ao município, até o próximo dia 28, de três kits, um para um Centro Cirúrgico, um para Ambulatório Geral e outro para a Rede Cegonha, investimento que ultrapassa os R$ 320 mil. Já para o fortalecimento da Agricultura Familiar, Rui entregou 631 certificados do Cadastro Ambiental  Rural (CAR), documento que regulariza as propriedades dos pequenos agricultores, possibilitando o acesso deles a financiamentos.

Infraestrutura e outras ações

Quem trafega pela BA-172 vai ter mais segurança na estrada, ao chegar pelo Acesso Sul a Serra Dourada. Rui autorizou também a publicação de Edital de Licitação para a pavimentação do trecho do acesso sul da estrada, que liga a sede do município à rodovia. As empresas interessadas em participar da licitação devem ficar atentas, pois a previsão é que o edital seja publicado no Diário Oficial do Estado nesta quinta-feira (3).

A agenda do governador em Serra Dourada contou ainda com ações da prefeitura, como a inauguração de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), da praça do bairro Serra Douradinha, em frente à (UBS), e de uma quadra poliesportiva no Colégio Municipal ACM. A UBS vai contar com mobiliário e equipamentos cedidos pelo Governo do Estado, que deverão ser entregues nos próximos dias 28 e 29.

Luís Eduardo Magalhães: abastecimento de água será suspenso amanhã

Para substituir equipamento elétrico na área da captação, a Embasa informa que o abastecimento ficará interrompido amanhã, terça-feira (22), a partir das 8h, em cinco bairros da sede de Luís Eduardo Magalhães: Centro, Mimoso I, Mimoso II, Mimoso III e Santa Cruz. A previsão é que o serviço seja concluído às 14h quando o abastecimento será retomado gradativamente. Os imóveis que possuem reservatório não deverão sentir os efeitos da falta de água temporária.

A Embasa recomenda que, até a normalização do abastecimento nestes bairros, os  moradores consumam o mínimo necessário de água e evitem o desperdício. A substituição do equipamento também vai suspender, neste mesmo período, a energia elétrica na sede da Embasa em Luís Eduardo Magalhães. O atendimento ao público será retomado nesta terça-feira (22) no período da tarde a partir das 13h30. Neste período, outros esclarecimentos podem ser obtidos pelo teleatendimento 0800 0555 195.

Alckmin ganhou: agora aflora a tremenda crise de água em São Paulo

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A notícia do G1 tem três dias, mas reproduzo pela importância emblemática da situação:

A Guarda Civil Municipal está escoltando caminhões-pipa há cerca de duas semanas em Itu (SP). A situação ocorre por causa da estiagem e a falta d’água que afeta a cidade, em que moradores estão abordandos os veículos para pegar água. Muitos moradores alegam que estão sem água há 20 dias.

A GCM é avisada pela manhã quais os bairros que serão percorridos e acompanham o comboio. Três a quatro viaturas ficam à disposição para escoltar os caminhões em alguns bairros.

Na tarde desta quarta-feira (15), os guardas acompanharam a distribuição de dois carros no Portal do Éden. Conforme os guardas, a escolta ainda não teve problema, apenas alguns moradores que ficam alterados quando o caminhão chega ao bairro, mas sem roubo ou furto dos caminhões.

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Quase 40% dos moradores de Bauru, também no interior de São Paulo, podem ficar sem água nos próximos dias. Isso porque o nível da represa de captação do rio Batalha, responsável pelo abastecimento de 158 bairros, está com menos da metade do volume normal que é de 2,60 m. Nesta sexta-feira o nível do rio é de 1,17 m e, segundo o presidente do DAE (Departamento de Água e Esgoto), Giasone Cândia, quando a represa atingir 80 centímetros, a captação terá que ser interrompida.

O profeta Antonio Conselheiro dizia que o sertão ia virar mar e o mar virar sertão. Pelo jeito, começou por São Paulo: Itu já é um sertão, só faltam os jegues e os marmeleiros. As previsões de chuvas para a Região Metropolitana e interior são bastante modestas.

 

SALÃO DE MÓVEIS

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Abastecimento de água em São Paulo é exemplo para todo o País.

Afloramento do Aquífero Urucuia, no Poço Encantado, na Chapada Diamantina.
Afloramento do Aquífero Urucuia, no Poço Encantado.

Todo o País está atento à evolução dos acontecimentos no sistema de abastecimento de água em São Paulo. Hoje os reservatórios do Sistema Cantareira continuam em queda e atingiram nesta sexta-feira mais um recorde de baixa, alcançando agora 15,8% da sua capacidade total, conforme informou o jornal Metro. Esse é o menor nível registrado desde o início da operação do sistema.

Ontem, o governo do estado de São Paulo informou que reduzirá a captação de água da Cantareira a partir da próxima segunda-feira (10). O Sistema Cantareira, será auxiliado pelos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga. A campanha para economia de água também será intensificada.

De acordo com o governo, apesar da redução na captação de água, a decisão não afetará o abastecimento e não implicará racionamento.

O reservatório é responsável pelo abastecimento de metade da população da região metropolitana de São Paulo, aproximadamente 9 milhões de pessoas, e libera água também para as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí.

Conservação de recursos naturais finitos, como a água potável, é essencial no planejamento de nossos gestores públicos. Como no Oeste da Bahia estamos sobre um dos maiores aquíferos do mundo, a preocupação parece precoce. No entanto, a contaminação desses lençóis freáticos profundos já parece evidente.

Aquífero Urucuia, a grande riqueza

No final do ano passado,  a Agência Nacional de Águas (ANA) prometeu o lançamento do Plano de Gestão Integrada e Compartilhada do Sistema Aquífero Urucuia, que será importante principalmente para a bacia do rio São Francisco como um todo, envolvendo os Estados e a União, já que a vazão do Velho Chico depende do aquífero. Além disso, entre 50% e 90% das vazões médias dos rios do oeste da Bahia – região caracterizada pela forte atividade agropecuária – precisam das águas subterrâneas do Urucuia para sua manutenção.
A área de afloramento do Sistema Aquífero Urucuia vai do sul do Piauí ao noroeste de Minas Gerais, passando pelo sul do Maranhão, nordeste do Tocantins e oeste da Bahia. O SAU contribui para duas das principais bacias do Brasil: São Francisco e Tocantins.
O Sistema Aquífero Urucuia (SAU) também foi escolhido para receber o Plano de Gestão Integrada e Compartilhada, pois o Urucuia é um dos aquíferos interestaduais mais importantes do País, sendo o mais relevante da bacia do São Francisco. Além disso, está inserido no contexto do Programa Nacional de Águas Subterrâneas.
Em abril a Agência Nacional de Águas (ANA) realizará uma série de seminários para apresentar à sociedade os resultados parciais dos Estudos Hidrogeológicos e de Vulnerabilidade no Sistema Aquífero Urucuia e Proposição de Modelo de Gestão Integrada e Compartilhada, os quais vão subsidiar o Plano de Gestão.
Os encontros também visam a recolher sugestões dos cidadãos para o aperfeiçoamento do trabalho, o que vai de encontro ao princípio da gestão descentralizada previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos. Os seminários acontecerão em Barreiras (BA) no dia 3,  em Arinos (MG) no dia 11 e em Palmas (TO) no dia 18. Todos eles ocorrerão entre 8h e 18h.
Segundo o Atlas Brasil – Abastecimento Urbano de Água, da ANA, 39% dos municípios brasileiros são abastecidos exclusivamente por águas subterrâneas, enquanto 14% dependem tanto de mananciais superficiais quanto subterrâneos. Os demais 47% utilizam somente fontes superficiais.

Até amanhã fornecimento de água fica comprometido.

Uma pane em equipamento de um dos poços que abastece Luís Eduardo Magalhães provocou a diminuição da oferta de água na cidade, nesta segunda-feira (29). Técnicos da Embasa estão trabalhando para consertar o equipamento e normalizar o fornecimento o mais breve possível. A estimativa é de que, a partir do final da tarde de amanhã, dia 30 de outubro, o serviço de abastecimento esteja completamente regularizado.

Por enquanto, a distribuição de água em Luís Eduardo Magalhães será feita a partir da água captada em três poços que estão em funcionamento. As partes mais altas da cidade, que ficam distante da captação dos poços, serão as mais impactadas por este problema. Os bairros situados nestas áreas são Mimoso I (Cidade Universitária, Mimoso II e III) e Santa Cruz.

A Embasa recomenda que, até a regularização do abastecimento, os habitantes de Luís Eduardo Magalhães consumam o mínimo necessário de água e evitem o desperdício. Mais esclarecimentos podem ser obtidos pelo teleatendimento 0800 0555 195.