A crise das teles foi exemplar para o Governo e para as próprias operadoras

Por Políbio Braga*

O sufoco imposto pelo setor público através dos Procons estaduais e municipais, mais Anatal, parece ter chegado ao fim para teles que operam com celular e banda larga no Brasil.

. É o que se depreende do acordo fechado na quinta-feira por Claro, Oi e TIM (a Vivo já tinha se acertado) com a Anatel, o que lhes permitiu voltar a vender serviços para as operações de celulares e internet, que estavam suspensas desde o dia 23 de julho.
. A prefeitura de Porto Alegre foi quem deu início à escalada de repreensões.
. O acerto fechado com a Anatel também livra as teles da tutela dos Procons, o que torna sem efeito, por exemplo, o inaceitável acordo de ajustamento proposto pelo Procon do governo do RS, que pretendia tomar R$ 500 mil de cada operadora, sob o pretexto de usar o dinheiro nos municípios, objetivando programas de educação na sua área. As teles não aceitaram o acordo.
. Os desacertos das últimas semanas permitiram expor as vulnerabilidades das teles, mas também expôs com clareza meridiana as confusões causadas pelo setor público, sobretudo em dois pontos nodais:

1) Legislações federais, estaduais e municipais não falam entre si, entram em conflito e garroteiam investimentos das teles, como é o caso do município de Porto Alegre, onde condições restritivas inusuais impedem a disseminação de estações rádio-base, as ERBs. Urge uma legislação federal uniforme para todo o País. 
2) Órgãos como Anatel e Procons carecem de corpo técnico em qualidade e quantidade, como também não possuem recursos financeiros e equipamentos para exercer o seu papel.
. Segundo o portal Exame,  a Claro informou que irá ampliar em 34% os investimentos até 2013. A Oi apresentou à Anatel o projeto de melhoria em sua qualidade de serviços, incluindo o aumento da cobertura 2G e 3G e o lançamento da rede 4G, além da reformulação no processo de atendimento e atualização da rede. Já a TIM comunicou que até o final deste ano pretende expandir em 33% a capacidade de sua rede, além de investir mais de 9 bilhões incluindo licenças para 3G e 4G.
– Relações estáveis, seguras e sérias entre o poder permissionário e as permissionárias, são fundamentais para que ninguém se atreva novamente a criar dificuldades para vender facilidade.

*Políbio Braga é jornalista das antigas e tem o blog de maior acesso do Rio Grande do Sul. A análise é relevante pois mostra as origens do movimento que resultou no amplo acordo entre ANATEL e as operadoras de celular.