RS vive epidemia de HIV, com prevalência na Região Metropolitana, aponta estudo.

Pesquisa ouviu 8,5 mil pessoas no Estado, além de coleta de sangue de cada um dos participantes.

De Felipe Samuel, do Correio do Povo.

Epidemiologista Eliana Wendland, do Hospital Moinhos de Vento, liderou o projeto da pesquisaEpidemiologista Eliana Wendland, do Hospital Moinhos de Vento, liderou o projeto da pesquisa 

Uma pesquisa que mapeou o comportamento, as práticas e as atitudes da população em relação às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) em 56 municípios gaúchos aponta que o Rio Grande do Sul vive uma epidemia do vírus da imunodeficiência humana (HIV).

Os dados populacionais coletados desde 2020 no Estado revelam que os casos de HIV têm prevalência em cidades da Região Metropolitana, o que significa uma transmissão sustentada da doença.

O estudo também indica que os casos de sífilis apresentam taxas elevadas em todas as regiões, o que reforça a importância de ações de conscientização.

Ao detalhar os resultados do estudo Atitude, a epidemiologista Eliana Wendland, do Hospital Moinhos de Vento e que liderou o projeto, afirmou que os dados da Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População (PCAP) são alarmantes, mas servem para promover políticas públicas. A especialista alertou que os casos de HIV têm uma prevalência alta nas macrorregiões, mas com heterogeneidade maior.

“A gente tem na Região Metropolitana uma prevalência acima de 1%, o que caracterizaria uma epidemia generalizada de HIV, ou seja, a gente tem uma transmissão sustentada desse agravo na população”, afirmou.

Eliana ressaltou que a sífilis apresenta prevalência muito alta em todas as macrorregiões do Estado.

“Esses são os resultados principais que a gente tem dessa epidemia generalizada, ou seja, de transmissão sustentada de HIV na Região Metropolitana. E no caso da sífilis, a gente tem taxas muito elevadas em todas as regiões do estado, não é um problema só da Região Metropolitana, mas de todas as regiões do estado”, alertou.

Diante desse cenário, ela ressaltou que é preciso olhar com atenção para os resultados do estudo, o primeiro estudo realizado com sorologia no Brasil.

“A principal lição que fica é que a gente vai ter que olhar para esses agravos de forma talvez um pouco diferente do que a gente vinha olhando até então, senão não vamos conseguir quebrar essa cadeia de transmissão da sífilis. A gente tem hoje números parecidos com o que nós tínhamos em 1950 e se nós olharmos para epidemia do HIV na Região Metropolitana, são os maiores números da América Latina”, acrescentou.

A Organização Mundial da Saúde definiu que quando a prevalência de pessoas vivendo com HIV na população é menor que 1% a epidemia está concentrada em determinados grupos. De acordo com Eliana, a partir do momento que ela passa essa barreira de 1%, é porque existe uma transmissão sustentada na população geral. Ou seja, ela saiu de uma epidemia que era, digamos, concentrada nesses grupos populacionais para ser uma epidemia generalizada na população geral.

A chefe da Divisão de Unidades Próprias da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Maria Letícia Rodrigues Ikeda, afirmou que há muitos anos o Estado registra altos patamares de detecção de HIV.

“A taxa de detecção de casos de Aids no país para 2021 foi de 16.5%, e no Rio Grande do Sul foi de 24.3%. São 8 pontos percentuais a mais. Temos uma mortalidade superior à média nacional, que é de 5.6%, e a nossa fechou em 10%. Ou seja, é quase o dobro da média nacional de mortalidade. Esses dados vêm nos acompanhando e preocupando há vários anos”, destacou. 

“Quando a gente olha a população geral do resto do Brasil, a prevalência é em torno de 0,4% e a nossa prevalência aqui é de 1% para cima, muito focado nesse dado na Região Metropolitana de Porto Alegre e alguns pontos no Sul. Isso, além de nos preocupar, obviamente nos mobiliza. Estamos trabalhando para fazer uma boa resposta à epidemia de HIV. Há alguns anos incrementamos uma série de ações, regionalizamos os atendimentos e ampliamos atendimentos. Todos os municípios têm pelo menos um ponto de testagem rápida para HIV disponível”, afirmou. 

O estudo ouviu 8,5 mil pessoas no Estado, além de coleta de sangue de cada um dos participantes, e avaliou a prevalência do vírus da imunodeficiência humana (HIV), da sífilis e das hepatites B e C no Rio Grande do Sul foi desenvolvido por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde (SES).

Atenção meninada faceira, a Sífilis está de volta de forma epidêmica.

Apesar de ainda ser tabu para muitas pessoas, as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) estão presentes cada vez mais sociedade moderna. Entre as DSTs que retornaram está a sífilis que, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, entre 2010 e 2015 houve um aumento de mais de 5.000%.

A sífilis é uma doença originada na Idade Média causada pela bactéria Treponema Pallidum. Segundo o ginecologista e obstetra, Domingos Mantelli, a doença pode ser transmitida por diversas formas: sexualmente, de mãe para filho, por transfusão de sangue ou por contato direto com o sangue contaminado.

“Surge como uma pequena ferida nos órgãos sexuais e com ínguas nas virilhas. As feridas são indolores e não apresentam pus. Após um certo tempo, a ferida desaparece sem deixar cicatriz, dando à pessoa a falsa impressão de estar curada. Se não tratada precocemente, pode comprometer olhos, pele, ossos, coração, cérebro e sistema nervoso”, alerta o médico.

De acordo com Mantelli, existem três estágios da doença: na primeira fase, os sintomas ficam mais evidentes e há maior risco de transmissão; no segundo estágio, a bactéria fica latente no organismo e no terceiro, a doença volta mais agressiva, causando cegueira, paralisia, doenças cardíacas, transtornos mentais e pode levar à morte.

“A sífilis pode causar um comprometimento muito sério no sistema nervoso, na audição e nos olhos. É importante lembrar que não existe uma vacina. A única forma de prevenir a sífilis é através do sexo seguro com camisinha uma vez que a transmissão se dá por relação sexual vaginal, oral e anal sem o uso de preservativos, além de transfusão de sangue”, acrescenta Mantelli.

O ginecologista adverte para o cuidado com o aumento da sífilis gestacional da mãe infectada para o bebê durante a gestação ou parto. “É necessário que, no início da gravidez, a paciente procure um obstetra para realizar o pré-natal e fazer todos os exames possíveis para diagnosticar qualquer doença.

O tratamento da sífilis é feito com antibióticos. O diagnóstico é feito por exames clínicos e laboratoriais, durante o pré-natal até o nascimento do bebê”, sinaliza o médico.

E o médico conclui: “não se vê quem tem alguma doença sexualmente transmissível pelo rosto ou documento. Há casos em que o próprio portador não faz ideia que está contaminado. A doença fica incubada e é transmitida por relação sexual sem proteção”.

MP recomenda cuidados a municípios para o enfrentamento da tríplice epidemia

Os prefeitos e secretários municipais de Saúde dos municípios de Irecê, Ibititá, Jussara e Lapão foram recomendados pelo Ministério Público estadual, por meio da promotora de Justiça Mirella Barros Brito, a elaborarem e acompanharem a execução do Plano de Contingência para o enfrentamento da tríplice epidemia de Dengue, Zika e Chikungunya. O MP recomenda ainda que os gestores não reduzam a oferta de saúde no final do exercício fiscal de 2015. Os municípios que não possuam Plano de Contingência devem adotar as medidas emergenciais determinadas pelo Ministério da Saúde.

A recomendação dá atenção especial à notificação dos casos suspeitos, sugerindo que a situação epidemiológica do município seja analisada e divulgada. O fluxo de notificação das unidades de saúde das redes pública e privada deve ser intensificado, sendo que, para os casos suspeitos de chikungunya, microcefalia fetal ou neonatal e óbitos suspeitos de dengue, a notificação deve ser imediata, em até 24 horas.

Dentre outras medidas, a recomendação propõe o envolvimento de órgãos e instituições públicas para ações inter-setoriais de prevenção e controle, bem como a realização de uma campanha de sensibilização. A recomendação levou em conta a situação epidemiológica de dengue na Bahia, que, até a semana epidemiológica 43, já havia registrado 67.599 casos, bem como a circulação de variações do vírus que eleva o risco das formas graves de febre hemorrágica.

Outro ponto considerado foi a circulação concomitante dos vírus da chikungunya e zika e sua possível correlação com o aumento dos casos de microcefalia no estado, bem como da elevação dos casos de síndrome de Guillain-Barré.

Bahia tem 4 municípios com risco de epidemia de dengue.

Entre os 48 municípios com maior risco de uma epidemia de dengue estão Ilhéus, Itabuna, Jequié e Simões Filho.

Os dados do Liraa (Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti) do Ministério da Saúde foram divulgados nesta segunda-feira e revelaram que 48 municípios brasileiros estão em situação de risco para ocorrência de surto de dengue. O estudo foi realizado pelo governo federal  em parceira com as secretarias municipais de saúde, entre os meses de outubro e novembro deste ano.

Meningite X Ivete Sangalo

A cantora Ivete Sangalo que, neste domingo (4), deu entrada no Hospital Aliança, com suspeita de meningite. O que era apenas uma suspeita se confirmou: ela está mesmo com a doença. Um boletim médico foi expedido pelo Hospital dando conta da real situação da cantora. Para alívio dos fãs, Ivete está com meningite benigna e não contagiosa. Portanto, sem o tipo mais grave da doença, que é a do tipo C (meningocócica). O boletim, divulgado às 9h50 desta segunda-feira (5), afirma ainda que Ivete encontra-se em repouso em apartamento e tem sido medicada, apresentando quadro neurológico estável. Lúcida e ativa, a mãe de Marcelo agora aguarda apenas exames laboratoriais específicos para definição do tempo de tratamento.

Nos municípios em situação de risco, mais de 3,9% dos imóveis pesquisados apresentaram larvas do mosquito. Ao todo participaram 561 cidades. O mapa revelou ainda que 4,6 milhões de pessoas vivem em áreas de risco para epidemia de dengue. A nova avaliação aponta, ainda, que 236 cidades estão em alerta (com índice entre 1% e 3,9%) e 277 possuem índice satisfatório, abaixo de 1%.