Por Cesar Fonseca
Salvar indústrias?
A declaração de Paulo Guedes de que salvará a indústria, apesar dos industriais brasileiros, alarma o meio empresarial; que diabo é essa combinação frasista escalafobética?
A Confederação Nacional da Indústria(CNI) está em polvorosa, especialmente, depois que Guedes disse que Mercosul não é prioridade; como reagirão as indústrias automobilísticas, que têm seu mercado mais forte na Argentina e México, devido aos acertos realizados pela combinação de governos e empresas, armados em torno do BNDES, candidato à desativação?
Sem o Mercosul, com sua tarifa externa comum, as indústrias instaladas, no Brasil, ampliarão seu mercado nos Estados Unidos, Europa, Japão e China, em plena guerra comercial global, aberta pela Era Trump?

Também, o pessoal do agronegócio, na Confederação Nacional da Agricultura, está de cabelo em pé; os árabes são, depois da China, maiores consumidores de frango brasileiro; se Bolsonaro diz que abrirá embaixada brasileira em Jerusalém, acompanhando os Estados Unidos, isso não poderia prejudicar os exportadores de aves para o Oriente Médio?
E a China, 75% das exportações brasileiras, maior importadora de grãos do Brasil, ficará de braços cruzados diante da neo-prioridade geoestratégica bolsonariana de fechar com os Estados Unidos, que não importam nem 1 grão de soja brasileira?
Os industriais se alarmam com a superconcentração de poder nas mãos do novo czar Paulo Guedes, que controlará Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio; correrá ou não perigo a indústria nacional – ou o que resta dela – de sucateamento total, se for cumprida a pregação pauloguedeseana de liberação geral das porteiras econômicas e financeiras?
O carro-chefe da indústria nacional, há 50 anos, a Petrobrás, vai ou não sucumbir, mantida estratégia de preços dos combustíveis, que achata os salários e diminui consumo interno?
População estará submetida às cotações dos preços geradas a partir da variação do dólar e do preço do óleo, no mercado especulativo global, enquanto gasta em real; bonito!
Os militares, que mandarão prá cachorro no governo Bolsonaro, suportariam até quando a estratégia antinacionalista, entreguista, de Paulo Guedes, se, eleitoralmente, ela é suicida, como demonstrou a experiência de Temer, à qual o programa de governo Bolsonaro se baseia?
Sistema S, adeus
Assim como o golpe neoliberal de 2016 detonou, no rastro da reforma trabalhista, o imposto sindical, para acabar com sindicatos dos trabalhadores, a estratégia anti-nacionalista de Guedes, agora, detonaria, também, pelo que já se comenta nos bastidores, a arma financeira da mobilização do patronato empresarial: o Sistema S(Sebrae, Senai, Sesi, Sesc, Senar etc).
Esses organismos, controlados pelos empresários(indústria, comercio, agricultura e serviços), sobrevivem por meio de percentual incidente sobre a folha nacional de salário; tal recurso, por sua vez, é aprovado, controlado e fiscalizado por organismos estatais, como TCU etc.
Sem a bilionária grana do Sistema S(R$ 2,7 bilhões, em 2017), que Guedes quer abocanhar, buscando o mesmo objetivo, fazer ajuste fiscal, para sobrar mais recursos ao pagamento de dívida pública, o complexo confederativo empresarial(sindicatos e federações), criado na Era Vargas, desaba; como ficaria o ensino técnico empresarial bancado pelo Sistema S, se o Estado não poderá supri-lo, caso permaneça congelamento geral de gastos sociais, por vinte anos, determinado pelo neoliberalismo de Temer, orientado pelo Consenso de Washington?
Exterminar a Era Vargas (Getúlio foi pai dos pobres e mãe dos ricos, como destaca Samuel Wainer, em “Minha razão de viver”) é o objetivo final do modelo ultra-neoliberal que Paulo Guedes quer colocar em pé, com ampla ajuda da grande mídia oligopolizada conservadora antinacional.
A classe empresarial estaria ou não dando tiro no pé ao apoiar o ultra-neoliberalismo bolsonariano?
Desnacionalização bancária
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