Entrevista exclusiva do jornal O Pioneiro, de Caxias do Sul. Foto O Expresso
Atual tricampeão da categoria Protótipos T1 do Rally dos Sertões, a principal competição da modalidade no Brasil, o gaúcho João Antônio – Tonho – Franciosi, 52 anos, fará sua estreia, para valer, no Dakar 2016 nesta segunda, na largada da disputa em Buenos Aires.
Natural de Casca e radicado no interior da Bahia há quase três décadas, o piloto da equipe Ralliart Brasil se divide entre a produção de soja, milho e algodão com as provas de rali cross-country. Ao lado do navegador catarinense Gustavo Gugelmin, Franciosi aposta na sua regularidade para conduzir seu Mitsubishi ASX Racing até Rosario, na Argentina, no dia 16, o destino final da prova off-road mais difícil do planeta. Leia os principais trechos da entrevista concedida a ZH horas antes do embarque para Buenos Aires.
Qual é o seu objetivo em sua estreia no Rally Dakar?
O meu objetivo maior é completar a prova. É uma prova muito difícil, muito longa, na qual mais da metade dos carros não chega. É lógico que não estou indo para passear, vamos para acelerar também (risos).
Quais são as maiores dificuldades esperadas por você no percurso?
É uma prova diferente, e o carro que eu vou andar também é totalmente diferente do que a gente anda no Brasil. É um carro mais rápido, um carro que não estou acostumado a andar. A maior dificuldade para mim são as dunas, pois nas provas do Brasil não têm dunas. Então, quando a gente anda num deserto de dunas, a visão e a experiência do pilotos são muito importantes para ele ser mais rápido ali ou não correr o risco de parar. No restante, não acredito que vá ter maiores dificuldades, pois já tenho experiência de 11 participações no Rally dos Sertões, passando pelos piores tipos de terrenos do Brasil.
Depois de mais de uma década de sucesso no Rally dos Sertões, disputar o Dakar é um sonho que você vai realizar?
Quando um piloto sobe num kart, quer subir, quer crescer, o sonho dele é a Fórmula-1. O cara que vai para o rali, o sonho dele é o Dakar. Há muito tempo vinha sonhando com isso.
Você é conhecido pela regularidade, pela capacidade de completar todas as etapas nos ralis que disputa. Isso será um trunfo no Dakar?
Já participei de 11 edições do Rally dos Sertões. Em média, são 10 etapas, ou seja, 110 provas. Dessas 110 provas, só não cheguei no horário previsto em uma delas. Mas cheguei. Mesmo não chegando dentro do horário, sofrendo uma penalização, cheguei às 6h do outro dia e consegui largar em seguida. É uma coisa muito difícil de acontecer nesse meio, porque no rali andamos sempre no limite do carro, correndo o risco de acidente, de quebra. Não é um ano, ou dois, três. São 11 anos. Acredito que seja uma experiência muito grande que vai me ajudar. No Dakar, se você não chegar até a largada do outro dia, você já não larga mais, está fora. Então, tem de fazer de tudo para chegar, independentemente do horário.
O primeiro grande trecho cronometrado do Dakar foi suspenso hoje, às 8 horas da manhã, por excesso de chuvas. O helicóptero de salvamento não conseguiu decolar. Os participantes seguiram em deslocamento, em comboio, para Villa Paz, de onde largarão amanhã, segunda, para a próxima etapa.