CNT diz que maior parte da extensão de rodovias avaliadas tem problema

Nas péssimas estradas do  País acidentes fatais se repetem. A cada feriadão, cerca de uma centena de pessoas morrem e quase mil ficam feridas.
Nas péssimas estradas do País acidentes fatais se repetem. A cada feriadão, cerca de uma centena de pessoas morrem e quase mil ficam feridas.

Estudo da CNT mostra que 57,3% têm alguma deficiência no estado geral; 86,5% dos trechos são de pista simples e de mão dupla

A Pesquisa CNT de Rodovias 2015 percorreu e avaliou mais de 100 mil quilômetros de rodovias pavimentadas por todo o país, um acréscimo de 2.288 km (2,3%) em relação à Pesquisa de 2014. Esse marco demonstra ainda mais a relevância do estudo, tornando-se a cada ano uma referência ainda maior para o setor de transporte, para o governo e para vários segmentos da sociedade.

Da extensão total avaliada nessa 19ª edição, 57,3% apresentaram algum tipo de deficiência no estado geral (que inclui a avaliação conjunta do pavimento, da sinalização e da geometria da via), sendo que 6,3% estavam em péssimo estado, 16,1% ruim e 34,9% regular. Possuem condições adequadas de segurança e desempenho 42,7%, que tiveram classificação ótimo ou bom no estado geral.

Em relação ao pavimento, foram identificados 48,6% da extensão com algum tipo de deficiência. A sinalização apresenta problemas em 51,4% da extensão avaliada, e a geometria da via em 77,2%. Os problemas das rodovias brasileiras tornam-se ainda mais graves com a constatação de que 86,5% dos trechos avaliados apresentam rodovias simples de mão dupla.

A série histórica desse estudo consolidado revela a necessidade de priorizar o setor de transporte para que a logística se torne mais competitiva e para que o Brasil ofereça melhores condições de segurança para a sociedade. As indicações da Pesquisa CNT de Rodovias são uma referência para a definição e aplicação dos recursos de forma eficaz.

O principal objetivo da Pesquisa CNT de Rodovias é contribuir com o transportador rodoviário do Brasil, apontando as deficiências e as necessidades de melhoria da infraestrutura das rodovias por meio de avaliação dessas características – pavimento, sinalização e geometria da via. O modal rodoviário possui a maior participação na matriz de transporte de cargas (61%). Portanto, investir em rodovias e na integração com os outros modais é fundamental para o desenvolvimento do país.

Acesse aqui a íntegra do relatório

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Em um país que optou, à revelia dos contribuintes, pelas rodovias durante os anos da ditadura, em detrimento das ferrovias, com o transporte de cargas pesadas sobre obras fora de qualquer especificação razoável, é óbvio que um dia a carruagem ia desandar. A grande maioria das estradas brasileiras, com exceção das pedagiadas em São Paulo, não passam de carreadores carroçáveis.

O problema é tão grande e tão extenso que hoje o País não conta com nenhuma balança para controlar o peso excessivo. Guardas rodoviários ficam catando notas fiscais em cabines de caminhões para configurar o crime de circular com mais de 80 toneladas em caminhões com capacidade para menos da metade disso.

Não basta os carros zero km pagarem mais de 50% do seu valor em impostos; não basta o IPVA de cerca de 4% ao ano e os pedágios absurdos. O contribuinte arca ainda com a manutenção pesada dos seus carros, testados e destruídos em estradas em que o termo pavimentação não passa de uma singela figura de retórica.

Os responsáveis pelas roubalheiras nas estradas brasileiras estão quase todos presos em Curitiba, implicados na operação Lava Jato. Lá tem lugar também para ex-diretores do DNIT. Depende só vontade do Ministério Público Federal. 

Estradas e portos comprometem escoamento da safra

Movimento de caminhões na Rodovia BA-160, em péssimo estado de conservação, no interior da Bahia.

A segunda maior safra de grãos no País (mais de 143 milhões de toneladas) deverá expor novamente as deficiências da infra-estrutura. No Porto de Itaqui, mal começada a safra, já se formam filas de caminhões de 20 kms, o mesmo acontecendo em Paranaguá, quando apenas 10% da safra está colhida. Em Mato Grosso, onde se espera colher 28 milhões de toneladas de soja – algo em torno de um milhão de cargas de caminhão – as estradas estão esburacadas, sem balança, sem condições ideais de trafegabilidade. No mesmo Estado, o frete do milho até os centros consumidores, já custa mais que o valor do produto na lavoura ou no armazém. É o Brasil velho sem porteira, onde só encontramos corrupção e desmazelo.