A chuva foi embora e os reservatórios estão lá embaixo.

Projeto de Belo Monte: alvo de ambientalistas, se traduz na esperança real de, a médio prazo, aumentar disponibilidade de energia.
Projeto de Belo Monte: alvo de ambientalistas, se traduz na esperança real de, a médio prazo, aumentar disponibilidade de energia.

Por Sabrina Craide – Repórter da Agência Brasil 

O nível dos reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste chegou ao fim do período chuvoso menor do que o esperado pelo governo. Nessa segunda-feira (28), o armazenamento estava em 38,16% da capacidade máxima, o menor registrado desde 2001, quando

A expectativa inicial do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) era que o nível de água dos reservatórios desse sistema, responsável pela geração de 70% da energia consumida no país, estivesse em 43% no final de abril, índice considerado seguro para garantir o abastecimento até o fim do ano. De acordo com o Programa Mensal de Operação do ONS, a previsão para o armazenamento ao final de abril era 40,6% no início do mês. O índice foi revisto para 38,3% na última semana de abril. Para o fim de maio, a expectativa do ONS é que os reservatórios cheguem a 39,2% de sua capacidade máxima de armazenamento.

O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, informou hoje (29) que os estudos técnicos feitos com base na atual situação dos reservatórios e nas condições hidrológicas previstas não indicam a necessidade de adoção de cortes de energia. “No entanto, caso ocorra um agravamento das condições hidrológicas no período de maio a novembro, diferentemente do que é atualmente esperado, o ONS poderá propor medidas adicionais às autoridades setoriais, de forma que fique garantido o fornecimento de energia elétrica para a sociedade”, disse Chipp, em nota à imprensa.

Mapa de potencial eólico brasileiro: menor impacto ambiental e produção acelerada. Só na Bahia se constrói cerca de 2.000 torres.
Mapa de potencial eólico brasileiro: menor impacto ambiental e produção acelerada. Só na Bahia se constrói cerca de 2.000 torres.

Depois de 2001, ano em que foi determinado o racionamento de energia, o nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste no final de abril apresentou índices bem mais altos de armazenamento de água. Em 2011, por exemplo, a capacidade estava em 88%. No ano passado, o índice ficou em 62,4% no dia 29 de abril.

Só nos resta rezar para São Pedro, que mande chuvas copiosas, cedo, em outubro, para nos livrar das ondas de calor, que por sua vez gastam tanta energia. Resta, ainda, ao Governo, autorizar investimentos e até investir diretamente em centenas de novas torres eólicas, liberar mais de 500 pequenas centrais hidrelétricas e agilizar projetos hidrelétricos em todo o País. 

A energia já está 25% mais cara. Só que o consumidor ainda não sabe.

apagaoOs problemas de energia elétrica no País podem se agravar ao longo deste ano, mesmo que ainda chova muito até o fim do verão. Primeiro: as termoelétricas, que rodam a todo vapor, estão custando US$2,5 bilhões por mês e, como não existe almoço grátis, o consumidor doméstico e os grandes consumidores industriais vão pagar a fatura logo a seguir. O mercado livre ou spot está alcançando patamares explosivos de preço e isso tira mais da pouca competitividade da indústria brasileira. Uma constatação: se o consumidor brasileiro economizasse 5% da energia consumida atualmente, essa conta das térmicas cairia para US$700 milhões por mês.

Agora, questiona-se o futuro próximo: enfrentaremos um apagão aos moldes de 2001? As redes de distribuição vão poder transferir energia de locais, como a Amazonia, onde existe fartura, para o sudeste e nordeste onde a situação é crítica?

Para o consumidor caseiro, uma informação relevante: só o standby, aquelas luzinhas dos computadores, da TV e de outros aparelhos eletrônicos, se desligado poderia economizar 15% na conta doméstica. É importante: a energia já está cara, cerca de 25% a mais do que estamos pagando, só que ainda não soubemos. A surpresa virá junto com as contas futuras */*-/. As informações são de Paulo Pedrosa, presidente da ABRACE, e de Reginaldo Medeiros, presidente da Abraceel, em entrevista concedida a Miriam Leitão em programa da Globo News.

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Artigo: O vilão é o modelo mercantil do setor elétrico

Por Heitor Scalambrini Costa, professor da Universidade Federal de Pernambuco

Tentar entender o que se passa com o setor elétrico brasileiro, significa conhecer melhor um passado recente em que decisões errôneas foram tomadas, resultando atualmente em tarifas caras, fornecimento e abastecimento precários, e risco crescente de racionamento de energia. Além de um setor sem credibilidade, sem democracia, sem competência.

Em fevereiro de 1995, teve inicio o que ficou conhecido como a Reestruturação do Setor Elétrico, com a aprovação pelo Congresso Nacional da Lei nº 8987, que trata do regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos.

Iniciou assim um modelo “de mercado”. Ou seja: a reestruturação foi baseada no preceito de que a ação empresarial “concorrencional”, motivada pela perspectiva do lucro econômico, aportaria ao setor elétrico, eficiência e qualidade dos serviços prestados e tarifas módicas. A idéia que está por trás desta suposta lógica é que o lucro seria um sinal suficiente para garantir os investimentos. Essa assertiva não é inteiramente verdadeira, pois as empresas do setor andam ganhando “rios de dinheiro” sim (basta acompanhar os balancetes anuais), mas seus investimentos ficam somente nos discursos, já que o BNDES (leia-se: o tesouro nacional, o dinheiros dos impostos) tem sido o “Papai Noel” fora de época para as empresas do setor elétrico.

Apagão em Aracaju, em foto de Wes Nunes, do Estadão.
Apagão em Aracaju, em foto de Wes Nunes, do Estadão.

Com o racionamento de energia elétrica ocorrido em 2001/2002, com a deterioração da qualidade do abastecimento causado por dezenas (e centenas) de apagões e apaguinhos (interrupções no fornecimento de energia elétrica) ao longo daquele período e com a explosão tarifária, chega-se à conclusão, sem precisar ser um grande especialista, que o modelo não funcionou. Continue Lendo “Artigo: O vilão é o modelo mercantil do setor elétrico”

Choveu? Energia acabou.

Há mais de 50 minutos, o centro de Luís Eduardo Magalhães, e os bairros Mimoso 2 e Mimoso 3 estão sem energia. A Coelba mantém a tradição: choveu, energia acabou. As próprias atendentes do 0800 da Coelba, ao receberem uma reclamação, perguntam: “Está chovendo no seu bairro?”. Como se faltar energia à primeira chuva fosse normal.

São 9h12m. Luís Eduardo está sem energia no centro.

Há mais de uma hora o centro de Luís Eduardo Magalhães está sem energia. Basta um cachorrinho fazer xixi num poste da Coelba que imediatamente a luz é desligada.

Vou processar a Companhia pela queda de acessos no blog.

Começou a temporada de macro e micro-apagões.

Bastou os primeiros sinais de chuva e já começaram os apagões de energia elétrica. Vamos sofrer nesta próxima temporada de chuvas, está escrito. Ao que parece, a Coelba,  distribuidora de energia, não fez as obras prometidas para estabilizar o fornecimento.

Governo sabia que teríamos apagões.

Estudo do Ministério de Minas e Energia produzido em 2007 já previa que o risco de apagões chegaria a um índice crítico em 2011. De acordo com reportagem da Folha, o estudo apontava uma melhora na situação em 2012, com a inauguração de dezenas de subestações e a entrada em operação do sistema de transmissão do rio Madeira. O problema é que várias dessas obras atrasaram, muitas por restrições ambientais.