O jornal o Globo afirma hoje que nos últimos 15 anos morreram 212 pessoas em conflitos agrários no Sul do Pará, contando aí aquelas 19 que morreram em confronto com a PM em Carajás. O que o Globo não comenta é que em Marabá e região morre-se pelos motivos mais fúteis e morrem muitos. Segundo dados da Polícia Civil, em 2011, foram registrados, nos dois primeiros meses, 459 homicídios no Pará. Do total, 309 no interior e 150 na Região Metropolitana
de Belém. Em janeiro, houve na grande Belém, 81 homicídios e no interior 164. Apenas em janeiro, portanto, 245 homicídios. Já em fevereiro, foram 69 homicídios na região metropolitana e no interior 145. Um total de 214 homicídios em fevereiro.
Policiais corruptos, tanto na Polícia Civil como na Militar, absoluta falta de infraestrutura policial e migrantes de todo o País, além da herança maldita do ouro de Serra Pelada compõem uma massa explosiva na segurança do Pará.
Particularmente, tivemos uma experiência hilária, se não fosse trágica. Ao atravessar a barca na divisa do Tocantins com o Pará, policiais fardados mandam o carro parar. Um guardinha da PM põe a cabeça para dentro do carro e vendo quatro senhores com cara de sulistas, pergunta:
-“Algum dos senhores é juiz, promotor, polícia ou advogado?”.
Diante da nossa negativa, ele completa, já mais descontraído:
“Então deixa 10 reais de gorjeta prá nóis”.
A força que as ONGs e instituições fundamentalistas estão fazendo para ligar os últimos dois assassinatos da Região Sul do Pará à votação do novo Código Florestal é enorme. Aquela reunião presidida pelo presidente em exercício, Michel Temer, ontem, no Planalto, é apenas o resultado da pressão política desta ala nebulosa do terceiro setor, que nem sempre atende os interesses do País.
