Atenção para o pepino: Congresso não votou remanejamento do Orçamento 2016

O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, comenta a publicação do Decreto de Programação Orçamentária e Financeira de 2015, com o contingenciamento do Orçamento (José Cruz/Agência Brasil)
O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, comenta a publicação do Decreto de Programação Orçamentária e Financeira de 2015, com o contingenciamento do Orçamento (José Cruz/Agência Brasil)

O novo ministro da Economia, Nelson Barbosa, enfrentará, de cara, um grave problema para administrar: a vinculação da aplicação de verbas no orçamento federal de 2016. No nível dos municípios o percentual não vinculado chama-se “remanejamento orçamentário”.

Pois o Congresso não votou a Desvinculação de Receitas da União (DRU) e isso vai complicar o remanejamento de mais de R$110 bilhões de orçamento.

No dia 31 de dezembro perderá validade a atual regra da DRU, que permite ao governo federal movimentar com maior liberdade até 20% do dinheiro arrecadado com impostos, contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, excetuando as contribuições previdenciárias.

O ministro Levy queria elevar de 20% para 30% a desvinculação, e disse que este dispositivo permitiria à União maior liberdade no uso de um montante de mais de R$ 110 bilhões, o que possibilitaria melhores condições para o enfrentamento da crise financeira. Entretanto, por conta também de seus problemas de articulação política, o governo Dilma não terá 30%, nem 20%.

A nova taxa da DRU poderá ser alterada durante o curso da execução do orçamento, mas só depois que o Congresso voltar do recesso.

Dona Dilma vai ganhar alvará para aplicar como quiser 20% do Orçamento de 2012.

Sarney, mostrando as mãos limpas na tribuna: pressa em aprovar remanejamento de verbas.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou hoje (24) o relatório do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) até dezembro de 2015. A matéria, aprovada pela Câmara na terça-feira (22), segue agora para o plenário da Casa.

Pelo regimento, terá que ser cumprido prazo de cinco sessões para discussão da matéria. No entanto, como já tramita no plenário uma outra PEC de igual conteúdo, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR), deve ser apresentado requerimento para que as duas propostas tramitem de forma conjunta, o que deve acelerar o processo.

Senadores das oposições criticaram a pressa na apreciação da PEC. Lida ontem (23) à tarde no plenário, hoje pela manhã a matéria já constava no Diário Oficial do Senado. “A gráfica da Casa deve ter passado a madrugada trabalhando”, reclamou o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR). Para acelerar a votação, o presidente da CCJ, Eunício Oliveira (PMDB-CE), concedeu vista coletiva por duas horas. O líder tucano criticou a medida.

O governo tem pressa para votar a DRU porque o mecanismo atual perde a validade se a PEC não for promulgada até 31 de dezembro. O Senado terá de discutir e votar a DRU, em dois turnos, até o final do ano legislativo, que termina em 22 de dezembro.

A DRU permite ao governo usar livremente 20% dos recursos vinculados pela Constituição a setores específicos. A vigência atual acaba em dezembro de 2011. Caso a DRU seja prorrogada, a estimativa no Projeto de Lei do Orçamento de 2012 é que R$ 62,7 bilhões estejam livres para serem usados pelo Executivo. O mecanismo foi criado no governo do ex-presidente Itamar Franco, em 1994, e vem sendo prorrogado até hoje. Da Agência BR.