Por vezes, custamos a entender o porquê dos fatos acontecerem, como os elogios do Presidente da República às forças de segurança estaduais de São Paulo ou à tentativa de armar seguidores, até com a desoneração de armas importadas. Acontece que seu nome realmente não é uma unanimidade ou apenas tolerado nas Forças Armadas.
Bolsonaro tem o DNA de um golpista em seu estado mais puro. Mas pode não contar com as Forças Armadas, ou ao menos com as camadas mais esclarecidas delas, para uma aventura institucional.
Leiam com atenção essa carta publicada nas mídias sociais por um Coronel da Reserva:
O coronel da reserva do Exército brasileiro Marcelo Pimentel Jorge de Souza afirmou pelo Facebook na última quinta-feira (17) sentir nojo de Jair Bolsonaro e vergonha por ter se formado na mesma Academia Militar que ele.
Ele ainda disse que Bolsonaro e seus ministros militares desmoralizam as Forças Armadas. ‘Sinto melancolia em ver boa parte dos oficiais de minha geração e ex-comandantes participando de um governo chefiado por uma pessoa política e intelectualmente despreparada’.
Como oficial da reserva do Exército, e de acordo c/o direito que me é assegurado pela Lei 7.524/86, declaro ter/sentir:
– NOJO da pessoa que preside meu país;
– DESPREZO por quem participa de seu governo;
– REPÚDIO por quem ainda hoje o apoia;
– ASCO em escutar sua voz ou a pronúncia de seu nome;
– VERGONHA de que tenha um dia passado pela mesma Academia Militar que me formou oficial do EXÉRCITO BRASILEIRO;
– CONTRARIEDADE com quem, minimamente informado, votou nessa pessoa pra ser PRESIDENTE DO BRASIL;
– MELANCOLIA em ver boa parte dos oficiais de minha geração e ex-comandantes participando de um governo chefiado por uma pessoa política e intelectualmente despreparada, inepta e incompetente, além de desumana e extremamente grosseira e mal educada;
– DESESPERANÇA em perceber que grande parte dos oficiais e praças das novas gerações está seguindo o MAU exemplo de alguns chefes e ex-chefes insensatos, ambiciosos, tolos ou idênticos ao capitão manobrado por generais;
– MEDO que o Exército, por intermédio da maioria de seus integrantes, seja transformado numa instituição à imagem e semelhança de seu atual ‘comandante supremo’, que continua sendo tratado como ‘MITO’ nos quartéis em que comparece, SEMPRE acompanhado por generais-ministros políticos que COMANDAVAM, CHEFIAVAM e GUIAVAM as forças armadas brasileiras…até outro dia; e
– DESCONFIANÇA de que alguns generais que se apresentam hoje como ‘dissidentes do governo’ e críticos (exclusivos) ao presidente, mesmo sendo, antes das eleições, as pessoas que mais o conheciam na face da Terra exceto a própria família (dele), sejam apenas aproveitadores de nova ocasião para manutenção do ‘PARTIDO MILITAR’ no centro do poder e do cenário político nacional, agravando o processo de POLITIZAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS e seu reverso – MILITARIZAÇÃO DA POLÍTICA e da SOCIEDADE -, ambos nocivos para as Forças Armadas (DEFESA) e o BRASIL (ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO)…hoje, amanhã e SEMPRE.