CPI das Fake News identifica origem de disparos em massa durante as eleições de 2018

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A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News segue encontrando uma série de irregularidades mesmo em recesso parlamentar. A relatora, deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), revelou trabalho em conjunto com a Polícia Federal para encontrar responsáveis pela onda de mentiras que tomou conta do país nos últimos anos.

Entre as irregularidades que passam por apuração conjunta com a PF está a denunciada hoje (16), pelo portal UOL. De acordo com a reportagem, foram identificadas pelo menos 24 contas de WhatsApp que fizeram disparos em massa de mensagens durante o processo eleitoral de 2018. São contas que atuaram ativamente na maior parte das mentiras e fake news divulgadas.

Os registros das contas são dos Estados Unidos, Vietnã, Inglaterra e Brasil, entretanto, há indícios de que os disparos foram efetuados do Brasil. Com essas informações, são esperadas intimações dos responsáveis. Para eficácia da investigação, será necessário esperar o fim do recesso parlamentar, já que quebras de sigilo devem ser aprovadas pelos demais membros da CPMI.

“Temos um delegado da Polícia Federal e um agente da Polícia Federal à disposição da CPI. E nós vamos ter que tratar desse assunto nesta semana logo. Então, estamos verificando quais providências podem ser tomadas antes de a CPI voltar a funcionar”, afirmou Lídice.

A CPMI das Fake News já evidenciou um grande esquema de mentiras coordenadas por pessoas ligadas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), além de grupos ultraconservadores. Em oitivas realizadas, foram detalhados trâmites, como um grande número de assessores de deputados de direita e extrema-direita que comandam uma gangue virtual; um dos setores de tal grupo é conhecido como “gabinete do ódio”. Uma das pessoas citadas em um dos degraus mais altos da articulação foi o filho do presidente, deputado federal Eduardo Bolsonaro (sem partido).

CPI das Fakes News começa com altas temperaturas

Em depoimento na CPI das Fake News, o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro(PSL), de quem era aliado, se beneficia de “milícias digitais nas redes sociais” para atacar adversários e que o Palácio do Planalto abriga uma equipe para propagar notícias falsas.

“Vem de dentro do Palácio do Planalto os três personagens que vieram das redes bolsonaristas e tiveram oficializadas as suas redes de ataque com dinheiro público. E quem coordena? Carlos Bolsonaro, direto do Rio de Janeiro”, disse, em referência ao chamado “gabinete do ódio”.

O termo é usado para se referir ao núcleo composto pelos assessores da Presidência Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz — os três também foram convocados pela CPI. Entre as funções que o grupo exerce no governo está a atualização das redes sociais da Presidência da República.

Na audiência, Frota também afirmou que as chamadas “milícias digitais” foram orientadas a atacar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e os ministros do Supremo Tribunal Federal. O parlamentar foi expulso do PSL após tecer uma série de críticas ao presidente Jair Bolsonaro e, depois, filiou-se ao PSDB.

Presente na audiência, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), líder do partido na Câmara, classificou a presença de Alexandre Frota como um “escárnio” e o acusou de propagar uma notícia falsa a respeito de Olavo de Carvalho. Também afirmou que a comissão tem o objetivo de atacar o governo do pai.

O plenário foi às gargalhadas quando os dois bateram boca: “O senhor era menos promíscuo quando fazia filme pornô”. disse Eduardo.

Frota rebate, aos risos: “Você gosta, né? Eu sei que você gosta”. O filho Zero Três, entretanto, deixou a sessão logo em seguida e não ficou para acompanhar o resto do depoimento.