Se fosse do Congresso, Moro estaria cassado ou preso, diz Davi Alcolumbre

O presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP) declarou na noite de 2ª feira (24.jun.2019) que, se comprovada a veracidade, são “graves” e revelam “problema ético” as mensagens trocadas entre Sergio Moro (quando era juiz da Lava jato) e o procurador Deltan Dallagnol.

Se fosse deputado ou senador, estava no Conselho de Ética, cassado ou preso”, afirmou.

As declarações foram dadas em mais uma edição do jantar do Poder360-ideias, no restaurante Piantas, em Brasília.

Sobre o Planalto, afirmou que “se forem cancelados 5 pacotes de dados na República, o Brasil vai bem, vai andar”. Referia-se de maneira indireta ao uso intenso de redes sociais pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e seus aliados.

Mostrou otimismo em relação à reforma da Previdência. Espera que a Câmara aprove o projeto em 10 de julho. Estima que o Senado levará de 45 a 60 dias para aprovar o texto, a partir da volta do Congresso pós-recesso, em 2 de agosto. Ou seja: tudo estaria aprovado até o fim de setembro.

Sobre a reforma tributária, Alcolumbre quer uma comissão mista de deputados e senadores analisando o tema para dar celeridade à tramitação do projeto.

Fazer palestras pode ser legal. Mas é ético?

Deltan Dallagnol, no twitter, às 01h52m desta madrugada: 

“Palestras e aulas remuneradas de juízes e procuradores são perfeitamente legais. Constituição, Resolução 37 do CNJ e Resolução 73 do CNMP.”

A pergunta não é essa, senhor Procurador Federal. A pergunta é: “São éticas e morais, quando está em julgamento um dos mais rumorosos casos judiciais da história da República?”. Fazer palestras em que muitas vezes a remuneração ultrapassa de largo os seus vencimentos como servidor federal podem dar uma ideia distorcida ao contribuinte. O procurador Dallagnol recebeu R$ 219 mil por palestras em 2016.

Por menos disso, Júlio César pediu o divórcio de Pompeia Sula e asseverou:

“À mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta”

Opinião: “A evasão da ética”

                    por João Guilherme Sabino Ometto*

         dr-ometto É constrangedor para o nosso povo e prejudicial ao ambiente de negócios a informação de que mais de 30 bilhões de dólares em dinheiro ligado ao crime, à corrupção e à sonegação de impostos saem do Brasil a cada ano. Os dados, divulgados pela Global Financial Integrity (GFI), grupo de pesquisa sediado em Washington (EUA) e defensor da transparência financeira, impõem reflexão sobre o que queremos para o presente e o futuro, pois é premente combater esse mal.

 

O artifício mais utilizado para as remessas ilegais é a precificação irregular, ao se cobrar a menos ou a mais por bens e produtos. Há, ainda, o contrabando, a lavagem de dinheiro e as transferências de recursos do crime organizado internacional. Conforme observa a GFI, nosso país tem um sério problema com fluxos financeiros ilícitos. A esse diagnóstico soma-se a corrupção do setor público, crônica em nossa história, estabelecendo-se um cenário negativo para a economia.

Segundo o estudo, as perdas anuais equivalem a 1,5 por cento da produção econômica nacional, drenando dinheiro que poderia ser utilizado para impulsionar o crescimento do PIB e/ou melhorar os serviços públicos. Para que tenhamos ideia mais concreta dos danos representados pela fuga de recursos, fiz um exercício matemático. Os resultados são espantosos!

Ao câmbio oficial do dia 10 de setembro, os 30 bilhões de dólares que perdemos todo ano equivalem a 62,42 bilhões de reais. Com esse montante seria possível realizar quase oito obras como a transposição do rio São Francisco, um dos maiores empreendimentos da engenharia brasileira em todos os tempos, orçado em oito bilhões e duzentos milhões de reais (o custo previsto em 2007 era de R$ 4,6 bilhões, mas houve vários aditivos contratuais, em análise pelo Tribunal de Contas da União).

Por ocasião da Copa do Mundo, foi imensa a polêmica quanto à construção das doze arenas brasileiras, que custaram, somadas, oito bilhões e meio de reais, média de 700 milhões cada. Pois bem, com o dinheiro que perdemos nas remessas ilegais, seria possível construir 89 estádios padrão FIFA.

Este ano, o Governo Federal liberou 24,1 bilhões de reais para o Plano da Safra da Agricultura Familiar 2014/2015. Os recursos evadidos representam quase três vezes esse valor. Poderíamos praticamente ter triplicado as verbas em apoio a um segmento decisivo para a agropecuária, produção de alimentos, fixação das pessoas no campo e geração de trabalho e renda.

Na área do ensino (prioridade ainda não atendida a contento no País), os recursos desperdiçados na ilegalidade possibilitariam multiplicar em 53,8 vezes o orçamento total previsto para 2014 da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, de 1,16 bilhão de reais. E estamos falando da maior rede educacional do Brasil, com 5,3 mil escolas, 230 mil professores, 59 mil servidores e mais de quatro milhões de alunos.

Em 2010, o Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp produziu o estudo “Relatório Corrupção: custos econômicos e propostas de combate”, com base no modelo da Transparência Internacional. Em valores de 2012, o custo anual médio da improbidade corresponde a R$ 60,7 bilhões, algo muito próximo do agora apurado pela GFI, referendando a gravidade do problema.

Temos instituições sólidas, Estado organizado de acordo com padrões avançados da democracia, empresários e trabalhadores com grande capacidade laboral e pautados pela correção de conduta, bem como governantes e parlamentares eleitos pelo voto direto. Contamos, assim, com os elementos necessários para impedir que a minoria desonesta promova a evasão da ética no setor público e na iniciativa privada, pulverizando recursos gerados pelo trabalho de nossa gente.

*João Guilherme Sabino Ometto, 74, engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos – EESC/USP), é vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho, vice-presidente da FIESP e coordenador do Comitê de Mudanças Climáticas da entidade.

O carnaval não é coisa de país sério.

Fora de um dinheirinho mal havido por comerciantes exploradores, o que sobra deste tal de carnaval? Mortos, feridos, intoxicados, contaminados por doenças venéreas e AIDS, além das manchetes do tipo “a alegria aqui não tem hora para acabar”, chavões de quinta categoria que depõem contra a imprensa.

Nada justifica o carnaval. Nem o descanso daqueles que beiram a racionalidade e não entram nessas loucuras. Com o prejuízo adicional de se perder uma semana de trabalho, de educação nas escolas, de saúde nos hospitais e de segurança nas ruas da cidade.

O carnaval não é apenas o sepulcro dos bons costumes e da urbanidade. É a última morada da falta de objetividade dos brasileiros, que vivem de uma alegria fantasiosa, fútil, sem reconhecer sua condição de indigência social e moral. Vejam as estatísticas da quarta-feira: mortes, acidentes, gente com todo tipo de fratura, inclusive aquelas morais. Como dizia o presidente francês Charles de Gaulle, o Brasil não é um país sério.

Sempre existiu gente com opinião.

A foto foi tirada em Hamburgo em 1936, durante as comemorações para o lançamento de um navio. No canto, uma pessoa se recusa a levantar o braço para  a saudação nazista. O homem era August Landmesser. Ele já havia tido problemas com as autoridades, tendo sido condenado a dois anos de trabalho forçado por se casar com uma mulher judia.
Sabe-se pouca coisa sobre Landmesser, exceto que ele teve dois filhos. Por puro acaso, um de seus filhos reconheceu seu pai na foto, quando foi publicado em um jornal alemão em 1991. Do Facebook.