Sem falar com o Pai há mais de 40 anos, Cartola o recebe e canta sua obra prima. O samba canção foi feito para uma filha, que se apressava a abandonar o lar paterno. Cartola não morreu. Os gênios não morrem, sublimam-se.
Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola, (Rio de Janeiro, 11 de outubro de 1908 — Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1980) é considerado por diversos músicos e críticos como o maior sambista da história da música brasileira. Cartola nasceu no bairro do Catete, mas passou a infância no bairro de Laranjeiras. Criou o Bloco dos Arengueiros, cujo núcleo em 1928 fundou a Estação Primeira de Mangueira. Após muitos anos desaparecido do cenário musical carioca, foi reencontrado em 1956 e voltou a cantar, indo a programas de rádio e compondo novos sambas para serem gravados. A partir daí, o compositor foi redescoberto por uma nova safra de intérpretes.
Em 1974, aos 66 anos, Cartola gravou o primeiro de seus quatro discos solo e sua carreira tomou impulso de novo com o sucesso de seus LPs, fazendo shows por diversas cidades brasileiras e mantendo o ritmo de trabalho até o final de sua vida, em 1980.
Logo depois de morrer foi consagrado por outro grande poeta, Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza, que chegou a separar-se do “Barão Vermelho” para interpretar a música da velha guarda do samba. Seu pai, produtor musical, lhe colocou o nome de Agenor em homenagem a Cartola. E ele acreditava que era a reencarnação do velho sambista.
Não deixe de ver também o vídeo em que Cartola canta “Peito Vazio”, que o You Tube sugere ao final do primeiro vídeo. Na TV Cultura, ele conta histórias deliciosas do “soldado” Nelson Cavaquinho, que abandonava o cavalo da força pública, em Mangueira, para beber e tocar seu instrumento. O cavalo acabava se soltando e voltando ao Batalhão. Mas Nelson bebia até dormir, embalado pela música da roda de samba.
