Pesquisa indica que agricultura no Cerrado pode trocar áreas de risco por pastagens degradadas

Boa parte da agricultura praticada no Cerrado, segundo maior bioma do Brasil e lar de 5% da biodiversidade do planeta, tem sido praticada de maneira irracional, estimulando o desmatamento enquanto traz alto risco para o negócio.

Segundo uma análise divulgada hoje em Brasília pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), durante o Seminário Nacional do Cerrado, cerca de 5,6 milhões de hectares da área de agricultura anual da safra 2015/2016 no bioma, de 20,7 milhões de hectares no total, está localizada em áreas de médio ou alto risco produtivo, com clima e solo desfavoráveis à atividade.

Para se tornarem viáveis, os produtores precisam investir pesadamente em insumos, e ainda têm de lidar com índices irregulares de chuva, por exemplo.

Em entrevistas realizadas pelo IPAM no Matopiba, região de Cerrado entre os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, 55% dos produtores entrevistados registraram perda de produtividade nas últimas oito safras. Desses, 52% afirmaram que as causas são climáticas, como redução ou atraso do período chuvoso. As entrevistas foram feitas em 91 fazendas de diferentes tamanhos e níveis médios de pluviosidade.

Ao mesmo tempo, há pelo menos 33,2 milhões de hectares de pastagem plantada, com baixa produtividade, que poderiam ser aproveitadas para a agricultura em todo o Cerrado, em áreas de baixo risco produtivo.

“Não é preciso desmatar mais nenhum hectare de Cerrado, e sim implementar políticas de inteligência territorial para evitar o desperdício”, afirma o pesquisador Tiago Reis, um dos responsáveis pela análise. “Grande parte do desmatamento no Cerrado é especulativo e também irracional, do ponto de vista agrícola e econômico. A agricultura deve se reorientar para ocupar áreas de pastagens com baixa produtividade e rentabilidade.”

Os dados foram apresentados no “Seminário Nacional do Cerrado”, organizado pelo IPAM, WWF e parceiros, que reuniu representantes do governo, incluindo o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, sociedade civil, universidades e setor privado nesta terça (05) em Brasília.

Essa deficiência de planejamento do uso do solo é um dos vários fatores que levaram o bioma a perder metade de sua vegetação nativa – 10% somente entre 2001 e 2016 – e numa velocidade mais alta do que o observado na Amazônia recentemente.

O Matopiba representa 62,5% do desmatamento de vegetação nativa do cerrado registrado pelo governo entre 2013 e 2015. Todos os dez municípios que mais desmatam nesse período estão localizados nessa região. Isso acontece pelo intenso processo de especulação fundiária na região, pela logística favorecida pela proximidade de portos estratégicos, como o de Itaqui, no Maranhão e, também, por produtores que fogem das regras mais rígidas que prevalecem na Amazônia. “É preciso minar a especulação fundiária impondo barreiras à expansão desordenada e irracional”, diz Reis.

Regras mais rígidas e aumento em áreas protegidas

De acordo com o Código Florestal, os imóveis rurais no Cerrado precisam preservar 35% de sua área na forma de reserva legal dentro da Amazônia Legal e 20% fora, enquanto na Amazônia o índice é de 80%. A criação de incentivos econômicos à conservação e à restauração previstos no Código Florestal, para evitar a conversão de vegetação nativa excedente dentro de fazendas consolidadas, poderia promover a recuperação dos passivos ambientais.

Torna-se mais importante do que nunca o planejamento inteligente do uso do solo, conciliando proteção do bioma com produção eficaz. Outras ações recomendadas envolvem um pacto multissetorial, incluindo todos os elos das cadeias produtivas agropecuárias, para não comercializar mais produção associada ao desmatamento no Cerrado; respeito aos direitos territoriais e valorização das populações tradicionais, que contribuem para a conservação do Cerrado; e mais pesquisa e monitoramento, para conhecer melhor o patrimônio genético do bioma, as relações e impactos da vegetação nativa sobre os ciclos hidrológicos tanto em processos geológicos como atmosféricos.

Outra questão fundamental é criar mais áreas protegidas no Cerrado: apenas 8% do bioma está nessa categoria. Dobrar esse índice, incluindo a destinação das terras federais e estaduais não destinadas, teria um impacto considerável na preservação.

Em outubro, empresas líderes no mercado internacional como Carrefour, McDonald’s, Nestlé, Unilever e Walmart lançaram uma carta em que reconhecem a importância do Cerrado por seu papel na mitigação das mudanças climáticas. A carta apoia o Manifesto do Cerrado, um documento divulgado em setembro por organizações ambientalistas, que pede para as empresas que compram soja e carne do Cerrado defendam o bioma.

As empresas afirmam que estão empenhadas em deter a perda de vegetação nativa associada à produção de produtos agrícolas e se comprometem em trabalhar com a indústria, produtores, governos e a sociedade civil para proteger paisagens naturais de importância mundial, dentro de um cenário de boa governança e políticas de planejamento de terras.

Fazenda no Cerrado registra recorde brasileiro na produtividade de trigo

Condições de clima favoráveis, boas práticas e novas cultivares desenvolvidas para a região explicam o bom resultado da cultura do trigo no Cerrado, que registrou nesta safra o recorde de produtividade do País: 139,8 sacos por hectare (sacos/ha), ou 8.388 quilos por hectare (kg/ha) de grãos, enquanto a média nacional é de 46,66 sacos/ha ou 2.800 kg/ha. Esse resultado foi alcançado pelo produtor Paulo Bonato, na fazenda Dom Bosco, em Cristalina (GO). O agricultor atingiu esse recorde de produtividade ao plantar, em 101 hectares de sua fazenda, a cultivar da Embrapa BRS 254.

Atualmente, 80% das variedades de trigo cultivadas no Cerrado foram desenvolvidas pela Embrapa. A mais utilizada é a BRS 264, plantada atualmente tanto na safrinha (sequeiro), quanto no sistema irrigado. Calcula-se que cerca de 65% das lavouras de trigo da região façam uso dessa cultivar. Já a BRS 254, que proporcionou os resultados na fazenda de Bonato, ocupa um espaço menor na região, mas possui alta qualidade industrial, elevada força de glúten, excelente estabilidade e é voltada para panificação. Outra cultivar da Embrapa utilizada por produtores da região é a BRS 394.

O produtor iniciou o plantio no dia 8 de maio, e a colheita foi finalizada em 21 de setembro. O custo de produção acabou sendo um pouco maior do que a média: ficou em R$ 3,7 mil/ha, sendo que normalmente esse número gira em torno de R$ 2,8 mil/ha a R$ 3,2 mil/ha. “O custo dele é um pouco maior, pois necessita de mais insumos, mais investimento, mais irrigação, usa mais defensivos, utiliza adubos foliares e micronutrientes”, contou o engenheiro- agrônomo responsável pela área de fomento do trigo da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), Claudio Malinski, referindo-se à lavoura de Paulo Bonato.

Bonato utilizou nesse plantio 190 quilos de sementes por hectare. “Noventa e seis por cento germinaram”, comemora o produtor. Uma grande preocupação dele foi com o controle da brusone do trigo. Além de aplicações preventivas de fungicidas, ele também utilizou produtos que fornecem resistência maior à doença:

“Credito essa produtividade a um conjunto de fatores: manejo adequado, cuidado em trocar o ativo dos fungicidas utilizados, ênfase aos aspectos nutricionais. E o clima que realmente ajudou muito. É uma grande satisfação produzir tão bem.”

“Os produtores rurais da região já conhecem bastante a cultura do trigo. Eles sabem conduzir bem a lavoura, fazem boas adubações com tratos culturais muito bem adequados. Somando-se a tudo isso, a genética do trigo é muito boa, e em 2017 contamos com a ajuda do clima, já que o frio fez com que o trigo desempenhasse seu potencial genético mais a contento”, analisou Claudio Malinski.

O frio de fato foi um grande diferencial. O produtor Vilson Baron, do grupo Agro Aliança, também conseguiu produtividades elevadas nesta safra com o trigo. Ele plantou em sua propriedade, em Água Fria de Goiás (GO), 114 hectares da BRS 264 e 80 hectares da BRS 254. Conseguiu produtividades de 127 e 131 sacos, respectivamente. O início do plantio se deu na primeira semana de maio e a colheita começou no dia 10 de setembro.

O produtor usou cerca de 200 quilos de sementes por hectare, e o custo de produção ficou em R$ 2,2 mil/ha, ainda sem contabilizar custos operacionais de plantio, pulverização, colheita e transporte. “Nossa média histórica está bem expressiva, estamos sempre na casa de 120 sacos”. Segundo Baron, o que muda normalmente é mesmo o clima. “Quando chove muito no mês de maio, temos problema com a brusone. Como este ano quase não choveu, pode-se dizer que foi quase perfeito para o trigo.”

Na Fazenda Capão da Onça, também em Água Fria de Goiás, o cultivo do trigo tinha ficado de fora há oito anos, voltando nesta safra para compor a rotação após a soja e o feijão sob pivô. O resultado surpreendeu os sócios Leomar Fontana, Joel Pes e Sergio Zimmermann, com a produtividade média de 129,3 sacos/ha, em 90 hectares, com a cultivar BRS 264. “O clima ajudou bastante a cultura do trigo, e houve até um longo período de frio nos meses de junho e julho, que permitiu às plantas apresentarem todo o potencial”, confirmou Leomar Fontana. A produção foi comercializada a R$ 800 a tonelada.

Já no Moinho 7 Irmãos, em Uberlândia (MG), a expectativa é abastecer 60% da moagem com trigo mineiro. A produção no estado foi de 230 mil toneladas, um crescimento de 5,2% com relação ao ano passado. Na avaliação da responsável por suprimento do Moinho, Isabel Alves, o volume de grãos foi considerado bom e capaz de abastecer o moinho até o início de 2018. “A qualidade é aceitável pela indústria, mas houve muitas variações no pH. Recebemos desde trigo básico a melhorador, o que está exigindo mais esforço na segregação”, explicou.

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O New York Times denuncia: fundos americanos compram terras no Brasil

Por Simon Romero, do The New York Times

Gigante norte-americana do investimento que administra as contas de aposentadoria de milhões de funcionários de universidades, professores de escolas públicas e outros trabalhadores, a TIAA-Cref se orgulha de promover valores socialmente responsáveis, e celebra sua participação no processo de redação dos princípios das Nações Unidas para compra de terras agrícolas, com o objetivo de promover a transparência, sustentabilidade ambiental e respeito pelo direito à terra.

Mas documentos demonstram que as incursões da TIAA-Cref à fronteira agrícola brasileira podem ter avançado na direção oposta.

A gigante financeira norte-americana e seus parceiros brasileiros despejaram centenas de milhões de dólares em aquisição de terras aráveis no cerrado, uma imensa região à beira da floresta amazônica na qual vem acontecendo desmatamento em larga escala para expansão da agricultura, o que alimenta preocupações ambientais.

Em uma complicadíssima empreitada, o grupo financeiro norte-americano e seus parceiros acumularam vastas propriedades agrícolas novas, a despeito da decisão do governo brasileiro, em 2010, de proibir participação estrangeira em transações dessa escala.

Cerrado:  cobiça de norte-americanos
Cerrado: cobiça de norte-americanos

Embora a ação governamental tenha bloqueado as ambições de outros investidores estrangeiros, a TIAA-Cref levou adiante suas intenções em uma parte do Brasil onde grassam os conflitos de terras, o que expõe a empresa e seus parceiros a acusações de que adquiriram terras de um especulador de credenciais suspeitas, acusado de empregar pistoleiros para roubar terras de agricultores pobres.

Os documentos possibilitam vislumbrar como um dos maiores grupos financeiros dos Estados Unidos participou daquilo que muita gente nos países em desenvolvimento define como apropriação indevida de terras.

Respondendo à disparada no interesse internacional por terras no país, o ministro da Justiça brasileiro em 2010 limitou significativamente a participação de estrangeiros em aquisições de terras agrícolas em larga escala.

Investidores ocasionalmente encaram esse tipo de transação como maneira de diversificar suas carteiras. Mas alguns funcionários de governos e ativistas afirmam que elas resultam na expulsão de agricultores pobres, na transferência do controle de recursos vitais de produção de alimentos a uma elite mundial, e na destruição de tradições agrícolas em troca de plantações em escala industrial que produzem comida para exportação.

“Já tinha ouvido falar de fundos estrangeiros tentando contornar a legislação brasileira, mas algo nessa escala é espantoso”, disse Gerson Teixeira, presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária e assessor de congressistas brasileiros, se referindo aos documentos sobre as aquisições de terras aráveis brasileiras pela TIAA-Cref.

Algumas das constatações são parte de um novo relatório por pesquisadores da Rede Social pela Justiça e Direitos Humanos, uma organização brasileira, e da Grain, uma organização sediada na Espanha que acompanha as aquisições mundiais de terras.

Joint Venture com a Cosan

As revelações sobre a TIAA-Cref demonstram que suas terras aráveis no Brasil chegaram aos 256.324 hectares em 2015, ante 104.359 em 2012, mais ou menos o momento em que a empresa começou a expandir suas transações, conduzidas por meio de uma joint venture com a Cosan, gigante brasileira do açúcar e biocombustíveis.

Stewart Lewack, porta-voz da TIAA-Cref, concordou em revisar diversos aspectos da complexa estruturação dessas transações, mas se recusou a discutir as aquisições de terras aráveis de forma direta. Ele intermediou outros contatos com executivos da Cosan, controlada por Rubens Ometto, bilionário cuja família opera no setor do açúcar desde os anos 30.

“A Cosan tem 70 anos de história na administração de terras agrícolas no Brasil, e tem compromisso para com elevados padrões de responsabilidade no investimento por meio das entidades que controla”, afirmou uma porta-voz da Cosan em declaração.

As duas empresas começaram a adquirir terras aráveis no Brasil em 2008, depois de formar uma joint venture chamada Radar Propriedades Agrícolas, com 81% de participação de uma subsidiária da TIAA-Cref e 19% da Cosan. Embora a Cosan informe às autoridades brasileiras que controla a joint venture por meio de seu assento no conselho da empresa, a TIAA-Cref mlista a Radar como uma das “afiliadas nas quais temos participação majoritária”.

Então surgiram as medidas brasileiras de repressão a aquisições de terras aráveis por estrangeiros, em 2010, um período de crescente nacionalismo quanto aos recursos naturais do país, exemplificado pelos esforços de impor maior controle ao setor de energia.

Na agricultura, as mudanças envolviam limitar a 5.000 hectares as vendas de terras a estrangeiros, a proibição a que eles controlassem mais de 25% das terras de qualquer município e a imposição de limites às operações de subsidiárias brasileiras de empresas estrangeiras.

“As medidas impuseram um freio ao investimento estrangeiro em terras brasileiras”, diz Kory Melby, norte-americano que oferece consultoria a investidores em agricultura no Brasil.

Mas em lugar de reduzir a escala de suas operações, a TIAA-Cref intensificou as aquisições de terras agrícolas brasileiras, se concentrando especialmente na fronteira agrícola dos Estados nordestinos do Maranhão e Piauí. Em 2012, a empresa criou um fundo mundial cujo foco era a compra de terras agrícolas no Brasil, Austrália e Estados Unidos, atraindo investimentos de fundos de pensão suecos e canadenses.

José Minaya, executivo da TIAA-Cref que responde pelos investimentos do grupo em terras agrícolas, defende esse tipo de transação, afirmando que elas são uma maneira de adquirir “um recurso finito” em um momento de crescente demanda mundial por alimentos.

“O Brasil nos oferece diversificação em termos de safras e climas”, disse Minaya a investidores em um vídeo sobre aquisição de terras agrícolas no maior país da América Latina.

Balsas, no Sul do Maranhão: fronteira, migrantes e conflitos de terras, agora com interesses de fundos de pensão norte-americanos
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Por conta da limitação ao investimento estrangeiro imposta em 2010, a TIAA-Cref e seus parceiros brasileiros criaram uma joint venture financeira para adquirir terras agrícolas. O grupo norte-americano detém 49% e a Cosan tem 51% de participação na empresa, de acordo com documentação apresentada às autoridades regulatórias brasileiras.

Embora o novo empreendimento no papel pareça ser uma empresa separada, na prática é difícil distingui-lo da parceria precedente.

As duas compartilham de muitos dos mesmos funcionários e executivos de primeiro escalão, e funcionam em escritórios na avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo, de acordo com pessoas conhecedoras das operações.

Além disso, o financiamento para as aquisições de terras agrícolas provém primariamente de subsidiárias da TIAA-Cref, em uma espécie de empréstimo que pode ser convertido em ações, de acordo com a documentação apresentada às autoridades regulatórias.

Os pesquisadores da Grain argumentam que essa estrutura empresarial torna possível à TIAA-Cref ocultar o controle que ela exerce sobre as terras agrícolas adquiridas.

“Eles podem dizer o que quiserem sobre o controle, mas a questão é que” essas estruturas “foram criadas apenas com o propósito de canalizar fundos da TIAA-Cref para terras agrícolas no Brasil”, disse Devlin Kuyek, pesquisador sênior da Grain.

Em declaração, a Cosan contesta essa posição. “Em todas as suas aquisições”, a joint venture “segue rigorosamente a legislação em vigor”, a companhia afirmou.

Os ativistas não acusam a TIAA-Cref e a Cosan de promoverem diretamente o desmatamento do cerrado. Em lugar disso, afirmam que as empresas adquiriram terras que já haviam sido desmatadas e obtidas por especuladores que podem ter usado táticas impiedosas.

Relações com grileiro

O relatório da Grain registra como a TIAA-Cref e a Cosan parecem ter adquirido diversas fazendas controladas por Euclides de Carli, uma figura nebulosa do mundo dos negócios descrito por legisladores, estudiosos, e agricultores espoliados brasileiros como um dos mais poderosos “grileiros” dos Estados do Maranhão e Piauí.

Os grileiros são conhecidos por suas táticas de prestidigitação burocrática, entre as quais a falsificação de títulos de propriedade rural guardados em latões cheios de insetos, o que os faz parecer antigos e explica o apelido.

Alguns grileiros também forçam agricultores a abandonar suas terras de diversas maneiras, o que inclui intimidar os ativistas que lutam pelo direito à terra e até assassinar agricultores pobres.

No caso de Carli, estudiosos brasileiros já descreveram como ele forçou dezenas de famílias a abandonar suas terras, usando táticas como a destruição de safras ou a queima da casa de um líder comunitário. Um proeminente legislador maranhense também acusou Carli de orquestrar o assassinato de um trabalhador rural por conta de uma disputa de terras.

Carli, que já foi alvo de investigações oficiais por suas compras de terras, não respondeu a pedidos de comentário. Em comunicado, a Cosan reconheceu que sua joint venture havia adquirido terras controladas por Carli, mas insistiu em que uma revisão abrangente em nível municipal, estadual e federal não havia identificado “qualquer processo criminal em nome do Sr. Euclides de Carli”.

“A avaliação conduzida”, afirmou a Cosan, “precisa observar documentos oficiais e informações que baseiem a segurança da aquisição”.

Mas promotores públicos que conhecem a atuação de Carli ainda assim expressaram surpresa por investidores proeminentes realizarem esse tipo de transação quando uma simples busca na Internet revela uma longa lista de acusações de apropriação indébita de terras contra Carli.

“Euclides de Carli é um dos principais grileiros da fronteira agrícola brasileira”, disse Lindonjonson Gonçalves de Sousa, promotor público que investigou as transações de terras de Carli.

“Não deveria ser segredo para pessoa alguma que ele tem presença proeminente nos conflitos de terra na região”.

Leia mais aqui sobre Euclides de Carli.

Cerrado receberá mais de U$10 milhões para tecnologias de baixa emissão de carbono

Foto de João Paulo Sotero
Foto de João Paulo Sotero

Uma parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) vai priorizar o bioma Cerrado no sentido de aumentar a área produzida com sistemas sustentáveis de produção e diminuir a pressão sobre as florestas nativas, contribuindo para a redução da emissão de gases de efeito estufa.

– Um projeto como esse possibilita que o produtor tenha um ganho econômico adotando esse sistema, com todas as tecnologias recomendadas. Haverá um ganho ambiental produzindo mais numa área menor, o produtor pode disponibilizar áreas que possam ser recuperadas. Há também um ganho social, porque o projeto prevê uma utilização maior de mão de obra e, com isso, geração de empregos – afirma o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Luiz Carlos Balbino.

Para isso, serão investidos US$ 10,6 milhões em recursos do Programa de Investimentos Florestais (FIP, na sigla em inglês). Esse montante será administrado pelo Banco Mundial para a realização de cursos sobre a recuperação das pastagens degradadas, integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iPLF),  sistema de plantio direto na palha e florestas plantadas. O Banco recebeu quatro projetos brasileiros, essa é o primeiro que foi aceito pela instituição.

– O Banco Mundial tem muito interesse neste esforço do Brasil. É um dos principais produtores agrícolas do mundo, e a agricultura é uma das principais fontes de emissão de gases do efeito estufa. A possibilidade de trabalhar na produtividade da agricultura brasileira e na mitigação das emissões de efeito estufa é uma coisa muito interessante para nós – explica David Tuchschneider, gerente do Banco Mundial.

As áreas onde serão aplicadas as tecnologias são antropizadas, ou seja, suas características originais foram alteradas por consequência da atividade humana e estão em degradação.

– Mais de 80% do pasto do cerrado está degradado. Essa tecnologia é muito importante. Porque, conseguindo recuperar essa área de pastagem, conseguimos atingir a meta estabelecida pelo Brasil na COP15 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) sobre a redução de carbono – relata Matheus Tavares, assessor técnico do Senar.

Os cursos serão ministrados para produtores rurais do bioma Cerrado. O projeto prevê ainda a formação de prestadores de assistência técnica nas tecnologias que contribuem para a baixa emissão de carbono para a assessoria a produtores selecionados. A expectativa é que o projeto chegue até 12 mil produtores, espalhados em nove Estados.

– Isso vai trazer informações para o produtor, além dessa capacitação tem o componente de assessoria técnica em campo. O produtor terá assessoria para implantar o que aprendeu – completa Tavares. Veja a matéria completa no Canal Rural.

2A lâmpadas

Focos de incêndio incluem Luís Eduardo em situação de emergência

Por conta dos focos de incêndio, foi decretada situação de emergência em 60 municípios baianos, desse total, 45% localizados na região oeste. 
A decisão foi tomada pelo governador Jaques Wagner com base em informações da Coordenadoria de Defesa Civil do Estado (CORDEC) – órgão da estrutura da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza da Bahia.
Os municípios que tiveram os decretos de situação de emergência homologados pelo Governo do Estado no oeste são: Angical, Baianópolis, Barreiras, Brejolândia, Brotas de Macaúbas, Buritirama, Canápolis, Carinhanha, Catolândia, Côcos, Correntina, Cotegipe, Cristópolis, Feira da Mata, Formosa do Rio Preto, Jaborandi, Luís Eduardo Magalhães, Mansidão, Riachão das Neves, Santa Maria da Vitória, Santa Rita de Cássia, Santana, São Desidério, São Félix do Coribe, Serra Dourada, Tabocas do Brejo Velho e Wanderley.

Plantio direto em solos arenosos é tema de palestras.

Dia 14 de setembro, quarta-feira, acontece reunião técnica promovida pela Agrolem, com o tema “Manejo da Fertilidade em Solos Arenosos sob Plantio Direto”. A programação é a seguinte:

8:30 – abertura Vinicius Benites, Embrapa Solos, coordenador projeto Aduba Brasil

8:45- Dr Alexey Naumov – apresentação institucional IPI (Instituto Internacional do Potássio)

9:05 – Dr Valter Casarin – apresentação institucional IPNI

9:25 – Dra Ana Turetta – Mapeamento e sensoriamento

9:55 – Coffee Break

10:10 – Dr. José Carlos Polidoro – resultados dos experimentos em LEM

10:40 – Ingbert Dowich – resultados práticos dos experimentos em LEM

11:10 – Dra Maria Conceição Carvalho – Manejo da fertilidade em algodão

11:40 – Mesa redonda para discussão até as 12:30 (Dr. Vinicius Benites)

12:30 – Distribuição de brindes para os produtores (Camisas da Rede FertBrasil)

 

Uma reunião para debater controle do fogo.

Aconteceu nesta quinta-feira, 2, no auditório central, na Bahia Farm Show, em Luís Eduardo Magalhães, um encontro de entidades, que têm responsabilidades quanto à questão ambiental, com a proposta de discutir o papel de cada instituição no processo de manejo do fogo.

Foram enfatizadas as principais necessidades como instalação do Corpo de Bombeiros, em LEM, fortalecimento do PAM – Plano de Ação Mútua, treinamento da brigada de incêndios e dos pequenos e grandes produtores rurais, além da competência municipal em autorizar o fogo controlado.

Também foi colocado que o Estado deve notificar o DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes para limpar as áreas de domínio. Outro ponto exposto é que deve-se montar uma estratégia de combate e prevenção e uma rede de comunicação para combater o incêndio.

Para secretária de Meio Ambiente Fernanda Aguiar é preciso avançar com relação a esses pontos e dentro de um ano, alcançar-se resultados positivos.

Presente à reunião, a secretária municipal de Saúde Maira de Andrada Santa Cruz propôs que os agentes de saúde podem ser parceiros, orientando quanto aos perigos das pontas de cigarro, lançada sobre o cerrado, às margens das rodovias.

O encontro teve a participação do secretário estadual do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, do analista ambiental do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, (Prevfogo) – Denílson Barbosa, capitã Rejane, do Corpo de Bombeiro de Barreiras, Duardo Francisco, coordenador do PAM – Plano de Ação Mútua.