Franklin Martins, o ministro-chefe da Comunicação Social do Governo Lula, apesar de não ter sido aceito por Dilma Rousseff, deixa sobre a mesa da presidente eleita um calhamaço sobre um pré-projeto de lei que contempla restrições à imprensa brasileira. Em longa entrevista aos jornalistas Sylvio Costa e Eduardo Militão, do portal Congresso em Foco, Franklin acusa o “viés partidarizado” e a má vontade de imprensa para com Lula, além de “jornalismo da pior qualidade”. E foi mais longe: “A imprensa precisa recuperar a credibilidade.
-“Um grande número de leitores não acredita mais no que o jornal diz. Muitas vezes os leitores perceberam que havia má vontade com o governo, desproporcional. E havia uma leniência com a oposição”. Os jornais distorceram números favoráveis ao governo e vão terminar a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vendendo menos do que vendiam antes.
Segundo os jornalistas do Congresso em Foco, o Ministro diz que “o governo diariamente era derrotado de cinco a zero pelos jornalões”, quando ele chegou à Secom. Para enfrentar o que define como “posição contrária ao governo”, da parte da imprensa, o presidente Lula passa a falar mais com os jornalistas, contrapondo a visão oficial às versões de veículos “partidarizados”, que demonstravam “má vontade” com o governo. Citando os jornais O Globo e Folha de S. Paulo e a TV Globo, dá exemplos de coberturas, como a do acidente da TAM (em julho de 2007) ou do objeto atirado no tucano José Serra (durante a disputa presidencial), que, no seu entender, caracterizaram “agressão a qualquer manual de jornalismo”.

Ninguém nega que a imprensa foi dura com Lula, principalmente a partir do episódio do mensalão, quando o escândalo atingiu o núcleo duro do poder, e as denúncias seguidas de enriquecimento rápido de Lulinha. Lula chegou a acusar de golpistas quem divulgava matéria de denúncia de assuntos que polarizavam a opinião pública brasileira. Todavia, criar, a partir disso, fatos reais, um projeto de poder nem sempre baseado em princípios éticos, não pode e não deve ser motivo para um projeto de restrições à imprensa, seja ela nanica ou das grandes redes de televisão. Se a imprensa não tivesse arguido pertinaz e duramente as manobras de Lula, ele teria sido reeleito para um terceiro mandato. Dentro do padrão de republiquetas bolivarianas.
É importante ler e assistir todo o conteúdo da entrevista no Congresso em Foco.
