Agora é entre eles: magistrados acusam Gilmar de querer acabar com Lava-Jato

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Na foto, o Ministro Gilmar Mendes em almoço com José Armínio e José Serra, chanceler brasileiro e condestável da República.

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), entidade que representa os juízes brasileiros, atacou o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) por conta das declarações que ele fez acerca dos salários da classe.

Os juízes afirmam que Gilmar “milita contra as investigações da Operação Lava Jato com a intenção de decretar o seu fim, e utiliza como pauta a remuneração da magistratura”.

A AMB repudiou as afirmações feitas pelo ministro acerca da classe e da Lava Jato. “É lamentável que um ministro do STF, em período de grave crise no País, milite contra as investigações da Operação Lava Jato, com a intenção de decretar o seu fim, e utilize como pauta a remuneração da magistratura. O ministro defende financiamento empresarial de campanha e busca descredibilizar as propostas anticorrupção que tramitam no Congresso Nacional, ao invés de colaborar para o seu aprimoramento”, afirmou a instituição em nota.

A AMB ainda ressalta que Gilmar Mendes não é juiz de carreira, uma vez que foi procurador da República e chefe da Advocacia-Geral da União no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) antes de chegar ao STF.

“Não serão aceitas manifestações deselegantes e afrontosas, ainda mais feitas por integrantes do Judiciário que não iniciaram carreira na primeira instância, em comarcas de difícil acesso e sujeitas a toda série de limitações, inclusive a terem seus foros incendiados, como ocorreu há poucos dias em Goiatuba, no interior de Goiás”, criticou a entidade.

Quem subscreve a nota é o presidente da AMB, João Ricardo Costa, que afirma que as declarações de Gilmar atacam e desrespeitam o Judiciário.  “O Judiciário vem sendo atacado e desrespeitado por uma série de iniciativas que visam a enfraquecer a magistratura. O questionamento sobre seus vencimentos é uma consequência desse movimento, uma vez que coloca em dúvida a recomposição parcial dos subsídios, já prevista na Lei Orçamentária de 2016, cuja aprovação se arrasta desde julho de 2015, quando o STF enviou a proposta ao Congresso Nacional”, afirma a nota.

A Associação dos Magistrados da Bahia (AMAB) também divulgou nota de repúdio, afirmando que Gilmar faz afirmações “em tom calunioso e, de forma irresponsável, universaliza toda a magistratura do país em suas insinuações”. 

A Associação afirma, também que as declarações de Gilmar fazem um “desserviço à sociedade” e ressalta que os salários acima do teto constitucional não é uma realidade da magistratura baiana, pois “nenhum magistrado baiano recebe remuneração acima do teto”.

Nos calcanhares do PSDB e PMDB

Michelzinho quer fim da Lava-Jato. Prende os petistas e tiau!
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O ministro Gilmar Mendes está no centro de um vórtice de polêmicas: recentemente ele denunciou vazamentos na delação de Léo Pinheiro (OAS), anulando o processo, em franco confronto com Rodrigo Janot, procurador geral da República.

Mendes também chamou de “cretino” o autor de uma proposta defendida pelo Ministério Público e pelo juiz federal Sergio Moro de que provas ilícitas obtidas de boa fé sejam utilizadas em ações.

Na opinião de observadores políticos, Gilmar deseja acabar com a Lava-Jato após o esgotamento dos processos contra figuras do Governo anterior, logo agora que José Serra, Aécio Neves e o próprio presidente interino, Michel Temer, estão sendo alcançados pelas investigações e colheita de provas provenientes de delações premiadas.

 

Juiz gaúcho é o novo presidente da Associação dos Magistrados

ambO juiz João Ricardo dos Santos Costa, do Tribunal de Justiça do Rio Grande Sul, assume no próximo dia 17, em Brasília, a presidência da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). João Ricardo venceu a eleição, sábado, com 5.628 votos (59,35%) contra 3.746 (39,5%) do candidato da situação, Roberto Bacellar, do TJ do Paraná. Brancos e nulos totalizaram, respectivamente, 75 e 34 votos. Ao todo, 9.483 magistrados escolheram o novo presidente da AMB.

Com um discurso de renovação, João Ricardo vai dirigir a AMB pelos próximos três anos. Aos 52 anos, formado pela PUCRS e juiz desde 1990, é o terceiro gaúcho a presidir a entidade. Antes dele, foram presidentes Milton Martins e Cláudio Baldino Maciel.
A prioridade do novo presidente da AMB é a aprovação da emenda que institui a eleição direta para a presidência dos tribunais.

— Essa escolha pela cúpula é um gueto de ditadura na democracia brasileira — diz João Ricardo, eleito com um discurso de renovacao e de unidade da magistratura.

João Ricardo é titular do 1º Juizado da 16ª Vara Cível de Porto Alegre e professor de Direitos Humanos da Escola Superior da Magistratura. Ex-presidente da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), ocupou a vice-presidência de Direitos Humanos da AMB de 2008 a 2010. Atuou nas Comarcas de Planalto, Taquari e Canoas. De Juliano Rodrigues, no blog de Rosane Oliveira (Zero Hora).