
Do jornal O Estado de São Paulo
O piloto do jato que levava Eduardo Campos foi alertado pela Aeronáutica da existência de uma área reservada para voo de Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) nas proximidades da Base Aérea de Santos. O documento da FAB informa que, entre os dias 11 e 31, os pilotos deveriam estar atentos a este fato.
A FAB confirmou ter emitido o alerta aos pilotos sobre uma área permitida para voo dos vants “a cerca de 20 quilômetros de separação da pista de pouso do aeródromo de Santos”. A nota ressalva, no entanto, ser esta área “bem distante da possível trajetória” do jato.
A Força Aérea, contudo, não descarta a possibilidade de haver algum vant operando no momento do acidente, assim como não descarta qualquer possibilidade que possa ter levado à queda do jato.
Três pilotos ouvidos pelo jornal O Estado também avaliaram que a área permitida aos vants é bem distante do aeroporto, mas ponderaram que ainda não é possível descartar a hipótese de deslocamento. “Era uma área que estava ativada para vant. Não deveria se descolar, mas é claro que pode acontecer”, afirmou Rodrigo Spader, diretor de regulação do Sindicato Nacional dos Aeronautas. “Tudo é possível, mas nós não vamos trabalhar com hipóteses. Vamos aguardar a investigação.”
Especialista em investigação de acidentes aéreos, o comandante Carlos Camacho afirmou que “não se descarta a possibilidade de que um vant possa ter colidido com o avião” de Campos. “Temos de lembrar que o vant voa. Como é um objeto pequeno, se ele estava na linha pode ter contribuído para a explosão do motor”, completou.
Camacho não arrisca a apontar a causa do acidente. Mas, com as informações disponíveis, ele considera razoável pensar que o controle dos pilotos sobre a aeronave foi afetado pouco antes ou durante o processo de arremetida. “Algo aconteceu nesses segundos que antecederam a decisão ou após essa decisão.”
Os Comandos da Marinha e do Exército foram consultados sobre a possibilidade de terem vants voando na área. O Exército informou que a 1.ª Brigada de Infantaria Antiaérea, no Guarujá, tem vant, mas “ele não estava sendo empregado quarta-feira para treinamento”. A Marinha disse que não tem nenhum navio na região. A PF também negou que seu vant estivesse em operação no local.
E as gravações de cabine, foram parar onde?
A FAB (Força Aérea Brasileira) informou nesta sexta-feira (15) que o áudio disponível no gravador de voz da caixa-preta do avião que caiu e matou Eduardo Campos não corresponde ao voo que resultou no acidente na última quarta-feira (13).
Segundo a FAB, ainda não foi possível identificar a data dos diálogos registrados no gravador. O equipamento disponível na aeronave que Campos usava não registra essa informação. O áudio analisado pelos peritos tem duração de duas horas.
A FAB afirmou ainda que os motivos de o áudio obtido não corresponder ao último voo do avião serão apurados durante o processo de investigação. O gravador de voz deve sempre gravar as duas últimas horas de voo.
O órgão também afirma que os dados obtidos no gravador de voz são um dos elementos levados em consideração durante o processo de investigação, mas que não são “imprescindíveis” para determinar as causas do acidente.
O avião também não tinha outro equipamento importante para investigar e conseguir informações sobre os últimos instantes do voo, o gravador de dados, que registra altitude, velocidade, fluxo de combustível, entre outras informações.

