O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ontem (26) que os líderes do movimento dos caminhoneiros que vieram conversar com o governo aceitaram as propostas do Executivo. A partir de agora, segundo ele, os caminhoneiros que continuarem obstruindo as estradas serão multados com valores entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por hora.
Os caminhões parados na pista serão identificados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e, com base nos dados obtidos pelos policiais, as multas serão emitidas. “A decisão do valor da multa não é do governo, é da Justiça, e a punição não está sendo imposta por mim, e sim por magistrados. Eu tenho o dever de fazer cumprir a lei”, disse o ministro. Segundo ele, ainda existem caminhoneiros em 97 pontos de rodovias em sete estados, a maioria deles no Sul do país.
A solução adotada é a mais correta: estacionados nos acostamentos e áreas de domínio público, os caminhoneiros não estarão incorrendo em infração. Assim, tocam a greve que quer parar o País.
Em Santa Catarina, a população está ajudando os caminhoneiros com mutirões de alimentação, passeatas pelas estradas, espaço para banhos e fechamento do comércio.
Líder do movimento tem caminhão parado em Luís Eduardo
Proprietário de um “caminhão e meio”, segundo relata, o motorista Ivar Luiz Schmidt se apresenta como um dos líderes do Comando Nacional dos Transportes, responsável pelo movimento de paralisação de caminhoneiros que bloqueia estradas em todo o País. Ele é dono de um caminhão, que está parado desde segunda-feira em Luís Eduardo Magalhães (BA). O outro, em sociedade com o irmão, está sendo usado em Sorriso (MT).
Schmidt, que rejeita vinculação com partidos políticos, conta que a mobilização nasceu com um perfil no Facebook e tem sido mantida por meio de um grupo no WhatsApp, cuja adesão chegaria a líderes de 100 dos 128 pontos de interdição espalhados pelo Brasil.
Ele conta que a ideia original era que houvesse uma paralisação dos caminhoneiros apenas em 1º de abril, em um protesto contra o aumento do diesel. Houve uma antecipação, porém, por causa da volta da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) e de protestos em Mato Grosso do Sul.
Representante legal da categoria, o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Deléo Cunha Bueno, foi recebido pelos ministros, mas reconheceu que o movimento não foi “orquestrado” pelas entidades a ele vinculadas. “Tudo aconteceu pela angústia e situação do momento. Vínhamos insistido com o governo há muito tempo, mas só agora fomos ouvidos”, disse.
Caminhoneiro no Tocantins, conseguiu o reconhecimento legal da CNTA em 2005, após a fusão de três entidades do segmento – Fetrabens, Fenacam e Fecone.


