Desaparece o pequeno grande Durval Nunes, um homem honrado.

Durval, em foto do Novoeste, durante lançamento de uma de suas obras de contos e crônicas.

Pereceu hoje à tarde, em acidente na BR 242, o ex-secretário de Meio Ambiente de Barreiras, Durval Nunes.

Poeta, escritor, ambientalista e cultivador de amigos, Durval cruzou sua trajetória com garbo e honradez. Deixamos aqui nossos pêsames a familiares e à imensa legião de amigos que ele deixou.

O Vôo do Falcão

por Durval Nunes

Vinicius Lena

Os suspensórios caminhavam lentamente pela rua. Eram de cor cinza, com listras azuis e se cruzavam nas costas sobre a camisa de tricoline branco, mangas curtas, que se enfiavam sob o cós de uma calça de linho azul marinho bem engomada, cujas bainhas caiam sobre as sandálias de couro trançado, tipo franciscanas. O seu dono, comprido e calvo e branco, de mãos incrivelmente sardentas cruzadas para traz, semblante passivo, mantinha a cabeça quase sempre erguida, procurado ninhos de sabiás nos galhos dos arvoredos que sombreavam aquela avenida. Por vezes tirava os óculos de aros finos para limpar as lentes, esperando uma visão mais límpida.

Passa o menino Dorico empurrando o carrinho de mão: – Vai uma água de coco bem natural, seu Vinícius? – Ah, sim; vai bem. Aceito sim. Enquanto o rapazinho escolhia um coco, no capricho, e pegava o “ponteiro” para fazer o furo, o cavalheiro sentou-se no banco de madeira, sem tirar os olhos da fronde dos oitizeiros.

– Pronto professor, ta aqui seu coco beleza!

– Obrigado meu guri. E pagou os dois reais.

Mal sorvido o primeiro gole passam dois sabiás em alvoroço e pousam no alto da copa, onde ele conseguiu vislumbrar um ninho. Seus olhos se iluminaram; seu rosto se abriu num sorriso. Agora, todos os dias ele viria ali, acompanhar e cronometrar a gestação daqueles dois seres canoros
E nesses instantes de devaneios passava uma eternidade que ele conseguia vivenciar a cada dia. E foram muitos dias, muitas eternidades vividas.

Além da observação dos oitis e dos ipês floridos na primavera, sobrava ainda uma pequena eternidade para espiar as correntezas mansas e remansosas do rio Grande, a partir do balaustre da Praça Landulfo Alves, onde cotejou seu centenário o areeiro Zé Preto.

Mas o apertume do destino ia comprimindo seu coração. A partida brusca do filho Vítor lhe ofereceu o desafio de continuar aquele caminho interrompido e guiar as páginas do Nova Fronteira. Já a viagem de Dona Sirley lhe abalou os alicerces. Não perdeu porém seu azimute, mas a estrada lhe parecia mais íngreme. Aguentou, afugentando a saudade com a alvorada dos galos da madrugada e a sinfonia dos pássaros no entardecer em seu sítio no Barreiras Norte.

Prosseguindo seu caminhar, sem pressa e sem medo, numa bela manhã resolveu decolar. E voou pra longe, num domingo de madrugada, para abençoar o filho e abraçar sua amada.
Adeus Senhor Lena. Boa Viagem. Aqui ficamos com saudades.

• Vinícius Azzolin Lena faleceu em 03 de julho de 2016, em Barreiras – BA.

Tucanos fazem manobras aéreas em Barreiras

psdbCaduda Braga, presidente do PSDB; o poeta Durval Nunes, fundador da pátria tucana em Barreiras; o inoxidável radialista Edivaldo Costa e outros tucanos de bico rachado se reuniram com o deputado João Gualberto para referendar a candidatura de Carlos Tito, que deve deixar as hostes brizolistas (PDT) para se enturmar na família dos Ramphastidae.

A Oposição de Barreiras está rachada entre seguidores do próprio PSDB, de Zito Barbosa, de Moisés Schmidt e do bloco de Jusmari Oliveira, que ainda não fechou o negócio dos apoiamentos mútuos.

Jusmari quer recursos financeiros e políticos para apoiar a candidatura de Oziel Oliveira, se ele conseguir viabilizá-la nos meios jurídicos, ou de um candidato que apoie, para tentar voltar, ao menos em espírito, à prefeitura de Luís Eduardo Magalhães.

 

Hotel Columbia 1 (1)

A benção, Durval Nunes!

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Durval Nunes é um contador de histórias deliciosas, como só souberam fazer grandes regionalistas como Érico Veríssimo e Jorge Amado. Ele sempre foi o motivo principal para a minha atenta leitura, no jornal do São Francisco, onde labuta como colunista.

Ele escreve pequenas peças da dramaturgia caipira, dotadas de um português rico e com o tempero suave do cotidiano. Durval, como todo regionalista, ultrapassa as fronteiras da sua Bahia, tornando-se o universalista, com raras histórias de memória recente. Um filho escrevendo cartas para a mãe, como fazia no seminário. Neste sábado de Aleluia, às 19h30m, Durval autografa sua obra, “Minha Cara Mãe Calina”, no Palácio das Artes.

mãe calinaSe lá eu não estiver, em espírito estarei, abraçando meu velho amigo e ajudando a abastecer sua caneta tinteiro para os autógrafos. A benção, Escritor!

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Zito Barbosa visita Campus da UNEB

O pré-candidato Zito Barbosa vem cumprindo intensa agenda de visitas a entidades, instituições, lideranças e amigos em Barreiras. Nesta tarde de quinta-feira, foi a vez da UNEB / Campus IX, se fazendo acompanhar do jovem empresário Rider Castro, do eng.º. Agrônomo Durval Nunes, da pedagoga Carmélia da Mata e do coordenador da ONG Voluntarius, Edivaldo Costa. Zito foi recepcionado pelo Diretor do Campus, profº Joaquim Neto. Zito ainda recebeu alunos e cumprimentou servidores e professores do Campus da UNEB de Barreiras.

O poema do buraco, mais uma genialidade explícita de Durval Nunes.

O poeta, ficcionista e contador de causos Durval Nunes cometeu este poemeto que tão bem definiu o que vai no coração dos barreirenses. Durval é literato com letra maiúscula e um dos maiores entendedores da grande alma do sertão baiano.

Buraco, cova, cavada, no cemitério, é jazigo;
caçapa, se na sinuca; cacimba, se no sertão;
Se for bem fundo no chão vira um poço de petróleo,
que só sobe por pressão.

Mas, se for uma cisterna serve pra matar a sede;
Se muitos e amarrados já são chamados de rede.
Se na ponta do nariz nos ajudam a respirar,
mas dos lados da cabeça servem também pra escutar.

Os dos olhos estão cegos, não nos deixam enxergar
que os furos desta urbe não são apenas no chão:
Tem buraco na Saúde, buraco na Educação,
buraco no Carnaval, buraco na Exposição…
tem buraco nos salários dos que recebem tostões,
mas, pra patota da Casa, do erário jorram milhões.
Onde a Câmara e a Justiça, o MP e o povão?
Processos engavetados na capital da Bahia
ao custo de muita grana que sai da nossa mesada:
O buraco vai ficar maior que Serra Pelada.