Crime e castigo: uma figura patética condenada à prisão perpétua.

O último ditador militar argentino, general Reynaldo Bignone, de 83 anos e que governou de 1982 a 1983, foi condenado ontem à prisão perpétua por crimes contra a humanidade. Bignone passará o resto da vida em um cárcere comum, segundo a sentença, por coautoria em crimes de sequestros, torturas e homicídios.

O mentor do golpe e primeiro presidente da ditadura, Jorge Rafael Videla, 85, também cumpre pena perpétua. Ele foi sentenciado pelos mesmos crimes, em dezembro do ano passado.

Bignone já tinha sido apenado a 25 anos de prisão por outros crimes ocorridos no período. Ele também é implicado em outro processo que tramita na Justiça, sobre os crimes de ocultação e sequestro de 34 bebês de militantes de esquerda.

O ex-presidente foi condenado pela participação no sequestro e morte de estudantes e militantes da esquerda peronista.

Ele também foi relacionado como responsável pelo sequestro de um ex-deputado federal no final da década de 1970. Quase todas as vítimas estiveram detidas no Campo de Maio, um dos 340 centros de detenção clandestinos da ditadura argentina. E, segundo a ação, os crimes ocorreram no período seguinte ao golpe de março de 1976.

Além de Bignone, outras duas pessoas implicadas na causa foram condenadas à prisão perpétua: Martín Rodríguez, ex-chefe de inteligência do Exército, e Luis Patti, que já comandou a Polícia de Buenos Aires.

Patti chegou a ser eleito deputado federal em 2005, mas não conseguiu assumir o cargo por causa das acusações de tortura, homicídios e sequestro.

Já são 204 as condenações de ex-integrantes das Forças Armadas, polícias, forças de segurança e civis envolvidos na repressão. São mais de 480 pessoas presas, de acordo com o Ministério Público Federal. Foto da AFP.

A figura patética do velhinho condenado à prisão perpétua é um ensinamento aqueles que “estão” poderosos, mas que certamente não o serão para sempre. Aqui mesmo na terra são pagos os nossos pecados.