“O Capitão caiu do cavalo: O povo não o quer”, diz jornalista sobre pesquisa XP/Ipespe

“O Capitão caiu do cavalo: O povo não o quer”, diz jornalista sobre XP/Ipespe

Aumenta a folga de Lula sobre o capitão na eleição pela Presidência, ano que vem. Aquela votação que o capitão quer tumultuar, porque já contaram para ele que perderá“, escreve Olga Curado.

Do UOL e Urbs Magna

O Capitão tem más notícias com a nova pesquisa de opinião feita pela XP. Aumenta a folga de Lula sobre o capitão na eleição pela Presidência, ano que vem. Aquela votação que o capitão quer tumultuar, porque já contaram para ele que perderá. O povo não o quer. O desespero poderá levá-lo a fazer mais bravata ou dar força às instituições para contê-lo. Cai a aprovação, aumenta a percepção de corrupção e diminui expectativa de melhores dias. O capitão caiu do cavalo. E com isso alguns ensaiam ir apeando.

O PGR (procurador-geral da República), Augusto Aras, tenta dar uma no cravo e outra na ferradura. Sob pressão do STF (Supremo Tribunal Federal) e dos subprocuradores, pede busca e apreensão nos domínios do dono do berrante a antidemocrático, Sérgio Reis. Quer livrar a própria cara.

O Aras vinha fingindo que não é com ele a escalada de impropérios contra as instituições. Mas, o gato subiu no telhado. Ainda que precise de aulas particulares de Direito para compreender as suas responsabilidades, ensaiou, ontem, sabe lá o porquê, uma breve rebelião contra a inércia e devoção ao capitão. Encaminhou ao STF pedido de busca e apreensão ao dono do berrante, que, secundado por iguais, pregou via internet a paralisação do país por um comboio de caminhoneiros e o cerco e depredação ao Supremo.

Aras não concluiu ainda o seu curso de Direito “Madureza” – velhos tempos – ou “Supletivo”, ainda assunto para geração pretérita – embora já tenham se passado quase dois anos no posto e com garantias de emprego dadas pelo capitão. Prêmio mais pelo que não fez do que pelo que fez. Terá mais uma chance de aprendizado. Reconduzido ao cargo pode descobrir que não é um prócer, vassalo de um titular de um dos Poderes, mas que representa os interesses da sociedade contra desmando, que tenta ser ilimitado, do hóspede do Palácio do Planalto.

A pressão feita ao PGR pode apressar o seu aprendizado. Que o coro de vozes impacientes com a omissão se fortaleça e talvez também consiga acordar o Pacheco, presidente do Senado.

Aliás, o Rodrigo Pacheco gostaria mesmo é de ficar no escurinho do cinema, até que passasse todo o filme da crise institucional desenhada e protagonizada pelo capitão reformado. Ele vai se encontrar com o presidente do STF, Luiz Fux, amanhã, e espera-se da conversa que faça uma reciclagem, com claro entendimento do que são as suas responsabilidades institucionais.

Ficar embaixo da mesa da Presidência do Senado não vale. Precisa entender, como lustroso rábula, o significado da sua função. Botar panos quentes quando há um risco de fratura é pouco ou nada eficaz. As massagens e compressas podem, sim, dar a sensação de que, contido um inchaço, não há trauma.

Espera-se que, do encontro entre os chefes de Poderes – Judiciário e Legislativo – saia algo mais que uma nota ao distinto público, com as já repisadas manifestações de compromisso genérico de defesa da democracia.

O que se cobra, a ouvidos um tanto moucos, de Pacheco, são gestos menos “mineiros”, na acepção pejorativa – com o perdão da mineiridade – que significa tentar ficar bem com todo mundo. A ênfase retórica do presidente do Senado é fraca. Porque suas palavras não combinam com os seus movimentos. Sabe-se que palavras são palavras, e para que sejam mais que falas, precisam de gestos, de ação. O Pacheco há de encontrar sinais mais evidentes do que ler discurso em horas semimortas, da sua cadeira no Congresso.

Ele tem planos. Foi-lhe cochichado, e ele acreditou. Está de olho em algum pote de ouro no horizonte, que a mosca azul da notoriedade, conquistada com o seu atual posto, promete. Sonha. Delírio de quem chega no palco ambicionando o papel que não lhe foi dado por merecimento, mas por oportunidade.

Sabemos que, não raro, prima-donas ficam impedidas de participar e sobe ao palco o estepe da vez. Sim, é verdade, acidentes também revelam talentos. Não é o caso. É preciso coragem para encarar o papel principal. Coragem que o Pacheco deve no exercício da sua função.

E, se ele não domina o entendimento do que significa ser um bom político mineiro, não será surpresa alguma que reafirme uma caricatura do estilo, “me deixa fora dessa”. Para fugir da cena pode aparecer uma viagem ou um atestado médico e então passar a presidência da Casa para alguém receber os pedidos de impeachment dos ministros Barroso e Alexandre de Moraes, das mãos do capitão, e escapulir da foto que confirma o absurdo intimidatório do capitão ao Judiciário.

O que se espera de Pacheco é o mesmo que se cobra de Aras. Que cumpram o seu papel. A um, descer do muro, ao outro, não fortalecer uma muralha que impeça o andamento da Justiça. Os ministros do STF estão roucos de pedir ao PGR que se manifeste em representações contra o capitão. E nada.

Quanto ao capitão, que não nos faça passar vergonha com exercícios militares canhestros e paradas militares que só servem para envergonhar a plateia, porque revelam umas Forças Armadas em desmanche com suas obrigações constitucionais.

E aos delirantes com a luxúria da tirania, as milícias digitais, que recebam de donos de plataformas tratamento compatível com o uso do espaço público, privatizado por elas. A liberdade de usar as redes para apregoar contra a democracia é intolerável. Principalmente quando se ganha dinheiro com isso.

A incompetência e o Instituto do “Farinha Pouca meu Pirão Primeiro”

“Desespero”, de Gustave Coubert.

Por Leonardo Sakamoto, editado.

O presidente da República já avisou que não haverá doses suficientes para imunizar todos os brasileiros para a covid-19 em 2021. Claro que não confessou que a culpa por isso é de sua própria incompetência. É o que temos para hoje. Afinal, há um Messias no poder que diz não fazer milagres, mas também não sabe governar.

Diante do quadro de escassez, o que fizeram o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça? Consultaram a Fundação Oswaldo Cruz, instituição responsável por fabricar a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca no país, para saber se era possível “reservar” doses do imunizante para seus ministros e servidores.

Tal qual Júpiter e Saturno no céu, por aqui temos a conjunção de dois grandes mundos criando um bizarro espetáculo.

A falta de credibilidade do governo Bolsonaro, que apresentou um plano nacional de imunização frágil e foi omisso no processo de aquisição de vacinas, encontra-se com o sentimento de uma parte do Poder Judiciário que acredita que todos são iguais perante à lei – menos magistrados e suas equipes, que estão acima dela.

De acordo com reportagem de Matheus Teixeira, da Folha de S.Paulo, o STF afirmou à Fiocruz que seu pedido de reserva tinha os objetivos de imunizar os seus e “contribuir com o país nesse momento tão crítico da nossa história”. Basicamente, o STF defendeu que ao imunizar por conta própria seus servidores liberaria a estrutura pública para o restante da população.

O STJ fez pedido parecido à Fiocruz, segundo revelou a coluna Radar Econômico, da revista Veja, para imunizar magistrados, servidores ativos e inativos, dependentes, estagiários e colaboradores terceirizados do STJ e do Conselho da Justiça Federal (CJF). Disse que a reserva se deve à “expectativa de grande demanda à rede privada, quando houver a disponibilidade” para compra da vacina.

Questionados pela imprensa, o STF e o STJ afirmaram que não pretendem obter “prioridade” e “preferência” em relação ao restante da sociedade. O uso dessas palavras não é aleatório. Membros do Ministério Público de São Paulo haviam pedido prioridade para vacinação, como foi revelado pelo jornal Brasil de Fato, e levaram uma saraivada de críticas de uma população indignada com fura-filas.

Além disso, as justificativas dadas pelo STF e do STJ esbarram na realidade.

Em algum momento, vacinas serão encontradas à venda no mercado por empresas, que cobrarão um preço bem mais alto do que os contratos fechados com governos. É menos provável que isso comece com as vacinas produzidas pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan (Coronavac), que têm acordos volumosos com governos. Não faz sentido, portanto, que órgãos públicos imunizem funcionários públicos, pagando valores mais altos, com recursos da população, antes da população.

Além disso, os servidores dessas instituições que tiverem mais de 60 anos, contarem com doenças que os tornem mais vulneráveis ao coronavírus e forem profissionais de saúde serão vacinados junto com os grupos prioritários elencados nas primeiras fases do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19. Os demais terão, em tese, que esperar junto com o restante da população.

O que os tribunais desejam com a “reserva de vacina”? Receber a cota relativa ao total de seus servidores sob a “promessa” de ir aplicando aos poucos? Ir buscar na porta da Fiocruz um novo lote relativo ao número de servidores que fazem parte de uma nova fase de vacinação fase após fase? Não é apenas pouco prático, mas beira o absurdo.

O que aconteceria se empresas, organizações sociais, times de futebol, clubes de tiro, igrejas, centros espíritas e terreiros, coletivos de canastra e truco, sindicatos de motofrentistas e grupos de escoteiros passassem a fazer a mesma requisição, assumindo a própria vacinação? Se todos somos iguais perante à lei, não haveria porque privá-los disso, não?

Os pedidos do STF, STJ e de membros do MP-SP são uma pequena amostra do que deve ocorrer nos próximos meses quando a vacinação começar. Uma parte dos mais ricos deve comprar e aplicar vacinas a preços escorchantes. Mas espera-se uma quantidade nunca antes vista de “carteiradas” das mais diversas autoridades com o objetivo de passar na frente na fila da vacinação pública sob os mais diferentes argumentos.

Da mesma forma, podemos aguardar uma “Festa do Atestado”, com pessoas saudáveis comprando declarações médicas de que possuem comorbidades que lhe garantam duas doses de tranquilidade antes da sua vez.

Em tempo: João Otávio Noronha, então presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou, no dia 23 de julho, liminar de um pedido de habeas corpus coletivo que transferiria para a prisão domiciliar presos em caráter provisório que sejam idosos ou imunodeprimidos e, portanto, tenham o risco aumentado de contrair coronavírus.

Ele havia concedido o benefício a Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, sob a justificativa de que ele estava em situação de risco devido a um tratamento de câncer. Sua esposa, Marcia Aguiar, que estava foragida após ter a prisão decretada, também foi beneficiada sob o argumento de que precisava cuidar dele.

Porque a certidão de óbito da esquerda é falsa

(Photo by NELSON ALMEIDA/AFP via Getty Images)

Estas eleições de 2020 continuam sendo disputadas. Agora em pleno 3º turno confrontam-se as narrativas. Para a Rede Globo a esquerda perdeu as eleições. Aliás já tinha perdido em 15 de novembro, porque perdeu a prefeitura de Piraporinha do Brejo e não reelegeu 2 vereadores em Nossa Sra. do Rio Abaixo.

A decorrência desta narrativa na versão Globo é que estamos para 2022 entre a direita (apelidada de centro) e o Bolsonarismo.

Esta narrativa encontra eco em parte da esquerda que sustenta que agora ficou claro que sem uma aliança com o centro a esquerda não vence.

Na ânsia de disputar os despojos da batalha, setores do campo progressista vêm se dedicando a fazer as exéquias fúnebres dos outros setores, conquanto seguem proclamando a boa saúde e a perspectiva de longevidade de suas próprias hostes.

Vamos aos números, esses seres antipáticos e desagradáveis para o vicejamento das teses de conveniência.

Divido o campo progressista em esquerda composta pelo PT, PSOL e Pc do B ( não inclui partidos sem representação parlamentar) e centro esquerda, PSB, PDT e Rede.

Do ponto de vista da disputa ideológica me concentro nas grandes e medias cidades onde a eleição é menos fulanizada.

Em 2016 a esquerda disputou 12 eleições no segundo turno e perdeu as 12. Agora disputou 18 e venceu 5. Mas mesmo onde perdeu o salto de qualidade é visível. Começando por S.Paulo onde em 2016 Doria venceu no 1º turno, ter um líder de movimento sem teto no segundo turno com 41% dos votos e vencendo na periferia, não é resultado de pouca monta. Vencendo segundo todas as pesquisas no eleitorado mais jovem.

Manoela D’Avila teve 46% dos votos em Porto Alegre onde a ultima vitória da esquerda foi em 2000. Parte do eleitorado nem nascido era.

Disputar o segundo turno em Caxias do Sul na serra gaúcha, bastião do conservadorismo também não foi resultado de pouca monta.

Retomar Diadema e ter candidatura competitiva em Guarulhos, também é resultado positivo, mesmo perdendo. Vencer na principal capital do norte, com Edmilson em Belém, também mostra que as coisas se movem.

Em Minas, vencer em Juiz de Fora e Contagem onde Bolsonaro venceu em 2018 também é muito relevante. Balanço eleitoral não pode ser feito com as expectativas da véspera das eleições no calor da campanha, mas com os resultados de eleições anteriores.

Resultados eleitorais não são essencialmente fruto de campanhas bem conduzidas, mas o resultado de uma disputa politica e ideológica na base da sociedade.

A derrota, ou melhor dizendo, a capitulação em travar essa disputa em nome da “governabilidade “ durante os 13 anos de governos do PT construíram as bases para a reação conservadora a partir de 2016.

O que se vê agora a partir desta eleição é que a retomada da disputa de valores na base da sociedade em particular nos grandes centros e nas regiões sul e sudeste começa a apresenta resultados.

Já no 1º turno, mulheres, negros, ativistas LGBT conseguiram resultados eleitorais expressivos, mesmo em lugares mais conservadores. Candidaturas coletivas, em boa parte com origem em movimentos sociais da periferia, também mostram isso.

Se levarmos em conta que Bolsonaro venceu com folga em todos os grandes centros da região sul e sudeste, o resultado desta eleição está longe de ser uma derrota. Do ponto de vista da esquerda esta eleição mostra uma recuperação.

Ainda insuficiente para produzir vitorias eleitorais mais expressivas. Agrego outro numero importante.

PT e PSOL, que somados fizeram em 2016, 35 vereadores nas capitais do Sul e Sudeste, fizeram agora 45.

O PSOL cresce relativamente de forma muito significativa passando de 16 para 23 vereadores e o PT passa de 19 para 22. O PSOL passa nesta eleição a disputar protagonismo na esquerda com o PT. Mostra que tem mais expressão entre a juventude e nos novos movimentos sociais ascendentes.

O PT enfrenta problemas de renovação. Mesmo recuperando peso, mostra envelhecimento e dependência de quadros mais experientes e dificuldades de conexão com o eleitorado jovem. No entanto é na esquerda o partido que ainda tem mais capilaridade nacional e que segue imprescindível.

O fracasso do PDT no Rio e do PSB em S.Paulo e no Rio, com candidaturas em tons cinza, que buscaram dialogar com o conservadorismo e apostar na despolarização, mostra que sem formar uma base solida e militante não se viabilizam alternativas. Fracassaram na majoritária e elegeram bancadas pífias de vereadores.

Bolsonaro é o grande derrotado como se esperava mas o Bolsonarismo está vivo em parcelas expressivas da sociedade e sempre será a reserva estratégica da burguesia. As derrotas em S.Gonçalo e Vitória e as vitórias mais apertadas que o previsto em Belém e Fortaleza deixam isso claro.

A narrativa da direita ( centro na terminologia do manual de redação da Globo) a partir desta eleição é que só ela pode vencer Bolsonaro. Para isso precisa organizar o funeral da esquerda no geral e do PT no particular. Conta com as carpideiras da Cirolândia para legitimar a narrativa.

É tarefa dos partidos da esquerda levantar a cabeça, contabilizar os avanços e as insuficiências e retomar a disputa de valores na base da sociedade.

E o combate aos oportunistas da Fé, a defesa da solidariedade contra o individualismo, dos direitos sociais e civis, sem concessões nem meias tintas.

Bolsonaro não tem projeto, a não ser o de se perpetuar no poder.

“O foco de Bolsonaro não é a justiça social, não é favorecer o mercado, não é o neo-liberalismo, não é o conservadorismo, o evangelicismo, o neopentecostalismo, nada disso. Muito menos é um projeto, qualquer projeto, para o país. Seu único e obsessivo foco é se perpetuar no poder”, escreve a jornalista Hildegard Angel.

“O foco de Bolsonaro não é a justiça social, não é favorecer o mercado, não é o neo-liberalismo, não é o conservadorismo, o evangelicismo, o neopentecostalismo, nada disso. Muito menos é um projeto, qualquer projeto, para o país. Seu único e obsessivo foco é se perpetuar no poder. E de preferência como déspota, sem obedecer a qualquer conjunto institucional. Regente único.

Ele já percebeu que o que o ajudará a atingir o objetivo é o assistencialismo barato. Sem planejamento, sem projeto, ao melhor estilo Silvio Santos de ser – “Quem quer dinheiro?”, e atira os tostões para o auditório, que se joga sobre ele como lobos famintos. E bate palmas.

Pois é. A grande lenda cultivada pela direita, de que o PT pretendia manter-se 20 anos no poder, e estaria fazendo assistencialismo barato com esse fim, revelou-se uma grande mentira. O PT agiu democraticamente durante todos os seus mandatos. Atuou tecnicamente, criou equipes, conselhos com participação de especialistas de todos os campos e da sociedade. Trabalhou a sério para melhorar o país e a vida dos brasileiros.

Quem na verdade pretendia poder perpétuo eram seus detratores, os tucanos, que engendraram esse folhetim novelesco de mau gosto chamado impeachment. Mas, ironia do golpe, levou a melhor quem correu por fora, comendo pelas beiradas, e com apoio de tucanos, com o Supremo com tudo.

Pariram juntos esse monstruoso bebê de Rosemary, que pouco a pouco vai se ajustando a um modus operandi conveniente. Tirou o sebo dos cabelos, arrumou um alfaiate, volta e meia lhe colocam a focinheira, e aprendeu que, já que lhe falta criatividade, copiar não dói.

E copia tudo. Os projetos dos governos anteriores, inaugura obras que não são suas, tenta imitar o estilo Lula de ser afetuoso com o povo (mesmo não havendo sinceridade alguma no afeto que quer demonstrar), e agora copia até discursos, declarações, tuítes de terceiros.

Na verdade, está se orientando, não pelos seus conselheiros, mas pelas críticas que lhe fazem. O que não deixa de ser uma esperteza de bom enganador. A última e mais recente evidência disso deu-se por ocasião do anúncio do adiamento do envio ao Congresso do plano Renda Brasil, que seria custeado graças ao fim do abono salarial. Para justificar sua decisão, criticou Paulo Guedes e declarou, em visita a Minas Gerais:

“Não vou tirar dos pobres para dar aos paupérrimos”. Cópia de um comentário da véspera desta jornalista, no Twitter, sobre o plano aleijão que Guedes visava perpetrar, assim como tudo que ele engendra, com o propósito de ferrar os pobres e adular a riqueza.

Até as últimas pesquisas favoráveis ocorrerem, Bolsonaro acreditava que dependia de Guedes para garantir ao menos a conclusão do mandato. Com isso pensava que teria a proteção do ‘mercado’, que já começava a lhe torcer o nariz. Enfim, Bolsonaro percebeu que o apoio que busca pode estar mais embaixo. Embaixo mesmo, nas camadas populares, no X, Y, Z do abecedário.

Mas demagogia também custa dinheiro, ele há de descobrir isso. Na base do improviso, do “quem quer dinheiro?”, sem competência, sem projeto ou plano, não chegará a lugar algum, muito menos com Paulo Guedes. O Brasil não é um programa de auditório. Ainda.

E daí? E eu com isso? Estou pouco me lixando! Quem gosta de osso é cachorro!

Artigo de Helenice Rocha. *

Exatamente há 100 anos, Freud publicou aquele que talvez seria o texto mais denso e mais controverso de toda sua produção teórica.

Com o título “além do princípio do prazer” o pai da psicanálise deu nome e consistência a uma força que diferentemente de Eros, ou pulsão de vida, visava o retorno ao inorgânico, ao zero, ao nirvana. A essa força ele chamou “pulsão de morte”.

Ao contrário da pulsão de vida que visa à ligação, a pulsão de morte visa ao desligamento, à ruptura, à disjunção.
Também chamada de pulsão de destruição, essa força demoníaca que se encontra “além do princípio do prazer” possibilitou a Freud compreender certos fenômenos clínicos que estavam fora da lógica do prazer/desprazer e que eram determinados, em última instância, por esse impulso de destruição que poderia ter como alvo um objeto externo ou o próprio eu.

Nos últimos dias, relendo o texto de 1920 para discuti-lo num grupo de estudos, foi inevitável lembrar que ao escreve-lo, a morte se fazia presente em muitas dimensões na vida de Freud.
Ele vivia intensamente o impacto da morte de sua querida filha Sophie e do fim da I Guerra Mundial, responsável pela morte de um querido sobrinho.

Passados dez anos, em 1930, no seu texto político “mal estar na cultura” Freud voltou a colocar a pulsão de morte no centro da discussão sobre a fragilidade da civilização. Nesse texto, falando sobre o trabalho da cultura como única possibilidade de fazer face à barbárie, ele nos advertiu de um perigo constante: o de que as pulsões de destruição “os grandes batalhões” estão sempre à espreita de brechas para se apresentarem das maneiras mais diversas.

Essa tensão permanente, esse conflito irredutível entre pulsões de vida e pulsões de morte é o que, paradoxalmente, mantém a civilização e também a ameaça.

Esse estado de coisas nos condena a enfrentarmos o nosso desamparo original produzindo cultura, tentando reforçar o trabalho de Eros estabelecendo pontes através dos afetos de compaixão e de solidariedade. É isso e somente isso que mantém a civilização.

Nos dias que correm, estamos novamente diante da morte em grande escala.
E diante dos mortos, diante do traumatismo coletivo que um vírus foi capaz de instalar por aqui e sobretudo, diante das reações de um presidente que enfrenta a pandemia com seu gozo sádico, ainda há quem duvide do fato de que estamos sendo governados por um representante da morte.

Ratos e baratas nas vaginas das mulheres é pouco para Bolsonaro.
Ele goza agora com corpos fedendo dentro de casa, com corpos empilhados, nus, dentro de caminhões frigoríficos, com mortos sendo enterrados sem caixões, em valas comuns, em sacos plásticos, sem identificação.

Pesado isso? Não para Bolsonaro e para os que ainda o defendem.

Chega de lustrar nosso narcisismo patológico que teima em não aceitar que nossos semelhantes (sim, são nossos semelhantes, gostemos disso ou não) são gentes da pior espécie.
Fazem carreatas pregando a morte, buzinam em frente a hospitais, agridem profissionais da saúde, querem a volta ao trabalho e continuam defendendo Bolsonaro.

Nada melhor do que a morte, dura, cruel e escandalosa para nos dar um banho de realidade. Aceitemos. Essa gente não vale nada.

Bolsonaro vai passar. Logo ou não tão logo, vai passar. Mas essa gente ruim estará por aqui e vai fazer de tudo, como já fez, para eleger outro fascista para continuar a matança que Bolsonaro começou.

Nossa tarefa será combater, diuturnamente, essa gentalha que cheira à morte, que fala em nome de um deus inventado por ela, à sua imagem e semelhança, que fala em nome de uma moral que faria Chico Picadinho corar de vergonha.

Essa escória que não tem vergonha de colocar funcionárias (mulheres) de joelhos nas calçadas para pedirem a volta ao trabalho (como fizeram na Paraíba) essa escória que não tem vergonha de montar em seus carrões para pressionarem as diaristas a voltarem a lavar suas privadas, essa escória que não tem vergonha de ir para as igrejas para se submeterem aos pastores picaretas que por sua vez não têm vergonha de explorar a fé dos fiéis.

Essa gente é ruim. É isso. É a expressão mais pura da pulsão de morte.

Os nazistas não foram tirados de circulação com diálogo. Foram expostos, repudiados, desprezados, criminalizados. É isso que precisamos fazer com essa gente ordinária que está nos matando.

Tem gente morta fedendo dentro de casa, congelada em caminhão frigorífico, enterrada em saco plástico, sem identificação.

Isso é pouco para Bolsonaro.
Isso é pouco para quem defende Bolsonaro.

É pouco para nós também?
É preciso lutar contra isso, enquanto estamos vivos e para continuarmos vivos.

(*) Helenice de Fatima Oliveira Rocha – Possui graduação em Psicologia pela Universidade Guarulhos, Especialização em Psicanálise pelo Instituto Sedes Sapientiae e Mestrado em Psicologia pela Universidade São Marcos. Tem experiência em clínica psicanalítica.

Bolsonaro já não manda mais nada, virou um estorvo. O que fazer com ele?

Da ala militar do Planalto ao STF, do Congresso aos governadores, ganhou força esta semana uma pergunta que ninguém consegue responder no momento: o que fazer com Bolsonaro?

Se ainda havia dúvida de que ele já não tem mais a menor condição de governar o país, agora não resta mais nenhuma, depois da grotesca micareta golpista de domingo, em frente ao QG do Exército.

Leia a íntegra do artigo de Ricardo Kotscho no UOL

Nota da Redação:

Hoje à noite circulou a notícia que Lula da Silva autorizou dirigentes do Partido dos Trabalhadores a apoiar o processo de impeachment ou de afastamento temporário de Jair Messias Bolsonaro.

 

O Brasil prepara-se para deixar o ranking dos 10 maiores países industriais do mundo.

A vaquinha da indústria brasileira atolou no brejo político.

Reportagem da jornalista Thaís Barcellos, em O Estado de S.Paulo, demonstra que enquanto a produção industrial no resto do mundo cresceu 10% desde 2014, a atividade nas fábricas brasileiras caiu 15% no mesmo período – e não recuperou o patamar em que estava antes da recessão.

É o resultado da política econômica do golpe, da devastação da Lava Jato na indústria nacional e da terra arrasada de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes.

A consequência é que a indústria, que representa cerca de 11% do Produto Interno Bruto (PIB), poderá sofrer nova retração este ano.

A reportagem destaca que o pico de participação da indústria no PIB foi em 1976, com 22,3% (a preços constantes de 2010).

De acordo com a economista Laura Karpuska, da BlueLine Asset, que sistematizou os dados sobre produção industrial no mundo, nos países emergentes, excluindo a China, a atividade das fábricas cresceu 8% desde 2014, enquanto na América Latina o desempenho foi de queda de 4% – e o destaque negativo entre os maiores países da região foi o Brasil.

Dentre os motivos que ajudam a explicar o desempenho mais fraco do Brasil em relação aos vizinhos, Laura cita primeiro os diferentes choques que vêm impactando a economia do País. A queda nas exportações para a Argentina, que afeta os manufaturados, pode ter tirado até 0,7 ponto porcentual do PIB em 2017 e 2018.

Também pesaram a tragédia o rompimento da barreira da Vale, em Brumadinho (MG) e a greve dos caminhoneiros, em maio do ano passado.

“À exceção da Argentina e dos problemas gravíssimos da Venezuela, a crise industrial do Brasil foi uma das mais profundas da América Latina, e a recuperação tem sido das mais frustrantes possíveis também”, reforça o economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Vem da entidade o alerta de que o Brasil, que ocupa a nona posição entre os maiores países indústrias, pode deixar, em breve, de aparecer entre os dez primeiros desse ranking.

O desempenho fraco da indústria, na avaliação de Cagnin, reflete tanto a demanda fraca quanto problemas estruturais de competitividade e produtividade, como a complexa estrutura tributária, o baixo investimento e o parque produtivo obsoleto.

A política econômica do golpe de Estado contra Dilma Rousseff, a destruição provocada pela Lava Jato e a política de terra arrasada de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro estão conseguindo um impressionante retrocesso.

Nenhuma maldade dura para sempre!

Por Fernando Haddad

“Percebo nos olhos dos amigos de luta a tristeza e o cansaço. E confesso que muitas vezes em que me olhei no espelho ultimamente não gostei do que vi: nossos sorrisos estão mais tímidos, escondidos e raros.

É triste observar o nepotismo, o popularismo, a cretinice, a canalhice, a mediocridade que imperam no país nadar de braçada à nossa frente.

Sem críticas, questionamentos ou constrangimentos.

Há uma espécie de cegueira coletiva, consequências de um país que enlouqueceu, embruteceu e emburreceu.

O pior da direita é que eles não ligam para a História. Não aprendem nada.
Se sentir enojado como esse governo que está aí não significa necessariamente ser “Lula Livre” ou “petista”.

Trata-se de uma questão de inteligência mesmo.

Não ser Bolsonaro, esse equívoco histórico horrível, não significa ser Lula.

Então, perceber essa anestesia intelectual, que compactua com coisas como Olavo de Carvalho, terraplanistas, Damares e essa ruma de gente constrangedora e imoral é doloroso.
Observar a defesa sem críticas à Moro e Dalagnol, mesmo diante das perturbadoras mensagens vazadas é desalentador.

Ouvir de amigos afirmações de que Jean Willys “vendeu” seu mandato ao vereador do Rio, David Miranda, repetindo um mantra desonesto e completamente sem noção de fake News criados por Carluxo, através de seu perfil bizarro “pavão misterioso” é muito triste. É ver derretendo uma admiração, um carinho, uma confiança na capacidade intelectual de tais amigos.

Ouvir pessoas próximas defender que as mensagens do Intercept são falsas e que Gleen, um jornalista premiado com um Pulitzer e um Oscar é um “bandido verdevaldo” é profundamete chocante.

Perceber a imaturidade política e desonestidade intelectual em quem você admira é muito impactante.

E sei que não sou só eu que estou passando por isso. Todos nós, que percebemos claramente o esforço feroz de destruírem um projeto de soberania e protagonismo nacional estamos nos sentindo muito tristes. E impotentes. A cada dia é uma surpresa nova. Um choque novo. E uma constatação de que eles não estão ligando.

Sempre foi luta de classes. Sempre foi.
Estamos diante de mais uma: a reforma trabalhista da forma que foi feita; a reforma da previdência tal qual está sendo feita; a vilanização da cultura, do pensamento, do ensino público gratuito; trata-se tão somente de luta de classes.

Nós, que acreditamos em um país mais justo e mais humano, estamos perplexos diante das maldades perpetradas por pessoas que se dizem do bem, conduzidas pela fé e pela palavra de Deus. Nós, que entendemos a palavra de Jesus, estamos perplexos. É o oposto do mantra mais simples e repetido de sua palavra: “amai ao próximo como a si mesmo”.

Essas pessoas de bem odeiam pobres. Odeiam pretos. Odeiam gays. Odeiam as diferenças. E detestaram ver essas diferenças ocupando espaços antes reservados apenas para eles, os nobres e superiores cidadãos da Casa Grande da nossa eterna senzala.
Luta de classes.

Estamos tristes e adoecidos, é verdade.
Mas é agora, mais do que nunca, que precisamos manter a cabeça de pé.
Nenhuma maldade dura para sempre.
É da natureza das coisas a luz vencer a escuridão.

Vamos manter nossa alma, cabeça e espírito fortes.

Vamos resistir. A maldade perderá um dia, pois assim foi na inquisição, no nazismo, nas ditaduras e assim será mais uma vez.
Reúnam-se com seus amigos de fé e riam, gargalhem, se divirtam.

Quando for inevitável estar com os parentes e amigos “gente do bem cristã”, respire fundo e seja superior. Porque somos superiores. Estamos do lado certo da história.
Esteja mais com quem gosta de estar.
Leia mais livros bons. Assista mais filmes. Mais séries. Passeie mais com quem gosta. Dê mais valor a quem você ama. Se ame mais.
Essa dor vai passar.

Pois toda dor é como nuvem que se forma, se desmancha e vai embora.
E se por acaso queimar a pipoca no microondas, dê risada e jogue tudo fora. Há coisas mais importantes para a gente dar atenção!
Sigamos juntos!”

Enquanto o mar quebrava na praia, os jagunços faziam o trabalho sujo

Por Antonio Prata, para a Folha

Surpresa: os jagunços não ouvem João Gilberto. Surpresa: os jagunços não leram Montesquieu. Surpresa: os jagunços desprezam Fernanda Montenegro. Surpresa: os jagunços vestem camisas falsificadas do Palmeiras. Surpresa: os jagunços preferem SBT. Surpresa: os jagunços comem Miojo. Surpresa: os jagunços são fãs do Rambo. Surpresa: os jagunços moram no condomínio dos jagunços. Surpresa: os jagunços andam armados. Surpresa: os jagunços são jagunços.

Paulo Guedes passou toda a campanha presidencial indo de Casa Grande a Casa Grande, de capitania hereditária a capitania hereditária, de engenho a engenho, dizendo: calma, não prestem atenção no que ele fala, sabe como é, coisa de jagunço, mas eu mando nele. A gente usa o bando dele pra acabar com o PT e depois de eleito ele vai calçar botina e parar de cuspir no chão e saberá se colocar no seu lugar, como os jagunços sempre souberam. Ele vai entender quem manda aqui. Vai respeitar a Globo e a Folha e a USP e o Inpe e o Leblon e os Jardins e até a Constituição. “Ele já é um outro animal”, disse o futuro ministro —e a Casa Grande acreditou.

Acontece que o mundo mudou, parceiro. As mulheres se empoderaram. Os negros se empoderaram. Os LGBT se empoderaram. Por que os jagunços não se empoderariam? Jagunço também é filho de Deus. Não o Deus do Papa comunista, mas o Deus dos jagunços, do Edir Macedo, do Marco Feliciano, o Deus de Mateus, 10:34: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer a paz, mas a espada” e Mateus, 12:30: “Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha”. Aos amigos, gato-Net, aos inimigos, bala.

Oh, mas o Brasil era um país tão terno! Era o país da democracia racial, o país sem guerras onde o mar, quando quebrava na praia, era bonito, era bonito. Mentira. Enquanto o mar quebrava na praia os jagunços faziam o trabalho sujo. Raposo Tavares e João Ramalho estavam metendo os pés descalços na lama muito além do Tratado de Tordesilhas para trazer índio pra moer no engenho. (Um país cujo RH fundou-se, literalmente, no “head-hunting”, iria terminar como?).

Séculos depois, jagunços fardados foram exibir as cabeças decepadas dos jagunços desgarrados do bando do Lampião. Jagunços fardados derrotaram o bando do Antonio Conselheiro. E quando milhares da Casa Grande foram pro pau de arara, outro dia mesmo, os militares disseram que não sabiam de nada, desvios acontecem, coisa dos jagunços dos porões.

Que injustiça: nenhum ditador, entre 1964 e 1984, foi à TV comemorar a tortura, os extermínios. Era diferente o ethos da nossa violência. Ela era escamoteada. O chicote comia solto lá longe enquanto, na sala, os bacharéis discutiam o espírito das leis ouvindo polca, Nara Leão ou iê-iê-iê.

Chega de hipocrisia. Há quinhentos anos que, a mando dos donos do poder, os jagunços matam os Lampiões, os Conselheiros, os Chico Mendes, as Marielles e protegem o asfalto da ameaça dos morros, seja em Belo Monte ou no Morumbi: agora eles querem crédito, querem reconhecimento.

Por que não? Eles não são só filhos de Deus —veja que terrível ironia—, eles são filhos da Revolução Francesa, são fruto da democracia, a arma na cintura é seu black power, a placa quebrada da Marielle é sua rainbow flag, emoldurada na parede, e enquanto MC Reaça toca alto na Bastilha do Planalto, os bacharéis Paulo Guedes, Sergio Moro e Ricardo Salles seguem tentando tranquilizar a Casa Grande, sem perceber —ou sabendo muito bem?— que não passam de jagunços dos jagunços.

Antonio Prata
Escritor e roteirista, autor de “Nu, de Botas”.

Interdição, já!

Um artigo de Marcelo Uchoa, advogado e professor de Direito

Jamais se viu pessoa tão inábil e desqualificada no comando do país, como o atual presidente. Frequentemente faz chacota contra a população trans, mulheres, negros, também contra pobres e nordestinos. Trata a oposição abertamente como inimiga a ser eliminada. Atenta contra a imprensa, a quem considera conspiradora eterna. Nega o valor de instituições do Estado, a quem não crê precisa manter qualquer reverência por suas contribuições históricas ao Brasil.

Acha pouco, também comemora o nepotismo, naturaliza a apropriação do público pelo privado, celebra a patifaria na prática cotidiana da política, passa a mão na cabeça de acusado de integrar milícia, praticar corrupção. Sequer mostra indignação adequada com flagrante pela polícia estrangeira de quilos de cocaína traficados em avião de sua comitiva.

O presidente se indispõe com meio mundo, arriscando o futuro geopolítico do Brasil, apenas para contemplar servilmente o ego notadamente desatinado de Donald Trump.

O presidente aceita retalhar em miúdos o fundamento humano do Estado brasileiro sem qualquer noção do que esteja fazendo.

Avilta conquistas históricas de trabalhadoras e trabalhadores, direitos sociais elementares consagrados ao povo (previdenciários, educacionais, médicos, habitacionais) só porque é o desejo do ministro da economia, peão do mercado financeiro.

O presidente topa bancar projetos do ministro da justiça, sem qualquer noção do que isso signifique, sequer ponderando o fato deste ministro transitar hoje, para lá e para cá, como criatura desmoralizada, desacreditada, ampla e abertamente tida como mau caráter pela opinião culta dentro e fora do país, responsável direto pelo estado de calamidade pública em que se tornou o Brasil, pela deterioração de um país que esteve à beira de virar potência e retrocedeu ao tamanho de um caroço de pitomba.

O presidente nem pensa duas vezes antes de conduzir alucinados iguais a ele ao primeiro escalão da República, inclusive em ministérios proeminentes, como o da educação e das relações exteriores, pela única razão de satisfazer o afã distópico de um fanfarrão ignorante nos Estados Unidos.

O presidente bajula indecorosamente pastores com ficha corrida, militares de qualquer farda e patente, minimiza a censura jornalística, a perseguição cultural, a intervenção nas universidades.

Anda ladeado por tropa de choque de brutamontes transformados em políticos apenas para bater palmas para si, permitindo que ignóbeis de seu círculo familiar se indisponham em seu próprio nome, do Chefe de Estado do Brasil, em redes sociais e debates públicos, com pessoas simples, autoridades estrangeiras, autoridades nacionais, até mesmo membros de seu próprio governo, gerando incertezas para a economia, a institucionalidade, os investidores nacionais e os estrangeiros no país, evidentemente, para toda população.

Afinal de contas, o que é isso que está no comando da Presidência da República do Brasil?

É um presidente ou um demente?

Se for um demente, que seja interditado para tratamento.

O país e seu povo não merecem minguar ao colapso total apenas porque os sistemas jurídico e eleitoral brasileiros são caprichosos e aceitaram ser manipulados nas últimas eleições.

É impossível haver qualquer nação no mundo que se sustente com quatro anos de mandato de um presidente como o do Brasil.

Marcelo Uchôa, advogado e membro da Associação Brasileira de Juristas Brasileiros pela Democracia (ABJD) – Núcleo do Ceará.

“O remorso é um travesseiro de pedra”.

Por Eduardo Nassife

“Um casal de ex-amigos era fã de Sérgio Moro. Antipetistas ferrenhos, eles repetiam que “o PT destruiu a vida deles” mesmo eles tendo ascendido socialmente nos governos petistas. Até aí, tudo bem. Faz parte do jogo democrático. Colocaram avatar de Sérgio Moro nas fotos, foram do “Bloco Moronaro”, bateram panelas, vestiram-se de CBF “contra a corrupção” e toda a sorte de insanidade a que essa gente se submete em nome de um ódio cego, burro e infundado.”

“Eles têm uma filha com Síndrome de Down, que ainda é criança. Votaram no PSL “porque o PT não podia voltar ao poder”. Ele é contador e ela lida com produção artística.

Ela está sem trabalho desde que o “mito” dela extinguiu o Ministério da Cultura. Na época das eleições, ainda tentei conversar, explicar o risco que eles e todo mundo estavam correndo, caso o “mito” fosse eleito. Mas não quiseram me escutar. Vociferavam ódio e desprezo contra a esquerda o tempo inteiro. Consideravam-se “cidadãos de bem”. E acima do bem e do mal. Típica arrogância de ignorantes que, pela manhã, votaram num defensor da tortura e, à noite, foram orar para um Jesus que foi torturado.”

“Hoje, com a Reforma da Previdência, descobriram que, caso morram, a filha não receberá um centavo do Governo. Nada. Sobreviverá de luz, tal como aquela jurada maluca do Silvio Santos, a Flor, que dizia “se alimentar de luz”.

Tardiamente, a ficha caiu. Ela me ligou esses dias, chorando de soluçar, dizendo que eu tinha razão quando tentei alertá-los do que podia vir por aí.
Estão desesperados quanto ao futuro da menina, que é filha única de uma família que também é pequena.

Lamentei o fato pela menina, que em nada tem a ver com a loucura dos pais. E ela, infelizmente, pagará pela burrice de seus genitores. Pagará caro. Mais caro do que a camisa da CBF que eles usaram para defender um projeto de poder que lhes arrancou tudo: emprego, dinheiro, saúde e o futuro da filha.

Por pouco, eu quase sugeri que eles fizessem arminha com as mãos. Mas não o fiz. Não por eles, mas em respeito à filha deles. Respeito esse que eles mesmos não tiveram quando colocaram a ignorância e o ódio de classes acima da razão e do óbvio.

Mas esse desespero deles com o futuro da filha não é só arrependimento. É algo um pouco pior, mais pesado, que dificilmente eles se livrarão, quando lembrarem que destruíram o futuro da menina: remorso. Este é, certamente, um travesseiro de pedra que vai acompanhar essa família até o fim de seus dias.”

Ambiguidade do discurso do Presidente é proposital

Publicado no portal Poder 360. Artigo de Thomas Traumann*

Bolsonaro usa a ambiguidade como método, diz o jornalista Thomas Traumann. Contradição é da retórica do presidente. Comunicação de Bolsonaro não é linear. Ambiguidade do discurso é intencional.

Os discursos do presidente Jair Bolsonaro são pendulares. Em um dia, ele diz que aqueles que fossem aos atos pró-governo para defender o fechamento do STF e do Congresso estariam “na manifestação errada”.

Durante as manifestações do domingo, repletas de ataques e pedidos de prisão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, Bolsonaro preferiu destacar o “caráter democrático” dos atos. No domingo de manhã, o presidente definiu as aglomerações sendo contra “para aqueles que, com suas velhas práticas, não deixam que o povo se liberte”.

À noite, para a TV Record, ele anunciou que irá procurar Maia e o presidente do STF, Dias Toffoli, para um pacto entre nós pelo Brasil”, mas também que “Centrão virou palavrão”, se referindo ao grupamento de 200 deputados essenciais para aprovar até nome de rua.

A dinâmica da retórica bolsonarista não é exclusividade do seu embate com a “velha política”. Semanas atrás, o presidente assumiu um acordo com o ex-juiz Sergio Moro para nomeá-lo ministro do STF. “Fiz um compromisso com ele, porque ele abriu mão de 22 anos de magistratura. Eu falei: ‘A primeira vaga que estiver lá está a sua disposição. Então, o Moro, eu vou honrar esse compromisso com ele”, disse Bolsonaro à Rádio Bandeirantes.

Dias depois, diante da repercussão negativa, recontou a história em uma transmissão no Facebook:  “Quem me acompanhou ao longo de quatro anos, sabe que eu falava que precisamos de alguém no Supremo com o perfil de Moro. Não teve nenhum acordo, nada, ninguém nunca me viu com Moro (antes da eleição)”, afirmou.

Com o ministro Paulo Guedes é pior. Bolsonaro cansou de elogiar e reforçar sua confiança no ministro, ao mesmo tempo em que defendeu idade mínima de aposentadoria para mulheres abaixo do previsto na reforma da previdência, tentou intervir nos preços dos combustíveis e anunciou uma correção na tabela do imposto de renda.

As três ideias não haviam sido conversadas previamente com Guedes, foram descartadas cautelosamente pelo Ministério da Economia, mas revelavam um presidente não convencido da agenda liberal do seu ministro.

São inúmeros os exemplos das idas-e-vindas das declarações e atos de Bolsonaro. Ele anunciou a mudança da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, depois se contentou com um  escritório diplomático e, por fim, deixou entreaberta a porta da transferência ser feita mais à frente.

Criticou duramente a China na campanha e depois confirmou uma viagem oficial a Pequim para agosto. Foi dúbio na possibilidade de apoiar o uso de território brasileiro para uma invasão da Venezuela para, depois de a hipótese ser rechaçada pelos militares, negar a possibilidade de intervenção brasileira.

Por repetidas vezes, Bolsonaro enalteceu a presença dos ministros militares no governo enquanto simultaneamente condescendia com os ataques pessoais de Olavo de Carvalho aos generais Hamilton Mourão e Santos Cruz.

Fosse outro o presidente que não Jair Bolsonaro seria possível concluir se tratar de um líder inseguro, fraco e volúvel. Mas não Bolsonaro. A ambiguidade do discurso presidencial é intencional, faz parte da construção do personagem de um homem sincero que chegou ao cargo mais alto do País.

É um método que vem desde os tempos nos quais o então deputado só tinha espaço em programas como o Superpop, CQC e Pânico na TV. Para ser chamado e garantir audiência nos programas, Bolsonaro cruzava fácil a fronteira do politicamente correto e exibia com orgulho teses de homofobia, racismo e misoginia.

Na campanha de 2018, perguntado por um executivo de banco sobre essas opiniões, Bolsonaro respondeu rindo “eu falava aquilo para chamar atenção. Ninguém ia olhar para mim se eu não fosse polêmico. Mas fora da TV eu sou outro”. O executivo acreditou e se tornou um defensor público do candidato.

Uma vez presidente, Bolsonaro manteve sua comunicação do “não é bem assim”. Toda vez que é confrontado com uma declaração polêmica, o presidente se diz mal compreendido e culpa a imprensa por distorcer suas palavras. É um método.

Na sexta-feira, 24, ao saber que Paulo Guedes havia ameaçado deixar o governo caso a reforma não fosse aprovada, Bolsonaro disse “é um direito dele, ninguém é obrigado a continuar como ministro meu”. Horas depois tuitou, “peço desculpas por frustrar a tentativa de parte da mídia de criar um virtual atrito entre eu e Paulo Guedes. Nosso casamento segue mais forte que nunca kkkkk”.

A capacidade de dizer, se desdizer e culpar os outros por não entenderem a mensagem não é exclusividade bolsonariana. O presidente americano Donald Trump vive se contradizendo e em muitos casos os dois usam uma tática peculiar de fazer política.

O primeiro impulso, em geral, se dirige ao núcleo de seus apoiadores históricos, aqueles que consideram chocante um vídeo obsceno de carnaval e que os estudantes protestantes do dia 15 eram “idiotas úteis”. Só depois da polêmica posta, há o recuo. Os estudantes se tornaram “inocentes úteis” e o vídeo divulgado pelo perfil oficial no twitter “não foi uma crítica genérica ao carnaval”. Assim, Bolsonaro agrada seu eleitorado hard-core para depois amenizar seu discurso para os militantes moderados.

Há muito de estratégia em algumas das ambiguidades. Ao revelar suas divergências com a agenda de Guedes, o presidente mostra que no fundo o seu coração está compromissado com as mulheres prestes a se aposentar, os caminhoneiros com orçamento  estourado pela alta do diesel e a classe média espremida pelos impostos.

Lógico que, sim, ele apoia e entende os argumentos de Guedes, mas a sua sensibilidade popular está com o povão. Com Sergio Moro, o subtexto foi ardiloso. O ministro que havia vazado a sua irritação com o decreto armamentista e a falta de apoio presidencial ao pacote anticrime viu-se amarrado ao destino de Bolsonaro.

A comunicação do presidente não é linear e isso confunde seus aliados e adversários. As contradições, as provocações e os exageros fazem parte da natureza de Bolsonaro e não há nenhuma perspectiva de que ele vá mudar.

*Thomas Traumann, 51 anos, é jornalista, consultor de comunicação e autor do livro “O Pior Emprego do Mundo”, sobre ministros da Fazenda e crises econômicas. Trabalhou nas redações da Folha de S. Paulo, Veja e Época, foi diretor das empresas de comunicação corporativa Llorente&Cuenca e FSB, porta-voz e ministro de Comunicação Social do governo Dilma Rousseff e pesquisador de políticas públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Dapp).

Máscaras de carnaval 

Por Marina Amaral, codiretora da Agência Pública, em sua newsletter semanal.

Não durou nem até quarta-feira de cinzas o amor entre Jair Bolsonaro e os brasileiros. A fé de 65% da população que, no dia da posse, disse esperar um bom governo, não resistiu: são apenas 39% os que agora avaliam positivamente o mandato, segundo pesquisa CNT/MDA divulgada nesta semana.

Para além da alta no desemprego e do mau desempenho do PIB, a máscara do capitão anticorrupção escorregou, mostrando um homem acuado.

Depois da exposição de seu filho Flavio, envolvendo funcionários de seu gabinete na Alerj, milicianos e amigos da família, Bolsonaro se afundou em novo escândalo com as fraudes na distribuição de verbas públicas às candidaturas do seu partido (PSL).

A demissão de Bebbiano gerou o vazamento de áudios que, além de desmentirem cabalmente o presidente da República, mostraram leviandade no trato de assuntos governamentais – em família e no whatsapp -, sem falar na qualificação de emissoras de TV como amigas e “inimigas”.

Com a credibilidade do presidente em crise, os liberais que pegaram carona no “mito” Bolsonaro tremem diante da dificuldade de aprovar a Reforma da Previdência sem apoio da opinião pública.

Até seguidores ferrenhos do “mito” responderam na lata a Carlos Bolsonaro, quando ele propagandeava nas redes o projeto da reforma da previdência.

“Seu pai podia fazer uma ‘live’ explicando como se aposentar aos 33 anos de idade”, comentou um deles de acordo com a coluna de Monica Bergamo.

Mesmo que se aceite o achatamento dos benefícios daqueles que trabalham (os ricos, obviamente, não precisam da previdência), como querem governo, mercado e mídia, não há como não se indignar ao ver a ausência do debate sobre esse tema essencial. Infelizmente a imprensa não manteve o ímpeto investigativo em relação a esse assunto: até agora sabe-se muito pouco do que se esperar com a mudança, além do trilhão que seria poupado.

O sistema de capitalização continua a ser uma perigosa incógnita e poucos foram informados – antes da reação contrário da Congresso – do tratamento repugnante reservado aos mais vulneráveis; das mudanças na aposentadoria rural às novas regras para o BPC (Benefício de Prestação Continuada), que hoje paga um salario mínimo a idosos e deficientes em situação miserável.

Não há como imaginar uma reforma previdenciária minimamente justa sem ouvir a sociedade.

É preciso analisar com frieza quem ganha e quem perde com o atual projeto, investigar seu impacto, e dar voz aos cidadãos e aos seus representantes políticos – sindicalistas e movimentos sociais -, até agora ignorados.

E seguir de perto como se comportam os que ficaram de fora, como os militares, cada vez mais fiadores de um governo que soa perigosamente amador.

Ou teremos outros mitos rasgando a fantasia depois do Carnaval.

Algumas coincidências

De Juremir Machado da Silva

Apenas quatro presidentes do país foram identificados com interesses populares. Os dois primeiros, oriundos das classes abastadas, foram sacrificados como traidores da classe. Um foi empurrado ao suicídio, o que só aumentou a sensação de traição, e o outro acabou derrubado e obrigado ao exílio voluntário. Os dois últimos completaram o quadro: um presidente vindo do nada, retirante cuja família migrou para fugir da fome, e uma presidente de classe média, que seria apeada do poder por ter cometido o hediondo crime de adiantar o pagamento de benefícios sociais e de financiamentos ao agronegócio com dinheiro, que seria reembolsado, de bancos públicos.

Chama a atenção na história do presidente mais popular, chamado de analfabeto, que ele governou melhor do que os doutores. Terminou no auge da popularidade, com 80% de aprovação. Nunca os mais pobres viveram tão bem, nunca os não brancos conseguiram tantas vagas nas universidades, nunca os mais vulneráveis ascenderam tanto, ainda que fosse pouco, nunca viajaram tanto de avião, nunca compraram tantos carros e nunca se sentiram tão valorizados. Os seus adversários garantem que isso não passa de uma narrativa. Afirmam que essa ilusória bonança quebrou o país. Num país de secular impunidade, decidiram colocar na cadeia esse governante irresponsável e perigoso.

Acusaram-no de corrupção e o condenaram por ter recebido como propina um apartamento de veraneio onde jamais morou e do qual nunca teve o título de propriedade. Alegaram que o crime, na sua sofisticação extrema, consistia justamente em não ter a escritura para encobrir sua posse. O presente teria sido dado em contrapartida a benefícios em contratos públicos jamais especificados.

Contra a ideia de um complô para tirar do caminho um inimigo ideológico, encontrou-se um argumento irrefutável: falar em complô seria acreditar em teorias da conspiração, que evidentemente não acontecem, ainda mais envolvendo autoridades idôneas da justiça e da política. Mudou-se o conceito de prova para provar o improvável. De repente, a justiça ficou rápida.

Com mais provas, outros ficaram livres e no poder. Se havia pressa em derrubar a presidente para que não causasse mais estragos, não havia a mesma celeridade em retirar o seu sucessor, ainda que em relação a ele as acusações fossem mais graves e robustas. Lembrava uma história inverossímil. Avisado em viagem que a sua casa fora invadida por um ladrão, o proprietário pensou por um segundo e respondeu:

– Deixem que ele fique lá. Assim a casa não fica abandonada. Depois a gente tira ele de lá. Agora só provocaria mais confusão e estrago.

Nesse país de ficção, o ex-presidente encarcerado continuou a liderar as pesquisas de intenção de voto para as eleições do ano em que foi preso. Isso alarmou as autoridades. Libertá-lo tornou-se muito perigoso. Ainda lhe cabiam recursos.

A Constituição Federal, quase sempre obscura, era cristalina quanto a isso: prisão por sentença penal condenatória só depois do trânsito em julgado, isto é, depois de esgotados todos os recursos.

Mas os doutos haviam decidido que não se deve aplicar a lei literalmente. Sempre se deve interpretá-la, o que significa até reescrevê-la ou produzir dúvida onde não há. Não fosse assim, para que eles serviriam? Que poder teriam?

Uma lei inconstitucional, sancionada pelo presidente tornado presidiário para diminuir a pressão da mídia e dar satisfações ao Ministério Público, impedia candidatura de condenados em segunda instância, ainda que, pendendo recursos, devesse prevalecer a presunção de inocência. 

Moral da história: nunca duvide das coincidências.

Os prefeitos e o mecanismo de corrupção que trava o desenvolvimento do País.

A entrevista de ontem, no programa do Pedro Bial, com o controverso diretor de cinema José Padilha, deu uma ideia de como funciona realmente o Mecanismo de corrupção no País, nos três níveis federativos, Governo Federal, governos estaduais e prefeituras municipais.

José Padilha é um homem de posições políticas um tanto diáfanas, o que não o credencia para assuntos tão graves como este da corrupção no País. Contra ele a esquerda tem o fato, grave, de ter colocado na boca de Lula palavras proferidas por Romero Jucá. A falta gerou prejuízos para a rede Netflix, que financiou o filme, com uma debandada de assinantes. Pedro Bial, é claro, não tocou no assunto sensível, pois a Globo também financia filmes e séries e tem milhões de assinantes

Mas em algo ele está profundamente certo: o mecanismo tem grandes e pequenas engrenagens. E não será Lula na cadeia que interromperá o movimento da máquina de arrecadar dinheiro público para aplicar, de maneira indevida, nas campanhas eleitorais.

Ontem mesmo tivemos a notícia de que o prefeito Zito Barbosa, de Barreiras, teria cogitado pagar um escritório de advocacia os honorários relativos aos precatórios do FUNDEF que carreou algo em torno de 170 milhões de reais para a educação da Barreiras. A informação circulou nos meios oposicionistas e pode não ter um fundo de verdade.

No entanto, em Luís Eduardo Magalhães, o prefeito Oziel Oliveira chegou a assinar um contrato de honorários advocatícios com valor fixo de quase 10 milhões de reais, anulado depois que a Oposição na Câmara Municipal denunciou a tentativa. No caso os honorários chegavam a 30% da verba de precatórios a ser recebida, que gira em torno de 35 milhões de reais. Os objetivos do prefeito, primários, secundários e terciários, ficaram bem claros na denúncia da Câmara de Vereadores de Luís Eduardo.

Também o ex-prefeito, Humberto Santa Cruz, havia outorgado procuração a um escritório de Salvador, sem valor de honorários fixos, para agilizar a liberação dos precatórios.

Mesmo que agora se saiba que os recursos do Fundo de Educação estão vedados para o pagamento de honorários advocatícios, a oportunidade deixou os gestores excitados.

Mas a nível municipal isso são fatos isolados: a falta de transparência nas ações dos prefeitos, a dificuldade em se obter detalhes de contratos, as dispensas de licitações, as licitações em série, os preços absurdos de algumas aquisições de serviços e mercadorias pelas prefeituras, demonstram que o mecanismo gira de maneira constante suas engrenagens. É na ponta debaixo, nas prefeituras, que as pequenas engrenagens giram mais rápido. Apesar das grandes verbas terem sido negociadas e continuarem sua marcha insana em Brasília, nos venerandos palácios dos governos do Estado, é nas prefeituras, na ponta em que serve ao contribuinte segurança, educação e saúde, que se sente com mais intensidade que o mecanismo se apropria com insondável apetite do dinheiro público.

Observador vê com tristeza as danças e contradanças da Câmara em Correntina

Artigo de Lúcio Alfredo Machado

O autor

Esta semana, estando em Correntina, vi de perto o clima instalado na Cidade, em torno da expectativa do que seria a reunião da Câmara Municipal, em torno ou em razão de desdobramentos envolvendo a operação “ÚLTIMO TANGO”, quando resultou na prisão e condenação de seis (6) vereadores, liberados pela justiça em doses homeopáticas, sendo que sua Exa., o Presidente foi liberado por medida liminar com condicionantes.

Dessa liminar resultou também, que o Presidente, além de reintegrar-se a Câmara, reassumiu a posição de Presidente da Casa.

Os vereadores (7) remanescentes da operação “Último Tango” (6), foram intimados ou convocados pelo Ministério Público à destituírem dos cargos, os senhores vereadores alcançados pela ÚLTIMO TANGO ( 6), convocando os suplentes legais, empossando-os, para assim definida a composição cameral, realizarem a eleição da nova Mesa Diretora com novo Presidente do Legislativo!

Efetivada a comunicação, os vereadores convocados pelo MP (5), dois (2), se omitiram, apresentaram requerimento à Câmara para que o senhor Presidente, ultimasse providências, constante ao pedido do MP.

Feito isso, é como se o fósforo tivesse sido riscado e os integrantes da operação que homenageia o futebolista Maradona (ÚLTIMO TANGO), lançaram denúncias à presidência da Casa, contra vereadores remanescentes, sobre irregularidades envolvendo receptação de combustível, ou seja, chamaram os demais para o salão e ali, juntos dançarem o mesmo TANGO!

Salão repleto, platéia assistindo o TANGO dos desesperados, uns querendo incriminar outros, todos envolvidos (?), num mesmo processo, quando o objetivo é, denunciando outros o “rabo” dos primeiros ficarem escondidos, fora de foco e tudo ficar no faz de conta!

Senti vergonha!
Fiquei extasiado diante de tanta especulação barata, tanta falta de discernimento, ausência de sabedoria, brincando com a capacidade inteligível de cada um dos ouvintes…!?

Porquê? Um caso é diferente do outro, o primeiro que envolve a ÚLTIMO TANGO é jurídico, por força da liminar e o outro é político/administrativo no âmbito da Câmara, que se houver pertinência pode chegar ao MP, que acatará ou aceitará a denúncia e a desdobrará!

Se faz mister dizer: que Ministério Público não cassa liminar, com um ofício ou intimação às partes envolvidas.

O Presidente da Câmara não vai ceder a sua cadeira para que o Vice efetive o seu afastamento definitivo, bem como, dos seus parceiros de baile (ÚLTIMO TANGO), para convocar e empossar suplentes!?
Seria muita burrice!

A liminar pode e deve ser cassada, processualmente, pelo plenário de sua origem ou derrubada por outro ato jurídico de direito, instrumentado por parte interessada, claro, contra quem se beneficia da liminar vigente!

Um imbróglio desse tamanho para ser decidido por nossa Câmara é o mesmo que chamar a turma do último tango e os demais, todos, pra brincar de “bacondeh”

Isso é desgastante, humilhante e vem acirrar, cada vez mais, os ânimos políticos de provocação, agressão verbal entre os militantes políticos (A e B), pois têm políticos de estimação?!

Enquanto tudo isso for fomentado pelos políticos, pelas autoridades e aceito pelas partes integrantes da sociedade, viveremos essa eterna “colcha de retalhos”, tipo os buracos que alcançam as ruas da Cidade, remendados, não se sabe se pelo aniversário de Correntina ou se pela vergonha imposta pelo abuso de autoridade junto a Cerejeira Móveis!?

PARABÉNS CORRENTINA PELOS SEUS 80 ANOS!

Bahia segue na contramão de Salvador

Artigo de Pablo Barrozo*

Salvador ocupou, durante muitos anos, o título de capital nacional do desemprego. Pior do que isso: não havia nenhuma perspectiva de mudança nesse cenário, que só começou a se alterar a partir de 2013 e que se intensificou mais recentemente em 2017, quando o cenário da economia nacional começou a melhorar e a cidade ganhou um completo plano de desenvolvimento, que mira no pleno emprego e em pesados investimentos públicos, em infraestrutura e área social. Esse plano ganhou o nome de Salvador 360, e graças a ele, Salvador reduziu a sua taxa de desemprego de 16,5% para 13,6% na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad-C), divulgada pelo IBGE no final da semana passada, no comparativo entre os últimos trimestres de 2017 e 2016.

A mesma pesquisa apontou que o estado da Bahia é hoje o quinto maior em número de desempregados, tendo um desempenho pior do que a média nacional. Se não fosse pelo Salvador 360, a situação da Bahia seria ainda pior, certamente. A cidade é hoje a terceira capital em número de pessoas ocupadas nos mercados formal e informal.  Como não se preocupou, a exemplo da prefeitura, elaborar um plano macroeconômico focado na geração de emprego, a Bahia amarga o prejuízo e quem sofre as consequências é a população mais pobre.

O pacote de incentivos do Salvador 360 envolve desde redução de impostos como o ISS até o IPTU. Tudo para atrair novas empresas e investimentos. Os resultados estão aí: somente ano passado, a cidade recebeu R$ 1,7 bilhão em investimentos privados, a maior parte do setor varejista. Várias redes de supermercado se instalaram ou ampliaram a presença em Salvador. Neste ano de 2018, o mesmo deve acontecer em relação ao setor imobiliário, graças também às mudanças feitas em 2017 na legislação do IPTU, em acordo com o setor produtivo.

Já estão previstos, apenas para o início deste ano, investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão por construtoras na cidade, com seis mil novos empregos gerados. Além disso, Salvador caminha para se tornar um polo nacional de call center, com centro de treinamento e novas vagas no mercado de trabalho. O Banco do Brasil já anunciou que vai transferir para a cidade sua unidade de telecobrança, gerando 3,5 mil novos empregos.

Enquanto isso, o que vemos em relação ao estado são empresas que estavam decididas a se instalar por aqui e desistiram, a exemplo da montadora Jac Motors. Não há qualquer política de estímulo ou incentivo ao setor privado, que muitas vezes é visto como inimigo por aqueles que estão no poder na Bahia, o que fica claro quando o governador Rui Costa critica, por exemplo, os investimentos das empresas no Carnaval de Salvador.

Para piorar a situação, o Estado não fez sequer o dever de casa, e enfrenta dificuldades financeiras até para obter empréstimos e financiamentos para realização de obras de infraestrutura, também na contramão do que ocorre em relação à prefeitura de Salvador, que tem obtido êxito nessas operações de crédito nacionais e internacionais. Infelizmente, em função do clima eleitoral, as perspectivas para que haja uma mudança nesse cenário em relação à Bahia são desanimadoras, já que o governador parece focado apenas no pleito de outubro.

*Pablo Barrozo é deputado estadual pelo DEM

O Estado e a ORCRIM abandonaram o Brasil em proveito do Sr. Mercado.

Renault: pragmático

Por Carlos Alberto Reis Sampaio

No clássico do cinema “Casablanca”, o chefe da polícia, Renault, profere uma frase emblemática depois de cada atentado terrorista:

– Prendam os suspeitos de sempre.

Depois da pantomima do impeachment de Dilma Rousseff, em que os bandidos julgaram a mocinha, levando-a à forca, a organização criminosa está a serviço do Senhor Mercado, em especial dos fundos abutres que vêm à Colônia buscar rendimentos, que nos Estados Unidos estão beirando o zero.

A principal vítima são sempre os cofres públicos, que hoje pagam mais de meio trilhão de reais de juros da dívida. Sem prejuízo da ação de apanhar mais um trocado na privatização da previdência e da saúde.

O Governo das Temeridades apertou o agronegócio – veja o recente veto de Temer à redução das multas do FUNRURAL; acabou com indústria, que caiu sua participação no PIB de 35 para 12%; lançou às calendas a Ciência e a Tecnologia; abandonou a segurança e a Saúde; e está reduzindo violentamente a prestação de assistência social através do Programa Bolsa Família e do Minha Casa, Minha Vida.

Ganharam os patos da avenida Paulista: quando o petróleo estava a US$120 dólares o barril, pagavam R$2,70 no litro da gasolina. Hoje, com o petróleo a US$50,00, pagam R$4,50 pelo mesmo litrinho.

A ORCRIM manobra perigosamente 24 horas por dia e tem em seu serviço juízes togados; o mesmo congresso, composto pelos mesmos palhaços, e a patuleia desvairada em debate, sem senso, com seu analfabetismo funcional, na condição de inocentes úteis.

Em tempos de vacina fracionada contra a febre amarela, dos espetaculares déficits do Governo da Temeridade, estamos à beira da convulsão social.

A nossa esperança reside apenas no fato macabro de que toda convulsão social é autofágica. Perecerão primeiro os líderes dessa grande avalanche de merda que assola o País. Enquanto isso, que se prendam os suspeitos de sempre, desde, claro, que pertençam à Oposição.

Os membros da ORCRIM permanecem insuspeitos, com suas “corridinhas” a bordo de malas de dinheiro e de afirmações tão incriminatórias como “temos que manter isso” e “tem que ser um que a gente mate antes de delatar”.

Artigo: alguém está avistando um homem probo e capaz para conduzir o Brasil?

Por Carlos Alberto Reis Sampaio*

É um número pouco surpreendente: já foram protocolados 20 pedidos de impeachment de Michel Temer na Câmara dos Deputados. Eles representam a repulsa do brasileiro – quase 95% – frente a uma administração mal havida e mal conduzida.

Temer parece atentar para um único escopo: atender as solicitações da grande banca, dos rentistas, aqueles que ganham sem trabalhar e sem correr riscos, quase na mesma medida de Lula e Temer.

Mais: entre os verdadeiros donos do País, que olham com bom grado a “estabilização” esfarrapada de Temer, estão a indústria pesada alienígena, os exploradores dos minérios e das terras raras, os olhos grandes de nossos enormes recursos minerais, os comercializadores de commodities do agronegócio e os grandes consumidores, sedentos de terras férteis, ensolaradas e de baixo preço.

Estão também, entre aqueles que fazem força para desestabilizar o País, as famosas sete irmãs petroleiras, Shell, Texaco, Exxon, Standard Oil, BP, Chevron, Gulf Oil, que já chegaram a ter 75% das reservas de petróleo do mundo e hoje tem em torno de 2%, mas comercializam grande parte dos derivados. E procuram desestabilizar ou controlar a saudita Aranco, a russa Gazprom, a chinesa CNPC, a iraniana NIOC, a venezuelana PDVSA, a brasileira Petrobrás e a malasiana Petronas, todas estatais com controle de mais de 90% das reservas mundiais de petróleo.

Temer quer eliminar parte do custo Brasil, as leis trabalhistas e previdenciárias, que não permitem custos competitivos para o capital que circula com a rapidez de um raio em países de terceiro mundo. Eles especulam, mandam na bolsa e controlam as economias frágeis como a brasileira, que tem pouca pesquisa, indústria incipiente e políticos corruptos.

Tem ainda o capital dos fundos abutres, menos seletivos. Eles adoram uma economia quebrada, os títulos podres, as dívidas impagáveis, as empresas em estado falimentar. A carniça do estado neo-liberal desestabilizado.

Talvez Temer alcance o seu ocaso só no final de 2018, haja vista a qualidade do parlamento e a tibieza do nosso arcabouço jurídico. A esperança é que encontremos, com urgência sem medidas, uma saída institucional para a substituição dos famosos 1.829 denunciados por Joesley Batista, além de um redentor, um homem apenas probo e capaz, que conduza esta nação morena neste alvorecer de Século XXI.

O problema é esse: ninguém o está enxergando, como eu, da sua respectiva janela.

*Não conseguimos identificar o autor da notável fotografia.

Até FHC está assustado com o tropel da carruagem que conduz o andor

De Fernando Henrique Cardoso

Forças tradicionais estão desorganizadas e há espaço para uma reforma política com cláusula de barreira e fim das coligações para eleições proporcionais

Sei que vivemos um momento de desânimo e que o ódio substitui certa bonomia, que parecia própria dos brasileiros. É preciso cuidado com cada palavra. Quando eu disse o trivial, que delitos diferentes devem ser apenados de forma diferente, alguns me tomaram como “mais um” que quer acabar com a Lava-Jato. Nada disso!

A despeito desse clima, há sinais de vida em nossa economia que mostram que o governo Temer está apontando na direção certa na área econômica ao enfrentar temas que são tabus, como as reformas, casas de marimbondo que só podem ser propostas por quem não está visando as próximas eleições. Reconhecer tais avanços não significa desconhecer a enorme quantidade de problemas a enfrentar. Nem muito menos imaginar que as “condições de governabilidade” serão repostas ao passar-se um apagador no quadro que a Lava-Jato mostrou. As pessoas só aceitarão a autoridade quando sentirem que a Justiça está atuando e saberá separar o joio do trigo. Pois que existe trigo, existe.

Há terreno para melhorar as coisas ao longo do tempo, permitindo que visões hoje discrepantes convirjam. Uma boa oportunidade para a construção de uma nova agenda é a chamada “reforma política”. Os mais prudentes dirão: não é o melhor momento para mexer em questão tão delicada. Respondo, como dizia a meus colaboradores do Plano Real quando alegavam que a fragilidade do governo da época e o tormento dos parlamentares com a CPI dos “anões do orçamento” seriam impedimentos para a estabilização monetária: como as forças tradicionais estão desorganizadas, o momento é agora.

Devemos rever as regras eleitorais em pleno auge da Lava-Jato. Convém, contudo, qualificar os passos requeridos para aperfeiçoar o sistema político-eleitoral, olhando para o horizonte e tendo as convicções como norte. Política, porém, não é fé: os propósitos não se efetivam ao serem proclamados; precisam convencer, motivar e construir rotas de aproximação entre as diferenças.

Estou convencido de que o parlamentarismo e o voto distrital misto são o melhor caminho para fortalecer as instituições democráticas. Como instalá-los em uma conjuntura política na qual os partidos se dissolveram e se multiplicaram como siglas que visam mais a obter acesso aos recursos públicos (Fundo Partidário, Programa Eleitoral, posições vantajosas no Executivo etc.) do que pregar e construir a “boa sociedade”? Implantar o voto distrital misto e o parlamentarismo neste momento é pouco viável.

É preciso reconstituir a confiança nos partidos e, para isso, eles não deveriam agir como simples máquinas de amealhar votos. Talvez seja conveniente admitir no ínterim candidaturas independentes e discutir a obrigatoriedade do voto.
Enquanto isso, há o que fazer. Alguns propõem o voto em “lista fechada”, pelo qual o eleitor escolhe um partido e não um candidato nas eleições para a Câmara.

Adotada essa modalidade, cada partido terá o número de cadeiras proporcional ao número de votos obtido por sua legenda. Se um partido tiver direito a dez cadeiras, por exemplo, elas serão ocupadas pelos dez primeiros candidatos da lista partidária. Inconveniente: o eleitor elegeria “em bloco” quem as oligarquias partidárias mais desejassem. A não interferência do eleitor na escolha de nomes pode ser amenizada, dando-se a ele a faculdade de reordenar a lista; este, entretanto, é procedimento difícil de ser executado e computado.

O propósito da proposta é saudável: fortalecer os partidos, sem os quais não há “democracia representativa”. Além disso, ela torna viável o financiamento público das campanhas, porque facilitaria a fiscalização no uso dos recursos, já que as campanhas seriam feitas por alguns partidos e não por milhares de candidatos.
O enunciado das dificuldades desenha o longo caminho a percorrer. Melhor sermos realistas e começarmos com mudanças menos ambiciosas. No livro recente de Jairo Nicolau (“Representantes de quem?”) há sugestões úteis (algumas em curso no Congresso) na fase de transição em que nos encontramos.

Como há limites de prazo para definir novos procedimentos eleitorais (eles devem ser aprovados até setembro para terem vigência em 2018), creio que o indispensável é aprovar logo a “cláusula de barreira”. Neste caso seriam necessários x por cento de votos, distribuídos por um número mínimo de estados, para que os partidos pudessem ter representação institucional no Legislativo (menos para o Senado, no qual o voto é no candidato), acesso ao fundo partidário e ao tempo de televisão. Também é indispensável aprovar a proibição de coligações nas eleições proporcionais, para evitar que ao votar em um deputado de um partido se eleja alguém de outro.

Resta a questão do financiamento. Os partidos precisam de um fundo público, dada a proibição de contribuição das empresas feita pelo STF. Entretanto, por que dá-lo a não-partidos, como são as siglas sem voto? Deve-se adotar o mesmo critério da cláusula de barreira: o acesso aos fundos públicos deve restringir-se a quem obtenha o quórum nacional mínimo de eleitores.

E, sobretudo, podem-se baratear as campanhas, começando pela proibição de “marquetagem” nos programas de TV.

As convicções devem ser mantidas. Estas medidas deveriam vir no bojo de duas outras mais: uma, a aprovação da emenda do senador José Serra que estabelece o voto distrital para as próximas eleições de vereadores. Outra, generalizando o voto distrital misto com eleição em 2022 de metade dos deputados por escolha direta dos eleitores e metade a partir de uma “lista fechada”. É o que, aliás, propõe o relator da reforma eleitoral na Câmara dos Deputados.

O momento é já!

Reinaldo Azevedo, o ídolo dos coxinhas, se revolta contra “Operação Carne Fraca”

Por Reinaldo Azevedo

É uma vergonha, um descalabro, um assombro mesmo!, o que se deu na “Operação Carne Fraca”. Dá para entender por que setores autocráticos da burocracia, com o apoio da direita xucra, tanto rejeitam um projeto que puna abuso de autoridade. Escrevi um texto bastante ponderado a respeito, com as “informações” fornecidas pela PF. Destaquei que a carne brasileira era considerada uma das melhores do mundo e que isso se conquistou com investimento e tecnologia. Mas como ficar imune àquela avalanche, que viria a se mostrar uma coleção formidável de sandices?

De todo modo, penitencio-me, sim, porque comentei com amigos, com a minha mulher e até com algumas autoridades que via um enorme exagero em tudo. E isso já na sexta. Mas não escrevi. Não que tenha me acovardado — nada a perder senão os grilhões com que tentam atar-nos os inimigos. É que a operação denunciava o quase nefando, o que não pode ser pronunciado: venda de carne podre, uso de produtos cancerígenos, emprego de papelão em embutidos, uso de carne proibida em linguiça… A dúvida não deixou de martelar.

Bem, já dá para saber. 1 – A cabeça de porco — há excelentes restaurantes que fazem uma bochecha que é de comer rezando… — pode ser usada no processamento de embutidos; 2 – o tal papelão misturado à carne era uma referência à troca de embalagens plásticas por embalagem de… papelão; 3 – os ácidos ascórbico (vitamina C) e sórbico (um conservante) não são produtos cancerígenos; 4 – “carne podre” é uma gíria para se referir à utilização de produto que não tenha sido inspecionado pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal); não é sinônimo de “carne putrefata”.

Mas isso ainda é pouco. Tratou-se da maior operação da história da Polícia Federal, envolvendo 1.100 homens. Há 4.800 estabelecimentos que processam carne no país. Sabem quantos estavam sob suspeita, e isso não ficou claro em nenhum momento? Apenas 21: ou 0,437%. É importante que você tenha a dimensão, leitor, do que isso significa. Se você pesar 70 kg, 0,437% do seu peso corresponde a 306 gramas, menos que seu almoço. Entendeu? Mas calma! Desses 21, três unidades foram interditadas: 0,0625% — ou 43,75 gramas, mais ou menos umas quatro folhas de alface.

Atenção! A Polícia Judiciária Federal armou um salseiro sem precedentes na história para punir eventuais práticas criminosas que, se aconteceram, são absolutamente marginais. As eventuais falhas de fiscalização parecem ser localizadas. E devem ser combatidas com dureza.

Não obstante, o que se viu? Queiram ou não, toda a carne consumida no país e também a exportada foi posta sob suspeição. Por quê? A meu ver, por irresponsabilidade, por açodamento, por gosto pelo espetáculo, por vedetismo mixuruca. As ações da BRF e da JBS despencaram. Quem vai arcar com esse prejuízo? Bem, se essas empresas decidirem acionar o estado, o que a Polícia Federal vai dizer à sociedade?

O Brasil disputa a liderança mundial na exportação de carne e é líder mesmo em alguns setores. Seu produto é considerado de alta qualidade, e não foi fácil ganhar esse reconhecimento.

No ano passado, a exportação de frango (US$ 6,849 bilhões), bovinos (US$ 5,5 bilhões) e suínos (US$ 1,483 bilhão) rendeu ao país US$ 12,349 bilhões. Não é segredo para ninguém que, seja nos anos falsamente dourados de Lula, seja agora, é o agronegócio que impede o país de ir para a pindaíba.

O espalhafato feito pela Polícia Federal certamente deixou chocados e temerosos os brasileiros, mas a repercussão maior se deu mundo afora, especialmente naqueles países que compram o produto brasileiro.

Quem vai impor a disciplina a essa gente? Não sei. Coisas nada corriqueiras estão em curso. E vou falar delas.

A propósito: e se a PF, na próxima, decidir dançar o “cancan”? Todos com as pernocas de fora e para o alto. Pode atrair até mais cobertura da “mídia”.

Artigo: uma nova crise na agricultura dos EUA se aproxima

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Por Wall Street Journal

O cinturão agrícola americano se encaminha para um marco histórico: Em breve haverá menos de dois milhões de fazendas nos Estados Unidos, a primeira vez que isso acontece desde que os pioneiros se mudaram para o oeste depois da Compra da Louisiana, em 1803.

Em toda a região produtora do país, uma queda ao longo de anos nos preços do milho, trigo e outras commodities agrícolas provocada por um excesso de grãos em todo o mundo está levando muitos agricultores a se afundar em dívidas. Alguns estão desistindo do negócio, suscitando temores de que os próximos anos possam trazer a maior onda de falências agrícolas desde a década de 80.

A participação dos EUA no mercado global de grãos é hoje menos da metade do que era na década de 70. A renda dos agricultores americanos cairá 9% em 2017, estima o Departamento de Agricultura (USDA), prolongando o maior declínio registrado desde a Grande Depressão pelo quarto ano consecutivo.
Na atual safra, os agricultores dos EUA semearam a menor quantidade de hectares de trigo de inverno em mais de um século.

“Ninguém mais só cultiva cereais”, diz Deb Stout, cujos filhos, Mason e Spencer, cultivam os mais de 800 hectares da família em Sterling, no Estado do Kansas. Spencer também trabalha como mecânico e Mason, como carteiro. “Ter um trabalho paralelo parece o único jeito”, diz ela.

Deb e o marido já faliram antes. Os agricultores da região de Sterling perderam em média US$ 6.400 em 2015, ano com os dados mais recentes disponíveis, após terem tido um lucro médio de US$ 80.800 um ano antes, segundo a associação de gestores agrícolas do Kansas.

A agricultura sempre foi um empreendimento de altos e baixos. Hoje, as oscilações são mais nítidas e menos previsíveis, já que a economia agrícola se tornou mais internacional, com mais países cultivando alimentos para exportação e para suas próprias populações.

A participação dos agricultores americanos no comércio mundial de grãos caiu de 65% em meados da década de 70 para 30% hoje, o que lhes dá menos influência sobre os preços. A existência de mais produtores e mais compradores em todo o mundo também significa mais interrupções potenciais por causa do clima, fome ou crises políticas.

Os preços do milho costumavam variar entre um ano e outro em menos de US$ 1 por bushel. Desde 2006, eles dispararam e caíram mais de US$ 4 por bushel.
Uma década atrás, um boom de biocombustíveis nos EUA e a crescente classe média da China elevaram os preços de culturas como milho e soja. Muitos produtores americanos investiram os lucros inesperados comprando mais terra e equipamentos.

O boom também incentivou agricultores de outros países a acelerar a produção. Produtores de todo o mundo acrescentaram cerca de 73 milhões de hectares de cultivo nos últimos dez anos. Os custos de produção mais baixos, a proximidade com mercados de rápido crescimento e a melhoria da infraestrutura deram a produtores de alguns outros países uma vantagem.

A produção de milho e trigo nunca foi tão grande, e nunca tantos grãos foram armazenados antes.
Desde o início do século XIX até a Grande Depressão, o número de fazendas dos EUA cresceu de forma constante, à medida que os pioneiros conquistavam o oeste. As famílias produtoras geralmente criavam um pouco de gado e cultivavam algumas dezenas de hectares de terra, no máximo. Após a Segunda Guerra Mundial, os tratores e colheitadeiras de alta potência permitiram aos agricultores trabalhar com mais quantidade de terra. Há 20 anos, as sementes geneticamente modificadas passaram a ajudar os agricultores a produzir mais.
As fazendas cresceram e se especializaram. As operações em larga escala representam hoje metade da produção agrícola dos EUA. A maioria das fazendas, mesmo algumas das maiores, ainda é administrada por famílias.

Enquanto o tamanho das propriedades se multiplicou, seu número em unidades caiu, de seis milhões, em 1945, para pouco mais de dois milhões em 2015, aproximando-se de um limite visto pela última vez em meados do século XIX. O total de hectares cultivados nos EUA caiu 24%, para 370 milhões de hectares.
A Rússia, entretanto, passou ao longo dos últimos 25 anos do maior importador de trigo do mundo para o maior exportador, diz Dan Basse, presidente da empresa de pesquisa AgResource Co., com sede em Chicago. Os agricultores plantaram ainda mais trigo no ano passado para tirar vantagem do recente aumento do dólar em relação a muitas moedas. Isso incentiva os agricultores russos a exportar tanto trigo quanto for possível em dólar, que hoje rende cerca do dobro de rublos que rendia há três anos.

O dólar forte também permite que agricultores em alguns países reduzam seus preços.
“Como o dólar permanece forte, os agricultores americanos não têm nenhuma alavanca para puxar”, diz Basse. “É uma hemorragia lenta, não um corte na jugular.”

No ano passado, o governo de Barack Obama acusou a China de subsidiar injustamente a produção de trigo e limitar indevidamente as importações de grãos em detrimento dos agricultores dos EUA. Em outubro, o USDA informou que iria pagar mais de US$ 7 bilhões em assistência financeira no âmbito de programas existentes para ajudar os agricultores a sobreviver o momento atual de crise.

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Jânio de Freitas: impeachment é no mínimo indecente.

O veterano jornalista Jânio de Freitas, em artigo na Folha de São Paulo, hoje, sob o título “Outra Vez”. Ele esclarece: já passei por 10 situações de quase golpe em minha existência. Veja suas palavras e acesse o artigo na íntegra aqui.

É no mínimo indecente que um processo de impeachment seja conduzido por quem e como é conduzido, já desde o seu primeiro ato como chantagem e vingança.

É no mínimo indecente o conluio, com a indecência anterior, do partido que representa a cúpula social e econômica do país e, sobretudo, de São Paulo.

É no mínimo indecente que, “ao se propor o impeachment sem cumprir os requisitos constitucionais de mérito” –palavras “em defesa da democracia” dos reitores das universidades federais–, se falsifique como crime uma prática contábil também de presidentes anteriores. E nunca reprovada.

Por isso mesmo posta, desta vez, sob o apelido pejorativo de “pedaladas”, para ninguém entender.

Bandeiras tarifárias: ataque ao bolso do consumidor

Heitor Scalambrini Costa

Professor da Universidade Federal de Pernambuco

 Mesmo com um sofrível serviço elétrico prestado aos consumidores brasileiros, segundo indicadores de desempenho da própria Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), as companhias distribuidoras seguem recebendo as benesses de um capitalismo sem risco.

Nos últimos anos as empresas dependeram de repasses do Tesouro Nacional e de aumentos tarifários bem acima dos índices inflacionários, o que lhes garantiu lucros líquidos e dividendos excepcionais aos seus acionistas, quando comparados com a realidade do país. Tudo para garantir o malfadado equilíbrio econômico-financeiro das empresas – como rezam os “contratos de privatização”. Em nome deste artifício contratual, as empresas têm garantido até a possibilidade de reajustes tarifários extraordinários. E é exatamente isso, segundo a Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (ABRADEE), que será solicitado a ANEEL pelas empresas no início de 2015, justificado pela “conjuntura do setor elétrico”.

O que se verifica na pratica é que, mesmo com a qualidade dos serviços prestados se deteriorando, os reajustes nas tarifas aumentam seus valores abusivos, beneficiando empresas ineficientes que deveriam ser cobradas e punidas, e não premiadas.

Mas a tragédia que se abate sobre o consumidor de energia elétrica não acaba ai. A partir de janeiro, haverá uma cobrança adicional nas tarifas, com a implantação das bandeiras tarifárias. Então, além dos reajustes tarifários anuais ordinários (na data da privatização das empresas), cujas estimativas para 2015 apontam percentuais que podem chegar a ser de 3 a 5 vezes superiores à inflação, e da possibilidade de um reajuste extraordinário, se somarão os acréscimos das bandeiras tarifárias.

Este mecanismo indicará como está a situação do parque gerador de energia elétrica do País, utilizando as cores verde, amarela e vermelha. A bandeira verde indicará condições favoráveis de geração, e a tarifa não sofrerá nenhum acréscimo. A bandeira amarela indicará que as condições de geração são menos favoráveis, e a tarifa sofrerá acréscimo de R$ 1,50 para cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos. A bandeira vermelha indicará as condições mais custosas de geração (uso das usinas térmicas), e a tarifa sofrerá acréscimo de R$ 3,00 para cada 100 kWh consumidos. A ANEEL divulgará mês a mês as bandeiras que estarão em vigor em cada um dos subsistemas que compõem o Sistema Interligado Nacional (SIN).

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo médio brasileiro é de 163 kWh/ residência, e a tarifa média para o consumidor residencial é de R$ 400,00/ MWh. Assim, uma conta de R$ 65,20 na bandeira verde subiria para R$ 67,65, ao passar para a bandeira amarela; e para R$ 70,09, no caso da bandeira vermelha. Nestes cálculos não estão sendo levados em conta os encargos e impostos incidentes na tarifa elétrica. Continue Lendo “Bandeiras tarifárias: ataque ao bolso do consumidor”

Quantas mortes ainda serão necessárias para o funcionamento do Anel Viário?

O empresário Dó Miguel, de Barreiras, que já deixou claro que vai se apresentar como uma terceira via na vida política da cidade, representando principalmente aquela parcela da população que pensa, está, como todo barreirense, indignado com o fato do trânsito da BR 242 ser obrigado a passar por dentro das ruas estreitas da cidade. Neste artigo, ele questiona o assunto, agravado que foi pela morte de barreirenses no trânsito:

dó miguel“Diversas famílias de Barreiras ao longo dos anos enfrentaram o sofrimento de ter um ente querido morto em acidente provocado pelo grande fluxo de veículos pesados que atravessam o Centro da cidade.

Nas últimas semanas, em menos de 72 horas, três famílias perderam parentes em condições trágicas. O motivo: o mesmo. Acidente com veículos pesados nas principais avenidas de Barreiras. As vítimas, em sua maioria, são pessoas humildes que se deslocavam dos seus bairros para o local de trabalho, às vezes de bicicleta, às vezes andando ou pilotando uma moto Biz.  Foram arrastados para a morte no momento em que iam defender o pão de suas famílias. Além da dor e da saudade fica também uma sensação de desamparo.

Estas sucessões de tragédias poderiam ser evitadas se uma simples providência tivesse sido tomada: o funcionamento efetivo do tão falado anel viário de Barreiras. A obra iniciada há mais de 15 anos, se arrastou a passos de tartaruga e agora que finalmente foi concluída não é inaugurada e nem utilizada como deveria ser, para desviar o tráfego pesado do Centro de Barreiras, e, assim, evitar que novas mortes ocorram.

Entendo que hoje, devido ao crescimento de Barreiras, o funcionamento pleno do anel viário seria apenas um paliativo, já que as carretas continuariam passando por dentro da cidade, atravessando as confluências da Vila Rica com o bairro São Pedro, Vila dos Funcionários e Vila Amorim, mas, ainda assim, diminuiria o impacto e desafogaria o trânsito, enquanto se buscasse soluções técnicas adequadas para resolver definitivamente o problema.

Da forma que foi construído, o anel viário precisa, para funcionar, de algumas intervenções que podem ser feitas com rapidez, dependendo apenas da agilidade e da boa vontade dos poderes públicos: municipal, estadual e federal, para que se faça uma rotatória na BR 242, no acesso a estrada de Angical, uma melhoria na camada asfáltica e duplicação da via que vai da entrada para Angical até a ponte do anel viário, e uma rotatória, no outro extremo, na BR 135. Fazendo-se acompanhar de sinalização horizontal e vertical, com advertência de trânsito de pedestres, limite de velocidade, faixas para pedestre, semáforos, redutores de velocidade, radar eletrônico, guard rail, além de passarelas para possibilitar o cruzamento com segurança da BR 135 a altura das Vilas Amorim, dos Funcionários e Vila Rica, proporcionando segurança tanto aos motoristas quanto à população daquela área.

Essas intervenções não demandam altas somas em dinheiro. Basta querer fazer. O que não sabemos é porque não se faz? E enquanto tantas mortes acontecem, os poderes constituídos não se movimentam para tomar essas medidas.

Um dos fundamentos da gestão pública é preservar a vida, proporcionando bem estar à população. O trânsito de Barreiras é um dos fatores que contribui para piorar a níveis insuportáveis a qualidade de vida dos moradores. Soluções existem, se o assunto for tratado com a seriedade que merece, com profissionais competentes e com uma gestão comprometida em oferecer aos munícipes uma cidade melhor para se viver.

Finalizo, solidarizando-me com todas as famílias que perderam parentes; vítimas de acidentes provocados pelo tráfego pesado de Barreiras. Apesar da dor não se pode perder a fé e a esperança. Sem isso o ser humano não sobrevive.

*Dó Miguel é empreendedor, formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal da Bahia – UFBA.

Demagogia na Saúde

Miguel Reale Júnior*, em artigo para o jornal O Estado de São Paulo

O levantamento demográfico da medicina no Brasil, publicado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em fevereiro, indicou que no nosso país o número de médicos cresceu 74%, na relação por 1.000 habitantes, de 1980 a 2012. Hoje se conta com 2 médicos para cada 1.000 habitantes, enquanto em 1980 a proporção era de 1,15. A meta proposta pela Frente Nacional de Prefeitos é de 2,75 por 1.000 habitantes no prazo de dez anos, o mesmo índice da Inglaterra. Esse crescimento desejado será consequência natural em face do número de inscrições nos Conselhos Regionais de formados pelas 201 faculdades existentes: de outubro de 2011 a outubro de 2012 se inscreveram 16.227 novos médicos.

Como destaca o censo demográfico da medicina, o problema não reside no número de médicos, mas na sua distribuição desigual pelas diversas regiões e, muito especialmente, na falta de outros profissionais de saúde, de instalações e equipamentos essenciais ao correto atendimento.

Malgrado esse quadro, o governo Dilma Rousseff, de modo demagógico, visando a satisfazer os objetivos de diminuir a carência de médicos em regiões prioritárias e as desigualdades regionais, criou, por medida provisória (MP), duas frentes: inovou o currículo do curso e permitiu o exercício da medicina aos formados no exterior, sendo a estes desnecessária a revalidação do diploma. Continue Lendo “Demagogia na Saúde”

Barreiras, uma nave à deriva e sem comandante.

O blogueiro e articulista Itapuan Cunha afirma, em alentado artigo, que o Governo Municipal de Barreiras está à deriva. E demonstra que o raciocínio cartesiano de Jusmari Oliveira em relação à alavancagem de um grande domínio político no Oeste falhou nas urnas de Barreiras, Luís Eduardo e em mais uma dúzia de municípios. Leia aqui.