Na primavera, Eduardo Cunha cai nos braços do Vampiro de Curitiba

Dalton Trevisan, o futurólogo que imaginou Curitiba como a capital do sinistro e do misterioso.
Dalton Trevisan, o futurólogo que imaginou Curitiba como a capital do sinistro e do misterioso.

Então, agora está escrito nas estrelas: Eduardo Cunha vai a julgamento em agosto, perde o foro privilegiado e muda residência para Curitiba antes que o frio da primavera acabe.

No altiplano curitibano mais de 250 dias por ano são sombrios. E, por que não dizer, meio sinistros.

Ainda mais agora com a personificação do “Vampiro de Curitiba”, obra do saudoso Dalton Trevisan.

Dalton Trevisan ganha o mais importante prêmio da Literatura Portuguesa.

O escritor paranaense Dalton Trevisan, 86 anos, é o vencedor da 24ª edição do Prêmio Camões, concedido pela Direção-Geral dos Livros e das Bibliotecas de Portugal. O nome de Trevisan foi anunciado hoje (21) pelo secretário (o equivalente a ministro) da Cultura de Portugal, Francisco José Viegas. O estilo de Trevisan é marcado por contos e pela linguagem concisa e direta.

Trevisan é autor de vários livros, como Vozes do Retrato – Quinze Histórias de Mentiras e Verdades (1998), O Maníaco do Olho Verde (2008), Violetas e Pavões (2009), Desgracida (2010) e O Anão e a Ninfeta (2011). O Vampiro de Curitiba (1965) é uma das suas obras mais conhecidas.

O Prêmio Camões, instituído em 1988 e concedido há 24 anos, foi criado para intensificar e complementar as relações culturais entre o Brasil e Portugal e conta com a adesão de outros Estados da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP).

O valor do prêmio é 100 mil euros, o equivalente a US$ 127,2 mil, pagos em partes iguais pelos governos do Brasil e de Portugal. O júri é formado por seis pessoas: dois representantes do Brasil, dois de Portugal e dois de países que adotam o português como língua oficial.

A Fundação Biblioteca Nacional, vinculada do Ministério da Cultura, é responsável pela parte brasileira do Prêmio Camões – trabalho que inclui a indicação de membros do júri e o pagamento da premiação.

Conheci Dalton numa tarde ensolarada em Curitiba – lá elas são poucas, de contar nos dedos – lá pelos idos de 75 ou 76, apresentado por Rafael de Lala. O “Vampiro” era um homem dócil, amistoso e deixava transparecer um bom humor que filtra-se em seus escritos. Econômico nas palavras, como nos textos, me deixou uma boa impressão que perdura até hoje, quando recebo  tão boa notícia do prêmio de Literatura. Salve, Dalton!

Na foto acima, Dalton como na época em que o conheci, com os cabelos pretos e um ar blasé, disfarçando uma enorme timidez e um talento sem medidas.