Governo brasileiro admite despreparo em tragédias.

O centro de Porto Alegre, inundado em 1941.

O governo brasileiro admitiu à Organização das Nações Unidas (ONU) que grande parte do sistema de defesa civil do País vive um “despreparo” e que não tem condições sequer de verificar a eficiência de muitos dos serviços existentes. O Estado obteve um documento enviado em novembro de 2010 por Ivone Maria Valente, da Secretaria Nacional da Defesa Civil (Sedec), fazendo um raio X da implementação de um plano nacional de redução do impacto de desastres naturais. Suas conclusões mostram que a tragédia estava praticamente prevista pelas próprias autoridades.

É o que dá passar oito anos fazendo propaganda e fabricando espuma. Os projetos de poder precisam se sustentar em realizações estruturadas e sistemáticas. Nem a experiência com o que aconteceu em Santa Catarina, no Rio, na virada do ano de 2009 e, depois, no Nordeste brasileiro serviu para o governo do “nunca antes” tomar tento e fazer um planejamento sério de socorro e prevenção desse tipo de acidente.

No ano de 1941, a região da Grande Porto Alegre, sofreu a maior cheia da sua história. As chuvas iniciaram em abril e se estenderam por mais de três semanas, deixando 25 mil quilômetros quadrados do Estado submersos e um contigente de 80 mil flagelados somente na Capital. Dezenas de cidades ficaram isoladas, faltaram alimentos, energia e água potável e praticamente todos os meios de transporte terrestre pararam.

Pois bem: alguns anos depois estava pronto um dique que cerca toda a capital e um sistema de bombeamento de águas das chuvas que permitiu que a tragédia nunca mais se repetisse. Mas naquela época os governos não viviam apenas do ufanismo barato e do messianismo exacerbado.