Na Copa, imperialistas estão sendo humilhados

Súditos da Rainha Vitória voltam com a viola no saco.
Súditos da Rainha Vitória voltam com a viola no saco.

A Copa do Mundo de futebol afinal nos dá alguma satisfação. Dois grandes imperialistas e colonizadores já estão com passaporte carimbado para voltar aos seus países: Inglaterra e Espanha.

Tão arrogantes que vieram, tão humilhados que voltarão.

Agora é torcer contra Holanda, Bélgica (eles fizeram horrores no então Congo Belga), França (histórias terríveis no Vietnã e Argélia) e Estados Unidos. Este não deve passar das oitavas, se lá chegar. Até em futebol deveríamos torcer assim, contra a opressão, pela liberdade. O problema vai ser mandar de volta a Alemanha. Aí o buraco é mais embaixo.

saude corpo 2

Washington Post: corrupção elevou custo da Copa no Brasil

Estádio Mané Garrincha, Brasília: o que fazer com ele depois da Copa.
Estádio Mané Garrincha, Brasília: o que fazer com ele depois da Copa.

O portal do The Washington Post publicou, neste dia 12, uma longa reportagem sobre a corrupção nas obras da Copa do Mundo de futebol.

“Esta não é uma história com um bom final. Com pouco mais de um mês, até a Copa do Mundo começar no Brasil, a Associated Press saiu com um relatório contundente hoje descrevendo a corrupção desmedida e disparada dos custos que têm perturbado a preparação do País . Aqui estão as cinco coisas mais tristes e chocantes que aprendemos :

1) Um dos estádios mais caros do mundo tem um futuro fraco. O estádio Mané Garrincha Copa do Mundo em Brasília, uma cidade de cerca de 2,5 milhões de pessoas, custou cerca de US $ 900 milhões em recursos públicos para construir , o que torna o estádio de futebol de segunda maior custo da história . ( O primeiro é Wembley Stadium de Inglaterra em US $ 1,25 bilhão. ) O orçamento deveria ser de US $ 300 milhões, mas a fraude acabou triplicando o preço, conforme a AP informa . Talvez seja um investimento para o time da cidade de Brasília ? Não.  Brasília não tem um grande time de futebol profissional.

2) As discrepâncias de preços são ridículas. Relatório do auditor independente atribuído 4,700 dólares para cobrir os custos de transporte de arquibancadas pré-fabricadas para estádio de Brasília. Mas o consórcio construtor cobrada ao governo US $ 1,5 milhões, informa a AP . Isso é um 318 vezes o custo original. Ou, em termos mais malucos , a 31.000 por cento de aumento.

3) Os políticos e as políticas têm muito a ver com os problemas . Andrade Gutierrez , o conglomerado de construção que foi premiado com participações em contratos que totalizam cerca de um quarto de US$11,5 bilhões do  preço da Copa do Mundo , contribuiu com US$73.180 para as eleições municipais de 2008 de , a AP informa . Em 2012, depois de ter sido conhecido o projeto da Copa do Mundo, as contribuições políticas da empresa subiram para 37,1 milhões dólares . É um aumento de 50.000 por cento.

4) Pelo menos investigadores federais têm segurança no emprego. A Copa do Mundo ainda nem começou e “há pelo menos uma dúzia de investigações federais separadas em gastos da Copa do Mundo “, relata a AP . Isso parece muito até que o AP passa a reportar 40 por cento dos parlamentares brasileiros têm casos criminais pendentes contra eles, de acordo com um grupo de vigilância chamado Congresso em Foco.

5) Alguns brasileiros estão desanimados em sediar a Copa do Mundo . “Isso é um monumento à tristeza nacional e de resíduos”, diz o  guarda de segurança Paulo Rodrigues “Eu não sou contra a Copa , mas estou frustrado com os gastos e a corrupção todos nós sabemos que ela envolve. Quando os políticos constroem uma estrada , mesmo que haja propinas , pelo menos, no final, temos uma estrada. Com este estádio, não temos nada.”

A corrupção no Brasil assusta os estrangeiros por que eles não conhecem o caráter pandêmico dessa doença que ataca os órgãos governamentais, iniciativa privada e organizações do terceiro setor. Nos três poderes constituídos a corrupção ataca: nas pequenas câmaras municipais do interior, nas prefeituras, no governo dos estados, no governo federal, nos tribunais de todas as instâncias, nas forças de segurança de qualquer nível e principalmente nas assembleias e no congresso. Vai chegar um dia que, ao se encontrar um cidadão probo, será exibido em praça pública como raridade.

 

Conta da Copa já passa do R$27 bilhões

Os gastos estimados da Copa do Mundo do Brasil subiram de R$ 25 bilhões para R$ 27,4 bilhões, segundo estudo divulgado nesta semana pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A principal novidade do levantamento é a previsão de gastos federais de R$ 371 milhões em telecomunicações.

O último estudo consolidado do TCU foi divulgado em março. Desde então, as cidades-sede que registraram o maior salto de investimentos foram São Paulo (R$ 4,9 bilhões em março para R$ 6,2 bilhões em junho), Natal (de R$ 1 bilhão para R$ 1,7 bilhão) e Curitiba (R$ 318 milhões para R$ 863 milhões).

Senado aprova Lei da Copa a 2 anos do início

O plenário do Senado aprovou no final da noite de ontem o projeto de Lei Geral da Copa de 2014 e da Copa das Confederações de 2013. Foram rejeitadas todas as emendas apresentadas em plenário para modificar o relatório da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) e de mais três relatores das comissões, entre elas a que mantinha o Artigo 13 A do Estatuto do Torcedor. Ele proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, deixando a decisão sobre liberação durante as competições da Federação Internacional de Futebol (Fifa)  para os governos estaduais e do Distrito Federal onde ocorrerão jogos das duas competições internacionais.

A aprovação ocorreu em votação simbólica, em que os senadores são consultados em conjunto sobre suas posições favoráveis ou contrárias, conforme a orientação dos líderes de bancadas, pela senadora Marta Suplicy (PT-SP), que presidiu a sessão.

Com a suspensão do Artigo 13, os estados e o Distrito Federal, onde há proibição estadual para esse comércio, deverão negociar diretamente com a Fifa a liberação da venda de bebidas .

O projeto de lei segue agora para a sanção da presidenta Dilma Roussef, que terá 15 dias para o ato.

Olha aí o mais novo colorado!

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) reafirmou nesta terça-feira (14) sua confiança na escolha do estádio colorado feita pela FIFA. “O plano A é o Inter e o plano B é o Inter”, disse sendo aplaudido pelos dirigentes do clube em coletiva de imprensa. Foto de Ramiro Furquim, do site Sul21.

Negromonte parcialmente inocentado no assunto VLT de Cuiabá. Foi Dilma quem ordenou.

Texto de José Antonio Lima, da revista Época.

A Folha traz nesta sexta-feira (25) uma reportagem que ajuda a entender o imbróglio a respeito da polêmica mudança feita no projeto de transporte público de Cuiabá para a Copa do Mundo de 2014. A capital mato-grossense desistiu de implantar uma linha rápida de ônibus (BRT) em favor de uma construção de um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), opção mais cara e também mais demorada para melhorar o transporte.

Segundo reportagem publicada na quinta-feira (24) pelo Estadão, a mudança, que custará R$ 700 milhões a mais para o governo do Mato Grosso, se deu por meio do que seria uma fraude realizada no Ministério das Cidades. A irregularidade seria a troca de um primeiro documento, vetando a construção do VLT por um parecer técnico favorável à obra. Os documentos têm o mesmo número de páginas e a mesma numeração oficial (nota 123/2011). Um dos áudios publicados pelo Estadão mostram a diretora de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Luiza Gomide Vianna, dizendo a assessores que as notas técnicas precisam atender “aos desejos do governo”.

De acordo com a Folha, ela tinha razão. A troca do BRT pelo VLT, que ocorreu não apenas em Cuiabá, mas também em Salvador, foi determinada pela presidente Dilma Rousseff, após ser convencida por um lobby comandado pelos governadores Jaques Wagner (PT-BA) e Sinval Barbosa (PMDB-MT) e que contou até com o vice-presidente Michel Temer.

O BRT tinha sido priorizado pelo governo federal em 2009, sob a justificativa de que os outros sistemas não seriam concluídos a tempo do Mundial de futebol. Empreiteiras e empresas de equipamento ferroviário, entretanto, se opuseram e passaram a pressionar pela alteração. O ministro Mário Negromonte (PP) chegou a esboçar resistência à mexida, mas cedeu ao lobby que teve a participação até do vice-presidente Michel Temer (PMDB).

Segundo a Folha, o Planalto diz que a opção pelo VLT em detrimento do BRT foi legal, baseada em discussões com a sociedade e no fato de que a linha rápida de ônibus “teria um tempo de vida curto por conta do aumento de usuários”. A forma como a mudança foi feita no Ministério das Cidades, entretanto, continua objeto de polêmica.

Nesta sexta, o Estadão afirma que a opção pelo VLT em Cuiabá foi condenada pela Controladoria-Geral da União. Entrevistado pela rádio Estadão/ESPN, o ministro Mario Negromonte não citou a ordem do governo federal. Negromonte afirmou que “não houve fraude”, mas sim uma “divergência de opinião” entre técnicos do ministério e que ela não foi motivada por “desvio de recursos”. O ministro se irritou ao ser perguntado diversas vezes sobre o relatório da CGU que condenava a escolha pelo VLT em Cuiabá e, após ser acusado de tentar “enganar” os ouvintes, chamou o repórter de “mentiroso”.