Bahia: apesar do maior desarmamento, 4º estado em homicídios com armas de fogo.

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO) aprovou no dia 20 de março o requerimento nº 201/2013, do deputado Major Fábio (DEM-PB), para realização de audiência pública sobre os elevados índices de violência nos estados de Alagoas, Bahia, Paraíba e Pernambuco.

Em contrapartida, no último dia 18, o Palácio do Planalto divulgou o balanço mensal da Campanha de Desarmamento. Na primeira metade de março foram entregues voluntariamente 1.022 armas de fogo em todo o País. E, desde janeiro foram recolhidas oito mil armas.

No ranking nacional de arrecadações, a Bahia mantém o primeiro lugar, seguida por Pernambuco (4º) e Alagoas (5º). Apesar disso, estes estados ocupam a 4ª, 6ª e 1ª posição, respectivamente, na taxa de homicídios por arma de fogo, segundo o Mapa da Violência 2013.

De acordo com o estudo, realizado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, divulgado esse mês, entre as capitais, Maceió (AL) ocupa a 1ª posição (94,5 mortes por 100 mil habitantes), João Pessoa (PB) a segunda e Salvador (BA) ficou com a 4ª posição.

Estas regiões tiveram destaque, também, em levantamento da ONG Mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal, que apontou as 50 cidades mais violentas do mundo. Nesse ranking, Maceió ocupou a 6ª posição e João Pessoa ficou com a 10ª.

Das 34 nações que figuram o estudo, o Brasil encontra-se em 13º lugar com uma taxa de 29,68 homicídios por 100 mil habitantes. Das 50 cidades mais violentas do mundo, 15 são do Brasil: João Pessoa (10º), Manaus (11º), Fortaleza (13º), Salvador (14º), Vitória (16º), São Luís (23º), Belém (26º), Cuiabá (28º), Recife (30º), Goiânia (34º), Curitiba (42º), Macapá (45º), Belo Horizonte (48º) e Brasília (49º), que ingressou na lista em 2012.

armas de fogoOs dados contradizem a política nacional de desarmamento que não reduziu os homicídios no País e, ao contrário, aumentou os índices de violência nos Estados que tiveram maior entrega voluntária de armas de fogo em campanhas de desarmamento. Além disso, as políticas restritivas ao acesso legal de armas e munições, impostas pelo Estatuto do Desarmamento, contribuíram, apenas, para o aumento da ilegalidade e do contrabando.

De acordo com o Sistema Nacional de Armas (SINARM), da Polícia Federal, havia no país 8.974.456 armas de fogo com registro ativo em 2010. Porém, em 2012 o número passou para apenas 1.291.661. Com isso, 7.682.795 armas não estão com os registros ativos na Polícia Federal e encontram-se ilegais.

Desde 2012, a Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam) vem propondo ao Ministério da Justiça auxilio para promover uma nova campanha com o intuito de incentivar o registro das armas de fogo em situação ilegal. Além desta, outras ações, como a colocação de chip em armas, rastreamento de munição em lotes padrão, distribuição de material educativo para crianças e adultos, foram propostas, visando contribuir para o controle de armas de fogo e munições pela polícia e também para a redução da ilegalidade no País.

Segundo o presidente da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições, Salesio Nuhs, os Estados precisam admitir que o problema dos homicídios são as atividades criminosas e combatê-las com vigor por meio de melhorias nos processos de investigação, no combate a ilegalidade nas fronteiras brasileiras e no julgamento e condenação dos criminosos.

“Os Estados demandam urgentemente reformas estruturais em todo sistema de justiça criminal, especialmente uma reforma na segurança pública e nas instituições policiais” afirma Nuhs.

Desarmar o cidadão é simples. Difícil é desarmar o bandido.

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11 das 47 cidades mais violentas do País estão na Bahia.

As estatísticas do Instituto Sangari  e Ministério da Justiça apontam que, das 47 cidades mais violentas do País, 11 estão na Bahia: além de Porto Seguro, Teixeira de Freitas, Lauro de Freitas, Eunápolis, Simões Filho, Santo Amaro, Ilhéus, Valença, Itabuna, Itamaraju e Jacobina.

No gráfico, a linha vermelha demonstra o crescimento dos homicídios no País; a linha vinho, a capital e a região metropolitana de Salvador. A linha verde, o crescimento dos homicídios no interior do Estado. E a linha amarela, o crescimento do número de homicídios em todo o Estado. Os números são de homicídios por grupo de 100 mil habitantes.

O Mapa da Violência 2012 do Instituto Sangari pode ser acessado completo, em pdf, clicando aqui.

Barreiras entre as 20 cidades mais violentas da Bahia.

Foto de Manu Dias

De todos os homicídios que acontecem na Bahia, 80% são registrados em apenas 20 dos 417 municípios baianos. Barreiras está entre estas 20 cidades. Efetivamente são os maiores aglomerados urbanos da Bahia, o que facilita às autoridades o combate ao crime.

Estes e outros dados foram citados nesta segunda-feira (6) durante o lançamento oficial do Programa Pacto Pela Vida, do governo do estado, no Centro de Convenções. O programa visa diminuir a violência, especialmente os homicídios, em toda Bahia.

Os dados são da pesquisa “Mapa da Violência 2011″, divulgada este ano pelo Instituto Sangari, e serviram de base para a criação do Pacto. A pesquisa é a mesma que apontou que Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, é a segunda cidade mais violenta do país. Itabuna é a campeão em homicídios na faixa dos 15 aos 24 anos na Bahia.

As cidades que concentram a violência no estado são Salvador, Feira de Santana, Camaçari, Itabuna, Lauro de Freitas, Vitória da Conquista, Simões Filho, Juazeiro, Dias D’Ávila, Porto Seguro Eunápolis, Barreiras, Candeias, Ilhéus, Paulo Afonso, Valença, Jequié, Casa Nova, Alagoinhas e Itaparica.

Durante o lançamento, também foi destacada a violência contra a mulher – a Bahia é o estado do Nordeste que mais registra agressão contra a mulher, com 30% dos casos. Em Salvador, são 25 queixas do tipo por dia.

O Pacto pela vida prevê mais investimentos na prevenção e combate à violência. Entre as ações, estão previstas a compra de 500 novas viaturas, contratação de 150 policiais civis, concurso para a polícia técnica e a convocação de policiais militares aprovados no último concurso.Com informações da Ascom do Governo da Bahia, editadas por este jornal. Foto de Manu Dias, da Ascom.