Justiça Federal processa 10 empresas por excesso de peso em rodovias

A Justiça Federal proibiu que veículos a serviço da Unilever Brasil, da Iharabras Indústrias Químicas e da Galvani Indústria, Comércio e Serviços transportem produtos dessas empresas com excesso de peso em rodovias federais, sob pena de multa de R$ 10 mil a cada nova autuação. A decisão liminar atende a pedidos do Ministério Público Federal em Campinas, que ajuizou em outubro uma série de ações contra dez grandes companhias flagradas mais de 26 mil vezes entre 2010 e 2014 cometendo esse tipo de infração.

Além de Unilever, Iharabras e Galvani, respondem aos processos a Petrobrás Distribuidora, a Syngenta Proteção de Cultivos, a Toyota do Brasil, a Golden Cargo Transporte e Logística, a Nufarm Indústria Química e Farmacêutica, a Transportes Luft e a Expresso Mirassol. As ações se originaram de inquéritos instaurados a partir de autuações realizadas em rodovias federais na região de Campinas. O procurador da República Edilson Vitorelli Diniz Lima solicitou informações ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e à Polícia Rodoviária Federal, que encaminharam dados sobre os autos de infração emitidos em todo o território nacional contra as empresas por transporte de carga excessiva nos cinco anos anteriores.

Ao final dos processos, o MPF quer que as dez companhias sejam condenadas ao pagamento de indenizações por danos materiais que, somadas, totalizam quase R$ 77 milhões. A Procuradoria pede ainda o pagamento de indenizações por danos morais difusos, em montante não inferior a 1% do capital social das corporações.

Além de comprometer o asfalto e aumentar a possibilidade de acidentes, o transporte de carga com excesso de peso é causa de prejuízos ambientais devido à necessidade mais frequente de manutenção das estradas, com uso e descarte de materiais poluentes e liberação de gases tóxicos. Ao trafegar com produtos acima do limite de peso estabelecido, as empresas também ferem a ordem econômica, uma vez que a prática reduz os custos do frete, gerando uma concorrência desleal em relação aos empresários que cumprem a legislação.

Balanças Fechadas

Balança fechada em Formosa, Goiás, desde o início de 2014. Estão acabando com o resto das estradas do País.
Balança fechada em Formosa, Goiás, desde o início de 2014. Estão acabando com o resto das estradas do País.

Em 17 de outubro do ano passado, o jornal O Expresso denunciou o fechamento de todas as balanças rodoviárias do País por conta de uma ação do Ministério Público do Trabalho contra o uso de mão de obra terceirizada, pelo DNIT, na operação das balanças. Veja aqui.

Agora é de se perguntar: de que adianta processar 10 empresas, quando a grande maioria dos caminhões que trafegam pelo País levam cargas acima da capacidade permitida. No Oeste baiano, o agronegócio é um dos maiores contratadores de fretes, principalmente com milho para o nordeste, soja em grão e farelo de soja para exportação.

É comum ver caminhões articulados, do tipo sete e nove eixos, rodando com mais de 80 toneladas de carga, quando o limite fica perto de 45 toneladas, pois o peso bruto total admitido é 74 toneladas.

Caminhões carregados de soja parados há quase um mês por excesso de peso.

Dezesseis caminhões carregados de soja que deveria ser entregue no Porto de Aratu, em Salvador, estão parados desde o início do mês de junho no posto de triagem na BR-324, nas proximidades de Feira de Santana, a 108 km da capital. O motivo é que as transportadoras não querem pagar o período que os caminhões ficaram bloqueados porque excederam a quantidade de carga permitida.

A carga está parada no local desde o dia nove de junho. O material saiu de Luís Eduardo Magalhães,  com destino ao Porto de Aratu e excedeu a quantidade permitida, por isso teve que esperar permissão para seguir viagem.

Depois de aproximadamente cinco dias, os caminhões foram liberados, mas os motoristas passaram a enfrentar outro desafio. Segundo eles, a transportadora que contratou o serviço teria que pagar o valor de um real por tonelada em cada hora que os caminhões ficaram parados. O prejuízo já chega a R$ 180 mil reais.

Segundo o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Feira de Santana, os caminhões só vão sair do local depois que a categoria chegar a um acordo com a empresa. Do G1.