Expedição Invisíveis da Mata identifica cogumelos e leveduras comestíveis junto à chefs de cozinha no Sul da Bahia.

A parceria entre chefs de cozinha, especialistas e agricultores familiares, incentivada pelo Governo do Estado, a partir do projeto Bahia Produtiva, desde 2016, continua rendendo bons frutos no rural baiano.  

Esta semana, a Expedição Gastronômica Invisíveis da Mata, percorreu o Sul da Bahia desvendando o mundo dos cogumelos silvestres e leveduras selvagens comestíveis na Mata Cabruca (região de Mata Atlântica com vegetação própria para a produção cacaueira), compartilhando conhecimentos com representantes da Cooperativa de Serviços Sustentáveis da Bahia (Coopesba), de Ilhéus, e do Assentamento Dois Riachões, em Ibirapitanga. 

A expedição contou com a presença de chefs especializados no ‘Reino Funghi’, como o especialista em cogumelos comestíveis, Marcelo Sulzbacher, os experts em leveduras da Cia dos Fermentados, Fernando Goldenstein e Léo Andrade, e o renomado professor no segmento, professor José Luis Bezerra.  

O idealizador da expedição, o chef Caco Marinho, destacou a importância da identificação desses cogumelos para alimentação e possível comercialização dos produtos: “Os agricultores familiares vão ter uma oferta garantida de vitaminas e proteína de alta qualidade, e é possível que a gente encontre os cogumelos na mata, consiga isolar os esporos, tirar a semente e domesticá-los e, nesse processo de cultivo, conseguir a frutificação em até 12 dias. Então, é muito rápido e dá uma alimentação bem completa para a família e ainda demonstra capacidade de gerar renda com o excedente”. 

Entusiasmado com os benefícios dos cogumelos e leveduras, que são alimentos saudáveis e probióticos, que não sobrecarregam o organismo no processo de digestão, Caco afirma que os novos produtos poderão ser comercializados nos restaurantes: “Com certeza, a gente vai ser um mercado consumidor dos cogumelos se houver realmente essa oferta. Para quem está plantando e colhendo dentro do sistema agroflorestal, terá um custo baixíssimo e o retorno rápido, porque na mesa do restaurante esse será um produto nobre. Vai ser uma boa renda na mão das comunidades”. 

Para os agricultores familiares, a troca de conhecimentos abre novos horizontes. Segundo a presidente da Coopessba, Carine Assunção, a experiência despertou a possibilidade de fabricação do espumante de mel de cacau e o desenvolvimento de receita de chocolate com cogumelos silvestres.  

Expedições Gastronômicas 

O projeto Expedições Gastronômicas é executado por meio do Bahia Produtiva, projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com cofinanciamento do Banco Mundial, em parceria com o Instituto Ori. 

O assessor técnico especial da CAR, Ivan Fontes, comemorou a iniciativa no Sul da Bahia: “A Invisíveis da Mata integra uma estratégia adotada pela CAR, para a promoção de produtos saudáveis oriundos da agricultura familiar, através da ecogastronomia, com divulgação de conhecimentos técnicos e gastronômicos. Esta nova Expedição permite a identificação e registro de alimentos presentes na Mata Atlântica, visando garantir a segurança alimentar e nutricional, além da renda para agricultores familiares”. 

Fotos: André Fofano 

Trabalho de agentes comunitários rurais é oportunidade de permanência dos jovens em suas comunidades

A conquista do emprego, aliada ao sonho de trabalhar no local onde nasceu e vive, é uma realidade, atualmente, para 460 jovens rurais que atuam como Agentes Comunitários Rurais (ACRs) e Agentes Comunitários em Apicultura e Meliponicultura (ACAs), do projeto Bahia Produtiva.  Os jovens exercem a função de agentes multiplicadores do serviço de assistência técnica e extensão rural (ATER) nas associações e cooperativas atendidas pelo projeto.

O Bahia Produtiva é um projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), a partir de um acordo de empréstimo com o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), e financia projetos de inclusão produtiva e acesso a mercados, socioambientais, de abastecimento de água e esgotamento sanitário, de interesse das comunidades rurais baianas.

Os ACRs e ACAs também prestam assessoria comunitária, com atribuições que incluem o apoio a serviços administrativos das associações ou cooperativas e mobilização social da comunidade.  Os jovens passam por um processo de capacitação realizado por uma equipe multidisciplinar, que promove atividades coletivas e individuas, em temas apropriados aos investimentos do projeto, mantendo uma relação de supervisão e acompanhamento dos jovens contratados via convênios com os empreendimentos selecionados.

O ACR Leandro da Cruz, de Ituberá, atende as comunidades de Pina, Lagoa Santa, Matinha, Baixa Alegre e Pedreiras e presta assistência a 30 famílias que trabalham com artesanato e biojoias de piaçava. O jovem estava desempregado quando se inscreveu para a seleção do Bahia Produtiva, conseguiu o trabalho de assistente comunitário e, hoje, ajuda as famílias da região a produzirem melhor seus artesanatos.

Para Leandro é uma satisfação poder contribuir para o desenvolvimento do seu município: “Fico muito grato em poder ajudar na mudança de renda dessas famílias, que com a assistência técnica estão vendendo mais”.

O jovem ACR Diogo Viana trabalha com comunidades do município de Belo Campo, com a produção de galinhas e ovos 100% caipiras e com a qualificação de produtos derivado da mandioca, feitos na agroindústria instalada pelo projeto: “Sou a resposta de uma das finalidades da contratação de um jovem da comunidade para exercer essa função, que é a permanência do jovem do campo, no próprio campo, em seu local de origem. Não são 43 beneficiários na associação, são 44, pois eu sou um deles. Fui contratado para executar demandas, porém, junto com elas vieram muito aprendizado e conhecimento adquirido nas capacitações e experiência prática. É uma bagagem que levarei para vida”.

Leandro e Diogo são exemplos de jovens contratados para prestar atendimento às comunidades rurais de seus respectivos municípios, com afinidade com as cadeias produtivas do Bahia Produtiva. O coordenador de ATER do Bahia Produtiva, Wecslei Ferraz, destaca a importância do trabalho dos jovens: “Eles ofertam ATER aos beneficiários do projeto, de modo a aumentar a chance de obterem sucesso em sua atividade produtiva. Para nós, é extremamente relevante o acompanhamento das famílias e das propriedades para o sucesso de nossas ações”.