O que se viu em três anos e onze meses, entre arbitrariedades e desmandos, na gestão municipal de Luís Eduardo Magalhães, se replica agora, no rescaldo das eleições, quando o atual gestor foi derrotado, nas urnas, por uma margem de 20% dos votos válidos.
Sem embargo, a vontade soberana do povo está ainda sofrendo ataques, por parte de blogueirinhos inexpressivos, paus mandados do candidato derrotado, numa tentativa de pautar a Justiça Eleitoral.
É o clássico “jus esperneandis”, o direito de espernear depois da derrota acachapante.
Veja o nível da mensagem do blogueirinho a um desafeto político, depois de uma matéria sem pé nem cabeça:
O choro das viúvas não acaba e compromete até o judiciário eleitoral.
As carpideiras do óbito político do atual prefeito continuam chorando, gritando e esperneando, chegando ao ponto chocante de insinuar que o judiciário eleitoral está emparelhado com o prefeito derrotado.
Em desespero total, o blogueirinho muito “macho” vinculado a gestão, envia mensagens revoltadas a alguns opositores, como no print acima, ameaçando que o “juiz eleitoral irá caçar”, com Ç, o “prefeitinho” eleito, visto que o atual prefeito Oziel Oliveira é um político profissional cheio de contatos, manobras e artimanhas.
Disto todos nós sabemos, lembrando a esse blogueirinho que o candidato derrotado coleciona mais de 70 processos, dentre eles, condenações em segunda instância que impossibilitariam sua candidatura baseado na lei da Ficha Limpa, porém seguradas a grosso modo com uma liminar concedida por um juiz preso na operação Faroeste.
Sendo assim, não adianta espernear ou chorar, pois a justiça que permite um condenado em segunda instancia se candidatar e tornar prefeito é a mesma para o “prefeitinho” sem nenhum processo, o qual foi eleito com cerca de 60% dos votos, 10 mil votos à frente do segundo colocado.
Fato acontecido, não obstante a máquina com quase 2 bilhões de arrecadação nos 4 anos de governo, a qual não mediu esforços para catapultar o prefeito à reeleição.
O choro e ranger de dentes de muitos militantes do prefeito derrotado, mostram que esse pessoal não estava nem um pouco preparado para perder as gordas tetas do governo, visto que não aceitam a derrota.
Estão, desde o dia seguinte da eleição, inventando qualquer situação na tentativa de justificar a derrota esmagadora, ou desacreditar o processo eleitoral, assim como o trabalho exaustivo e imparcial do Senhor Magistrado, titular da Vara Eleitoral.
Hoje recebemos na redação de O Expresso mais de 80 notificações sobre “spam” no Facebook. A notícia versa sobre uma publicação do Diário Oficial da Justiça onde consta um recurso negado, em processo corrente, pelo Tribunal de Justiça da Bahia, em que é ré a deputada Jusmari Oliveira.
Oziel Oliveira e Jusmari Oliveira, seus prepostos e esbirros, não temem de mostrar sua face arbitrária e discricionária, censurando jornalistas não alinhados.
Olha como ficou a cara da “Véia” quando viu as cenas de arbítrio.
Madame Almerinda, proxeneta dos espíritos, ligou sua bola de cristal hoje e teve uma visão terrível. Prepostos do Prefeitaço entraram em um supermercado, prestes a ser inaugurado, não quiseram se identificar, desafiaram funcionários e até mandaram os meninos “chamar a Polícia”.
Segundo Almerinda anda propagando, corre na Rádio Corredor que o Prefeito mandou achar qualquer coisa que justificasse não conceder o alvará para funcionamento da loja.
-Eu pergunto: e daí, Madame, a senhora não votou no homem?
-Votei, Periodista, mas estou arrependida até o miolo do tutano da canela! Agora me responda você, velho jornalista: “Ele pode fazer isso?”
-Obrigação de Prefeito, cara Madame, é promover o desenvolvimento da cidade, fortalecendo as empresas de comércio e serviço. Essa atitude sectária, a intransigência, a intolerância vai acabar arrumando mais uns votinhos para o Juninho e arrostando um processo cabeludo. É claro que prefeito não pode tudo, principalmente quando quer prejudicar consumidores de 5 bairros importantes da cidade.
-Pois é, Periodista, também fiquei constrangida quando vi a cena na minha bola de cristal Full HD.
– Me diga algo importante, Madame: a Senhora grava vídeos dessa sua bola de cristal?
-É claro, Amigo. Gravo tudo e mando por zap para os consulentes.
– Humm! A Senhora poderia me mandar essas imagens?
-Claro que não, jornalista! Espíritos também tem código de ética. Mas fica aqui, salvo no meu HD externo. Se for necessário, boto a boca no mundo!
Eduardo: língua solta, como o pai, os irmãos e o candidato a vice, Hamilton Mourão.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), disse em um vídeo que circula na rede que, para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), basta “um soldado e um cabo”.
A afirmação foi feita em resposta a questionamento, durante palestra antes do 1º turno, em 9 de julho, sobre a possibilidade de seu pai ser impedido de assumir o Planalto caso fosse eleito ainda na primeira fase da corrida presidencial e qual seria a reação do Exército.
Na ocasião, Eduardo estava dando uma palestra em Cascavel (PR) para alunos de um curso preparatório para o concurso da Polícia Federal.
Segundo Eduardo Bolsonaro, uma eventual impugnação da candidatura de Jair Bolsonaro por parte do STF seria um caso de exceção embora não considerasse uma medida improvável e o STF teria de pagar para ver caso tomasse tal decisão. “Aí eles vão ter que pagar para ver. Será eles que vão ter essa força mesmo? O pessoal até brinca lá: se quiser fechar o STF sabe o que você faz? Você não manda nem um Jipe, manda um soldado e um cabo. Não é querendo desmerecer o soldado e o cabo. O que é o STF cara? Tira o poder da caneta de um ministro do STF, o que ele é na rua?”, disse ele.
O deputado minimizou o impacto de uma decisão como essa: “Se você prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação popular a favor dos ministros do STF? Milhões na rua ‘solta o Gilmar, solta o Gilmar’ (referência ao ministro do STF Gilmar Mendes), com todo o respeito que tenho ao excelentíssimo ministro Gilmar Mendes, que deve gozar de imensa credibilidade junto aos senhores”, acrescentou Eduardo Bolsonaro.
No vídeo, ele também menciona o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a “moral” do juiz Sergio Moro. “É igual a soltar o Lula. O Moro peitou um desembargador que está acima dele, por quê? Porque o Moro está com moral pra cacete. Você vai ter que ter c. para conseguir reverter uma decisão dele. Ele só joga lá. Quero ver quem vai dar o contrário”, concluiu.
Pelo visto, caso eleito, Jair Bolsonaro terá como principal tarefa apagar os incêndios dos companheiros, tais como os filhos irascíveis, o vice meio malucão e uma grande turma de chegados completamente fora da casinha, casos explícitos de saúde mental.
O próprio candidato reconhece a insanidade da afirmação e nega ter sido verdadeira:
“Isso não existe, falar em fechar o STF. Se alguém falou em fechar o STF precisa consultar um psiquiatra”, afirmou o candidato, em coletiva na casa do empresário Paulo Marinho, onde grava vídeos para seu programa eleitoral. “Desconheço esse vídeo. Duvido. Alguém tirou de contexto.”
Gostaria muito de saber se o Governador Rui Costa já tomou conhecimento disso. E se já solicitou ao Secretário de Segurança que procure essa mãe para pedir desculpas. E que providências está tomando para minimizar o prejuízo do aluno e de sua mãe. Não o de apenas ter perdido a oportunidade de fazer o exame. Mas o prejuízo moral. A perda da sua carta de cidadão, rasgada por um mau policial.
Sob o título “LEM: vereadores usam tribuna para tentar intimidar a imprensa” o radialista Douglas Batista e a jornalista Raquel Santana rechaçaram de plano as críticas, proferidas na tribuna, à imprensa local no dia de hoje. Em contrapartida, o vereador Márcio Rogério afirmou: “Nós não podemos conceber o pleno estado democrático de Direito e uma sociedade livre sem uma imprensa livre”.
Mais do que a obrigação de bem informar e denunciar falhas nos entes públicos e entre os agentes políticos, jornalistas recebem a outorga constitucional de livre exercício de sua profissão.
A condenável assunção à condição de censor por parte de alguns vereadores não passa de uma tentativa vã de esbulhar a profissão de jornalista, situação só identificada em regimes arbitrários e totalitários. Apesar da grave situação política em que vivemos, não é o caso.
Os vereadores em questão só fomentaram uma posição antagônica gratuita com aqueles que verdadeiramente exercem, em sua amplitude, o alto escopo da imprensa e da boa informação.
A Delegada contestou a Juíza, quando o reitor Cancillier foi solto. Queria que ele permanecesse preso, mesmo sem uma acusação formal consistente.
A delegada Erika Mialik Marena, da Polícia Federal, foi quem pediu e conseguiu da Justiça a decretação da prisão temporária do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Luiz Carlos Cancellier por supostas irregularidades cometidas à frente da instituição.
Ela coordenava a Operação Ouvidos Moucos, que tinha Concellier e outros colegas como suspeitos de irregularidades na prestações de contas dos contratos do Ensino à Distância (EaD) oferecidos pela instituição entre 2008 e 2014.
Ele era reitor, porém, desde maio de 2016, conforme relata em artigo publicado quatro dias antes de sua morte, no qual também denuncia a “humilhação e vexame” a que foi submetido.
Cancellier foi preso no dia 14 de setembro, junto com outros seis suspeitos da UFSC. Foi solto no dia seguinte, mas ainda proibido de reassumir o cargo e até de entrar na universidade.
Após a soltura, a delegada questionou a soltura dos suspeitos, mesmo sem haver nada contar eles. A juíza Marjôrie Cristina Freiberger entendeu que não havia motivos suficientes para manter a prisão (relembre aqui).
Érika Marena é ex-integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba (PR) e chegou a Florianópolis, em Santa Catarina, no fim de 2016 para comandar a área de combate à corrupção e desvios de recursos públicos.
Na PF desde 2003, foi ela também quem deu o nome à Lava Jato devido ao uso de uma rede de postos de combustíveis e lava a jato de automóveis, em Brasília, que movimentava recursos ilícitos. O nome Ouvidos Moucos se deveria ao fato de o reitor supostamente não ter feito nada para coibir abusos na UFSC. Do portal 247, editado por O Expresso.
Nestes tempos bicudos, de arbitrariedades de múltiplos aspectos, está se criando, como diz o jornalista Paulo Henrique Amorim, o lavajatismo, uma espécie de ação policial, quase sempre apoiadas por juízes desatentos ou mal intencionados, em que se prende sem culpa formada, se destrói vidas e empresas com base em delações inconsistentes e escutas, nem sempre legais, que são jogadas seletivamente na mídia para um julgamento prévio da opinião pública.
A restauração da Justiça plena urge. O ato de se condenar por convicção de culpa precisa, sim, ser interrompido para a manutenção de aspectos basilares da Justiça e da República.
Para que não se caracterize uma ditadura, de policiais, magistrados e procuradores de Justiça, precisamos que os homens acima da lei se tornem serventuários do poder.
Sob o pretexto de combater crimes na Internet, o relatório final da CPI dos Crimes Cibernéticos, da Câmara dos Deputados, propõe oito projetos de lei para controlar, censurar e realizar processos de vigilância em massa contra usuários da rede mundial de computadores.
Assinado pelo deputado federal Esperidião Amin (PP-SC), o documento foi divulgado esta semana e traz propostas consideradas draconianas por especialistas.
Segundo nota publicada na página do Instituto Tecnologia e Sociedade (ITS), do Rio de Janeiro, os projetos são “bombásticos” e “atacam diretamente direitos fundamentais, como a liberdade de expressão, o direito à privacidade e mutilam as partes mais importantes do Marco Civil da Internet”.
Gás de pimenta, choque e cassetete. Assim a Polícia Militar do Governador Geraldo Alckmin recebeu, agora há pouco, os estudantes da Escola Estadual Pereira Barreto, na Lapa, na capital paulistana. Nosso repórter Luiz Carlos Nunes estava lá e fez estas fotos exclusivas para O Expresso.
Este “secreta” do Governo Alckmin comandava a polícia militar, segundo ele com o objetivo de preservar o patrimônio público. Como nos anos de chumbo da ditadura militar.
Gás de pimenta na mão e a vítima tentando limpar os olhos. E o tal Estatuto da Criança e do Adolescente?
O vereador de Formosa do Rio Preto, Hermínio Cordeiro dos Reis (PSL), perdeu o controle durante a sessão da última terça-feira (03/03). Em tom rude e aos berros expulsou a diretora da APLB Sindicato, professora Janete Serpa, do auditório da Câmara, ameaçando-a com “medidas ainda mais drásticas”.
A Diretora do Sindicato
“Infelizmente, o Vereador, recém eleito presidente da Casa de Leis, foi muito desrespeitoso com toda a categoria dos professores e demais servidores da educação, não permitindo um debate mais aprofundado sobre tema de extrema relevância para os professores do município. Eu estava acompanhando a sessão da plateia em pleno exercício de minha atividade sindical”, disse a sindicalista.
Para Janete Serpa é lamentável o que vem acontecendo nesses últimos anos no município. “A situação dos professores, alunos e pais não é fácil! Todos os anos, lamentavelmente, temos que fazer mobilizações e greves. Somos muito desrespeitados pelo Prefeito, que inclusive retirou direitos conquistados pela categoria antes de sua gestão”, lamentou Janete.
Não é de hoje que Formosa do Rio Preto e seus políticos são manchetes na imprensa local, estadual e nacional. Formosa figura hoje com péssima fama de “capital da improbidade administrativa”, com inquéritos abertos junto ao ministério público por superfaturamento de obras, gastos astronômicos com compra de combustível, obras inacabadas, transporte irregular de estudantes, atrasos salariais, dentre outras irresponsabilidades. Ao invés de ofender professores e demais servidores ameaçando e reprimindo ações legítimas de classe, esses excelentíssimos senhores deveriam fiscalizar os atos do prefeito, cumprindo o papel para o qual foram eleitos e não usar da arrogância coronelista e expulsando o povo de sua casa.
“Eles eram 400 nas ruas de São Paulo, no primeiro sábado de dezembro, pedindo intervenção militar. Quatrocentos não é pouco. Um é muito.”
Quando escuto brasileiros fazendo manifestação pela volta da ditadura, penso que eles não podem saber o que estão dizendo. Quem sabe, não diz. Mas esse primeiro pensamento é uma mistura de arrogância e de ingenuidade. O mais provável é que uma parte significativa desses homens e mulheres que têm se manifestado nas ruas desde o final das eleições, orgulhosos de sua falta de pudor, peçam a volta dos militares ao poder exatamente porque sabem o que dizem. Mas talvez seja preciso manter não a arrogância, mas a ingenuidade de acreditar que não sabem, porque quem sabe não diria, não poderia dizer. Não seria capaz, não ousaria. É para estes, os que desconhecem o seu dizer, estes, que talvez nem existam, que amplio aqui a voz das crianças torturadas, de várias maneiras, pela ditadura.
Crianças. Torturadas. De várias maneiras.
Botavam meu pai no pau de arara e, para o fazerem falar, simulavam me torturar com uma corda. Eu tinha dois anos”
Como Ernesto Carlos Dias do Nascimento. Ele tinha dois anos e três meses. Foi considerado terrorista, “Elemento Menor Subversivo”, banido do país por decreto presidencial. Foi preso em 18 de maio de 1970, em São Paulo, com sua mãe, Jovelina Tonello do Nascimento. O pai, Manoel Dias do Nascimento, militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organização comandada por Carlos Lamarca, havia sido preso horas antes. Ernesto é quem conta:
“Me levaram diversas vezes às sessões de tortura para ver meu pai preso no pau de arara. Para o fazerem falar, simulavam me torturar, com uma corda, na sala ao lado, separados apenas por um biombo”.
O menino de dois anos dizia: “Não pode bater no papai. Não pode”.
E batiam.
Libertado quase um mês depois, passou os primeiros anos com pavor de policiais de farda e grupos com mais de quatro pessoas. Entrava em pânico, escondia-se debaixo da cama ou dentro do armário, mordia quem se aproximava e urinava nas calças. Ernesto foi uma criança com pesadelos recorrentes. O mais comum era com um asno, uma corda e uma agulha. “O asno usava um boné militar, a agulha tinha olhos arregalados e uma risada aguda sarcástica e corria atrás de mim, eu apavorado tentava fugir. O asno me cercava, me dava coices ou chutava coisas sobre mim. A corda parecia boazinha, disfarçada de linha se estendia até mim, mas quando eu a segurava ela machucava minhas mãos e me deixava cair em um abismo.”
Perto do parto, o líquido amniótico descia pelas minhas pernas e as baratas me atacavam em bandos. Eu gritava na cela”
Ernesto é um dos 44 adultos torturados na infância – física e psicologicamente, mas também de outras maneiras – que contam sua história em um livro lançado em novembro pela Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”. Infância roubada – crianças atingidas pela Ditadura Militar no Brasil é a memória do inominável que precisa ser nomeado para que cada um deles possa viver, para que o crime de Estado não se repita. A maioria dos depoimentos foi registrada em audiências na Comissão da Verdade de São Paulo. Algumas pessoas, que não puderam comparecer ou não conseguiam falar sobre o assunto, foram entrevistadas depois.
O que dizer sobre crianças torturadas pelo Estado? E torturadas ontem, em parâmetros históricos, bem aqui? Os relatos desse livro são alheios aos adjetivos. São silêncios que falam. E soluçam. Como João Carlos Schmidt de Almeida Grabois, o Joca, antes mesmo de nascer. Ele estava na barriga da mãe, Crimeia, quando ela levou choques elétricos, foi espancada em diversas partes do corpo e agredida a socos no rosto. Enquanto ela era assim brutalizada, os agentes da repressão ameaçavam sequestrar seu bebê tão logo nascesse. Quando os carcereiros pegavam as chaves para abrir a porta da cela e levar Crimeia à sala de tortura, o bebê começou a soluçar dentro da barriga. Joca nasceu na prisão e, anos depois, já crescido, quando ouvia o barulho de chaves, voltava a soluçar. A marca da ditadura nele é um soluço. Continue Lendo “Aos que defendem a volta da ditadura”
Depois de dois anos e sete meses de trabalho, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) confirmou, em seu relatório final, 434 mortes e desaparecimentos de vítimas da ditadura militar no país. Entre essas pessoas, 210 são desaparecidas.
No documento entregue hoje (10) à presidenta Dilma Rousseff, com o relato das atividades e a conclusão dos trabalhos realizados, a CNV traz a comprovação da ocorrência de graves violações de direitos humanos. “Essa comprovação decorreu da apuração dos fatos que se encontram detalhadamente descritos no relatório, nos quais está perfeitamente configurada a prática sistemática de detenções ilegais e arbitrárias e de tortura, assim como o cometimento de execuções, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres por agentes do Estado brasileiro” diz o texto.
Foto de Antonio Cruz, da Agência Brasil
Mais de 300 pessoas, entre militares, agentes do Estado e até mesmo ex-presidentes da República, foram responsabilizadas por essas ações ocorridas no período que compreendeu a investigação. O documento diz ainda que as violações registradas e comprovadas pela CNV foram resultantes “de ação generalizada e sistemática do Estado brasileiro” e que a repressão ocorrida durante a ditadura foi usada como política de Estado “concebida e implementada a partir de decisões emanadas da Presidência da República e dos ministérios militares”.
Outro ponto de destaque das conclusões do relatório é que muitas das violações comprovadas durante o período de investigação ainda ocorrem nos dias atuais, apesar da existência de um contexto político diferente. Segundo o texto, “a prática de detenções ilegais e arbitrárias, tortura, execuções, desaparecimentos forçados e mesmo de ocultação de cadáveres não é estranha à realidade brasileira contemporânea” e crescem os números de denúncias de casos de tortura.
Diante dessas conclusões, o relatório final da CNV traz 29 recomendações, divididas em três grupos: medidas institucionais, iniciativas de reformulação normativa e de seguimento das ações e recomendações dadas pela comissão.
Entre as recomendações estão, por exemplo, questões como a determinação da responsabilidade jurídica dos agentes públicos envolvidos nessas ações, afastando a aplicação da Lei da Anistia (Lei 6.683/1979) por considerar que essa atitude “seria incompatível com o direito brasileiro e a ordem jurídica internacional, pois tais ilícitos, dadas a escala e a sistematicidade com que foram cometidos, constituem crimes contra a humanidade, imprescritíveis e não passíveis de anistia”.
A CNV recomenda também, entre outros pontos, a desvinculação dos institutos médico-legais e órgãos de perícia criminal das secretarias de Segurança Pública e das polícias civis, a eliminação do auto de resistência à prisão e o estabelecimento de um órgão permanente para dar seguimento às ações e recomendações feitas pela CNV.
Em suas mais de 3 mil páginas, o documento traz ainda informações sobre os órgãos e procedimentos de repressão política, além de conexões internacionais, como a Operação Condor e casos considerados emblemáticos como a Guerrilha do Araguaia e o assassinato da estilista Zuzu Angel, entre outros. O volume 2 do documento traz informações sobre violações cometidas contra camponeses e indígenas durante a ditadura.
A Comissão Nacional da Verdade foi instalada em 2012. Criada pela Lei 12.528/2011, a CNV será extinta no dia 16 de dezembro.
Com 72 anos, frágil e portador de problemas mentais, Francisco Viana de Souza, foi brutalmente espancado por três policiais militares da polícia baiana. O fato aconteceu no último domingo, 18 de maio de 2014, na cidade de Santa Maria da Vitória. Infelizmente a vítima não resistiu aos ferimentos e veio a óbito por volta de 01h da madrugada do último domingo, 25 de maio, no Hospital de Planaltina em Brasília.
Segundo a família o laudo preliminar aponta que a causa da morte foi “traumatismo craniano, hemorragia interna causada pela perfuração dos pulmões. Foram varias coisas. Ele estava vomitando sangue depois parou”.
A instância superior da Polícia Militar ainda não se pronunciou oficialmente sobre o fato, os nomes dos policiais não foram divulgados, família e sociedade continuam sem resposta sobre a situação da ação.
O caso tem tido grande repercussão, tornou-se uma noticia viral nas redes sócias. Moradores de Santa Maria da Vitória tem externado repúdio e indignação pela atitude desumana dos polícias e vem buscando formas para que o caso não fique impune e que uma resposta seja dada pela Justiça.
A prisão do jornalista Marco Aurélio Carone, diretor proprietário do Novo Jornal, ocorrida ontem, revela a face mais cruel do “estado de exceção” implantado em Minas Gerais desde 2003.
A prisão realizada estaria “amparada no requisito da conveniência da instrução criminal, já que em liberdade poderá forjar provas, ameaçar e intimidar testemunhas, além de continuar a utilizar o seu jornal virtual para lançar informações inverídicas”, segundo trecho do despacho da juíza Maria Isabel Fleck.
Ora, afirma-se que um dos motivos da prisão seria evitar que ele utilizasse de seu jornal virtual para veicular supostas informações inverídicas. Se isso não for censura prévia, o que mais será? E o que é pior: a arma para se efetivar essa ação preventiva seria a prisão do acusado? Logo, todo e qualquer profissional de imprensa que ousar veicular informações previamente consideradas inverídicas pela Justiça ou pelo Ministério Público estão sob ameaça concreta em Minas Gerais.
Não há trânsito em julgado de qualquer ação incriminando o diretor proprietário do referido jornal virtual ou mesmo daquele que seria seu suposto aliado nas ditas “acusações inverídicas”: Nilton Monteiro, conhecido por divulgar a Lista de Furnas, que – por sua vez – já foi considerada autêntica pela PF e, inclusive, já instruiu processos sobre o rumoroso caso envolvendo lideranças do alto tucanato.
O bloco parlamentar Minas Sem Censura registra aqui duas preocupações essenciais: uma é a prática de cerceamento da liberdade de imprensa, agora – de forma inédita – corroborada pelo MP e pelo Judiciário; outra é o claro foco político envolvendo personagens que criticam, denunciam e envolvem agentes políticos diversos.
O Minas Sem Censura apresentará requerimento à Comissão de Direitos Humanos da ALMG para a discussão e apuração, nesta Casa Legislativa, do grave fato que representa essa prisão. Serão convocados os representantes do MP, da autoridade policial que efetivou as prisões, do Novo Jornal e Sindicato dos Jornalistas.
Por falar em polícia, justiça e jornalistas, de quem eram mesmo os 500 k de cocaína encontrados no helicóptero de um deputado mineiro? A pesada cortina de silêncio e dissimulação que se abateu sobre o assunto deixa qualquer cidadão de bem constrangido.
A notícia gerou até agora a manifestação de vários jornalistas da Região pela formalização da criação da Associação de Jornalistas do Oeste, entidade criada para defender seus membros contra o arbítrio e a censura. Só continua informal pela falta de tempo de todos nos reunirmos, dado o gigantismo de nossa tarefa, que chega a nos proporcionar jornadas de trabalho de até 18 horas diárias, sem exceção de sábados e domingos.
Veja o texto de Fernando Machado:
Fato com este não pode e nem deve ser desmerecido pela imprensa do Oeste que, apesar de toda dificuldade e das constantes ameaças, presta relevante papel à região. Temos que nos orgulhar e, sobretudo, valorizar o trabalho de escribas como Sampaio, que muito tem nos ensinado. “Sampa”, para os amigos, faz parte de uma talentosa lista de jornalistas gaúchos, a exemplo de Elmar Bones da Costa, que sofre impiedosa perseguição por parte da família do ex-governador Germano Rigotto, por ter denunciado o maior esquema de corrupção da história do Rio Grande Sul, como conta o jornalista Luiz Cláudio Cunha, no artigo “Como calar e intimidar a imprensa”, publicado no portal Observatório da Imprensa – (leia aqui).
Temos, todos nós comunicadores, que estar atentos a eventos como este, que atentam não somente contra a liberdade de expressão, mas sim contra a democracia. O ZDA se solidariza com O Expresso e repudia o ranço típico de ditadores do vereador Cabo Carlos. (Fernando Machado).