“Reconhecemos a ciência como dom de Deus para cuidar da vida humana e toda a sua criação. A fé e a ciência são aliadas, caminham juntas e exaltam o poder divino”, afirma Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.
Nem todo evangélico apoia o governo Bolsonaro e seu “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Uma nota de de diversas igrejas, organizações e movimentos de evangélicas e evangélicos pela democracias publicou, na última quarta, um manifesto com o título “um clamor de fé pelo Brasil”. Logo de cara, cita um provérbio:
“O governante sem discernimento aumenta as opressões” (Provérbio 28.16)
“‘Nós, de diversas Igrejas, organizações e movimentos de evangélicas e evangélicos pela democracia, manifestamos publicamente nosso luto e profunda solidariedade para com as famílias dos mais de 10 mil mortos que o Brasil identificou até recentemente em meio a pandemia do novo coronavírus. É momento de “chorar com os que choram'(Rm 12:14-15)”, diz o primeiro item.
“Nosso compromisso cotidiano em ações solidárias de apoio ao atendimento de necessidades específicas de pessoas e famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade nesse contexto de grave crise. ‘A fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta'(Tg 2:17)”, segue a nota.
As instituições também expressam ” gratidão e solidariedade para com os profissionais de saúde que têm experimentado grande desgaste físico e emocional por estarem trabalhando no enfrentamento direto dessa situação”.
Além disso, as entidades também dizem reconhecer e apoiar Universidades e Centros de Pesquisa, “bem como seus pesquisadores e cientistas que têm se dedicado na busca das melhores respostas e análises para juntos superarmos esta realidade. O momento exige que as tomadas de decisão sejam fundamentadas ‘no conhecimento que vem do bom senso’ (Pv 1:4)”.
As igrejas e associações deixam claro que não estão com o presidente, muito pelo contrário: manifestam “repúdio e indignação à forma antiética com que o presidente da República tem se comportado nesta grave situação do País, sem assumir a conduta exigida para uma pessoa que ocupa a liderança institucional executiva da nação. Ele tem dado provas de que não está à altura do cargo da Presidente da República”, diz a nota.”A gestão inadequada durante a pandemia atenta contra a vida humana ao invés de ‘praticar a justiça e compaixão pelos pobres’ (Dn 4:27).”
O texto ainda pressiona para que as respostas dos governos sejam mais eficientes quanto ao devido atendimento às necessidades das pessoas. “É essencial que prefeituras e governos estaduais atuem para garantir o cumprimento do isolamento social recomendado e que o governo federal opere de forma coordenada e adequada na execução de seus compromissos e responsabilidades”, diz o manifesto. E pede para que igrejas e comunidades religiosas, compreendendo a gravidade e urgência do tempo presente, não promovam cultos públicos presenciais e considerem seriamente o uso de suas estruturas e pessoal para o desenvolvimento de ações que contribuam para o apoio a população e para o enfrentamento da pandemia. O momento exige responsabilidade e coragem a fim de preservar vidas, além de seguir as recomendações e orientações de instituições de saúde e científicas.
“Reconhecemos a ciência como dom de Deus para cuidar da vida humana e toda a sua criação. A fé e a ciência são aliadas, caminham juntas e exaltam o poder divino”, afirmam eles.
“Que o poder público – executivo, legislativo e judiciário – atue de forma coordenada para promover uma economia justa e voltada para o benefício das pessoas, a partir dos mais empobrecidos. Não há nenhuma razoabilidade em se opor a crise na saúde à crise econômica. É falsa tal divisão.
O momento é de grave crise na saúde pública e todos os esforços devem convergir para maior preservação possível de vidas. Não se pode minimizar uma situação de pandemia em favor de lucros. O foco precisa ser solidariedade e proteção social em prol da preservação da vida humana.”
E, por fim, propõem que o TSE assuma seu papel constitucional e proceda o imediato julgamento das Ações de Investigação Judicial Eleitoral que tramitam que pedem a cassação da chapa de Jair Bolsonaro e de Antônio Mourão em razão da disseminação de mentiras durante a campanha eleitoral, “prática que tem se mantido durante o governo, sendo agora alimentada por dinheiro público, como tem sido demonstrado e noticiado.
“A preservação de vidas e da democracia exigem ação imediata. Não há motivos que justifiquem ainda mais a prorrogação desse julgamento. Para que a justiça seja feita, sob a égide do Estado de Direito e para o bem estar social e da democracia.”







