Não é BBB, não é televisão. É gente, de verdade, pedindo por um pouco de comida!

Diz uma leitora assídua de O Expresso:

“Gentem”, não é BBB, não. Não tem essa história de paredão, de eliminação, de um milhão de reais no final. Essa é a operação “me dá, me dá”, cata troquinho de pobre, da Rede Globo.

O que está se debatendo nas redes sociais são as próximas eleições, a redemocratização do País depois do golpe, a salvação de 40 milhões de pessoas vulneráveis e o reerguimento da economia para encontrar ocupação para mais de 25 milhões de pessoas.

Pense só um pouquinho no flagelo da fome, grassando nos sertões e nas periferias das pequenas e grandes cidade, onde os desgarrados vão dormir sem nada comer e um pai ou uma mãe não conseguem conciliar o sono para descobrir um jeitinho de descolar algum dinheiro para alimentar os filhos.

Os governos brasileiros criaram gulags, campos de concentração sem guardas e sem arame farpado, onde só aumenta a legião de brasileiros à margem de todo e qualquer recurso da sociedade.

Pensem bem: não é BBB, é a triste e cruenta realidade do Brasil.

Mas não se matam cavalos?

Algum leitor ou leitora pode me esclarecer porque os termos misoginia e misantropia tomaram conta das redes nas últimas 24 horas, depois de uma agressão em programa popular da TV Globo, mesmo que a grande maioria nem saiba o que isso significa?

O referido programa não é produzido há mais de década justamente para mostrar baixarias de toda ordem, conquistando milhões de telespectadores e faturando em cima do valor gasto com telefonemas dos desavisados que resolvem votar em seu idiota preferido?

Cada vez que vejo notícias sobre esse fétido programa  lembro do livro “Mas não se matam cavalos”, de Horace McCoy, em que ele descreve as longas maratonas de dança, na época da depressão norte-americana.  Os dançarinos  levavam seu cansaço às raias da loucura para faturar alguns trocados ao final de dias em que apresentavam bailando num salão público. Ao ponto de um deles, torturado por câimbras e dores atrozes, perguntar se ele não teria direito à morte, em sacrifício, como se fazem com os cavalos feridos ou esfalfados.

Jane Fonda e Red Buttons protagonistas do filme.

A depressão econômica da década de 1930 nos Estados Unidos fez as pessoas tomarem medidas drásticas para sobreviver. Popularizaram-se no país as maratonas de dança – competições públicas em que casais dançavam por dias a fio, desafiando os limites dos seus corpos diante de uma plateia animada, na tentativa de ser a última dupla remanescente. Em um período de fome e desespero, parecia uma maneira simples de ganhar um dinheirinho. Mas tais concursos escondiam uma agressividade e uma violência social usualmente não associadas aos salões de dança.

O filme com o título original: They Shoot Horses Don’t They

Em Mas não se matam cavalos? (1935), Horace McCoy (1897-1955) apresenta Robert Syverten e Gloria Beatty, duas pessoas sem perspectiva alguma, que decidem participar de uma maratona de dança achando que, assim, granjearão alguma oportunidade de trabalho em Hollywood.

O que os participantes fronteiriços – no sentido psiquiátrico – do tal BBB almejam é isso. Alguns dias de fama e uns trocos ao final para uma nova versão de suas vidas inúteis.

Big Brother – grande irmão – é uma expressão do escritor inglês George Orwell, em sua obra prima “1984”, onde numa  ficção construiu um grande libelo contra o stalinismo.

No Brasil, à deriva dos princípios éticos, morais e institucionais, os dois livros poderiam ser uma boa leitura. Menos para os participantes do BBB, que parecem não ter capacidade de desenvolver um raciocínio completo nem a partir de um gibi do tipo Pato Donald. O que aliás parece ser a regra para a grande maioria dos brasileiros.

A Globo não engana mais ninguém

Alguém acredita que o vazamento das imagens do sexo explícito não foi proporcionado pela própria Globo?

Alguém acredita que o michê que proporcionou o espetáculo não ganhou um belo cala-a-boca e a expulsão foi feita com um belo acordo?

A Vênus Platinada conseguiu o que queria: repercussão nas mídias sociais, na audiência e garantia de faturamento até março, quando encerra-se o espetáculo de terceira categoria.