Wanderson Oliveira, enfermeiro e especialista em Saúde Pública, ex-secretário geral que deixou o Ministério da Saúde quando Mandetta e Tech saíram, não está otimista com os planos do Governo em relação à vacinação:
“Nós não teremos todas as vacinas ao mesmo tempo. Então não é possível ficar planejando uma grande campanha ao mesmo tempo já a partir do primeiro trimestre. Acredito que nós teremos a vacina no primeiro trimestre enquanto produto. Você vai ter ali de 15 a 30 milhões de doses para fazer alguns grupos prioritários inicialmente. E depois você vai ampliando porque vão chegando novos lotes, se tudo correr bem, sem nenhum contratempo.”
O Executivo acrescenta:
Creio que o caminho é a gente entender como vai ser a logística. Essas vacinas, de modo geral, são duas doses com um intervalo de 14 dias entre a primeira e a segunda. Então isso é bastante complicado. Se você tem 20 milhões de unidades, na prática você vai vacinar 10 milhões.
Só que é importante pensar que, quando eu faço um planejamento, eu posso tirar 10% delas para problemas de perda por problemas gerais que acontecem. Então é no final do primeiro semestre, ali meados do segundo trimestre, eu creio, para que a gente comece a campanha mesmo de vacinação, pensando em todo o processo mais complexo. Mas a vacina em si deve começar um pouco antes.”
Oliveira hoje presta consultoria formalmente aos Governos de São Paulo e de Pernambuco e, nos bastidores, diz que está sempre “trocando ideias” com gestores de outros Estados.
Rússia já começou a vacinação. O Reino Unido tem planos de iniciar na semana que vem. Os Estados Unidos começam nesta sexta-feira. Até o final do ano, México e China estarão vacinando e Portugal já garantiu iniciar a operação em janeiro. Alemanha e Bulgária tem planos imediatos de vacinação.
Dono de dois grandes laboratórios, o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz, o País se perde nos confrontos ideológicos criados pela Presidência da República e pela estagnação do Ministério da Saúde, onde não existe nem um ministro capaz de comandar a grande operação.
Enquanto isso, casos de contaminação e mortes crescem em quase todos os estados, 18% no País nos últimos quatorze dias, com perda de vidas valiosas e de sensíveis custo para o universo econômico.