
A secretária de Meio Ambiente, Fernanda Aguiar, lamentou hoje, em entrevista, que os revendedores de pneus de Luís Eduardo Magalhães ainda não tenham dado uma solução para os depósitos de pneus inservíveis. Fernanda ressalta que o passivo ambiental causado pelos pneus é de responsabilidade dos fabricantes e dos seus revendedores, conforme resolução do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente de setembro de 2009. A Associação da Indústria Brasileira de Pneumáticos, através da sua ONG Recicla-MIP encarrega-se de dar destino aos pneus, que serão queimados em altos fornos de cimento ou pulverizados para revestimento de rodovias em mistura com asfalto convencional. O problema reside no fato de que os pneus de Luís Eduardo precisam ser armazenados em local fechado, o chamado Ecoponto, a espera do caminhão da ONG que se desloca assim que são reunidos 3.000 pneus pequenos ou 300 grandes, mais ou menos 24 toneladas de borracha.
Há poucos dias, um caminhoneiro reclamou que as lojas que trocam os pneus não admitem ficar com os inservíveis. Um empresário, Mauro Borges, chegou a tentar instalar um Ecoponto, mas desistiu 3 meses depois pela falta de colaboração monetária das revendas no aluguel e despesas gerais do galpão. Os empresários do ramo reivindicam, por outro lado, a contribuição da Prefeitura, que, amparada pela lei, exime-se da responsabilidade de armazenamento dos pneus enquanto não são recolhidos.

Na realidade, o problema não é só de Luís Eduardo. Vilien Soares, diretor-geral da Associação da Indústria Brasileira de Pneumáticos, lembra que, nos últimos três anos, entraram 25 milhões de carcaças de pneus usados no Brasil. ”Isso é mais que o dobro da capacidade de produção das empresas de remoldagem. Ou seja, mais da metade do que é importado ou é vendido como pneu meia-vida ou é lixo direto, constituindo crime por desvio de caminho”, alerta, de olho em seu próprio mercado. Ele denuncia, em matéria de Sonia Racy, no Estadão, que o País pode tornar-se o maior depósito de pneus usados do mundo (veja aqui), porque a importação de carcaças inservíveis é bem paga por fabricantes de outros países desenvolvidos, pressionados pela legislação ambiental rígida.
