Brasil cria bananas resistentes a fungo que devasta plantações no mundo.

Cultivares de banana criadas pela Embrapa servirão como barreira natural contra fungo causador de murcha de Fusarium raça 4, que vem devastando plantações inteiras pelo mundo e causando prejuízos bilionários. (Foto: Michel Bertolotti/Pixabay)

Falava-se até em extinção da banana. Responsável por uma doença que vem acabando com plantações inteiras da fruta pelo mundo, uma nova cepa do fungo Fusarium oxysporum chegará ao Brasil a qualquer momento. Mas, graças ao trabalho de pesquisadores da Embrapa, o país é um dos únicos no mundo preparados para enfrentar o patógeno.

Duas cultivares de banana desenvolvidas nas últimas décadas pela instituição de pesquisa mostraram-se resistentes à forma mais grave da murcha de Fusarium, a raça 4 tropical (R4T). A confirmação permite que essas variedades, a BRS Princesa e a BRS Platina, sejam utilizadas como barreiras naturais contra a disseminação da doença em escala global.

Já presente em países das Américas, Ásia, África e Oceania, o fungo é disseminado por solo contaminado a partir de sapatos e ferramentas, mudas visualmente sadias e plantas ornamentais hospedeiras. Ao infectar a bananeira, o patógeno bloqueia seu sistema vascular, interrompendo o fluxo de água e nutrientes e matando a planta.

Custos de produção de frangos de corte e de suínos aumentam em fevereiro

Os custos de produção de frangos de corte e de suínos registraram novo aumento no mês de fevereiro de 2025 nos principais estados produtores e exportadores, conforme estudos conduzidos pela Embrapa Suínos e Aves através de sua Central de Inteligência de Aves e Suínos (embrapa.br/suínos-e-aves/cias).

No Paraná, o custo de produção do quilo do frango de corte atingiu R$ 4,87, representando uma elevação de 1,25% em relação ao mês de janeiro. O aumento acumulado nos últimos 12 meses é de 11,32%, com o ICPFrango alcançando 377,13 pontos. A ração se destacou como o principal componente de custo, com um aumento de 1,71% no mês e de 12,27% no acumulado dos últimos 12 meses, atingindo uma participação de 68,10% no custo total de produção.

Em Santa Catarina, o custo de produção do quilo de suíno vivo alcançou R$ 6,37, representando uma elevação de 0,37% em relação ao mês de janeiro. O aumento acumulado nos últimos 12 meses é de 11,82%, com o ICPSuíno alcançando 364,26 pontos.

A ração dos animais se destacou como o principal componente de custo, com um aumento de 0,10% no mês e 10,86% no acumulado dos últimos 12 meses, atingindo uma participação de 72,62% no custo total de produção.

Os estados de Santa Catarina e Paraná são referências nos cálculos dos Índices de Custo de Produção (ICPs) da CIAS devido à sua posição como maiores produtores nacionais de suínos e frangos de corte, respectivamente. No entanto, a CIAS também oferece estimativas para outros estados brasileiros. Essas informações são fundamentais para indicar a evolução dos custos nesses setores produtivos.

É importante que avicultores e suinocultores monitorem a evolução dos seus próprios custos de produção, utilizando esses índices como referência para a tomada de decisões estratégicas.

Revisão de coeficientes técnicos – Em janeiro de 2025, foram alterados os coeficientes técnicos para o cálculo dos custos de produção de suínos no Paraná e no Rio Grande do Sul. As principais mudanças decorreram da alteração na formulação das rações, da separação dos custos com transporte de ração dos custos com alimentação animal (ração) e dos custos com insumos veterinários.

Aplicativo Custo Fácil

O aplicativo da Embrapa agora permite gerar relatórios dinâmicos das granjas, do usuário e das estatísticas da base de dados. Os relatórios permitem separar as despesas dos custos com mão de obra familiar. O Custo Fácil está disponível de graça para aparelhos Android, na Play Store do Google.

Planilha de custos do produtor – Produtores de suínos e de frango de corte integrados podem usar na gestão da granja a planilha eletrônica feita pela Embrapa. A planilha pode ser baixada de graça no site da CIAS.

Cultivares de milho, sorgo e milheto da Embrapa são apresentadas em vitrines tecnológicas.

A Embrapa Cerrados montou, em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo, seis vitrines tecnológicas com cultivares geneticamente superiores de milho, sorgo e milheto desenvolvidas pela empresa e parceiros.

Os campos demonstrativos foram formados em Planaltina (DF), sede da Embrapa Cerrados (foto), e no Recanto das Emas (DF), onde se localiza o Centro de Inovação em Genética Vegetal (CIGV), ligado ao centro de pesquisa.

No total, os visitantes podem conhecer no campo 32 cultivares, sendo 16 de milho, 14 de sorgo e duas de milheto.

 “Queremos apresentar a potencialidade agronômica dessas cultivares, algumas já lançadas e outras em fase final de desenvolvimento”, explica Fábio Faleiro, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados. A ideia, segundo ele, foi montar um espaço para visitação de técnicos, consultores, extensionistas, produtores e potenciais parceiros na região para produção e comercialização de sementes.

As vitrines também servirão para avaliar os materiais com relação à resistência a pragas e doenças na região do Cerrado do Planalto Central com vistas aos sistemas de produção na safrinha. “É uma ótima oportunidade para unir os esforços da transferência de tecnologia com a pesquisa no sentido de otimizar os nossos recursos”, afirma Lineu Rodrigues, chefe de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Cerrados.

“Vamos promover cursos de capacitação de agentes multiplicadores com relação à genética Embrapa. O que queremos com as vitrines é aproximar cada vez mais o setor produtivo da pesquisa”, afirmou Faleiro.

Ele também explicou que, com as vitrines tecnológicas, busca-se ainda desenvolver o mercado por meio de ações de promoção dessas cultivares, tendo em vista a recomendação delas para o plantio no Cerrado, principalmente para a produção de segunda safra (safrinha).

“A Embrapa está a procura de licenciados que não só produzam e comercializem sementes mas, também, ajudem a divulgar a tecnologia para os produtores”, explica.

 “Nossa ideia é apoiar os centros de produto da empresa, como a Embrapa Milho e Sorgo, no trabalho de pós-melhoramento dos materiais no bioma Cerrado”, explicou Sebastião Pedro, chefe-geral da Embrapa Cerrados.

Para ele, é preciso que os materiais desenvolvidos pela instituição de pesquisa tenham cada vez mais visibilidade para que possam gerar demanda no mercado. Esse é considerado um projeto piloto. “Queremos fomentar essa iniciativa de transferência de tecnologia fazendo uma sinergia com outras unidades da Embrapa. Precisamos tornar nossas tecnologias cada vez mais visíveis”, afirmou.

“Adorei tanto a ideia quanto a execução desse projeto das vitrines”, afirmou o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Cícero Beserra. Segundo ele, o que o melhoramento precisa é justamente de pontos de demonstração como esses. “Essas vitrines são excelentes para mostramos o nosso trabalho. Dessa forma, dá para ver a nítida diferença de um material para o outro”, afirmou.

O pesquisador destacou também que, no caso das vitrines do sorgo, elas ainda cumprem outro importante papel: divulgar a cultura para os produtores.

“O sorgo é um complemento ao milho. É uma alternativa importante para a safrinha, por ser uma cultura mais tolerante a condições de estresse hídrico e demandar investimentos relativamente menores que o de outras culturas. Quando apresentamos o sorgo para o produtor estamos tratando de segurança”, alerta.

Lauro Guimarães, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo, ressaltou a importância da interação entre unidades de pesquisa tanto para a apresentação dos avanços científicos, em termos de produtos, práticas, processos e serviços, úteis diretamente aos produtores rurais e a sociedade, quanto para a promoção de novas oportunidades de relacionamento com empreendedores do setor privado, por meio do estabelecimento de parcerias que disponibilizarão essas tecnologias em diferentes regiões do país.

Segundo ele, a região de Brasília e do entorno representa um ambiente de alto potencial de produção de grãos, de modo que as culturas de milho, sorgo e milheto estão entre as melhores alternativas para composição de sistemas de produção, juntamente com soja e forrageiras, a depender de manejo e “janelas de plantio” na segunda safra.

“A  instalação das vitrines com cultivares BRS, na região do Planalto Central, permite a demonstração da genética Embrapa para essas três importantes culturas agrícolas, sendo uma oportunidade para divulgação de cultivares adaptadas e para estímulo à produção de sementes localmente, potencializando benefícios produtivos, econômicos e sociais, principalmente no contexto de alta demanda e bons preços de grãos”, afirma.

Informações sobre os materiais apresentados na vitrine já lançados podem ser obtidas no www.embrapa.br/cultivares 

Área plantada com trigo na Bahia pode alcançar 20 mil hectares nos próximos anos. 

A tropicalização do trigo, que antes era produzido apenas na região Sul, é um exemplo claro da importância da pesquisa e da inovação na agropecuária

Com potencial de expansão da área plantada para pelo menos 20 mil hectares nos próximos anos com o uso de tecnologias de manejo e de variedades atuais, a triticultura no Oeste da Bahia pode contribuir na busca pela autossuficiência do Brasil no cereal.

Das cerca de 12,5 milhões de toneladas consumidas internamente, apenas 6,81 milhões de toneladas deverão ser produzidas no país em 2020, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O Oeste baiano faz parte do Matopiba, grande fronteira agrícola nacional da atualidade que integra o Cerrado do Maranhão, do Tocantins, do Piauí e da Bahia, sendo responsável por grande parte da produção nacional de grãos como soja e milho, e de fibras como o algodão.

Na região, o trigo é plantado em sistema irrigado, em rotação com a soja, o milho ou o algodão sob pivô, cultivos voltados à produção de sementes ou plumas, respectivamente. Nesses sistemas, o trigo atua quebrando ciclos de pragas e doenças, além de reduzir a infestação de plantas daninhas e de deixar, após a colheita, uma palhada de boa qualidade. Já o trigo em sistema de sequeiro, apesar de ser pontualmente testado por alguns produtores, praticamente não é cultivado devido ao maior risco representado pelos solos arenosos da região, que têm menor capacidade de retenção de água.

Estimativas da Conab apontam que a área plantada com trigo na Bahia neste ano – quase a totalidade na região Oeste – ainda é pequena, de cerca de 3 mil hectares, mas pesquisadores acreditam que possa alcançar rapidamente 20 mil hectares nos próximos anos.

A produção estimada para 2020 é de cerca de 17 mil toneladas, o equivalente a uma produtividade média de 5,66 ton/ha (ou 94,4 sc/ha), bem superior à média nacional de 2,9 ton/ha (ou 48,3 sc/ha) projetada para o ano. “Mas há produtores que chegam a produzir 7 ton/ha (116,6 sc/ha) seguindo as recomendações de manejo e plantando variedades mais modernas”, aponta o pesquisador Julio Albrecht, da Embrapa Cerrados (DF).

Ele lembra que a Embrapa atua com o trigo na região desde meados da década de 1980, com o plantio de ensaios de valor de cultivo e uso (VCU) em áreas de produtores. Exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os ensaios de VCU são realizados para comprovar, em condições de cultivo, o valor agronômico de linhagens candidatas a cultivares, segundo normas elaboradas pelo próprio Ministério.

A Embrapa tem atualmente conduzido e avaliado experimentos com novas variedades e linhagens de trigo na região. As variedades também são avaliadas pelos produtores em campos experimentais e lavouras comerciais, observando as recomendações de manejo prescritas pela pesquisa científica. “Na medida em que fomos lançando novas variedades, a área cultivada foi aumentando, sobretudo de 2005 para cá”, diz Albrecht.

As condições climáticas e geográficas favoráveis ao cultivo do trigo irrigado no Oeste baiano são semelhantes às do Brasil Central (Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais), local onde foram selecionadas as cultivares da Embrapa para o Bioma Cerrado. Temperaturas elevadas durante o dia e amenas à noite, dias com alta luminosidade e altitudes que variam de 600 a 1.000 metros são fatores que influenciam positivamente na produtividade e na qualidade industrial dos grãos, considerada uma das melhores do mundo.

As recomendações de plantio, de manejo e de controle de pragas e doenças da cultura para a região se assemelham às preconizadas para o Brasil Central, sendo também a brusone a doença mais recorrente. “Com os mesmos cuidados preventivos e recomendações, os produtores têm conseguido escapar da doença ou minimizar os seus efeitos”, afirma o pesquisador da Embrapa Cerrados.

Segundo Cleber Soares, diretor de Inovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a tropicalização do trigo, por meio do processo de inovação, é um exemplo claro da importância da pesquisa e da inovação na agropecuária.

“O trigo, que é uma cultura originalmente de clima temperado, que há décadas passadas era produzido quase exclusivamente na região Sul do Brasil, hoje graças à inovação agropecuária brasileira é possível cultivar no cerrado brasileiro, inclusive no Nordeste e em parte da região da caatinga. Isso mostra, a exemplo de outras culturas como a soja, que com inovação é possível expandir a produção agropecuária e, sobretudo, ofertar mais alimento na mesa do consumidor e do cidadão brasileiro”, diz o diretor, lembrando a recente colheita de trigo no estado do Ceará.

Para Soares, a expansão do cultivo poderá tornar o Brasil um grande produtor mundial de trigo. “A nossa perspectiva é de que, com o avanço do trigo tropical na região do Cerrado e no Nordeste Brasileiro, esperamos em um horizonte de tempo de curto prazo, quem sabe até em dois anos deixarmos de importar trigo e, por que não, pensarmos até em exportar trigo para o mundo”, afirma o diretor do Mapa.

Celso Moretti, presidente da Embrapa, diz que, depois de “tropicalizar” diversos tipos de plantas e animais nas últimas décadas, o Brasil agora trabalha para a “tropicalização” do trigo. “Estamos trazendo trigo para os trópicos. No entorno do DF, já temos trigo de alta qualidade. E tivemos a satisfação da primeira colheita no Ceará”.

Opção para o produtor 

Osvino Fábio Ricardi, proprietário da Fazenda Savana, em Riachão das Neves (BA), acredita no aumento da área plantada de trigo no Oeste da Bahia nos próximos anos. “A tendência é de aumento porque a área com agricultura irrigada está aumentando e o trigo é uma opção para a rotação de culturas. Não é a cultura mais rentável, mas é rápida e tranquila”, afirma, destacando a qualidade do grão colhido na região, que tem peso do hectolitro (PH)* variando de 82 a 85, o que indica boa qualidade.

Em 2020, foram plantados 1.625 hectares de trigo na propriedade. “Este ano, a realidade climática foi mais favorável”, observa. A expectativa do produtor é colher 6 ton/ha (ou 100 sc/ha) na atual safra, superando as 5,8 ton/ha (ou 96,66 sc/ha) obtidas em 2019.

Para o próximo ano, ele espera plantar entre 800 e 1.200 hectares, conforme o planejamento de rotação de culturas estabelecido pela fazenda. “Muitos produtores tiveram sucesso este ano e há o interesse em continuar plantando”, comenta, lembrando que, como o ciclo da cultura na região varia de 90 a 110 dias, o rendimento médio fica em torno de 1 sc/ha/dia.

Consultor em trigo na fazenda, o engenheiro agrônomo Pedro Matana Jr. conta que o primeiro plantio do cereal na propriedade ocorreu na safra de 2010, em uma área de algodão com soja e milho em rotação sob pivô de irrigação. Ele explica que a opção por plantar trigo na área, que apresentava boa fertilidade, se deveu à presença de nematoides. “Avaliamos táticas de controle químico e biológico e decidimos colocar uma planta nova. Hoje, sabemos que o trigo tem baixo fator de reprodução de nematoides, de acordo com avaliações”, diz.

Ele lembra que a elevada produtividade média obtida naquele ano, de 7,5 ton/ha (ou 125 sc/ha), estimulou vizinhos a plantarem o trigo nas safras seguintes. “Nós mesmos não continuamos plantando porque o preço do algodão ficou mais atrativo, mas ficamos com a boa lembrança do trigo”.

Tanto que, em 2015, a fazenda voltou a plantar o cereal, realizando, inclusive, um dia de campo para demonstrar a viabilidade na região. Segundo Matana, diversos produtores passaram a cultivá-lo, mesmo que em áreas pequenas e não em todos anos. “O maior estímulo não é o financeiro. Geralmente, são grandes produtores com algum problema agronômico, já que o trigo, no mínimo, aumenta a diversidade de plantas na área. E outros ainda não ocultivam porque ainda não há moinhos em operação na região”, explica.

O consultor, que também visita trigais em outras propriedades da região, observa que nem todos os produtores foram bem sucedidos com a cultura, por terem tomado decisões de manejo de forma reativa, sem planejamento. Por isso, ele atenta para a necessidade de compreensão das especificidades de manejo da cultura para o Cerrado baiano. “Muitos produtores conhecem o trigo do Sul, mas ainda não entenderam que aqui tanto a estratégia de manejo como as ameaças são diferentes. Você trabalha com outra adubação, outra população de plantas, regulador de crescimento etc.”, explica.

Ao longo dos últimos 10 anos, o consultor tem observado que, se por um lado há uma sazonalidade de produtividade na região, por outro há a segurança de se produzir um trigo de qualidade pão ou melhorador. “Podemos colher, na média, o mesmo que no Sul do País, mas tudo de grãos melhoradores”.

Matana ressalta a quebra do paradigma de que o trigo seria uma cultura exclusiva de clima frio, citando a primeira colheita de trigo no Ceará este ano, em experimentos conduzidos pela Embrapa. A produtividade média foi de 3,6 ton/ha (ou 60 sc/ha), considerada surpreendente pelos pesquisadores. Nesse sentido, ele aposta no potencial de expansão da cultura no Nordeste, como a região central da Bahia e o Piauí. “É uma fronteira que está aberta e tem que ser explorada”.

Cultivar mais plantada

A cultivar de trigo BRS 264 da Embrapa é a mais plantada pelos produtores da região, que também têm testado a cultivar BRS 394. Enquanto alguns produtores avaliam esses e outros materiais em parcelas piloto, outros já realizam plantios em escala comercial. “A BRS 264 se sobressai pela precocidade, pela qualidade e pela produtividade, com lavouras comerciais produzindo 6 ton/ha (ou 100 sc/ha). Além disso, é a mais demandada pelos próprios moinhos”, diz Albrecht.

A Fazenda Savana utiliza cultivares de diferentes empresas, incluindo a BRS 264, que este ano ocupa 250 hectares da área com trigo. “Ela tem um ciclo mais precoce e é produtiva, sendo um trigo melhorador”, diz Ricardi. “A grande maioria dos triticultores planta a cultivar porque ela está sob medida para a região e atende à demanda dos moinhos quanto à qualidade de farinha exigida pelo consumidor. Aqui, ela consegue produzir um grão melhorador e branqueador (de farinha)”, completa Matana.

O consultor diz que a cultivar apresenta, no campo, um elevado potencial produtivo – média de 6 ton/ha (ou 100 sc/ha), tendo sido colhidas 7,62 ton/ha (ou 127 sc/ha) em uma área de 80 hectares em 2010 na Fazenda Savana –, além de estabilidade entre as safras e ampla adaptação em solos arenosos (como é o caso da região) bem manejados. Já o ponto fraco, que é a suscetibilidade à brusone, deve ser mitigado com estratégias de manejo.

Gargalo 

O principal limitante à produção do trigo no Oeste baiano é a comercialização, já que os moinhos mais próximos de Luís Eduardo Magalhães, um dos municípios produtores do cereal na região, estão no Distrito Federal, a 550 km, e em Salvador, a 960 km, o que encarece o frete. Por isso, os grãos são comercializados para moinhos do DF, de Anápolis e Goiânia (GO) e de Estados do Nordeste. “Neste ano, houve moinhos de Maceió (AL) que buscaram trigo no Oeste da Bahia”, lembra o pesquisador Jorge Chagas, da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS).

Mas a situação pode melhorar em breve. Um moinho está em construção em Luís Eduardo Magalhães e há empresas moageiras do Paraná, de São Paulo e de Salvador (BA) interessadas em atuar na região, uma vez que o preço do trigo importado tem aumentado em consequência a alta do dólar – atualmente, o trigo FOB (sigla para free on board ou “livre a bordo”) tem sido cotado a R$ 1.100/ton, em média.

Osvino Fábio Ricardi acredita que o estabelecimento do moinho pode estimular a cadeia do trigo na região.

“E como há uma previsão da redução da área plantada de algodão em pivô no ano que vem, abre-se espaço para culturas como milho, feijão e para o próprio trigo”, acrescenta Pedro Matana Jr.

Para o diretor de Abastecimento e Comercialização do Mapa, Sílvio Farnese, a localização dos grandes moinhos de trigo nos portos faz com que a logística de transporte seja mais onerosa que as importações, que entram no país de navio.

“Sem dúvida equacionando esses entraves, não só Oeste da Bahia, como os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal têm um grande potencial de produção. Porém, como existem poucas unidades de moinhos, há dificuldade de comercialização pelo produtor, sobretudo se a produção se elevar muito. Uma alternativa é a produção em contrato com os moinhos da região”, diz Farnese.

*Peso do hectolitro é a massa de 100 litros de trigo, expressa em Kg. É medida tradicional de comercialização em vários países e expressa indiretamente atributos de qualidade dos grãos, em especial os relacionados à moagem. Na determinação do peso do hectolitro, estão associadas várias características do grão, como a forma, a texturado tegumento, o tamanho, o peso, bem como as características extrínsecas ao material, como a presença de palha, de terra e de outras matérias estranhas.

Flávio Bolsonaro quer acabar com as reservas legais de mata nativa

Foto: Marcos Oliveira /Agência Senado

Técnicos da Embrapa condenaram o projeto maluco do Senador.

Assinada por 116 pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), uma nota técnica ataca um projeto de lei em tramitação no Senado que propõe acabar com a exigência de reserva legal, área de mata nativa que os proprietários rurais devem preservar em percentual que varia conforme a região.

De autoria dos senadores Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e Márcio Bittar (MDB-AC), a proposta (PL 2362/19) elimina todo o capítulo do Código Florestal que trata da reserva legal.

Um estudo publicado em abril aponta que a medida permitiria o desmatamento de 167 milhões de hectares. A área, superior a todo o território do estado do Amazonas, equivale a cerca de 30% de toda a vegetação nativa atual do Brasil, ou 60% de toda a mata localizada em propriedades privadas. Do Congresso em Foco, editado.

Os produtores agropecuários deveriam ser os primeiros a reivindicar e exigir a manutenção de áreas de reserva de mata nativa, refúgio de pássaros e de outros predadores das pragas das lavouras e das pastagens.

Deve ter um lobby muito persuasivo por detrás deste projeto do jovem senador.

 

Prepare-se: seu prato preferido vai ganhar mais um transgênico

Sabe o que estão inventando para o tutu paulista de feijão, para o feijão mexido dos gaúchos, para o feijão tropeiro dos mineiros e para a feijoada dos sábados em todo o Brasil? O feijão transgênico, que segundo a Embrapa é resistente ao mosaico branco.

Hoje os produtores tradicionais mostraram-se temerosos da introdução do novo cultivar, segundo entrevista do Notícias Agrícolas. O presidente do IBRAFE – Instituto Brasileiro do Feijão, Marcelo Eduardo Lüders, disse que o feijão RMD não acrescenta ganhos ao produtor.

O feijão da variedade Carioca tem sido comercializado a R$370,00 a saca de 60 quilos.

Produtos e tecnologia em agricultura, pecuária e piscicultura serão mostrados pela Embrapa na Agrotins 2018

Como em todas as edições da Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins, a Embrapa estará presente neste ano na Agrotins. O principal espaço é a Unidade de Aprendizagem Tecnológica (UAT), em que estão demonstradas várias tecnologias em diferentes áreas. A empresa vai ainda lançar para o estado do Tocantins nova cultivar de arroz irrigado, a BRS A702 CL, e participar de uma discussão sobre produção de espécies nativas de peixe no reservatório do Lajeado.

Os pesquisadores Flávia Tavares e Manoel Pedroza, da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), vão apresentar índices zootécnicos e econômicos da produção de tambaqui em tanques-rede. Essa é uma espécie com grande potencial para produção no reservatório do Lajeado. No entanto, ainda é preciso ajustar alguns aspectos no sistema produtivo do tambaqui, inclusive para cultivo em tanques-rede.

Além desse aspecto mais técnico-científico, as discussões girarão em torno de experiências tanto da assistência técnica e extensão rural, como de produtores. Entre esses produtores, devem participar cessionários de três áreas aquícolas do reservatório: Sucupira, Brejinho II e Miracema Lajeado. O evento está marcado para o dia 10 de maio, quinta-feira, às 14h no Portal da Aquicultura e da Pesca.

Também na quinta, mas às 10h, a Embrapa e duas parceiras, Uniggel Sementes e Basf, lançam nova variedade de arroz irrigado para o Tocantins. A BRS A702 CL tem boa produtividade, com uma média de 7.650 kg/ha, e é uma nova opção para os produtores rurais tocantinenses. O estado hoje é destaque nacional na produção de arroz, sendo o terceiro maior produtor nacional, atrás apenas do líder Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento.

A BRS A702 CL é fruto do programa de melhoramento genético da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO), que periodicamente lança novas opções para os produtores brasileiros. No Tocantins, os trabalhos dessa Unidade da empresa são coordenados pelo pesquisador Daniel Fragoso, que também é ligado a um núcleo de pesquisa da Embrapa Pesca e Aquicultura voltado para sistemas agrícolas. O lançamento da variedade será na área de culturas de várzeas, próxima ao Portal da Aquicultura e da Pesca.

UAT – Também no campo, a Embrapa vai mostrar resultados de suas pesquisas. Haverá dois caminhos, um da agricultura e outro da pecuária, além do espaço da piscicultura. Os caminhos serão percorridos por grupos, que serão formados na medida em que os visitantes forem chegando à área da Embrapa (que fica quase em frente ao Complexo de Ciências Agrárias da Universidade Estadual do Tocantins).

No caminho da agricultura, os temas trabalhados serão cultivares de arroz e de feijão, produção de algodão, adubação do milho safrinha consorciado e sisteminha Embrapa. Já no caminho da pecuária, novas cultivares de capim, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e manejo de pastagens serão os temas. Esses dois caminhos estão programados para ocorrer nos dias 9, 10 e 11 – de quarta a sexta – entre 7h:30 e 12h.

Já o caminho da piscicultura vai possibilitar o acesso a informações em diferentes formatos sobre pirarucu, tambaqui, tilápia, despesca, equipamentos, ração (item com maior porcentagem nos custos financeiros na piscicultura), viveiros escavados e tanques-rede (atualmente, os dois são os sistemas de produção de peixes mais usados no país).

A área da Embrapa tem plantadas cultivares de amendoim, algodão, gergelim, forrageiras, arroz, sorgo forrageiro, sorgo granífero, milho e soja. Quem estiver na feira poderá ainda conhecer o espaço digital e o espaço sobre ILPF, ambos no estande institucional da Embrapa, também na área da empresa dentro da Agrotins. A feira vai de 8 a 12 de maio e o acesso é pelo km 23 da Rodovia TO 050, na saída de Palmas para Porto Nacional.

Brasil adicionou 22,8 milhões de toneladas de fósforo em seus solos nos últimos 50 anos

Estudo realizado por pesquisadores da Embrapa Solos(RJ) e de outras instituições brasileiras revela que quase metade do fósforo (P) aplicado na agricultura em forma de fertilizante inorgânico nos últimos 50 anos continua na terra. Cálculos apontam que um total de 45,7 milhões de toneladas, ou teragramas (Tg), de fósforo foi aplicado no Brasil desde 1960, quando começou a utilização regular desse insumo. Hoje, estima-se que 22,8 Tg desse montante continue fixado no solo.

Esse legado de fósforo na terra, que hoje é avaliado em mais de U$ 40 bilhões, pode ajudar o Brasil a se precaver contra uma possível escassez futura do nutriente ou variações no preço do insumo. Em 2008, por exemplo, o preço da rocha de fosfato aumentou 800% em um período de 18 meses.

Em 2050, serão 105 milhões de toneladas

Para avaliar esse recurso, foram examinadas as dinâmicas de fósforo em seis experimentos de longa duração (14 a 38 anos) em solos do Cerrado, onde se acredita que a maior parte da expansão e da intensificação da agricultura deve ocorrer. A estimativa é que o resíduo de fósforo em terras brasileiras possa chegar a 105 Tg em 2050.

O estudo, publicado na Nature Scientific Reports, no artigo Transitions to sustainable management of phosporus in Brazilian Agriculture (Transições para o manejo sustentável de fósforo na agricultura brasileira, tradução livre), chama a atenção para uma questão importante na discussão do excesso de uso do nutriente. O fósforo aplicado sucessivamente em solos brasileiros, principalmente na produção de grãos, desde 1970, aliado a práticas conservacionistas, como o plantio direto, gerou um legado, promovendo o acúmulo de um capital natural. “Nosso solo absorveu esse fósforo. Por isso, precisamos aplicá-lo cada vez em menor quantidade na terra, reduzindo seu uso na adubação”, revela Vinícius Benites, pesquisador da Embrapa Solos e um dos autores do artigo.

Controvérsias sobre o uso do fósforo

Continue Lendo “Brasil adicionou 22,8 milhões de toneladas de fósforo em seus solos nos últimos 50 anos”

Príncipe Naruhito visita Embrapa Cerrados

O Príncipe herdeiro do Japão

Comitiva será recepcionada pelo presidente da Empresa, Maurício Lopes

Confirmada para o dia 18 de março (domingo) a visita do príncipe herdeiro do Japão, Naruhito,  à Embrapa Cerrados, em Planaltina, DF. Ele será recepcionado pelo presidente da Empresa, Maurício Lopes, e por pesquisadores que o acompanharão ao campo experimental da Unidade.. Esta é a segunda vez que o príncipe herdeiro vai à Embrapa Cerrados. A estada dele em Brasília será de três dias, quando participará das atividades programadas para a oitava edição do Fórum Mundial da Água.

Na programação prevista para a visita, o príncipe irá ao Jardim Masato Kobayashi, uma homenagem ao técnico da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), falecido em 1981, e que pediu que suas cinzas fossem depositadas nos jardins da Embrapa Cerrados.  Construído em frente ao alojamento, com cerca feita de bambu, pedras e plantas ornamentais, o jardim,  inaugurado em 2008, abriga a lápide de mármore sob um ipê, árvore símbolo do bioma Cerrado.

O local já recebeu a visita do príncipe japonês Akishino, irmão de Naruhito, e sua esposa, a princesa Kiko, e do vice-presidente da JICA,  Ariyuki Matsumoto.

Trigo irrigado tem Dia de Campo no Distrito Federal na próxima terça-feira

No próximo dia 19 (terça-feira), a Embrapa e a Cooperativa Agropecuária do Distrito Federal (Coopa-DF) realizam Dia de Campo sobre trigo irrigado. O evento será realizado a partir das 8h30 na propriedade rural de Leomar Cenci, no PAD-DF.

O Dia de Campo contará com quatro estações técnicas e terá a participação dos pesquisadores Júlio Albrecht e Ângelo Sussel (Embrapa Cerrados), além de Jorge Chagas (Embrapa Trigo). Na primeira estação, Albrecht fará apresentação sobre as cultivares de trigo da Embrapa para o Cerrado. Na segunda estação, Sussel vai falar sobre doenças do trigo no Cerrado e Chagas vai abordar o manejo da cultura no Bioma.

As demais estações serão sobre produtividade, qualidade e segurança para o trigo no Cerrado Brasileiro (Fernando Wagner, da Biotrigo Genética); e o efeito aditivo da biotecnologia no manejo de doenças no trigo (João Victor Pagnussatti, da Alltech Crop Science), com apresentação do portfólio da FMC para a cultura do trigo (Marlon Alves, da FMC).

Pesquisa cria primeiro inseticida à base de vírus contra lagarta-do-cartucho

Agricultores passam a contar com um inseticida biológico que tem como princípio ativo um vírus de grande eficácia para controle da lagarta-do-cartucho, principal praga do milho, que acomete também outras culturas, como soja, sorgo, algodão e hortaliças. O primeiro inseticida à base de Baculovirus spodoptera, o CartuchoVIT, será lançado no próximo dia 12 em Uberaba (MG), como resultado da parceria entre a Embrapa Milho e Sorgo (MG) e o Grupo Vitae Rural.

“Os baculovírus são agentes de controle biológico que não causam danos à saúde dos aplicadores, não matam inimigos naturais das pragas, não contaminam o meio ambiente, nem deixam resíduos nos produtos a serem vendidos nas gôndolas dos supermercados”, explica o pesquisador da Embrapa Fernando Valicente.

 Testes de biossegurança comprovaram que esses vírus são inofensivos a microrganismos, plantas, vertebrados e outros invertebrados que não sejam insetos. O Baculovirus spodoptera apresenta especificidade em relação aos insetos-alvo. Infecta e causa a morte da lagarta-do-cartucho (Spodoptera fugiperda) e da lagarta Spodoptera cosmioides.

Continue Lendo “Pesquisa cria primeiro inseticida à base de vírus contra lagarta-do-cartucho”

Cactáceas da Caatinga combatem radicais livres

Estudo conduzido pela Embrapa concluiu que cactáceas que ocorrem no Semiárido nordestino apresentam potencial como alimento funcional. A pesquisa avaliou a presença de compostos bioativos com função antioxidante e anti-inflamatória em algumas espécies da família Cactaceae. Os pesquisadores observaram a presença de substâncias com reconhecida atividade antioxidante como betalaínas e compostos fenólicos em partes da planta e dos frutos.

Para avaliar o potencial funcional das plantas, os pesquisadores induziram inflamação em macrófagos  − células importantes na regulação da resposta imune − e observaram que na presença dos extratos de diferentes partes das cactáceas, a inflamação ou não se implanta ou, se implantada, não avança. A pesquisa foi realizada pela Embrapa em parceria com o Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba (CCA/UFPB) e a Texas A&M University, no âmbito do Programa Embrapa Labex.

Os compostos fenólicos e as betalaínas encontradas nas cactáceas apresentam reconhecida ação antioxidante. Os compostos fenólicos são estruturas químicas presentes nos tecidos vegetais relacionadas a diferentes aspectos das plantas como aroma, cor, adstringência e estabilidade oxidativa. Já as batalaínas são pigmentos naturais que variam de amarelados a avermelhados. “As betalaínas são quimicamente mais ativas que os compostos fenólicos. São mais eficientes como antioxidantes”, explica Ricardo Elesbão. Ele lembra que algumas cactáceas apresentam frutos com coloração arroxeada como a beterraba, que é uma das mais ricas fontes de betalaínas na natureza.

O pesquisador explica que os compostos bioativos são, geralmente, metabólitos secundários relacionados aos sistemas de defesa das plantas contra a radiação ultravioleta ou as agressões de insetos ou patógenos. Segundo ele, um bioativo pode apresentar certa atividade biológica in vitro, mas, in vivo, esse composto pode não ser biodisponível, ou ser rapidamente metabolizado e excretado, tornando-se ineficaz.

Continue Lendo “Cactáceas da Caatinga combatem radicais livres”

Pães fabricados com trigo do Cerrado chegam à mesa do consumidor no DF

Lavoura cultivada com trigo BRS 394 em Cristalina (GO) – Foto: Fabiano Bastos

trigo

Há alguns anos imaginar consumir pães elaborados exclusivamente com farinha de trigo produzida com variedades de trigo cultivadas no Cerrado não passava de um sonho. Aos poucos, a farinha de trigo comercializada na região vai ganhando espaço entre as panificadoras do Distrito Federal. O percentual de estabelecimentos ainda é pequeno, mas algumas panificadoras já usam 100% da farinha regional.

A maior oferta de farinha de trigo pelo moinho, que atualmente atende 15% do mercado do DF, só é possível porque a pesquisa de melhoramento genético do trigo disponibiliza aos agricultores cultivares de elevada produtividade e alta qualidade de panificação. O produto usado na região mescla três farinhas produzidas a partir de variedades de trigo da Embrapa: BRS 254, BRS 264 e BRS 394. Os grãos da BRS 394, lançada em 2015, apresentam qualidade industrial voltada à panificação.

Com essa farinha, as panificadoras conseguem produzir, em média, 15% a mais com um quilo de matéria-prima, já que podem adicionar água sem comprometer a qualidade do pão, pois essas variedades apresentam alta força de glúten, o que permite maior rendimento da farinha.

Esse é o resultado de uma ação com “efeito cascata”: o produtor aposta na cultivar e, consequentemente, aumenta sua área de plantio; o moinho, atraído pela qualidade de panificação, compra mais trigo e produz volume maior de farinha; a panificadora adquire farinha de qualidade e com preço inferior ao do trigo importado.

Continue Lendo “Pães fabricados com trigo do Cerrado chegam à mesa do consumidor no DF”

Pesquisa identifica possíveis entradas de nova praga no Brasil

Fotos: Johnnnie Van Den Berg
Fotos: Johnnnie Van Den Berg. Conteúdo da EMBRAPA.

Áreas dos estados de Roraima, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Espirito Santo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul foram priorizadas em estudo da Embrapa como as de maior probabilidade de a lagarta Chilo partellus entrar e se estabelecer no País.

O inseto foi catalogado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) como praga quarentenária A1, categoria que engloba ameaças de importância econômica potencial para cultivos nacionais e que ainda não estão presentes no território brasileiro.

lagarta-2

O estudo “Identificação de regiões brasileiras suscetíveis ao ingresso e estabelecimento de Chilo partellus” foi realizado por pesquisadores da Embrapa Gestão Territorial e do laboratório de quarentena “Costa Lima” (LQC) da Embrapa Meio Ambiente e cruzou informações como rotas de transporte, possíveis pontos de entrada, culturas hospedeiras da praga, portos, fronteiras, aeroportos e condições climáticas propícias para que o inseto entre e se estabeleça no País. O resultado pode subsidiar o serviço de Vigilância do Mapa, responsável por fiscalizar as entradas de novas pragas quarentenárias no País.

A lagarta é originária do continente asiático, onde está presente em vários países, e já se encontra em áreas do Oriente Médio e da costa Leste da África, com uma ocorrência na Austrália. Embora a fase adulta do inseto seja uma mariposa, os danos da praga são reportados principalmente na sua fase jovem, como lagarta, em cultivos de milho, sorgo, arroz, trigo, cana-de-açúcar, milheto e gramíneas silvestres.

“Os ataques mais severos ocorrem em cultivos de milho e sorgo, variando de acordo com o local”, conta a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Maria Conceição Pessoa, uma das autoras do trabalho. Como exemplo do potencial da praga, na África do Sul há ocorrências de danos nessas duas culturas que provocaram perdas de mais da metade da produção. Em Moçambique, infestações em milho tardio atingiriam 87% das lavouras e geraram estragos em 70% dos grãos.

Continue Lendo “Pesquisa identifica possíveis entradas de nova praga no Brasil”

Extrato de Sisal vai ajudar a combater o mosquito Aedes Aegypti

sisal
Um estudo realizado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em parceria com a Embrapa, obteve um inseticida natural à base de extrato (suco) retirado das folhas do sisal (Agave sisalana) que se mostrou eficaz contra as larvas do Aedes aegypti, mosquito transmissor de doenças como a dengue, zika e chikungunya.
O produto ataca o intestino das larvas, levando-as à morte em menos de 24 horas.
Segundo a vice-diretora do Centro de Biotecnologia da UFPB, Fabíola Nunes, coordenadora da pesquisa, os ensaios biológicos constataram a morte de larvas a partir da dosagem de quatro mililitros de suco de sisal para cada 100 litros de água. “Testamos em larvas e obtivemos um resultado promissor, com 100% de mortalidade na fase larval, que é a fase aquática”, relata. “Fizemos também testes nas outras fases do inseto (ovo, pupa e mosquito adulto), mas o produto não tem efeito. Acreditamos que isso ocorre porque na fase de larva o inseto se alimenta da solução e provavelmente morre por ingestão do produto, pois verificamos que havia necrose nas células intestinais das larvas”, acrescenta.
Larva viva à esquerda e larva eliminada pelo extrato do sisal à direita.
Fabíola começou a pesquisa durante o doutorado na UFPB em 2012. “Eu estava testando outras substâncias para as larvas do Aedes aegypti quando a Embrapa solicitou nossa parceria para que o suco do sisal fosse testado em carrapatos e lagartas. Testamos em larvas e obtivemos um resultado promissor”, conta.
O suco do sisal possui vários compostos orgânicos, com destaque para as saponinas, que podem causar toxidade, irritação e até morte de carrapatos, lagartas de determinadas espécies e outros insetos. Conforme a pesquisadora, os testes mostraram que, se diluído nas proporções recomendadas, a ingestão ou o contato do suco com a pele não causa nenhum tipo de dano para animais como camundongos e ovelhas. “Nos testes iniciais, já verificamos que não é tóxico para animais de laboratório. Precisamos fazer mais testes para determinar a toxicidade para outros animais,” informa.
Os próximos passos serão realizar os estudos para que o produto seja disponibilizado para as pessoas de forma segura e com instruções bem detalhadas. “A pesquisa ainda precisa responder a algumas questões como: por quanto tempo o produto mantém o efeito; qual é o seu mecanismo de ação; e qual a melhor maneira de disponibilizar o produto no mercado”, afirma Fabíola. Umas das possibilidades de aplicação é utilizar o extrato de sisal em pó para ser diluído em recipientes de água parada. Ele poderia ser utilizado em alternância com outros larvicidas disponibilizados pelo Ministério da Saúde. A pesquisadora explica que a alternância de produtos de diferentes mecanismos de ação é uma estratégia adotada para que o inseto não adquira resistência ao produto.
Eficácia contra lagartas e carrapatos 
As propriedades inseticidas do suco de sisal já eram conhecidas no meio científico, mas havia uma grande limitação prática: o produto precisava ser aplicado imediatamente após a coleta porque fermentava em poucas horas.
Em 2010, a Embrapa Algodão iniciou o estudo da viabilidade econômica do uso do suco do sisal para a produção de bioinseticidas. “Um dos resultados mais importantes da pesquisa foi conseguir a estabilização do suco, evitando que ele entrasse em processo de fermentação. Sem nenhum tratamento, o suco deteriora cerca de cinco horas após a extração e nós conseguimos mantê-lo estável por até 30 dias”, explica o pesquisador da Embrapa Algodão, Everaldo Medeiros.
Outro resultado da pesquisa foi a obtenção de um extrato concentrado em pó do suco do sisal, que permite conservá-lo por longo período sem perder suas propriedades. O extrato em pó demonstrou eficácia contra lagartas do algodoeiro e da soja e carrapatos bovinos. O produto em pó é obtido após a retirada de toda a água do suco pelo processo de concentração chamado liofilização, de forma similar ao que ocorre com leite e café, que consiste na desidratação de substâncias em baixas temperaturas transformando-o em material sólido de fácil conservação.

Continue Lendo “Extrato de Sisal vai ajudar a combater o mosquito Aedes Aegypti”

Soja transgênica desenvolvida pela EMBRAPA é aprovada na União Europeia

Porto de Paranaguá, principal saída da soja brasileira
Porto de Paranaguá, principal saída da soja brasileira

A União Europeia aprovou a soja transgênica Cultivance, desenvolvida pela Basf e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A autorização técnica é considerada importante para o início da comercialização das sementes, uma vez que a União Europeia é comprador da soja brasileira.

Segundo a Basf, o Sistema de Produção Cultivance combina cultivos de soja geneticamente modificada, de grande potencial genético, ao uso de herbicidas de amplo espectro para controle de plantas daninhas de folhas largas e gramíneas.

A soja deve ser lançada no mercado no segundo semestre de 2015. Em um primeiro momento, estará disponível para parte das regiões produtoras de soja do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, de Goiás, da Bahia, de Minas Gerais e do Paraná.

A Basf assegura que a soja Cultivance passou por diversos estudos agronômicos, ambientais e de equivalência nutricional que atestaram sua segurança para o cultivo, consumo humano e animal.

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) liberou a comercialização da soja Cultivance, em dezembro de 2009. Desde então, foi iniciado o processo para a aprovação da tecnologia em países importadores da soja brasileira, incluindo Estados Unidos, China, Japão e, por fim, a União Europeia.

 

4505033

Embrapa vai fazer levantamento detalhado da aptidão das terras do Matopiba

Foto de Patrícia Villeroy
Foto de Patrícia Villeroy

A área do Matopiba, com cerca de 70 milhões de hectares, representa importante fronteira para a expansão da produção agropecuária. Aqui já se produzem 10% de soja e 15% do milho no Brasil. Também existem condições básicas para que o Matopiba seja uma boa alternativa para a expansão da produção de aves e suínos.

Em função das limitações do ambiente (fertilidade baixa, temperaturas elevadas e muitas áreas degradadas) a agropecuária na região vai depender de grande aporte de investimentos e tecnologias para se tornar economicamente viável.

Pensando nisso, o governo federal já acionou a Embrapa para estudar a região. A Embrapa Solos (Rio de Janeiro) terá como principal atividade a avaliação da aptidão agrícola das terras.

– Também reuniremos informações sobre os solos. Vale ressaltar a elevada vulnerabilidade à degradação dos solos de textura leve (de classe textural areia, areia franca ou francoarenosa), muito frequentes na área do Matopiba. O solo mais utilizado para a produção agrícola tecnificada nesta região é o Latossolo, que em amplas áreas tem menos de 20% de argila nos primeiros 50 cm a partir da superfície. São também muito frequentes os Neossolos Quartzarênicos (de textura areia ou areia franca até, no mínimo, a profundidade de 150 cm a partir da superfície do solo) e, principalmente nos estados do Maranhão e do Tocantins, os Plintossolos (que apresentam restrições de drenagem e/ou presença de elevada quantidade de cascalhos e pedregosidade) – diz o pesquisador da Embrapa Solos José Francisco Lumbreras.

A Embrapa Solos também se propõe a participar em outras iniciativas nesses primeiros estudos do Matopiba, tais como a elaboração do zoneamento agrícola de risco climático, a definição de oportunidades e prioridades para o avanço do conhecimento e desenvolvimento tecnológico, assim como na elaboração das diretrizes estratégicas de atuação da Embrapa na região.

A ideia é que tais atividades estejam encerradas até agosto de 2015 a fim de apoiar as melhores alternativas de produção sustentável. Adicionalmente, acredita-se que programas governamentais de incentivo à irrigação poderão viabilizar duas ou três safras por ano.

– É o momento perfeito para garantir o desenvolvimento com equidade em que todos ganhem com o progresso da região. Governantes, pesquisadores e agricultores estão juntos no desafio. É o começo de uma transformação benéfica em um ambiente historicamente carente e sofrido. Ainda vamos ouvir falar muito, e bem, do Matopiba. Guarde esse nome– completa o presidente da Embrapa, Maurício Lopes. Da Embrapa.

Embrapa faz levantamento sobre características da região do Matopiba

matopiba-mapa-440

A Embrapa Gestão Territorial acaba de realizar um trabalho que verificou as características de bioma, clima, relevo e solos do Matopiba, região que reúne áreas dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O trabalho faz parte de um estudo em andamento na Unidade, sobre o Matopiba.
Esta região do país tem ganhado cada vez mais destaque pelo seu dinamismo entre as áreas de produção agrícola nacional, sendo que, produziu 15 milhões de toneladas de grãos na safra 2012/13. As projeções indicam que em 2022/23 a produção de grãos será de 18 milhões de toneladas, um aumento de 20%, em 10 anos.
No trabalho, foram identificados os municípios do Matopiba com grande produção de soja, milho e algodão e, para estes, levantou-se as características predominantes em relação a: bioma; clima; relevo; e solos. Os resultados obtidos colaboram com a caracterização da região do Matopiba e com a delimitação da sua abrangência territorial.
“As informações obtidas vêm colaborar com a caracterização da região do Matopiba e com a delimitação da sua abrangência no território e, além disso, podem ser utilizadas para subsidiar a localização de novos estudos no Matopiba”, explica o responsável pelo trabalho e supervisor do Núcleo de Análises Técnicas – NAT da Embrapa Gestão Territorial, Rafael Mingoti. Do AgroLink.

3 - TERÇA - HORÁRIO COLETA WEB

Senar Bahia e Embrapa lançam curso de Gado de Corte em Barreiras

recria-gado-corte

O Senar Bahia e a Embrapa Gado de Corte, do Mato Grosso do Sul, lançarão amanhã, 15,  na cidade de Barreiras, oeste do estado, o curso de Formação Técnica Continuada em Gado de Corte. O evento vai acontecer no auditório da ABAPA – Associação Baiana de Produtores de Algodão. Na ocasião, será detalhada a metodologia do curso, que terá carga horária de 240h, dividida em blocos mensais.

O curso tem como objetivo levar para a região novos métodos de produção de gado de corte, focando no aumento da produtividade do rebanho e, consequentemente, no retorno financeiro dos produtores, através da capacitação dos técnicos locais. “O Senar tem suas ações direcionadas, geralmente, para o produtor e o trabalhador rural. Dessa vez, a capacitação, será destinada a técnicos, a exemplo de veterinários, agrônomos, zootecnistas e técnicos agropecuários”, explica Geraldo Machado, superintendente do Senar Bahia.

Isso vai acontecer, explica Humberto Miranda, superintendente adjunto do Senar Bahia, por que a ideia é, pela primeira vez, capacitar  técnicos que atuam na região. “O produtor vai ser beneficiado diretamente com essa ação, já que as técnicas mais modernas existentes no Brasil e no mundo em relação ao gado de corte vai chegar aos técnicos locais. Ou seja, estará perto dos produtores do oeste. Estará acessível”, pontua.

Ele ainda acrescentou que, associado a esse curso de formação, duas propriedades modelos serão escolhidas pelos técnicos da Embrapa, que servirão como Centro de Difusão de Tecnologia. “Nessas propriedades, serão realizadas e difundidas as pesquisas da Embrapa para os técnicos e produtores locais”.

A cidade de Barreiras vai ser a primeira a receber o curso, que brevemente deve se expandir para outras cidades do estado. O Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais do município, Moisés Schmidt, ressalta que esse “é um curso ímpar para a região, pois vai agregar alta tecnologia à pecuária, aumentando, ainda mais, a produtividade e a competitividade dos produtores”.

O curso será formado por turmas de vinte a trinta técnicos. No evento de lançamento, dia 15, os interessados já poderão realizar sua inscrição. Vale salientar que, como acontece em todas as ações do Senar, toda a capacitação será gratuita.

Agricultura baiana quer sede da Embrapa em Luís Eduardo

eduardo-salles

O secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, solicitou mediante ofício encaminhado ao presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Antônio Lopes, a implantação de uma unidade de pesquisa da Empresa no Oeste da Bahia, em Luis Eduardo Magalhães, região do Mapitoba. De acordo com o secretário, o Mapitoba é uma das regiões que mais crescem na produção de alimentos do país, e “é inconcebível que não tenha uma unidade da Embrapa instalada no local, destinada a pesquisar tudo que é produzido ali”.

O secretário chama atenção para a necessidade de criação de alternativas tecnológicas para mitigar os efeitos de fatores naturais como riscos climáticos, cada vez mais frequentes, e a ocorrência de doenças e pragas, a exemplo da Helicoverpa Armigera, que vem devastando as principais lavouras do Oeste baiano, causando prejuízos incalculáveis na economia regional. “A instalação da unidade na região vai contribuir mais efetivamente na procura de soluções para os problemas e na superação dos desafios impostos pela competitividade do mundo globalizado. A união do poder público estadual e da iniciativa privada, de forma integrada, fortalece e estimula o desenvolvimento da agropecuária do Estado”, disse.

O Mapitoba

A região do Mapitoba, definida pela junção das divisas dos Estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, com aproximadamente 414 km² de superfície, consolidou-se como um dos principais polos de produção agropecuária do país, com cerca de 6,5 milhões de hectares de área plantada e cultivos diversificados tendo a soja, o milho, o algodão e o café como principais produtos. Paralelamente à expansão da área cultivada, observa-se uma grande evolução dos índices de produtividade dos seus diversos produtos e a introdução de novas atividades, a exemplo da avicultura e da fruticultura irrigada no Oeste da Bahia.

Lagarta que ataca soja e algodão é nova no Brasil

Helicoverpa_armigera_larva

Os pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) descobriram que a lagarta que vem atacando lavouras de algodão, milho e soja em diversas regiões, em especial no oeste da Bahia, não é da espécie “zea”, e sim a “helicoverpa armigera”, que ainda não havia sido identificada no Brasil.

Os produtores baianos estimam que os prejuízos por menor produtividade e gastos no controle da praga somem R$ 1 bilhão. Os pesquisadores desconfiam que a largarta foi internalizada via importação de flores. Nas fotos, a fase larvar e, abaixo, a fase alada da praga. Do Globo Rural e Estadão.

helicoverpa_armigera_02

chapadão agricola out 

Racionalidade em fertilizantes poderá suprir 20% da demanda

Pesquisas realizadas pela Rede FertBrasil podem ajudar a suprir 20% da demanda nacional de fertilizantes, afirmou José Carlos Polidoro, um dos líderes da rede, coordenada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A FertBrasil é formada por mais de 200 pesquisadores de instituições de pesquisa, universidades e empresas privadas do setor.

O Brasil é o segundo maior produtor de grãos do mundo e o terceiro maior consumidor de fertilizantes. De acordo com Polidoro, a indústria nacional de fertilizantes estagnou na década de 90 e a demanda cresceu, a ponto do país importar mais de 90% do produto. “Hoje, consome-se 22,5 milhões de toneladas de fertilizantes, mas 92% é importado”, afirmou.

Estudos desenvolvidos pela rede de pesquisadores atuam em três frentes. A primeira objetiva ensinar os agricultores a aproveitar melhor os fertilizantes e os corretivos agrícolas para que, com a mesma quantidade, se produza mais.

A segunda frente visa a viabilizar fontes alternativas de nutrientes de resíduos agroindustriais (dejetos suínos e de aviários) ou resíduos minerais (fontes de potássio e fósforo de baixo teor não aproveitados pela indústria) para utilização na produção de fertilizantes.

“Se pegarmos 60% dos dejetos de suínos e 80% dos de aviários nos polos produtores [Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Goiás e Mato Grosso] e montarmos algumas fábricas que produzam fertilizantes agrominerais, temos potencial para atender até 20% da necessidade do país”, explicou Polidoro.

A terceira linha de trabalho é reduzir a perda dos nutrientes dos fertilizantes, agregando tecnologias que possam diminuir as perdas, utilizando a mesma quantidade.

O pesquisador disse que a Rede Fert Brasil é responsável pela parte da pesquisa do Plano Nacional de Fertilizantes, que deve ser concluído até o final de março e tem o objetivo de tornar o Brasil autossuficiente até 2020.

Ele afirmou que para aumentar a produção nacional é necessário ampliar a produção das jazidas já existentes, de onde se extraem fósforo e potássio, e explorar novas. “Foram contatadas indústrias produtoras e muitas já se manifestaram e estão montando novas fábricas no país.”

De acordo com a coordenadora de Assuntos Econômicos, da Confederação Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rosimeire Santos, cerca de 30% do custeio da safra é gasto com fertilizantes, um montante que varia entre R$ 18 bilhões e  R$ 19 bilhões.

“É extremamente importante que seja criada uma política nacional [para a produção de fertilizantes]. Sabemos que não resolverá o problema a curto prazo, mas é estratégico para o país, já que abordará desde o marco regulatório de fertilizantes até questões tributárias que desonerarão a tributação para as empresas”, destacou Rosimeire. PorLisiane Wandscheer, repórter da Agência Brasil.