Não deu para botar a mão no tesouro e levar para Orlando.

Jair Bolsonaro terá imensas dificuldades em se livrar de acusações de ilegalidade, no caso das joias masculinas que ele incorporou a seu “acervo privado”, dizem fontes do TCU.

Um representante do site “O Cafezinho” encaminhou a seguinte pergunta à assessoria de comunicação do Tribunal: em referência ao caso das joias masculinas que Bolsonaro recebeu da Arábia Saudita, há possibilidade do TCU considerar a incorporação delas ao acervo privado da presidência como algo legal?

A resposta foi: “zero chance”.

A defesa de Bolsonaro tentou justificar a incorporação dos presentes milionários como “acervo privado”, dizendo que a ação estava em linha com o mais recente regulamento do TCU para essa questão, de 2016. Foi rapidamente desmentido, todavia, por todo mundo que examinou mais detidamente as leis.

O Acordão do TCU escrito por um dos ministros mais bolsonaristas da corte, Walton Alencar Rodrigues, chega a mencionar, ironicamente, um caso hipotético, de um presidente que receberia, de outro chefe de Estado, uma joia de “valor inestimável”. Segundo Walton, não seria “razoável”, num caso deste, incorporar tal patrimônio ao acervo privado do presidente da república.

Fontes do TCU ouvidas pela jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil, também foram unânimes em responder categoricamente que a decisão de Bolsonaro, de incorporar as joias masculinas a seu acervo privado, não pode ser considerada legal.

Há outros aspectos sobre essa joias que eu também gostaria de abordar.

O escândalo das joias da Arábia Saudita, tanto as femininas, destinadas a primeira dama, que o ministro Bento Albuquerque tentou internalizar clandestinamente em outubro de 2021, quanto as masculinas, que o próprio Jair Bolsonaro trouxe escondidas (não declaradas à Receita) dois anos antes, por ocasião de sua visita àquele país, despertou a suspeita de que os presentes seriam, na verdade, propina.

Imagem

As atenções se voltaram rapidamente para a seguinte questão: propina em troca de que?

Não demorou para surgirem rumores relativos à venda, pela Petrobrás, da refinaria Landulpho Alves, na Bahia, por US$ 1,8 bilhão, valor considerado quase metade do estimado por especialistas, ao fundo Mubadala. Embora tendo como único acionista o governo dos Emirados Árabes, é sabido que a relação dessa monarquia com a Arábia Saudita é profundamente estreita.

Arábia Saudita e Emirados são as duas maiores economias do mundo árabe, e ambas são monarquias islâmicas sunitas, com intensas relações de negócios, militares e até familiares. E não seria a primeira vez na história que um agente corruptor quita a propina devida por seu parceiro.

O próprio Bolsonaro ajudou a alimentar esse rumor ao afirmar, numa coletiva que deu há dias, que “esse presente foi acertado lá nos Emirados Árabes”. Alguém disse depois que Bolsonaro se “confundiu”. De fato, o ex-presidente é um limítrofe, alguém com graves problemas cognitivos, e talvez estivesse nervoso. Ou talvez fosse um ato falho. Não sabemos. A propósito, tratar essas joias, avaliadas em milhões de reais, como “presente acertado” também não pegou bem.

De qualquer forma, não é preciso olhar para os Emirados Árabes. A própria Arábia Saudita, que é uma autocracia totalitária, cujas finanças públicas são inteiramente controladas pela família real no poder, tinha grandes interesses em estreitar “amizade” com o chefe de Estado brasileiro.

Em outubro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro levou uma grande comitiva a Arábia Saudita, participou de jantares com autoridades e empresários sauditas, e saiu de lá com uma promessa de que o fundo soberano local iria investir US$ 10 bilhões (cerca de 50 bilhões de reais) no Brasil, em diferentes áreas.

Os sauditas, assim como os seus colegas dos Emirados Árabes, estariam dispostos a investir não apenas no setor brasileiro de petróleo, mas em infra-estrutura, saneamento, transportes. O fundo Mubadala, dos Emirados, por exemplo, junto com a gigante Trafigura, comprou o “Porto Sudeste”, um grande terminal para exportação de ferro e outras commodities, em Itaguaí, litoral sul do Rio de Janeiro.

Segundo a agência Bloomberg, que cobriu de perto a ida de Bolsonaro a Riad, o fundo soberano do país (PIF, na sigla em inglês), que detêm aproximadamente US$ 320 bilhões, queria usar o Brasil como uma ponte para fazer investimentos na América Latina, como parte da estratégia de tornar a Arábia Saudita menos dependente do petróleo.

A estimativa desse investimento de US$ 10 bilhões foi divulgada após encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e o príncipe saudita Mohammed Bin Salman no Ritz-Carlton Hotel, onde se realizou um congresso internacional organizado pelo Fundo. A reunião foi acompanhada pelo então ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e por Onyx Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil, o qual informou aos repórteres (ainda segundo a nota da Bloomberg) que os dois governos iriam formar um conselho para definir os setores e o cronograma dos investimentos.

Imagine que manancial de corrupção, tráfico de influência e oportunidades escusas, tinha em mãos o núcleo duro de Jair Bolsonaro, diante do poder de indicar quem receberia, e quando, o pixuleco saudita de 10 bilhões de dólares? Uso o termo “pixuleco” porque um governo sério, democrático, republicano, trataria imediatamente de dar transparência a essas conversas, ao invés de montar um conselho semi-secreto, e embolsar clandestinamente presentes multimilionários oferecidos por agentes do governo saudita.

Segundo Lorenzoni, os sauditas tinham manifestado interesse em construir uma ferrovia de quase mil quilômetros ligando Mato Grosso ao Pará, cujo custo teria sido avaliada em 3 bilhões de dólares. Por aí também se pode encontrar algumas razões para o golpismo terrorista de alguns empresários picaretas dessas regiões, que viram oportunidades de propinas desaparecerem com a vitória de Lula.

Ah, na mesma nota da Bloomberg é citada uma declaração entusiástica do diretor executivo da Mubadala Investiment Co, Waleed Al Mokarrab Al Muhairi, de que estaria “extremamente excitado” com as anunciadas privatizações do Brasil. Pouco depois, a Mubadala iria adquirir a mais antiga refinaria do país, Randulpho Alves. O entusiasmo tinha razão de ser, pois logo após ser privatizada, a Randulpho elevou brutalmente o preço dos combustíveis.

Reportagem do Estadão de março de 2022 informava que “a gasolina da Refinaria de Mataripe, antiga Landuplho Alves (Rlam), vendida pela Petrobrás ao fundo de investimento árabe Mubadala, já está custando 27,4% a mais do que a vendida pela estatal”.

A Agência de Notícias Brasil-Árabe, empresa sediada na Avenida Paulista e patrocinada pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, também cobriu a viagem de Bolsonaro a Riad. Uma das matérias descreve o discurso de Bolsonaro no Fórum de Negócios Saudita-Brasileiro, realizado em outubro de 2019, naquele país, onde o então presidente brasileiro faz uma declaração romântica.

“Eu estou apaixonado pela Arábia Saudita”, diz Bolsonaro à platéia.

A luz do que conhecemos hoje, sobre os “presentes” milionários que Bolsonaro, alguns ministros e sua esposa, receberam dos príncipes sauditas, é perfeitamente compreensível a paixão do “mito” pela Arábia Saudita…

Príncipe herdeiro da Arábia Saudita sofre atentado

 

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, foi vítima de um atentado a tiros no dia de hoje. Segundo o presidente brasileiro, que esteve com o Príncipe no final de outubro, “todo mundo” gostaria de passar uma tarde com um príncipe, “principalmente as mulheres”.

Bin Salman, de 34 anos, é filho de rei Salman e é acusado internacionalmente de ser o mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018.

“Acho que todo mundo gostaria de passar uma tarde com um príncipe, principalmente vocês, mulheres. Vou ter essa oportunidade hoje. Nós dois temos certa afinidade”, disse Bolsonaro a jornalistas na saída do hotel onde está hospedado.

Ao que parece essa história de passar uma tarde com o Príncipe não é uma unanimidade na Arábia Saudita.

Ao fundo, no vídeo, pode se ver um aparato norte-americano Patriot de defesa contra mísseis.

Prepare sua carteira: petróleo dará um salto com ataques na Arábia Saudita.

Imagem TV Globo

Neste sábado, os rebeldes houthis do Iêmen atacaram com drones as duas principais instalações petrolíferas da Arábia Saudita, causando importantes incêndios. Riad, que respondeu bombardeando alvos do grupo, anunciou que as chamas haviam sido controladas, mas fontes do setor temem que a produção seja interrompida.

Além das perdas materiais, a terceira operação desse tipo nos últimos cinco meses expôs a vulnerabilidade da infraestrutura de energia do reino ante a crescente sofisticação da milícia iemenita.

A companhia petrolífera saudita Aramco admitiu que, após os ataques ontem por drones dos rebeldes iemenitas, terá de reduzir a sua produção para a metade.

Os ataques e os incêndios resultantes deles só não causaram um abalo nas bolsas de valores porque elas estavam fechadas. Mas, a segunda-feira deve ser um dia movimentado para os negociantes de derivados, corretores e especuladores. Os preços, admitem os especialistas, podem disparar já amanhã em US$ 5 a US$ 10 por cada barril de 159 litros.

É que, segundo os especialistas, devido à redução da produção da Aramco, a oferta de petróleo no mercado mundial pode sofrer uma quebra de até 5%. Um desses especialistas, Bob McNally, da consultora Rapidian Energy, calcula que se a redução durar uma semana os preços poderão mesmo subir de US$ 15 a US$ 20 dólares por barril e voltar, assim, a superar a emblemática marca dos US$ 100.

O chefe do Departamento de Estado norte-americano, Mike Pompeo, ignorou a responsabilidade no ataque de ontem admitida por parte dos rebeldes houthis e acusou o Irã. Acrescentou mesmo uma ameaçadora advertência de que o Irã deve pagar o preço das suas agressões.

Em Teerã, Pompeo obteve uma resposta dura, acusando-o de mentir e negando envolvimento iraniano na ação dos houthis, que beneficiam do seu apoio genérico mas não necessariamente em cada uma das operações que empreendem.

Contudo, Christyan Malek, um analista do JP Morgan Bank citado pela Reuters, sugere que a escalada retórica não corresponde a danos reais causados aos interesses norte-americanos e, portanto, poderá não constituir prova segura de que tenha falhado o projeto de uma cúpula entre Donald Trump e o líder iraniano Rohani.

Segundo Malek, o golpe sofrido pela Arábia Saudita, até agora o maior produtor do mundo e o detentor das maiores reservas, coloca os Estados Unidos, atualmente com cerca de 15% da produção mundial, na posição de fiel da balança e de único país que pode efetivamente dosar a sua oferta com um intuito estabilizador do mercado mundial.

Mesmo que os EUA só temporariamente fiquem com a “faca e o queijo na mão”, isto poderá trazer às suas petrolíferas ganhos astronômicos, tanto mais que os dois outros países com reservas capazes de beneficiarem da situação – Venezuela e Irã – são objeto de um embargo que lhes levanta grandes dificuldades.

Com El País e outras agências noticiosas.

Arábia Saudita prende 11 príncipes e dezenas de ex-ministros

O rei e seus príncipes

A BBC está noticiando que um novo comitê saudita anticorrupção deteve 11 príncipes, quatro ministros e dezenas de ex-ministros. Parece que os denunciados estavam envolvidos com fatos das enchentes de Jeddah de 2009 e o surto do vírus Mers que surgiu na Arábia Saudita em 2012.

As detenções aconteceram horas após a formação do novo comité anticorrupção.

É liderado pelo Príncipe Herdeiro Mohammed bin Salman e tem o poder de emitir mandados de prisão e proibições de viagem, informou a estatal Saudi Press Agency (SPA) .

Fazendo uma analogia: Geddel Vieira Lima, Eliseu Padilha, Moreira Franco, Eduardo Cunha, Alexandre de Moraes, Romero Jucá, Henrique Meirelles, José Serra, Gilberto Kassab e Blairo Maggi são ou foram ministros ou eram soberbos príncipes?

Eu acho que príncipe mesmo, de cavalo branco e espada, só Aécin Neves da Cunha.

Arábia Saudita invade o Bahrein.

Tropas da Arábia Saudita entraram no Bahrein nesta segunda-feira para ajudar a resolver a turbulência social naquele país. A atuação foi condenada pela oposição no Bahrein, que consideraram a iniciativa como uma ocupação. Enquanto isso, Malvina Cruela Kadafi continua massacrando seus conterrâneos e a União Européia, transida de medo pelas suas quotas de petróleo, aguarda, sem dignidade nenhuma, a decisão do Conselho de Segurança da ONU.

A batalha do Cairo está no fim? É a pergunta de todos.

Foto da AFP para The Economist

A promessa dos manifestantes é que um milhão de pessoas se reúnam hoje na praça principal do Cairo, após as orações do meio-dia. Começam a faltar gêneros alimentícios, os trens estão paralisados e os salteadores atacam casas particulares e estabelecimentos comerciais.

A revista The Economist diz que escritórios do Governo estão picando e queimando papéis que possam ser comprometedores num futuro próximo. Já existem deserções importantes entre praças e oficiais das forças armadas. O Governo pode cair a qualquer momento pela força da fé islâmica que move o povo. Está se criando um novo Irã. A próxima ditadura a cair deve ser a Arábia Saudita.

Israel e Estados Unidos vêem o equilíbrio frágil da região quebrar-se e voltar-se contra si. A ditadura de Hosni Mubarak apodrece, como todas,  e o aeroporto parece ser a sua única saída.