As teocracias, os provocadores, os fundamentalistas e os aproveitadores.

O fundamentalismo religioso tem jogado nações e até regiões inteiras em lutas sangrentas. O melhor e mais recente exemplo é o da primavera árabe, que matou milhares no Egito, na Líbia, na Tunísia e agora na Síria, onde fundamentalistas xiitas e sunitas se assassinam mutuamente, com armas modernas, em prol de um credo religioso. Israelenses e palestinos se odeiam e se matam não pela água e pelas terras mais fertéis, mas certamente pelo credo religioso. No Irã, a teocracia e a sharia proíbem que as mulheres saiam às ruas em roupas normais. No Afeganistão até pouco tempo a burka era obrigatória.

No Brasil, as chamadas bancadas evangélicas dominam o cenário político no Congresso Federal e a grande mídia, fato expresso pelo grande número de programas nas televisões e até jornais de circulação nacional. Um império.

Em Luís Eduardo Magalhães, como em todo o Oeste, prospera, principalmente entre as camadas mais desprovidas de recursos, o fundamentalismo evangélico. Tanto que a bancada evangélica na Câmara Municipal conta com no mínimo três vereadores e o antigo gestor doou, mais de 50 lotes para igrejas, algumas que não possuíam na época nem CNPJ.

Em bairros novos, como o Jardim das Oliveiras, por exemplo, os fiéis já se dividem em mais de oito igrejas de diferentes tamanhos e denominações. Nas atuais eleições, são muitos os candidatos. E todos eles pedem o voto em nome do Senhor. O que não deixa de ser de uma hipocrisia e de uma desfaçatez ímpares.

Então está pronto o cenário para os lamentáveis episódios ocorridos. Monta-se um comitê ao lado de uma igreja evangélica, “0h! supremo sacrilégio!”, escolhe-se um candidato pelo pavio curto e mandam-se os fotógrafos para registrar o ocorrido, entre eles um conhecido provocador.

Estive estacionado nessa vaga que foi objeto da discussão durante mais de uma hora, entre 17 e 18 horas, até porque a assessoria de comunicação do candidato errou no horário do convite, que deveria se iniciar às 19 horas. Apesar do meio-fio rebaixado, o local em questão não é uma garagem e por isso estacionei tranquilo. Ninguém contestou o fato, até porque não sou candidato, estava com a máquina fotográfica na mão e não aceitaria provocações.

A provocação foi orquestrada, muito bem engendrada e os aproveitadores todos sabem quem são. Começa mal a campanha de Luís Eduardo.