Temos vagas para políticos com o verdadeiro espírito público.

Procurem estas duas manchetes no portal Bahia Notícias.

“Pau de arara: Estudante continua internado em estado grave.”

“Marcelo Nilo corta verba indenizatória e auxílio combustível de deputados.”

A primeira conta a triste história ocorrida na zona rural de Teolândia, quando um estudante foi esmagado sob um caminhão que transportava escolares e agora agoniza em uma UTI. A segunda anuncia que o presidente da Assembléia Legislativa cortou as verbas de gasolina e verba indenizatória dos deputados, porque não sabe como enfrentar o endividamento daquela casa de leis. Os deputados estão revoltados e pressionam o Governador para assumir as dívidas da Assembléia e dar continuidade à mordomia.

Diz o redator do Bahia Notícias: “O orçamento de 2011 já teria se iniciado com um déficit de R$ 16 milhões – embora as despesas estivessem calculadas em R$ 314 milhões, a verba disponível era de R$ 298milhões. Mesmo assim, a Assembleia inaugurou um novo anexo que custou R$ 17 milhões e foram gastos mais R$ 5 milhões com o mobiliário. O capricho, em época de saúde financeira frágil, contribuiu para proliferar os insatisfeitos com o repentino arrocho.”

Pobre Bahia, entregue à ambição de seus políticos. Enquanto estudantes morrem como gado, transportados em caminhões, deputados brigam pela preservação de suas sinecuras.

Aqui em Luís Eduardo, como em qualquer dos sertões longínquos da grande Bahia, acontece o mesmo. Enquanto os vereadores preparam-se para circular em carrões com ar condicionado, com a gasolina às custas do povo, esse mesmo povo confina-se em barracos de lona preta no loteamento Conquista e nos loteamentos irregulares, à luz de velas e com água em baldes. Quem será pelos nossos miseráveis?

Ontem mesmo perguntei a quatro vereadores, todos ricos e possuidores, cada um, de vários carrões, se capitalizariam politicamente a renúncia ao carro oficial, em prol da Casa de Passagem, por exemplo, ou de qualquer outra obra benemérita da cidade. Todos recusaram-se, alegando necessidades, o salário baixo. Falou mais alto o espírito corporativista. Falta-lhes o espírito público, aquele que eles anunciam nas campanhas. Vereador em Luís Eduardo devia abrir mão não só dos carros, das diárias de viagem, da gasolina comprada com dinheiro público, mas também do salário em prol dos carentes. Ninguém precisa desse dinheirinho.

Temos vagas para verdadeiros políticos de espírito despreendido, não só na Câmara de Vereadores de Luís Eduardo Magalhães, mas nos palácios legislativos de todo este País.