China vai mesmo retaliar americanos com bloqueio das importações de soja

Como foi previsto em O Expresso, o comércio de produtos agrícolas deverá ser o primeiro objeto de retaliação da China com as exportações norte-americanas, depois do anúncio de medidas protetivas, por parte dos EUA, contra o aço e o alumínio.

Hoje o portal Notícias Agrícolas confirma a hipótese:

Autoridades chinesas afirmaram que a soja norte-americana deverá ser o principal alvo de retaliação do país após as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump na última semana sobre o aço e o alumínio, segundo informou à Reuters Internacional, a Associação Americana de Soja. 

O temor de associações e demais instituições americanas ligadas ao comércio da oleaginosa já vêm de algum tempo, desde que começaram a circular os boatos de uma guerra comercial entre os dois países. A China é responsável, afinal, por mais de um terço das exportações dos EUA e uma retaliação efetiva poderia comprometer severamente essa relação, trazendo ainda mais ajuste ao setor agrícola norte-americano. 

Ainda segundo informações apuradas pela Reuters, desde o final do ano passado, grupos americanos vinham sinalizando preocupações com este cenário. “Ouvimos diretamente dos chineses que a soja seria um dos primeiros alvos de retaliação. A ideia de que somos o único jogador nesse jogo e de que eles não têm muitas outras escolhas está completamente equivocada”, diz um anúncio da associação. 

De ambos os lados, as declarações não têm ido muito mais longe. Nem mesmo a embaixada da China em Washington respondeu aos pedidos de um comentário feito pela Reuters. No entanto, os grupos agrícolas norte-americanos criticaram veementemente a decisão da Casa Branca, mais uma vez alertando sobre os impactos na questão da soja, grãos e demais oleaginosas. 

“A agricultura vai pagar o preço desse protecionismo sobre o aço e o alumínio”, disse em entrevista ao portal ChinaDaily o porta-voz da instituição americana Farmers for Free Trade (Produtores pelo Livre Comércio, na tradução), Herb Karst.

O Brasil deverá ter uma super safra de soja, acima de 125 milhões de toneladas. Com a frustração da safra argentina, que deverá perder 10 milhões de toneladas, os exportadores brasileiros ficam a cavaleiro da situação, podendo até descolar seu preço dos indicadores de Chicago, que deverão cair abissalmente com a tarifação ou bloqueio das importações chinesas.

Perdemos exportações do aço (30% da produção brasileira) e do alumínio, mas ganhamos força no campo, que está crescendo a taxas astronômicas de 13% ao ano, como aconteceu em 2017.

Junto com a soja e o milho deverão aumentar ainda as exportações de carne de frango e suínos para a China.