Para suprir o deficit de profissionais no mercado de trabalho do setor de transporte, o presidente do Sest Senat e da CNT, senador Clésio Andrade, autorizou o desenvolvimento de um projeto nacional para fornecer, de maneira gratuita, a primeira habilitação a 50 mil jovens em todo o Brasil.
O projeto, que será realizado pelo Sest Senat, prevê o custeio de todos os procedimentos necessários para a obtenção da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) categoria B. O jovem terá que cumprir os seguintes pré-requisitos: ter mais de 18 anos, renda familiar de até três salários mínimos, saber ler e escrever, participar dos cursos de formação inicial oferecidos pelas mais de cem unidades do Sest Senat e assinar um termo de compromisso que irá trabalhar no setor de transporte.
Para a seleção dos jovens, o Sest Senat utilizará as suas unidades de atendimento, os sindicatos e as empresas de transporte rodoviári o de cargas e de passageiros.
O Senador pode estar bem intencionado, mas a medida de pouco adianta. Só Luís Eduardo Magalhães teve 8 mil novas carteiras de habilitação no ano passado. A grande maioria de jovens de parcos recursos e para a qual a habilitação é condição para assumir um novo emprego. Com as taxas do Governo, o custo de uma habilitação custa agora seguramente mais de R$1.600,00 e com a nova moda do simulador chegará perto de R$1.900,00.
Dois terços das cargas transportadas e 90% dos passageiros viajam pelas estradas. Mesmo assim sobe a taxa de estradas em má conservação no País. A pesquisa da CNT não fala de saturação de rodovias, com tráfego superior à sua capacidade de escoamento. E nem da escolha estratégica errada de 50 anos de desgovernos no País, que abandonou a navegação de cabotagem, a navegação fluvial e, principalmente os trens. A malha férrea brasileira é menor hoje que há 50 anos e está amplamente sucateada. A ferrovia Norte Sul está desde 1986 em construção e ainda não está operacional. E a Oeste Leste é apenas uma promessa.
O investimento público federal em rodovias em 2013 deveria ser de R$12,7 bilhões, mas o total pago até o início de outubro era de apenas R$4,2 bilhões.
Segundo a CNT, 30 mil km precisam ser duplicados e 18 mil km construídos, com investimento de R$355 bilhões.
BR 317, no Acre. Na região amazônica, as piores estradas.
O estado geral das rodovias brasileiras teve uma piora no último ano. De acordo com a Pesquisa CNT de Rodovias 2013, 63,8% da extensão avaliada apresentam alguma deficiência no pavimento, na sinalização ou na geometria da via. Em 2012, o índice havia sido de 62,7%. Também aumentaram os pontos críticos, passando de 221 para 250. São consideradas como pontos críticos situações que trazem graves riscos à segurança dos usuários, como erosões na pista, buracos grandes, quedas de barreira ou pontes caídas.
Em relação à sinalização, 67,3% da extensão pesquisada apresentam algum problema. No ano passado, o percentual era de 66,2%. O pavimento tem alguma deficiência em 46,9% do total avaliado. Em 2012, o índice era 45,9%. E em relação à geometria, o percentual da extensão que não se encontra favorável passou de 77,4% para 77,9%. Conforme o estudo, a maior parte da extensão pesquisada (88%) é formada por pistas simples e de mão dupla e 40,5% do total avaliado não possuem acostamento.
Regiões produtoras, onde as estradas são mais necessárias, o asfalto desapareceu
Esta é a 17ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias e foram avaliados 96.714 km em 30 dias de coleta em campo. São pesquisadas toda a malha federal pavimentada e as principais rodovias estaduais.
De acordo com o presidente da CNT, senador Clésio Andrade, os números mostram a necessidade urgente de aumentar os investimentos nas rodovias brasileiras, principalmente em duplicação.“O governo tem uma dificuldade gerencial. Muitos projetos não saem do papel. Há um excesso de burocracia. Os investimentos precisam ser ampliados de fato para que o Brasil possa melhorar sua competitividade”, diz o senador.
Em 2013, o total autorizado pelo governo federal para investimentos em rodovias é de R$ 12,7 bilhões, muito pouco perto dos R$ 355,2 bilhões que a CNT estima que as rodovias do país precisam. Entretanto, apenas 33,2%, ou R$ 4,2 bilhões, foram pagos até o início de outubro. Em 2012, do total autorizado (R$ 18,7 bilhões), foram pagos R$ 9,4 bilhões (50,3%).
Custo operacional
O presidente da CNT destacou ainda que a atual situação das rodovias brasileiras tem um efeito ruim para o transporte e para a economia. “As condições do pavimento geram um aumento médio no país de 25% no custo operacional do transportador. Esse valor é muito elevado e dificulta o desenvolvimento”, avalia o senador Clésio Andrade. A região que apresenta o maior incremento nesse custo operacional devido ao pavimento é a Norte (39,5%), seguida pelo Centro-Oeste (26,8%), Nordeste (25,5%) e Sudeste (21,5%). O menor acréscimo de custo ocorre no Sul (19%).
Concessão
A pesquisa mostra a diferença de qualidade das rodovias na comparação entre a extensão sob jurisdição federal ou estadual e as extensões concessionadas à iniciativa privada. O senador Clésio Andrade enfatiza “que as concessões são fundamentais para permitir o investimento necessário para melhorar a infraestrutura rodoviária do país”.
A comparação com as concessionadas mostra que as maiores dificuldades estão nas rodovias mantidas pelos governos federal e estaduais. Em relação ao estado geral, apenas 2,7% da extensão sob gestão pública foi considerada ótima e 24%, boa. Já em relação ao estado geral das concedidas, os percentuais de classificação de extensão ótima e boa são de 48,5% e de 35,9%, respectivamente
Meio ambiente
Rodovias com estado de conservação adequado também são fundamentais para o meio ambiente. Proporcionam uma economia no consumo de combustível de até 5% na comparação com rodovias que apresentam alguma deficiência. Se for considerado o consumo de óleo diesel no Brasil em 2013, com a melhoria das condições do pavimento, seria possível uma economia de 661 milhões de litros (R$ 1,39 bilhão) e uma redução da emissão de 1,77 megatonelada de gás carbônico, principal gás de efeito estufa.
Importância
A Pesquisa CNT de Rodovias é uma importante ferramenta para se conhecer melhor o perfil da malha rodoviária, para saber quais são os principais problemas e, assim, incentivar o investimento adequado nas políticas públicas que garantam um transporte de qualidade. É a maior avaliação nacional de infraestrutura rodoviária realizada no país.
No Brasil, cerca de 65% da movimentação de cargas e 90% da movimentação dos passageiros ocorrem pelas rodovias. O estudo da CNT é mais uma contribuição da Confederação Nacional do Transporte para a busca do constante aperfeiçoamento e crescimento do setor de transporte no Brasil. Da assessoria de comunicação da CNT, com edição e comentários deO Expresso.
Senadores do PR vão deixar o bloco de apoio ao governo federal no Senado depois da “limpeza” promovida pela presidente Dilma Rousseff no Ministério dos Transportes –com o afastamento de pelo menos 24 integrantes da pasta que tem o partido em seu comando.
O líder do partido no Senado, Magno Malta (PR-ES), conseguiu o apoio dos outros seis senadores da bancada para assinarem documento que formaliza o desembarque.
O último a aderir ao documento, senador Clésio Andrade (PR-MG), cedeu aos apelos de Malta e assinou o documento no final desta tarde. Depois de receber ligação do líder, Andrade aceitou aderir à decisão.
O documento contraria decisão do PR de reunir seu comando nacional para tomar a decisão conjuntamente. A expectativa era que a executiva nacional da sigla se reunisse nesta semana para deliberar sobre as consequências das demissões no Ministério dos Transportes no partido.
Malta disse que “não faz sentido” ao PR continuar no bloco do governo sem ter forças para ser ouvido na Casa. “Vamos continuar na base [de apoio ao governo] porque eu acredito na Dilma. Mas vamos sair de bloco. Para que bloco? Não quero concordar com o execramento público de inocentes que estão sendo arrastados para o esgoto porque alguns estão se fazendo de paladinos da moralidade.”
O senador Blairo Maggi (PR-MT) cobrou da presidente a mesma postura “dura” adotada com o PR em relação as outros partidos que ocupam ministérios acusados de corrupção.
“Depois do PR, já dois partidos sofreram denúncias e nada foi feito. Por que só o PR? Eu espero por parte da Presidência o mesmo tratamento que foi dado ao PR: a mesma rapidez, o mesmo jeito. Que afaste as pessoas,veja se há problema ou se não há e traga de volta aqueles que não tem problema algum.” Texto de CATIA SEABRA e GABRIELA GUERREIRO, da Folha, em Brasília.