Um instigante relato do jornalista Políbio Braga, mostra que no Rio Grande do Sul, onde a saúde deveria acompanhar o índice de desenvolvimento do Estado, as coisas vão muito mal, fruto de uma administração clientelista e aparelhada do Governo do PT:

“Ao admitir numa nota técnica que uma bactéria com forte resistência a antibióticos, conhecida pela sigla NDM – New Delhi Metallobetalactamase, conduziu pacientes ao total isolamento no Hospital Conceição, Porto Alegre, a secretaria estadual da Saúde acabou liberando a ponta de um iceberg que precisa ser desvendado na sua totalidade. No caso do NDM, a secretaria admitiu que a bactéria não pode ser enfrentada e mata. A nota técnica usa linguagem cifrada para dizer isto: “As opções terapêuticas tornam-se limitadas”.
A verdade completa nem é esta. Eis o que ocorre:
– Hoje, não apenas dois, mas 130 pacientes estão internados com infecção hospitalar, isolados em consequência de uma higienização de superfície mal feita por terceirizados contratados pela direção e sujeitos a investigações do MPF.

“O que acontece ali é uma epidemia, não apenas um surto”, denunciou na Assembléia, terça-feira da semana passada, o presidente da Associação dos Servidores do GHC, Arlindo Ritter, que se disse ameaçado de morte por fazer as revelações e cobrar uma devassa no grupo hospitalar federal.
– Devido a má gestão continuada, o que ocorre desde o início do governo Lula, dez anos, a administração do Grupo Hospitalar Conceição foi loteada entre políticos inexperientes do PT e seus aliados, levando a desordem administrativa aos 21 hospitais e unidades de saúde que ele controla.
Ao longo desses 10 anos, o GHC admitiu uma direção enxuta (três diretores), mas que mantém sob sua gestão um complexo enorme de 22 gerências e 350 funções gratificadas e cargos comissionados, recebendo salários de até R$ 20 mil mensais. O clientelismo, o favoritismo e as práticas patrimonialistas não levam em consideração o mérito de ninguém.
O péssimo nível de gestores que passaram pelo GHC, pode ser dado pela seguinte informação:
O secretário do Meio Ambiente de Tarso, Carlos Fernando Niedersberg, recolhido semana passada ao Presídio Central, foi assessor da vereadora Jussara Cony, uma farmacêutica, que era presidente.
O orçamento do Grupo Hospitalar Conceição é de R$ 1,2 bilhão, um dos maiores do RS. O orçamento da prefeitura de Gravataí, um dos mais ricos municípios do Estado, é de R$ 400 milhões.

Conheci o Grupo Hospitalar Conceição, composto por quatro grandes hospitais, quando era uma empresa privada e prestei serviço de assessoria de imprensa ao seu diretor-presidente. Sofri uma pequena cirurgia e meus dois filhos mais velhos nasceram lá. Por motivos políticos e influência da máfia de branco, Jahyr Boeira de Almeida foi apeado do controle do Grupo, em estatização até agora não explicada à luz do direito empresarial e público.
Jahyr constituiu, a partir de uma farmácia, uma rede hospitalar formada pelo Conceição, Cristo Redentor, Fêmina e Criança Conceição. No período em que esteve à frente da instituição, chegou a manter um serviço aéreo de atendimento, um diferencial nos anos 70, possuindo inclusive um heliponto na cobertura do Conceição, além de vários serviços com tecnologia de ponta, como a primeira cineangiocoranariografia do Estado, liderada então por Adib Jatene.
Quando num estado desenvolvido como o Rio Grande do Sul a saúde pública chega a este nível, pode se imaginar o que está acontecendo no Nordeste, por exemplo.
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