Decisão de Bolsonaro de acabar com o seguro obrigatório é apenas vingança contra Bivar

A decisão do presidente Jair Bolsonaro de editar uma medida provisória que extingue, a partir de janeiro de 2020, os seguros obrigatórios DPVAT e DPEM vai atingir em cheio os negócios do presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE).

Atual desafeto do presidente da República, Bivar é o controlador e presidente do conselho de administração da seguradora Excelsior, uma das credenciadas pelo governo para cobertura do seguro DPVAT. A empresa intermediou o pagamento, de janeiro a junho de 2019, de R$ 168 milhões em indenizações relacionadas ao seguro, segundo relatório de auditoria da Líder DPVAT.

A empresa de Bivar detém cerca de 2% da Seguradora Líder, consórcio que administra o DPVAT. A Líder tem o direito de exclusividade, garantido por lei, para atuar nas indenizações de pagamentos de seguros aos acidentados no País. Do Estadão.

E a gente, aqui na planície, achando que Bolsonaro estava preocupado com o mau uso das quantias arrecadadas pelo seguro obrigatório, que no caso das motocicletas é mesmo um descalabro. Nada. Era apenas uma vingancinha contra o Presidente do PSL, que não quis lhe entregar o comando do Partido e o acesso às grandes quantias do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral.

Bozorocas arrependidas: Senador do PSL diz estar perplexo com fala de Bolsonaro

Bolsonaro e Bivar: antes, beijinhos; agora, cadê meu dinheiro que estava aqui?

O senador Major Olimpio (PSL-SP) afirmou, nesta terça-feira, 8, que está “perplexo” com a declaração do presidente Jair Bolsonaro, que pediu a um apoiador que esquecesse o PSL e disse que o deputado federal Luciano Bivar (PE), que preside a sigla, está “queimado para caramba”.

Veja o vídeo aqui.

Ao sair do Palácio do Alvorada, um rapaz se apresentou a Bolsonaro como pré-candidato no Recife pelo PSL. Logo em seguida o presidente cochichou em seu ouvido: “Esquece o PSL”. Mesmo assim, ele gravou um vídeo com o presidente ao seu lado dizendo “Eu, Bolsonaro e Bivar juntos por um novo Recife”.

O presidente pediu que ele não divulgasse a gravação. “Ó cara, não divulga isso, não. O cara Bivar está queimado para caramba lá. Vai queimar o meu filme também. Esquece esse cara, esquece o partido”.

Após ser repreendido, o rapaz fez uma nova gravação: “Viva o Recife, eu e Bolsonaro”.

“Só posso dizer que fiquei perplexo. Eu não sei a motivação oficial do presidente. Só o presidente pode esclarecer a manifestação dele”, disse o líder do PSL no Senado. Olimpio afirma que conversou com Luciano Bivar, com o vice-presidente do partido, Julian Lemos (PB), e com o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, para “saber qual seria o sentido ou a intenção em relação a isso”.

Embora Bolsonaro esteja com um pé fora do PSL, o senador ressaltou que este é “o partido do presidente, o único partido que é 100% fiel ao presidente em todas as votações”.

Conforme adiantou o Radar, o presidente deve se reunir nos próximos dias com Bivar para selar sua decisão de sair ou não do partido.

Tudo é dinheiro

O humor do presidente com o cacique pernambucano é péssimo. A contabilidade do partido segue nas mãos de Bivar e Antônio Rueda, que não divulga como gasta o dinheiro do partido e impede que aliados do presidente façam parte do comando da legenda.

Questionado se havia, de fato, a possibilidade de Bolsonaro deixar o partido, Major Olimpio disse que o PSL cresceu em função de sua candidatura à Presidência. “É o nosso líder maior, e até já brinquei dizendo que seria a mesma coisa que alguém morar sozinho e fugir de casa. O PSL é ele. Nós nos elegemos e temos uma bancada robusta por causa do presidente Jair Bolsonaro”, disse o senador. Para o líder do partido no Senado, “é mais fácil resolver a circunstância ou o desacordo do que ele sair”.