Filho de nazista, admirador de Pinochet, o “bolsonaro” chileno está a um passo de se eleger.

Kast agita a bandeira do Chile em um evento de campanhaAFP via Getty Images, na CNN.

Se José Antonio Kast, o ultradireitista que chegou na frente no primeiro turno das eleições chilenas, ganhar as eleições no segundo turno, como tudo indica, e Maduro cair sob a pressão de Trump, a América do Sul terá apenas três governos de esquerda ou centro esquerda: Brasil, Uruguai e Colombia. 

Kast tem antecedentes muito complicados: defensor de Pinochet, um dos mais cruéis ditadores da América do Sul, tem origens familiares também duvidosas. É o último filho de um militar do exército nazista. Michael Kast, o pai, foi membro do partido nazista de Adolf Hitler aos 18 anos, de acordo com um documento de 1942 do Arquivo Federal da Alemanha.

Segundo a CNN chilena, seu irmão mais velho, Miguel Kast, foi ministro e presidente do Banco Central do governo militar, um regime sob o qual ocorreram graves violações dos direitos humanos, como torturas, assassinatos ou desaparecimentos de milhares de pessoas.

Kast negou apoiar esse tipo de abuso, embora também tenha causado polêmica desde sua primeira candidatura presidencial (foi 4º colocado) ao afirmar, por exemplo, que “no governo militar, muitas coisas foram feitas pelos direitos humanos de outras pessoas”.

Ele também afirmou que, ao contrário do que ocorreu em Cuba, Venezuela e Nicarágua, com Pinochet houve uma “transição para a democracia”.

“O que (Kast) valoriza são certos avanços e certo desenvolvimento que ocorreram durante o governo de Pinochet”, explica Pérez. “Não há extremismo algum: não há fascismo, nem é antidemocrático, na minha opinião”.

Mas, sobretudo para as vítimas do regime de Pinochet, a ascensão política de Kast reavivou fantasmas do passado que pareciam ter desaparecido.