Indústria têxtil encontra redução de atividade no País

Foto de Inor Assmann, enviada pela AIBA.
Foto de Inor Assmann, enviada pela AIBA.

A notícia não é boa para os cotonicultores do Oeste baiano. A indústria têxtil do Ceará, um dos mercados cativos do algodão oestino, está passando por uma sensível redução de atividades. No Distrito Industrial de Maracanaú, duas grandes empresas já fecharam – a Cotece e a Fiotex. Outra, também de grande porte, passa por recuperação judicial, tendo reduzido suas compras de algodão de quatro mil toneladas para duas mil toneladas. A Coteminas, gigante do setor, de Josué Alencar, candidato a senador por MG, reduziu de 140 mil para 90 mil toneladas o consumo de pluma de algodão. Em Araripina(PE), fechou a Artesa. E tudo isso em um cenário de queda dos preços do algodão – no Brasil a libra/peso, que em janeiro custava R$ 2,22, custa R$ 1,69. Calças de brim, que tinham 100% de algodão, têm hoje 20% de poliéster e 5% de elastano.

No mercado local, a arroba do algodão está sendo comercializada a R$52,00.

O algodão ainda está em fase de colheita no Oeste, mas a expectativa é que sejam produzidas 270 arrobas/hectare, levando a uma produção de 1,2 milhões de toneladas, segundo informação da AIBA – Associação dos Produtores e Irrigantes da Bahia.

Algodão do Sudoeste é estratégico para a Bahia, diz ABAPA.

Na década de 1980 a Região Sudoeste da Bahia possuía 250 mil hectares de área cultivada com algodão, o que gerava aproximadamente 220 mil empregos, entre diretos e indiretos. A instabilidade das chuvas e o descuido no manejo das lavouras e combate as pragas do algodoeiro fizeram com que houvesse um declínio na produção da pluma. Hoje, quase 30 anos depois, a região formada, principalmente pelos municípios de Guanambi e que integram o Vale do Iuiú, inicia sua retomada na produção de um algodão de qualidade e economicamente sustentável.

Em pronunciamento feito durante o II Seminário do Vale do Iuiú, na quarta-feira, 17, na Câmara de Vereadores do município de Guanambi, a presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Isabel da Cunha, disse que a região é hoje, “estratégica” para o desenvolvimento da cotonicultura baiana.

“Embora a região oeste detenha a maior concentração da produção é aqui que a maior parte dos empregos são gerados. Dos mais de 30 mil empregos que a cultura do algodão proporciona atualmente em toda Bahia, pelo menos 18 mil saem das áreas de plantio localizadas nas cidades que formam o Vale do Iuiú”, comentou Isabel. A principal diferença, segundo a presidente, é que no Sudoeste cerca de 60% da mão de obra é proveniente da agricultura familiar.

Considerando que atualmente, cerca de 80% da produção mundial de algodão seja proveniente da agricultura familiar, a presidente da Abapa, fez questão de deixar claro que a associação acredita na viabilidade da pequena propriedade para a cotonicultura. “Tanto nós da Abapa, quanto o Governo do Estado, através da Adab e do Ebda acreditam no potencial da região sudoeste para o plantio do algodão”, comentou Isabel, reforçando que a Abapa está do lado do pequeno produtor para auxiliá-lo nas diferentes etapas da produção: preparo, colheita e, se preciso for, até mesmo na comercialização

Relações de trabalho e meio ambiente no algodão

Depois de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás e Minas Gerais, será a vez do lançamento oficial na Bahia do Programa Socioambiental da Produção do Algodão – PSOAL, liderado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e abraçado por suas nove associadas, dentre elas, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), que foi o embrião do programa e hoje já conta com a adesão de 50 propriedades. O PSOAL tem como objetivo oferecer aos produtores brasileiros orientação para o cumprimento das legislações Trabalhista e Ambiental, fortalecendo o estabelecimento de relações justas e corretas nestes âmbitos em todas as propriedades produtoras de algodão do país.

Na Bahia, a solenidade de lançamento acontece amanhã (25), no Centro de Pesquisa e Tecnologia do Oeste da Bahia/ CPTO, no município de Luís Eduardo Magalhães, às 19h. O evento terá a participação do Secretário de Agricultura da Bahia, Roberto Muniz, dos presidentes da Abrapa e da Abapa, respectivamente, Haroldo da Cunha e João Carlos Jacobsen, da procuradora regional do Trabalho, Luana Duarte Vieira Leal, dentre outros, além dos cotonicultores da região.