Governo enterra Bolsa Família e MPF pede explicações

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) do Ministério Público Federal enviou um ofício ao ministério da Cidadania solicitando saber as providências tomadas para assegurar que todo o público apto a acessar o Programa Bolsa Família seja atendido.

O pedido foi encaminhado na quarta-feira 12, junto a um prazo de cinco dias para resposta. No final de janeiro, reportagem do EL PAÍS mostrou que, com base em números públicos, a quantidade de famílias aptas a receber o benefício e que aguardam na fila poderia chegar a 1,7 milhão, enquanto o Governo falava em uma “média” de quase 500.000 em 2019, sem disponibilizar os números absolutos.

Para fazer a solicitação, a Procuradoria considerou alguns fatores, como a redução de 12% no orçamento para o programa, anunciado pelo Governo no início do ano.

Foi anexado ao ofício uma resposta do Ministério da Cidadania a um pedido de explicações do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), em que a pasta admite não ter incluído novas famílias beneficiárias nas projeções do programa ao calcular suas despesas para 2020.

Além disso, o documento menciona reportagem publicada pela Folha de S. Paulo que aponta 1 milhão de famílias à espera do benefício em janeiro.

Os cortes de beneficiários do maior programa de transferência de renda do país coincidem com os planos que o Governo vem anunciado, ainda sem informações precisas, de sua reformulação.

Em dezembro de 2019, 13,1 milhões de famílias eram beneficiadas, cerca de 1,3 milhão a menos que em 2018. Para este ano de 2020, a expectativa é que os beneficiários encolham ainda mais, já que o orçamento previsto será cortado de 33,6 bilhões para 30 bilhões de reais.

Cálculos realizados pelo EL PAÍS mostram que, se a transferência de renda em 2020 continuar igual à de dezembro, ou seja, 191.77 reais, o Bolsa Família precisará não só aumentar a fila de espera como ainda cortar mais de 350.000 famílias para caber no Orçamento de Bolsonaro.

A revelação da demanda reprimida do Bolsa Família culminou com movimentações nas cadeiras ministeriais: na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a saída de Onyx Lorenzoni da Casa Civil e sua realocação à frente da Cidadania, em substituição ao também desgastado Osmar Terra.

Deborah Duprat, procuradora federal dos Direitos do Cidadão e quem assina o documento que cobra o Governo Federal, explica que essas mudanças podem alterar o prazo para que a Cidadania responda ao ofício. “Teremos que considerar essa mudança no ministério”, disse. “Provavelmente na semana que vem eu encaminhe novamente o ofício ao novo ministro”.

Findado o prazo para resposta, se não houver uma sinalização das providências que o Governo está tomando para atender todo o público que aguarda pelo programa, Duprat afirma que o documento será encaminhando à Procuradoria do Distrito Federal para que se analise uma possível ação judicial. Procurado, o Ministério da Cidadania não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Do jornal El País

O abilolado da República, Ônyx Lorenzoni, afirmou, ao assumir o Ministério da Cidadania, que a porta de saída do Bolsa Família é bem larga. Sinal que a política de limitar a demanda pelo programa de transferência de renda é intencional. 

Leia aqui como funcionam os programas de transferência de renda nas dez maiores economias do mundo. 

Barreiras: fonte não oficial indica que existe demanda reprimida nas creches.

Creche João Paulo II no bairro Santa Luzia: apenas uma para atender uma população maior que uma dezena de municípios do Oeste.

Segundo uma fonte não oficial da Prefeitura de Barreiras, existe mesmo uma demanda reprimida nas creches do Município. Em contrapartida, a mesma fonte informou que existem no mínimo 10 creches em construção, algumas com obras embargadas por problemas legais advindos de gestões anteriores.

No bairro Santa Luzia, o problema é maior: não existem terrenos ou praças públicas para a construção de novos prédios. Para construir, a Prefeitura teria que desapropriar terrenos e casas, com um ônus maior e as óbvias demandas judiciais.

“Tanto, diz a fonte, que até os postos de Saúde instalados na Santa Luzia tiveram que ser alugados, pois não havia disponibilidade de terras públicas para construção”.

Quanto ao fato publicado em O Expresso, sobre o remanejamento das verbas disponibilizadas para festas populares, “o ideal, diz a mesma fonte, seria que tivéssemos dinheiro para as creches e para as festas populares, que tanto beneficiam o comércio e os estabelecimentos turísticos da cidade”.

A fonte reconhece ainda que Educação e Saúde devem ser sempre prioridades do gestor público, em particular da Gestão Zito Barbosa.