Brasil tem 917 municípios com crise hídrica, 211 só na Bahia

Por Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil

O Brasil tem 917 municípios em crise hídrica, informou o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, ao participar do 8° Fórum Mundial da Água. Esse número corresponde aos municípios que estão em situação de emergência por seca ou estiagem até o dia 13 de março.

O ministro destacou que a crise hídrica não é mais um problema somente do Nordeste, onde estão a maioria das cidades. Do total de municípios, 211 estão na Bahia, 196 na Paraíba, 153 no Rio Grande do Norte, 123 em Pernambuco, 94 no Ceará, 40 em Minas Gerais, 38 em Alagoas, 18 no Rio de Janeiro, 17 do Rio Grande do Sul, além de registros em outros estados.

No fórum, o ministro destacou que é preciso fazer investimentos para ampliar e modernizar o sistema de abastecimento do país.

Segundo ele, o país tem cerca de 11% da água doce do planeta, mas a distribuição territorial não é uniforme. “Temos de intensificar a cooperação entre os órgãos governamentais. É importante que os estados estejam integrados, otimizar as estratégias de uso racional”, disse.

Ela acrescentou que também é “determinante” revitalizar o Rio São Francisco, buscar integração entre baciais das regiões do Brasil e investir em saneamento básico.

“No momento em que constatamos que a escassez hídrica e a insegurança hídrica não mais se reportam apenas ao Nordeste, é fundamental que as intervenções passem por um diálogo federado”, acrescentou o ministro.

Brasília está bebendo água do Lago Paranoá, onde os esgotos são lançados.

RAFAELA FELICCIANO /METRÓPOLES

O Governo do DF inaugurou um moderno sistema de recalque de água do Lago Paranoá para abastecer todo o Plano Piloto com água “potável”.

Então agora os brasilienses beberão da mesma água onde é jogado o esgoto do Plano. Já surgiram casos de gastroenterite no Lago Norte, o primeiro a receber a água.

O Governo garante que a água não possui bactérias e que o tratamento dos esgotos e da água evita qualquer tipo de contaminação.

Quando conheci Brasília, em 1980, o plano tinha 400 mil habitantes e o complexo Ceilândia/Taguatinga não passava de 300 mil. Hoje a população do DF ultrapassa 3 milhões de habitantes e continua crescendo a taxas maiores que 2%. É óbvio que os recursos naturais da Capital não seriam suficientes para tal expansão. 

Acabou-se a doce Capital das árvores frondosas e das tardes mornas. Hoje Brasília, com suas largas avenidas, é vítima de engarrafamentos, de crescimento da violência e de uma saúde pública que, de exemplar, passou para caótica. 

Correntina: nova manifestação acontece neste sábado

Uma nova manifestação está prevista para ocorrer em Correntina, neste sábado (11) no conflito sobre uso de água na região.

A questão põe em um lado fazendeiros e do outro, ribeirinhos e pequenos produtores rurais.

Segundo o coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na Bahia, Gilmar Santos, que acompanha o conflito, a questão ambiental é a que chama à atenção. O fato, acrescenta Santos, é motivo de discórdia há cerca de 40 anos.  

“A situação do oeste da Bahia é muito complexa. Esse pessoal que reagiu é fruto de uma ação que vem ocorrendo há mais de 40 anos. Historicamente, essas famílias já vêm chamando atenção para a necessidade de demarcação e de regularização das áreas de “feicho” de pasto”, disse em entrevista ao Bahia Notícias.

Casa sem pão (ou sem água), todos brigam, ninguém tem razão

Leitura de ontem, 5, do nível do reservatório da hidrelétrica de Sobradinho: 2,62% da capacidade total. Isso significa que a barragem já está no volume morto e o a água que está saindo pelos vertedouros é apenas aquela que está entrando no reservatório, descontados os valores da utilizada pelos ribeirinhos e pela evaporação. Bem menos de 230 m³/s, enquanto há poucos dias a barragem gerava energia com 1.250 m³/s.

Então, água é assunto sério e será cada vez mais agudo nos próximos anos, dados o aumento da temperatura e a falta de chuvas frequentes. Todo o Nordeste e grande parte do Centro Oeste e Sudeste estão em perigo e a utilização da água é fator estratégico. Só em Petrolina e Juazeiro são 120 mil hectares de pequenos produtores que devem ser irrigados com constância, pois a maioria é de lavouras perenes.

A água no Nordeste já se tornou de fato um problema social de proporções alarmantes. É só observar com atenção a foto do advogado Aurélio Miguel, publicada nas mídias sociais. O Rio Grande, um dos maiores afluentes do rio São Francisco, é apenas uma lembrança do que foi.

O rio São Francisco expõe as chagas da maior seca de sua história

Foto g1.globo.com

O portal Uai do jornal Estado de Minas realizou um vídeo mostrando o alto Rio São Francisco na mais desesperadora de suas crises.

Ontem, o reservatório da hidrelétrica de Sobradinho estava um pouco acima de 3%, praticamente em seu volume morto. As margens do grande lago já recuaram mais de 6 quilômetros, transformando a pesca, o turismo e a agricultura uma mera lembrança. Se chover ao final de dezembro, só em meados de janeiro o rio recuperará parte do seu fluxo.

Pior: a crise deve se agravar em 2018, pois a baixa capacidade de investimentos do Governo Federal, abalado por uma crise econômica e política sem precedentes, não permitirá que se façam obras de barrageamento e reservação do fluxo da grande bacia. 

A Capital Federal também vive uma crise hídrica típica de nordeste

Descoberto

Neste domingo (15), as temperaturas em Brasília registraram recorde de 37,3ºC e os reservatórios o pior nível do ano: 12,1% no Descoberto e 26,3% no de Santa Maria. A Capital e municípios do entorno já estão sofrendo racionamento. 

Em outubro de 2015, a barragem do Descoberto tinha acumulado mais de 53% do seu volume e Santa Maria mais de 80%. Este ano até a água do Lago Paranoá, que recebe os esgotos do Plano Piloto e de outros bairros foi usada para distribuição, depois de tratamento, à população.

Sobradinho, no volume morto.

A leitura do dia de ontem, 17, segunda-feira, informava que o reservatório da hidrelétrica de Sobradinho estava em apenas 3,8% de sua capacidade. Ainda esta semana, respeitada a vazão de 550 m³/segundo, a barragem deve entrar no volume morto e então a barragem verterá apenas o volume d’água que o rio São Francisco depositar diariamente, entre 290 e 250 m³/segundo, menos a grande quantidade evaporada no espelho d’água. 

Como estão previstas chuvas significativas somente no final do ano na bacia do São Francisco, o rio poderá diminuir ainda mais o fluxo e até interromper a vazão para montante – para a foz – onde milhares de pessoas, em quase uma centena de municípios, usam suas águas para dessedentação animal, humana e pequenas lavouras irrigadas.

A barragem da hidrelétrica de Três Marias, em Minas Gerais, usada para regular a vazão do rio São Francisco está apenas com 10% de sua capacidade.

Rio São Francisco atinge vazão crítica e captação é suspensa um dia na semana

Por Adilson Fonsêca, da Tribuna, editado por O Expresso

O reservatório de Sobradinho, no rio São Francisco, o segundo maior lago artificial do mundo, caminha célere para o volume morto, que seria alcançado quando suas reservas caírem abaixo de 3%. Na medição de ontem, pelo Operador Nacional do Sistema elétrico, o nível da grande barragem é de 12,8%.

A vazão de entrada no reservatório é de apenas 500 m³/segundo e a vazão de saída de 600 m³/s, baixa até para manter a qualidade das águas a montante, sem algas que comprometam a potabilidade.  

Seis anos de seca na grande bacia hidrográfica do Rio comprometeram, paulatinamente, a reserva de águas.

Só para se ter uma ideia do tamanho da crise hídrica, em meados de outubro de 2014 Sobradinho ainda tinha uma reserva de 24,39%.

Em Itaparica, velhos prédios inundados na construção da barragem aparecem como fantasmas de um passado recente. 

A resolução da Agência Nacional de Água (ANA) é um prelúdio do que estar para vir, caso continuem as condições adversas de chuvas ao longo da Bacia do Rio São Francisco. Com apenas 12,8% do seu volume útil de água, o lago da Barragem de Sobradinho, que regula todo o sistema hidrelétrico das barragens que formam o complexo de Paulo Afonso e Xingó, de onde são gerados 60% da energia que abastece a região Nordeste, caminha para o volume morto.

Em decorrência disso, a ANA proibiu que todas as captações de água ao longo do rio, desde a sua nascente em Minas Gerais até a sua foz, entre os estados de Alagoas e Sergipe, sejam suspensas em um dia da semana, começando já na próxima terça-feira. Somente a água destinada ao abastecimento da população e de animais poderá ser retirada neste dia. Com isso, todos os projetos de irrigação e, sejam de pivôs ou de bombeamento direto da calha do rio ficam proibidos, o que, segundo a  ANA,  permitirá uma economia de 40 metros cúbicos por segundo de água.

Segundo informou a ANA, através de nota da Assessoria de Comunicação, a medida denominada ” Dia do Rio” vai ser aplicada para todos os usos, menos para consumo humano e dessedentação animal.  Objetivo é preservar o estoque de água armazenado nos reservatórios e evitar que Sobradinho alcance o Volume Morto antes do início do período chuvoso, em dezembro. 

Conforme nota emitida anteriormente, a própria agência trabalha com um possível cenário de que Sobradinho chegue ao Volume Morto, quando não é possível a geração de energia a partir do uso da barragem, ainda em agosto deste ano. A medida inclui retiradas para todos os usos, dos perímetros de irrigação, mesmo que sejam oriundas de volumes de água reservados previamente. 

Alerta vermelho
As restrições ao uso das águas do Rio São Francisco vão vigorar a partir da próxima quarta-feira e até 30 de novembro, quando se espera a chegada das chuvas ao longo da bacia. A regra vale para aquelas captações que ainda não estejam submetidas a regras mais restritivas de uso e caso não haja uma melhoria significativa nos níveis de reservatórios do São Francisco, as restrições serão prorrogadas.

Crise hídrica: Codevasf relata trabalho de proteção ao Rio São Francisco

No dia de ontem, técnicos do Operador Nacional do Sistema Elétrico anunciaram que o reservatório de Sobradinho está com apenas 14,27% de sua capacidade. No mesmo Rio São Francisco, o reservatório de Três Marias está com 30,83% da sua capacidade e Itaparica com 19,19%. Fontes extraoficiais dizem que a Bahia tem 50% de sua energia gerada no sistema eólico, estando em funcionamento quase 100% das caríssimas termoelétricas.

Kênia Marcelino, presidente da Codevasf, expôs, hoje, aos participantes da  Plenária Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), que ocorre em Recife (PE) até amanhã, sexta-feira (19), o trabalho desenvolvido pela instituição para lidar com o cenário de agravamento da escassez hídrica e indicou as providências que estão sendo adotadas para suporte aos projetos públicos de irrigação mantidos pela empresa na bacia do São Francisco.

De acordo com a Presidente da Codevasf, mais de R$ 35 milhões foram investidos somente em 2015 na instalação de sistemas de bombeamento flutuante – que permitem a captação de água para os projetos de irrigação mesmo com a redução da vazão do rio São Francisco – e em ações de desassoreamento.
“Os projetos públicos de irrigação da Codevasf estão sendo continuamente equipados com infraestrutura para captação nesse contexto de redução dos níveis da água ao longo do rio São Francisco e na barragem de Sobradinho”, afirma Kênia Marcelino.

Ela destaca que intervenções são necessárias não apenas para garantir irrigação e travessia, mas principalmente abastecimento humano.

Crise da água em SP: Governo prepara-se para o pior cenário

São Paulo terá um plano de contingência para enfrentar a crise hídrica que atinge sobretudo a região metropolitana da capital. O anúncio foi feito hoje (13) pelo governador Geraldo Alckmin, após a primeira reunião do Comitê de Crise Hídrica, que reúne prefeituras, secretarias de governo, entidades não governamentais (ONGs), universidades e institutos de Defesa do Consumidor.

O plano era uma reivindicação dos prefeitos das cidades que são abastecidas pelos sistemas Cantareira e Alto Tietê, que têm a pior condição de reserva de água. A próxima reunião do grupo deve ocorrer em duas ou três semanas.

De acordo com o governador, o documento será preparado para o pior cenário de regime de chuva a que se pode chegar neste ano. “Para o caso de precisar de um rodízio [no abastecimento de água], termos tudo mapeado, mas todos os esforços estão sendo feitos para superar a crise e o período seco”, disse Alckmin.

O cálculo do governo aponta como situação mais crítica uma afluência – entrada de água nos reservatórios – abaixo de 8 metros cúbicos por segundo (m3/s). Hoje, a demanda é de aproximadamente 14 3/s. O que faltaria de água – 6 m3/s – será providenciada, segundo o governador, por obras emergenciais que aumentariam a captação em outras reservas, como o Rio Guaió e as represas Guarapiranga e Rio Grande.

faahf fevereiro 15