População mais pobre paga mais impostos sobre bens e serviços, diz pesquisador do Ipea

Cristiano Mariz/EXAME/VEJA

Por: Marquezan Araújo e Tácido Rodrigues

Com o objetivo de economizar dinheiro em tempos de crise, é comum que os consumidores pesquisem preços antes de irem às compras, já que itens básicos da alimentação dos maranhenses ficaram mais baratos neste ano. Segundo relatório divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no início do mês, os produtos da cesta básica que tiveram maior queda de preços no estado foram o leite (23,04%) e o feijão (56,41%). Ainda de acordo com a instituição, o preço médio da cesta básica caiu 4,14% em São Luís em comparação ao mês de julho.

Mesmo com a redução dos preços, o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Rodrigo Orair, ressalta que, no fim das contas, o consumidor ainda paga caro por conta da alta tributação embutida nos produtos. “A gente tributa demais bens e serviços, quase metade da carga tributária é de bens e serviços. O imposto está embutido no preço quando a dona de casa, colega de profissão vai ao supermercado comprar um bem”, afirmou.

O especialista explica ainda que a população mais pobre paga mais impostos sobre produtos de bens e serviços, uma vez que a tributação é cobrada independentemente da classe social e da renda do comprador. “Não há diferença entre quem é pobre e quem é rico, todo mundo vai pagar o tributo igualmente”. Segundo o pesquisador do Ipea, isso acontece porque os mais pobres consomem mais em proporção à sua renda.

Para se ter ideia do impacto no orçamento familiar, o preço da cesta básica em São Luís (R$ 352,36) compromete 40,88% do salário mínimo líquido do trabalhador, tendo como base os dados do Dieese. Em agosto, o departamento estimou que o salário mínimo necessário para manter uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 3.744,83, o equivalente a quatro vezes o valor do salário mínimo atual (R$ 937).

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Descobertas infames

 Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE está prevendo que os baianos vão destinar o aumento do salário mínimo para a alimentação. Grande descoberta! Quem sabe eles imaginam que a quantia extra serviria para passar a temporada de esqui no Lago Tahoe? Me aparece cada um!

Mínimo brasileiro só ganha da Bolívia, Peru e Uruguai na América do Sul

Mesmo com as conquistas recentes dos últimos anos – um aumento real de 53,4% desde 2003, primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, o mínimo de R$ 510 que passa a vigorar no dia 1º de janeiro ainda deixa o país à frente apenas de Peru, Uruguai e Bolívia no valor do benefício calculado em dólares. Tomando como base o critério da Paridade do Poder de Compra (PPC) – que leva em conta os diferentes preços de produtos em países diversos -, o Brasil terá um mínimo equivalente a US$ 376, com uma taxa cambial média de R$ 1,72.

Esse valor é quase igual ao mínimo da Venezuela (US$ 377) e fica atrás dos benefícios concedidos pelo Paraguai, Colômbia, Chile e Equador. E ainda é 80% menor que o mínimo da Argentina (US$ 676), que possui o salário mais alto da região. Quando se compara com as nações desenvolvidas, o quadro é ainda pior. Frente aos EUA (US$ 1.207), por exemplo, o mínimo brasileiro atinge apenas um terço do valor do americano.

Comparado aos europeus, o Brasil só fica à frente de nações que até poucos anos atrás faziam parte do bloco socialista, como Letônia, Lituânia e Bulgária. O salário brasileiro ainda é metade do português (US$ 751) e cinco vezes menor que o francês, de US$ 1.889. Frente ao líder do continente, Luxemburgo (US$ 2.348), o valor do benefício nacional representa apenas um sexto.

Para o coordenador de relações sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre, os ganhos mais recentes ainda não compensaram a perda do poder de compra do salário mínimo nas últimas décadas. Segundo ele, caso seja mantido um crescimento anual de 5% da economia, ainda seriam precisos mais de quinze anos para que o país voltasse ao pico histórico de valor real do benefício, ou seja, o equivalente a R$ 1.589 atingido em janeiro de 1959. Com informações do jornal Brasil Econômico.