
O diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Fernando Tatagiba, estima em até 140 milhões de hectares o total de áreas degradadas no País, área superior a duas vezes o tamanho da França. O ministério está finalizando seu novo plano plurianual, que dará grande importância à recuperação da terra como forma de evitar o empobrecimento das populações e prevenir a derrubada de mais áreas de florestas.
Para o chefe do Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Agrobiologia), Eduardo Campello, o Brasil já detém tecnologia própria para reverter a degradação das terras, por meio de processos de seleção e manejo e trocando produtos químicos por insumos biológicos. Com isso, ele considera ser possível reduzir ou até reverter a derrubada de florestas para a agropecuária.
– Várias dessas áreas podem se tornar mais rentáveis, tirando a pressão sobre as florestas e os remanescentes nativos. Já tivemos avanços incontestáveis com o plantio direto [técnica em que se roça a terra e se semeia em seguida, evitando a erosão]. É preciso integrar lavoura, pecuária e floresta, usando mecanismos naturais, como fixação biológica de nitrogênio, evitando o uso de adubo químico. Já temos áreas abertas suficientes, o que precisamos é recuperar o solo – completou Campello.
Com 140 milhões de hectares tornadas aptas à produção, através de correção de solo e obras contra a erosão, poderíamos produzir mais 420 milhões de toneladas de grãos, fibras ou madeira. Isto é: algo em torno de 2,62 vezes a nossa produção atual e igual à produção americana de milho e soja. O incentivo à recuperação dessas áreas degradadas e sua inclusão às cadeias produtivas, traria o alento necessário ao desenvolvimento da indústria, dos serviços e do comércio, com crescimento acelerado e desenvolvimento social. O baixo índice de investimento e a ausência do Estado originou a degradação dessas áreas. Cabe agora ao mesmo Estado a atenção prioritária para o problema e a sua solução.
Com informações da Agência Brasil e comentários (grifo) deste Editor.


