Cidadão barreirense honorário, com título concedido por unanimidade pelos ilustres componentes da Câmara Municipal, está dormindo sua primeira noite na cadeia por corrupção e enriquecimento ilícito. Parte do dinheiro da corrupção deve ter sido gasto com esta caríssima pintura de cabelos, em tons acaju. A proposição do título honorário partiu dos vereadores Giovani de Souza e Pastor Daniel.
A Polícia Federal prendeu ontem, 5, o ex-presidente da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, José Francisco das Neves, o Juquinha, acusado de ocultar e dissimular bens supostamente obtidos por meio de corrupção. A Valec é a estatal que cuida da construção de ferrorias como a Norte-Sul. Na Operação Trem Pagador, desencadeada em Goiânia, também foram detidos por suposto envolvimento no esquema a mulher, um dos filhos e um sócio do ex-servidor, que dirigiu a estatal durante todo o governo Lula e foi afastado do cargo em julho do ano passado, durante a chamada “faxina” da presidente Dilma Rousseff.

O grande projeto legislativo da Câmara de Barreiras em 2009. A ordem partiu, é lógico, dela, “il capo dei tutti il capi”, Jusmari Oliveira.
Juquinha é investigado por inflar os custos da Ferrovia Norte-Sul em Goiás e Tocantins, beneficiando empreiteiras. Perícias da PF apontaram sobrepreço e superfaturamento superiores a R$ 100 milhões. Ao fazer o levantamento de bens do ex-presidente para eventual ressarcimento de prejuízos com a obra, o Ministério Público Federal (MPF) em Goiânia descobriu um vasto patrimônio em nome dele, parentes e laranjas, estimado em R$ 60 milhões.
Além das prisões, a Justiça autorizou o sequestro de bens e bloqueou contas de envolvidos. A fortuna inclui oito fazendas, uma delas avaliada em R$ 8 milhões, apartamento, terrenos e casas em condomínios fechados. Segundo a PF, a fortuna é incompatível com a renda de servidor público. “Na Valec, ele ganhava de R$ 13 mil a R$ 20 mil. É um salário de alto escalão, mas que não deixa ninguém rico”, afirmou o delegado da PF Eduardo Scherer. Quando se candidatou a deputado federal, em 1998, Juquinha declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) patrimônio inferior a R$ 560 mil.
O procurador da República Hélio Telho explicou que os bens eram adquiridos em dinheiro ou por meio de empresas em nome dos parentes e laranjas de Juquinha, algumas criadas apenas para a administração do patrimônio. A quebra de sigilos bancário e fiscal mostrou que o ex-presidente da Valec simulava empréstimos para justificar a transferência de patrimônio aos filhos, que também não tinham renda para obtê-lo. “O objetivo da operação é evitar que os bens desapareçam, para o futuro ressarcimento, e sufocar a organização economicamente”, disse o procurador.
Atual presidente do PR em Goiás, Juquinha foi preso durante a manhã no condomínio Alphaville, em Goiânia, o mesmo em que a PF deteve, em outra operação, o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Ele, a mulher, Marivone Ferreira das Neves, o filho Jader Ferreira das Neves e o sócio Marcelo Araújo Cascão vão ficar detidos na capital goiana. Os mandados de prisão temporária expiram em cinco dias. Outras sete pessoas, entre elas mais dois filhos de Juquinha – Jales Ferreira das Neves e Karen Ferreira das Neves -, foram conduzidas para à Superintendência da PF em Goiás para prestar esclarecimentos. Texto do Jornal Tribuna do Norte, com foto de Denise Xavier.
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