Supremo suspende ação de Obama contra altas emissões de carbono

Pastagens degradadas, o grande problema do País.
Pastagens degradadas, o grande problema do Brasil.

Por cinco votos a quatro, a Suprema Corte dos Estados Unidos suspendeu na terça-feira (9) o ambicioso programa do presidente Barack Obama para limitar as emissões poluentes das centrais térmicas.

A mais alta instância judicial americana se pronunciou a pedido de 27 estados, em grande parte de maioria republicana, que criticavam o plano de Obama a favor das energias limpas, um pilar de sua política para lutar contra o aquecimento global.

Os quatro juízes progressistas da Corte manifestaram sua divergência com a sentença, decidida com surpreendente rapidez.

A Suprema Corte suspendeu a aplicação do Clean Power Plan (projeto para energia limpa), elaborado pela Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês). O plano impõe às centrais elétricas reduções draconianas de suas emissões de gases causadores do efeito estufa – de 32% em relação a 2005 – antes de 2030.

Enquanto isso, no Brasil…

O Brasil se comprometeu na Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP-21, há pouco mais de dois meses, em Paris, a plantar 12 milhões de hectares de florestas no país ao longo dos próximos 14 anos. A área corresponde a quatro Bélgicas. “Ninguém tem uma meta tão ambiciosa quanto a nossa”, perorou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira na ocasião. Mas e agora? O que estamos fazendo para alcançá-la?

“Ninguém sabe exatamente. Falta definir questões fundamentais”, diz Rubens Benini, da The Nature Conservancy (TNC), uma das maiores ONGs ambientalistas do mundo. Não se conhece as regras, não se conhece a tecnologia de plantio, não se sabe de onde virão as sementes nem as mudas, não sabe quanto custará essa recuperação, nem muito menos de onde virão os recursos.

“Vamos detalhar o plano nos próximos quatro anos”, afirma Adriano Santhiago, diretor do Departamento de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente. O Ministério assumiu o compromisso, mas precisa dos dados do CAR para medir o tamanho da encrenca.

Qualquer que seja a proporção, os desafios pela frente serão complexos. A falta de clareza impede o cálculo do investimento necessário para atingi-la. Mas estima-se que gira em torno de R$ 72 bilhões em 20 anos ou R$ 3,6 bilhões por ano.

 

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Cerrado receberá mais de U$10 milhões para tecnologias de baixa emissão de carbono

Foto de João Paulo Sotero
Foto de João Paulo Sotero

Uma parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) vai priorizar o bioma Cerrado no sentido de aumentar a área produzida com sistemas sustentáveis de produção e diminuir a pressão sobre as florestas nativas, contribuindo para a redução da emissão de gases de efeito estufa.

– Um projeto como esse possibilita que o produtor tenha um ganho econômico adotando esse sistema, com todas as tecnologias recomendadas. Haverá um ganho ambiental produzindo mais numa área menor, o produtor pode disponibilizar áreas que possam ser recuperadas. Há também um ganho social, porque o projeto prevê uma utilização maior de mão de obra e, com isso, geração de empregos – afirma o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Luiz Carlos Balbino.

Para isso, serão investidos US$ 10,6 milhões em recursos do Programa de Investimentos Florestais (FIP, na sigla em inglês). Esse montante será administrado pelo Banco Mundial para a realização de cursos sobre a recuperação das pastagens degradadas, integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iPLF),  sistema de plantio direto na palha e florestas plantadas. O Banco recebeu quatro projetos brasileiros, essa é o primeiro que foi aceito pela instituição.

– O Banco Mundial tem muito interesse neste esforço do Brasil. É um dos principais produtores agrícolas do mundo, e a agricultura é uma das principais fontes de emissão de gases do efeito estufa. A possibilidade de trabalhar na produtividade da agricultura brasileira e na mitigação das emissões de efeito estufa é uma coisa muito interessante para nós – explica David Tuchschneider, gerente do Banco Mundial.

As áreas onde serão aplicadas as tecnologias são antropizadas, ou seja, suas características originais foram alteradas por consequência da atividade humana e estão em degradação.

– Mais de 80% do pasto do cerrado está degradado. Essa tecnologia é muito importante. Porque, conseguindo recuperar essa área de pastagem, conseguimos atingir a meta estabelecida pelo Brasil na COP15 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) sobre a redução de carbono – relata Matheus Tavares, assessor técnico do Senar.

Os cursos serão ministrados para produtores rurais do bioma Cerrado. O projeto prevê ainda a formação de prestadores de assistência técnica nas tecnologias que contribuem para a baixa emissão de carbono para a assessoria a produtores selecionados. A expectativa é que o projeto chegue até 12 mil produtores, espalhados em nove Estados.

– Isso vai trazer informações para o produtor, além dessa capacitação tem o componente de assessoria técnica em campo. O produtor terá assessoria para implantar o que aprendeu – completa Tavares. Veja a matéria completa no Canal Rural.

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